Fundamentos da Educação a Distancia, Legislação e Organização

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1 Fundamentos da Educação a Distancia, Legislação e Organização Autores: Elisabete Péres Queiroz de Paiva e Lays Batista Fitaroni Coordenação: Beatriz Stransky e Sílvia Dotta Introdução Neste texto iremos apresentar alguns conceitos sobre educação a distância (EaD) e a visão de alguns teóricos a respeito desta modalidade de ensino. Descreveremos também sobre o histórico, a conceituação e a legislação em EaD. Histórico da EaD Nos últimos tempos, a EaD tem sido impulsionada pelo o uso das novas tecnologias de comunicação, o que favoreceu o desenvolvimento e a democratização do acesso à educação em diferentes níveis sociais, permitindo atender a uma grande demanda de alunos. Diversos fatores contribuíram para o nascimento e posterior desenvolvimento da EaD, como (ARETIO, 2001): 1. Aparição da escrita 2. Invenção da Imprensa 3. Aparição da educação por correspondência. 4. Concepção das teorias filosóficas democráticas que eliminam os privilégios. 5. Uso dos meios de comunicação em benefício da educação 6. Expansão das teorias de ensino programada.

2 A EaD foi intensificada a partir da década de 70, quando a universidade tradicional, as instituições de educação para adultos, as empresas dedicadas à atualização profissional, etc., estabeleceram uma infraestrutura e organização que pudesse atender com agilidade e eficácia a explosão da nova clientela desta sociedade industrial (ARETIO, 2001). Com isso, houve uma mudança no conceito de ambiente de aprendizagem, com base na mudança da aprendizagem construtivista, onde os alunos não são mais vistos como objetos, mas sim como o sujeito do processo de aprendizagem. Esta reformulação trouxe um novo perfil de professor, que deixou de ser o detentor do conhecimento, para ser agora o guia ao lado, quer dizer, o guia do aluno no ensino aprendizagem (PETERS, 2003). Na modalidade de ensino presencial cabia ao aluno a tarefa de ler e absorver o conteúdo, seguindo procedimentos pré-estabelecidos. A experiência de aprendizagem era de forma individual e isolada. Enquanto que na abordagem construtivista a relação do aluno e professor é realizada de forma que o aluno se transforme em construtor de seu próprio conhecimento e não um mero receptor de informações, tendo o professor o papel de mediador, favorecendo a troca de conhecimentos. Segundo Aretio (2001), a EaD passou por quatro gerações, evoluindo e sendo identificadas a partir do tipo de tecnologia empregada para a comunicação em cada etapa. Isto pode ser observado através da Tabela 1 e também através da Figura 1 apresentadas abaixo. Tabela 1. Gerações da educação à distância. Primeira Geração Segunda Geração Terceira Geração Quarta Geração Característica Principal Uma tecnologia predominante sem computadores incluindo os computadores e as redes incluindo a tecnologia computacional de banda larga Período 1850 a a a a 2005

3 Primeira Geração Segunda Geração Terceira Geração Quarta Geração Característica Principal Uma tecnologia predominante sem computadores incluindo os computadores e as redes incluindo a tecnologia computacional de banda larga Período 1850 a a a a 2005 Meios Papel impresso (1890) Radio (1930) Televisão ( ) Fitas de áudio Televisão Fitas de vídeo Fax Papel impresso Correio eletrônico, seções de batepapo e pranchas de anúncios, mediante o uso de computadores e redes de computadores Programas de computador e recursos armazenados em CD e internet Audioconferência Seminários e videoconferência, por tecnologias terrestres, por satélite, cabo e telefone; Fax Papel impresso Correio eletrônico, seções de batepapo, transmissões para aprendizagem individuais, personalizadas e interativas por vídeo on-line. Programas de computador e recursos armazenados em CD e internet Audioconferência Seminários e videoconferência, por tecnologias terrestres, por satélite, cabo e telefone; Fax Papel impresso Característic a da Comunicaçã o Comunicação em um sentido Interação da Instituição com o estudante por telefone ou correio Ocasionalment e suportada por ajudas Comunicação em um sentido Interação da Instituição com o estudante por telefone, fax ou correio Ocasionalmente suportada por reuniões cara a Significativa comunicação de banda larga, da Instituição com o estudante, via papel impresso, programas de computador e vidoconferência Possibilidade de Possibilidade de interação bidirecional em tempo real por áudio e vídeo; Comunicação síncrona e assíncrona, da Instituição com o estudante e

