II SEMINÁRIO DE PRÁTICA DE PESQUISA EM PSICOLOGIA Universidade Estadual de Maringá 28 a 30 de Novembro de 2012
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- Diana Conceição Cunha
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1 ESTUDO DOS EFEITOS DE TREINO DE COMPORTAMENTO ASSERTIVO SOBRE A QUALIDADE DA AUTOESTIMA Karen Priscila Pietrowski (Departamento de Psicologia,, Programa de Iniciação Científica); Aline Santti Valentim; Vânia Lúcia Pestana Sant Ana (Departamento de Psicologia, ). Palavras-chave: Análise do Comportamento. Assertividade. Autoestima. contato: karen.pietro@hotmail.com Autoestima é um conjunto de sentimentos e pensamentos do indivíduo sobre seu próprio valor, competência e adequação, acompanhados de atitude positiva ou negativa em relação a si mesmo (ROSENBERG, 1965). Ter uma elevada autoestima significa estar harmoniosamente integrado ao contexto de vida familiar, escolar, profissional e afetivo. A autoestima é considerada produto de contingências sociais. Contingência por sua vez, é uma forma de organização da relação entre respostas, estímulos antecedentes e consequentes no tempo. Coopermith (1967), acrescenta que autoestima é a avaliação que o indivíduo faz de si mesmo, que expressa uma atitude de aprovação ou de repulsa de si e engloba o autojulgamento em relação à própria competência e ao próprio valor. É o juízo pessoal de valor, as atitudes que um indivíduo tem consigo mesmo, sendo uma experiência acessível através de relatos verbais e comportamentos observáveis. A autoestima é, então, uma classe de comportamentos verbais com função de auto-julgamento. Skinner (1995) coloca a autoestima como (...) uma condição corporal resultante do reconhecimento alheio ou de autoreconhecimento aprendido dos outros. (SKINNER, 1995, p.51), portanto social e verbal. O comportamento verbal segundo Skinner (1953) assim como qualquer outro comportamento, é o resultado da interação organismo-ambiente, só podendo ser entendido a partir da identificação das circunstâncias em que ocorre. A abordagem analítico comportamental explica o comportamento a partir do modelo de seleção pelas consequências. Esse é o modelo causal skineriano, segundo o qual a origem do comportamento se dá a partir de dois processos: de variação e de seleção, que ocorrem em três níveis: a seleção filogenética, a seleção ontogenética e a seleção cultural. As variáveis desses três níveis operam simultaneamente, tornando o comportamento um objeto complexo. Sendo o comportamento uma unidade interativa de transformação mútua, ele deve ser investigado sistematicamente mediante a descrição e a interpretação de relações funcionais entre comportamentos e ambiente. Esse entendimento das relações funcionais consiste na base da análise funcional do
2 comportamento, que por sua vez, conforme Moreira e Medeiros (2007), é a essência da Análise do Comportamento por caracterizar a busca dos determinantes da ocorrência de um comportamento e sua identificação permitir a compreensão, previsão e intervenção comportamentais. Em seu estudo, Coopersmith (1967) aponta como fatores importantes na construção da autoestima: a) o valor que a pessoa percebe dos outros em direção a si, expresso em afeto, elogios e atenção; b) a experiência com sucessos ou fracassos; c) a definição individual de sucesso e fracasso, as aspirações e exigências que a pessoa coloca a si mesma para determinar o que constitui sucesso; e, d) a forma como reage a críticas ou comentários negativos (BARROS; LIMA, 2002). Em suma, as condições relacionadas ao desenvolvimento da autoestima estão intimamente relacionadas à qualidade das interações sociais. Sendo que as interações indicadas como favorecedoras de elevada autoestima envolvem contingências de reforçamento positivo, e/ou minimizam contato com contingências aversivas reforçamento negativo. Uma das principais áreas de investigação sobre interações sociais humanas é a de estudo de Habilidades Sociais e como subárea destaca-se a assertividade, que é uma classe de comportamentos envolvendo a afirmação dos próprios direitos e a expressão de pensamentos, sentimentos e crenças de maneira direta, honesta e apropriada, de modo a não