OBSERVAÇÃO DIDÁTICA A PARTIR DOS OPERADORES TEÓRICOS FREIRE,LIKERT E KAUFFMANN
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- Matilde Avelar Palha
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1 OBSERVAÇÃO DIDÁTICA A PARTIR DOS OPERADORES TEÓRICOS FREIRE,LIKERT E KAUFFMANN Otacilio Antunes Santana Universidade Federal de Pernambuco RESUMO A observação didática é uma fase de iniciação a reflexão profissional e da junção de elementos cognitivos, saberes e competências necessários a prática docente. É consensual pelos pesquisadores em educação afirmar a importância de uma abordagem plurimetodológica nesta observação, devido a múltiplas variáveis no contexto educacional, como estratégia eficaz na clarificação de fenômenos, quer em termosda sua extensão, quer em termos do seu significado. O objetivo deste texto é propor um método de observação didática da prática docente a partir dos operadores teóricos Freire, LikerteKauffmann, englobando a categorização dos saberes, a análise quantitativa e a entrevista como ferramentas metodológicas.o método sugere uma planilha de análise e uma entrevista que é direcionada a avaliação de como a produção social do indivíduo docente influencia na sua identidade profissional e por consequência na sua prática educativa. Os procedimentos propostos já foram utilizados de forma preliminar pelo autor e indicou em várias situações sucesso. Sucesso principalmente nos momento em que os resultados da planilha do observador e dos alunos foram similares, e quando não foram, devido a uma dissimulação ou falha na interpretação de um saber por parte do aluno. A validação pela entrevista suscita elementos para a compreensão do resultado da aprendizagem em sala de aula e do por que o docente não investe em uma formação continuada para domínio e conhecimento destes saberes. Para as Licenciaturas este método ajudará os alunos a refletirem em sua ação, pois utilizarão em suas reflexões as mesmas variáveis utilizadas na posição de sujeito, mas agora como objeto de estudo. Palavras Chave: Prática de Ensino; Construtivismo; Sociologia do Indivíduo 1 INTRODUÇÃO A observação didática parte do processo da formação docente, é o momento na qual o aluno de licenciatura, como sujeito, depara com a realidade do objeto: a sala de aula em seu funcionamento. Começa aí a análisedo processo de ensinagem a partir de operadores teóricos. Estes operadores teóricoscategorizaram a partir de suas experiências e sínteses, saberes que o docente em sua atividade deve ter domínio, ou pelo menos conhecimento (FREIRE, 2002). A externalização desses saberes na prática educativa nos três momentos didáticos: planejamento, ação docente e avaliação,é pontos da identificação e da qualificação profissional docente, somados ao domínio do conteúdo programático e de sua epistemologia. Paulo Freire em seu livro Pedagogia da Autonomia (FREIRE, 2002) descreve 27 saberes necessários a práticas educativa, saberes advindo de uma sensibilidade vivencial 05022
2 2 e de uma catalogação teórica (Karl Marx e Antonie Gramsci), na qual destaca a importância da discência no trabalho docente, na distinção da informação da formação, e, da visão humanista sobre o aprendizado. Estes saberes podem ser o ponto de partida para a análise da observação didática. A qualificação da prática docente em uma observação didática varia de analisador para analisador e varia se questionado aos alunos deste docente. Para o balizamento inicial das respostas sobre se o docente está ou não externalizando os saberes em seus momentos didáticos, a junção com uma escala foi sugerida (ANGUERA, 1988). Escalas sistematizadas no âmbito da psicometria, e utilizadas por alguns humanistas (SANTANA; PEIXOTO, 2010) como ponto de partida para uma análise na Educação, foi sistematizada por RensisLikert (LIKERT, 1932). Dá peso do grau da utilização de um saber pode ser uma saída para reduzir disparidade entre analisadores, ou ressaltar algum não entendimento ou distinta interpretação frente categoria avaliada. A presença ou ausência do saber necessário a prática docente, segundo a interpretação objetiva e subjetiva do analisador, deverá ser validada para o cunho da análise e síntese. Para isso a validação requerida é a da entrevista compreensiva, sistematizada por Jean- ClaudeKaufmann (KAUFMANN, 1996), na qual o contato direto com o objeto de estudo, enquanto objeto falante, pode emergir variáveis que evidenciarão esta presença ou ausência do saber necessárioatravés da narrativa de vida do docente e dos alunos que compõem o ambiente da sala de aula. Com isso se pode analisar também como a produção social do indivíduo docente, sensibilidade sociológica e individual, influencia no desenvolvimento dos saberes em sala de aula (MARTUCELLI, 2012). Com isso, o objetivo deste texto é propor um método de observação didática da prática docente a partir dos operadores teóricos Freire, LikerteKauffmann (Figura 1). 