4 Primeira Geração Segunda Geração Terceira Geração Quarta Geração Característica Principal Uma tecnologia predominante sem computadores incluindo os computadores e as redes incluindo a tecnologia computacional de banda larga Período 1850 a a a a 2005 presenciais e por tutores. Fonte: Sherron Y Boettcher, cara. comunicação interativa em dois sentidos, síncrona e assíncrona, da Instituição com o estudante e entre os estudantes; Internet facilita o acesso a textos gráficos e pequenos vídeos. entre os estudantes; Transmissão completa por vídeo digital de 30 tramas por segundo com bases de dados de recursos com conteúdos disponíveis na internet e no World Wide Web; Ampla programação de vídeos digitais disponíveis. Correspondência 1ª Geração Transmissão por rádio e televisão 2ª Geração Universidades abertas 3ª Geração Teleconferência e Internet/web 4ª Geração Figura 1. Quatro gerações da educação à distância (Adaptada - MOORE, 2007).

5 Foi a partir do século XIX que a EaD surgiu e trouxe a opção que atendesse as exigências sociais e pedagógicas, impulsionada pelos avanços das novas tecnologias de informação e comunicação. A concepção teórica em EaD Seria praticamente impossível descrever sobre todas as demandas referentes ao desenvolvimento da EaD. Apresentaremos um breve relato sobre estes fundamentos, mas primeiro vamos introduzir conceitos básicos segundo a visão de alguns autores que serão citados abaixo. Segundo Moore (2007), EaD pode ser definida como: o aprendizado planejado que ocorre normalmente em um lugar diferente do local do ensino, exigindo técnicas especiais de criação do curso e de instrução, comunicação por meio de várias tecnologias e disposições organizacionais e administrativas especiais. (MOORE, 2007, página 2, Capítulo 1) A aprendizagem em EaD se diferencia da educação presencial por ser necessário que o aprendizado seja planejado, e pelo qual uma pessoa o aluno se propõe a aprender e é auxiliada por uma outra o professor que cria meios para ajudar essa pessoa a aprender (MOORE, 2007). Atualmente a educação pode ser do tipo presencial, semipresencial ou à distância. Na educação presencial professores e alunos estão num mesmo espaço e horário. Enquanto que a educação semipresencial poderá ocorrer tanto presencial quanto a distância. Já a educação à distância ocorrerá fundamentalmente com professores e alunos separados fisicamente no espaço e/ou no tempo, podendo estar juntos através de tecnologias de comunicação (BRAUER, 2009). Em contrapartida, na visão de Peters (2003), a aprendizagem na EaD não é apenas aprendizagem convencional com a ajuda de uma mídia técnica em particular, é uma abordagem totalmente diferente, com estudantes, objetivos, métodos, mídias e estratégias diferentes e, acima de tudo, objetivos

6 diferentes na política educacional.podemos dizer que a aprendizagem em EaD tem como objetivo partilhar conhecimento, habilidades e atitudes, através da aplicação da divisão do trabalho e de princípios organizacionais, pelo uso extensivo de meios de comunicação, especialmente para o propósito de reproduzir materiais técnicos de alta qualidade, os quais tornam possível instruir um grande número de estudantes ao mesmo tempo. Segundo Nunes (1992), é uma forma industrializada de ensinar e aprender. De acordo com Aretio (2001), a EaD distingue-se da modalidade de ensino presencial por ser um sistema tecnológico de comunicação bidirecional, que pode ser massivo e que substitua a interação pessoal na sala de aula entre professor e aluno como meio preferencial de ensino pela ação sistemática e conjunta de diversos recursos didáticos e o apoio de uma organização e tutoria que propiciam uma aprendizagem independente e flexível. A legislação que rege sobre a Educação a Distância (EaD) está fundamentada na Lei 9.394/96 de 20 de dezembro de 1996, a qual estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Iremos descrever abaixo sobre a legislação e alguns decretos que oferecem respaldo legal para o desenvolvimento da modalidade do ensino a distância. Legislação A Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996, abre caminhos para interpretações, entretanto, para que ela seja aceita é essencial o conhecimento dos direitos, deveres e das consequências das violações, cometidas por aqueles que, de alguma forma, devem segui-la e optam por não fazê-lo. Devemos ter o conhecimento do Artigo 80 da Lei 9.394/96 que regula o desenvolvimento de programas de EaD, em todos os níveis e modalidades de ensino. Esta legislação foi construída lentamente, devido a interesses diferenciados. A Constituição de 1934 já apontava para uma lei que estabelecia as Diretrizes e Bases para a Educação Nacional, mas somente em 1961 a primeira proposta foi aprovada, depois de muitas discussões.