violar o direito das outras pessoas (LANGE; JAKUBOWSKI, 1978). Devido ao fato de a assertividade ser uma habilidade social, que permite o indivíduo colocar-se no lugar do outro sem ignorar a si mesmo, é considerada o meio termo entre padrões passivo (não assertivo) e agressivo. A classe de comportamentos definida como passivos (não assertivos), envolve: julgar-se incapaz de afirmar seus direitos, ou agir de acordo com seus sentimentos; dificuldades interpessoais, pensamentos autorecriminatórios; dentre outros, e a classe de comportamentos agressivos envolve: desconsideração dos desejos dos outros; perda de oportunidades; interações coercitivas e intransigência, etc (SAKIYAMA E WEBER, 2005). Consoante, Alberti e Emmons (1978) o indivíduo assertivo se valoriza, se expressa, sente-se bem consigo mesmo, escolhe por si e atingi os objetivos desejados. Enquanto o indivíduo não-assertivo nega a si próprio ou valoriza-se a custa dos outros, fica inibido, fica magoado e ansioso ou deprecia os outros, permitem que os outros escolham para ele ou escolhe para os outros, não atinge os objetivos desejados ou atinge os objetivos desejados ferindo os outros.
3 O Treino de Assertividade envolve então, essencialmente o desenvolvimento de comportamentos que produzam predominantemente reforçamento positivo não só para quem se comporta, mas que esses comportamentos também assumam função reforçadora em relação aos comportamentos dos outros. Essa habilidade social (assertividade) pode aumentar a probabilidade de interações reforçadoras e também diminuir a exposição a contingências aversivas porque o indivíduo não sede predominantemente, não é o último na categoria de importância pra si mesmo (o indivíduo se considera importante), mas também não precisa agredir as outras pessoas para garantir seus direitos. Visto assim, que a assertividade é um padrão de interações sociais, e a autoestima produto desse tipo de interação, alguns autores têm investigado os tipos de relações entre essas duas classes de comportamentos. Bandeira et al (2005) observaram em pesquisa de campo que quanto maior o grau de assertividade das pessoas, maior seu escore de autoestima. Sendo então a autoestima produto de contingências de reforço positivo de origem social, e a assertividade um conjunto de comportamentos relacionados à qualidade de interações sociais, o presente trabalho está investigando qual a efetividade de um treinamento de assertividade para o favorecimento de alta autoestima, através de um procedimento realizado com grupo de adolescentes. E para isso foram avaliados comportamentalmente autoestima e assertividade de um grupo de adolescentes e iniciou-se um treinamento de assertividade baseado principalmente em contingências de reforçamento positivo. Após esse treinamento será reavaliado comportamentalmente a autoestima e a assertividade do grupo de adolescente possibilitando a análise de prováveis relações entre o treino de assertividade e o escore de autoestima dos adolescentes. Todas as sessões individuais e em grupo, de todas as etapas, estão e serão gravadas em áudio e transcritas. Na primeira etapa foram convocados os pais/responsáveis pelos adolescentes que encontravam-se na lista de espera da Unidade de Psicologia Aplicada, da. Foram selecionados de 10 adolescentes, com idades entre 13 e 16 anos, que aceitaram participar da pesquisa. A segunda etapa consistiu na realização de uma entrevista inicial individual com os pais/responsáveis, para obter informações sobre a história de vida dos adolescentes. A Etapa 3 foi caracterizada pela realização de entrevistas individuais com os adolescentes para apresentação da pesquisa e convite para participação do grupo. Os adolescentes que aceitaram participar responderam na mesma sessão a dois instrumentos para levantamento de linha de base: a Escala de Autoestima de Rosenberg
4 EAR (1965), escala desenvolvida para adolescentes e que possui dez sentenças fechadas, sendo cinco referentes à autoimagem ou autovalor positivos e cinco referentes à autoimagem negativa ou autodepreciação ; e o Inventário de Assertividade de Alberti e Emmons (1978), composto por 35 questões que investigam como o indivíduo se comporta em diferentes situações sociais. Obteve-se como resultado dessa etapa o nível de autoestima e de assertividade dos adolescentes antes da intervenção. O desempenho dos adolescentes na EAR (1965) representou um escore acima da média. A maioria dos adolescentes apresenta escores acima da média, um deles obteve escore mais elevado que a média e um adolescente apresentou escore abaixo da média. Os resultados do Inventário de Assertividade de Alberti e Emmons (1978), foram dentro da média. Quatro dos adolescentes obtiveram escores mais próximos do valor que representa assertividade máxima. Dois dos adolescentes obtiveram escores abaixo da média, indicando pouca ocorrência de comportamentos assertivos. Já se tratando de comportamentos não assertivos, o resultado foi abaixo da média. Apenas um dos adolescentes apresentou escore acima da média. Com relação aos comportamentos agressivos, a média obtida pelo grupo foi muito abaixo da média. Apenas um dos adolescentes atingiu pontuação acima da média geral. Na Etapa 4 foram realizadas três sessões com objetivo de estabelecimento de vínculo e levantamento de estímulos que tenham função de reforço em relação aos comportamentos dos integrantes do grupo. No decorrer da Etapa 4 foi realizada Análise funcional dos casos dando base para a sistematização da Etapa 5 que consistiu na definição dos procedimentos específicos (detalhamento) do treinamento de assertividade. Isso porque o treino precisa ser dirigido para os adolescentes e partir do repertório desses adolescentes. Esse treinamento foi organizado de modo a viabilizar uma mudança gradual e sistemática do comportamento, representada por diferentes passos: observação do próprio comportamento; observação atenciosa da asserção; concentração em situações determinadas; revisão das respostas; observação de modelo eficaz; consideração de respostas alternativas; imaginação em lidar com as situações; simulação de situações; obtenção de feedback (dar e receber); desenvolvimento de novos comportamentos; colocar em prática o novo comportamento em contexto natural; ter praticas mais avançadas alcance do padrão comportamental desejado; e manutenção por reforço social natural. A Etapa 6 consiste na realização do treino de assertividade propriamente dito, que está sendo realizado com frequência semanal e com duração de 90 minutos cada (estão prevista 20 sessões). Na Etapa 7 será realizada uma sessão
5 de avaliação geral com o grupo, uma sessão individual com cada adolescente na qual será reaplicado a escala e o inventário, além de novas entrevistas individuais com os pais/responsáveis, para avaliação da intervenção bem como encaminhamentos nos casos que se julgar necessário. Finalmente na Etapa 8 serão analisados os dados e elaborado Relatório Final de Pesquisa. Referências ALBERTI, R. E.; EMMONS, M. L. Comportamento assertivo: Um guia de auto-expressão. Belo Horizonte: Interlivros, BANDEIRA, M. et al. Comportamento assertivo e sua relação com ansiedade, locus de controle e autoestima em estudantes universitários. Estudos de Psicologia, Campinas, v. 22, n.2, p , BARROS, N. M.; LIMA, A. C. Auto-estima e actividade física : Contributo de um programa de actividade física na auto-estima dos adultos idosos do concelho de Coimbra. Porto: Portugal. Dissertação de mestrado, Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física da Universidade do Porto, COOPERSMITH, S. The antecedents of self-esteem. San Francisco: Freeman, LANGE, A.J.; JAKUBOVISKI, P. Responsible assertive behavior. Illinois: Research Press, MOREIRA, M. B.; MEDEIROS, C. A. Princípios básicos de análise do comportamento. Porto Alegre: Artmed, ROSENBERG, M. Society and the adolescent self-image. Princeton: Princeton University Press, SAKIYAMA, R.; WEBER, L. N. D. Relações entre estilos de apego, assertividade e autoestima. In: Guilherdi, H. J. & Aguirre, N. C. (Orgs.), Sobre Comportamento e Cognição, v.16. Santo Andre: ESETec Editores Associados, p , SKINNER, B. F. Science and human behavior. New York: MacMillan, SKINNER, B.F. Questões recentes na análise comportamental. Trad. Anita L. Neri. Campinas, Papirus, 1991.
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