7 Com relação a EaD, apesar da modalidade ser utilizada no Brasil, desde o início da século XX foi apenas a partir da terceira Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei 9.394, sancionada em 20 de dezembro de 1996) que a EaD foi reconhecida. O artigo 80 nos traz que o Poder Público incentiva o desenvolvimento e a vinculação de programas de ensino a distância, em todos os níveis e modalidades de ensino, e de educação continuada. Este artigo, contido na Lei nos traz como regulamentação da EaD os seguintes incisos: 1 A educação à distância, organizada com a abertura e regime especiais, que será oferecida por instituições especificamente credenciadas pela União. 2 A União regulamentará os requisitos para a realização de exames e registro de diplomas relativos a cursos de educação à distância. 3 As normas para a produção, controle e avaliação de programas de educação à distância e a autorização para implementação, caberão aos respectivos sistemas de ensino, podendo haver cooperação e integração de entre os diferentes sistemas. 4 A educação à distância gozará de tratamento diferenciado que incluirá: I. Custos de transmissão reduzidos em canais de radiodifusão sonora e de sons e imagens e em outros meios de comunicação que sejam explorados mediante autorização, concessão ou permissão do Poder Público; II. Concessão de canais com finalidades exclusivamente educativos; III. Reservas de tempo mínimo, sem ônus para o Poder Público, pelas concessionárias de canais comerciais. O artigo 80 foi regulamentado posteriormente pelos decretos e de 1998 (os quais regulamentam que pelo menos 20% das aulas ofertadas sejam presenciais), ambos sendo revogados pelo decreto 5.622, que

8 estabelece a política de garantia de qualidade no tocante aos variados aspectos da modalidade de EaD. O decreto 5.622, de 19 de dezembro de 2005, estabelece a obrigatoriedade e prevalências das avaliações presenciais sobre outras formas de avaliações e, ainda assim, se refere ao planejamento dos momentos presenciais obrigatórios que devem ser claramente definidos, como acontece aos estágios obrigatórios previstos em lei, defesa de trabalhos de conclusão de curso e atividades relacionadas a laboratório de ensino, quando for necessário. Conclusão A EaD rompe com a tradição acadêmica, cria novos comportamentos de aprendizagem e ensino. Ela não deve ser vista como algo puramente instrumental, é antes de tudo educação, sendo ligada à ideia de democratização e acesso, onde as tecnologias da informação e da comunicação são integradas. Além disso, ela é respaldada e assegura por leis e decretos que regem e garantem a qualidade do ensino a distância. Referências Bibliográficas ARETIO, Lorenzo Gárcia. La educación a distancia: De La teoria a La práctica. Espanha: Ariel S, A., Belmont, Wadsworth Publishing Company. BRAUER, Samuel. Fundamento de Educação a Distância. São Luis: UNICEUMA, Disponível em: pt.scribd.com/doc/ /fundamentosde-educacao-a-distancia. Acesso em: 01 nov

9 LESSA, S. C. F. Os reflexos da legislação de educação a distância no Brasil. Revista Científica, v, 10, Disponível em: Acesso em: 02 nov Ministério da Educação e Cultura MEC. LEI Nº 9.394, DE 20 DE DEZEMBRO DE Acesso em: 28/10/2012. MOORE, Michael G.; KERARSLEY, Greg; Educação a distância: uma visão integrada. São Paulo: Thomson Learning, Nunes, I. B. (1992). Noções de Educação a Distância. Revista de Educação a Distância, n. 4/5, dezembro/93-abril/94. Brasília: INED. PETERS, Otto. A educação a distância em transição: tendências e desafios. São Leopoldo, RS: Unisinos, SIMONSON, Michael; SMALDINO, Sharon; ALBRIGHT, Michael; ZVACEK, Susan. Teaching and Learning at a Distance: Foundations of Distance Education. 4. ed. Boston: Pearson, 2009.