2 MÉTODO DE OBSERVAÇÃO DIDÁTICA O método de observação didática proposto segue sete etapas (Figura 2).Inicialmente o observador responderá, segundo sua análise (Etapa 1), a planilha estruturada nos saberes para prática educativa e nas escalas Likert (Tabela 1). Na mesma aula ou em aulas distintas, a mesma planilha deverá ser respondida pelos alunos da disciplina (Etapa2). Com isso o observador comparará suas respostas com as dos alunos e destacará disparidades e carência na interpretação de conceitos pelos alunos (Etapa 3). A partir daí, é construída uma entrevista baseada nas interpretações das planilhas tendo dois objetos (Etapa 4): o docente (Etapa 5) e os alunos (Etapa 6). As vezes a não realização 05023
3 3 de um saber docente pode ser devido a uma resistência dos alunos (CHARLOT, 2000), como por exemplo, exercitar a criticidade em uma turma passiva e sem participação. Na entrevista o observador/pesquisador construirá perguntas estruturadas com respostas abertas sendo sensível as principais teorias de produção social do indivíduo, fundamentado nas diferenças tradicionais empíricas, e com premissas na sociologia francesa, que são: i) do indivíduo socializado pelas disposições e hábitos, ii) do indivíduo orientado por instituições e normas sociais que o impõe; iii) o indivíduo que é reconhecido por suas relações; e iv) a do indivíduo que é construído por uma série de variáveis (MARTUCELLI, 2012), e o que esta sensibilidade sociológica influencia nos processos de aprendizagem e na relação professor-aluno (SZYMANSKI; ALMEIDA, PRANDINI, 2008). Com isso o observador poderá validar sua planilha e destacar respostas chave para a compreensão do sucesso ou carência da utilização dos saberes a prática educativa, e, incorporar ao seu aprendizado na formação docente (Etapa 7). 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS O método sugerido já foi utilizado de forma preliminar pelo autor e indicou em várias situações sucesso. Sucesso principalmente nos momento em que os resultados da planilha do observador e dos alunos foram similares, e quando não foram, devido a uma dissimulação ou falha na interpretação de um saber por parte do aluno. A validação pela entrevista suscita elementos para a compreensão do resultado da aprendizagem em sala de aula e do por que o docente não investe em uma formação continuada para domínio e conhecimento destes saberes. Para as Licenciaturas este método ajudará os alunos a refletirem em sua ação, pois utilizarão em suas reflexões as mesmas variáveis utilizadas na posição de sujeito, mas agora como objeto de estudo. REFERÊNCIAS ANGUERA, M.T.Observaciónenlaescuela. Barcelona:Graó, p. CHARLOT, B. Da relação com o saber: elementos para uma teoria. Porto Alegre: Artmed, p. FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes a pratica educativa. 23. ed. São Paulo: Paz e Terra, p. KAUFMANN, J. C. L entretiencompréhensif. Paris: Ed. Nathan, p.(col. 128) LIKERT, R. A Technique for themeasurementofattitudes. ArchivesofPsychology, v. 140, p. 1 55,
4 Insatisfatório Satisfatório 4 MARTUCCELLI, D.; SINGLY, F. LasSociologíasdel Individuo. 1ª ed. Santiago de Chile: LOM Ediciones, p. (ColecciónCiencias Humanas) SANTANA, O. A.; PEIXOTO, L. R. T.Student perspectives about mobile learninginitiativesat Open UniversityofBrazil: the mobile phoneissue. Acta Scientiarum. Education, v. 32, n. 2, p , SZYMANSKI, H.; ALMEIDA, L. R.; PRANDINI, R. C. A. R.. A entrevista na pesquisa em educação: a prática reflexiva. 2.ed. Brasília, DF: Liber Livro, p. (Série Pesquisa n.4) Tabela 1. Planilha de coleta dos dados baseada em Freire (2002) e Likert (1932). Saberes Rigorosidade metódica Pesquisa Respeito aos saberes dos educandos Criticidade Estética e ética Corporeificação das palavras pelo exemplo Risco, aceitação do novo e rejeição a discriminação Reflexão crítica sobre a prática Reconhecimento e a assunção da identidade cultural Consciência do inacabado Reconhecimento de ser condicionado Respeito à autonomia do ser do educando Bom senso Humildade, tolerância e luta em defesa dos direitos dos educadores Apreensão da realidade Alegria e esperança Convicção de que a mudança é possível Curiosidade Segurança, competência profissional e generosidade Comprometimento Compreender que a educação é uma forma de intervenção no mundo Liberdade a autoridade Tomada consciente de decisões Saber escutar Reconhecer que a educação é ideológica Disponibilidade para o diálogo Querer bem aos educandos Fonte: Autor. NA = Não se aplica NA Figura 1. Integração dos Operadores Teóricos
5 5 Fonte: Autor. Figura 2 - Etapas Metodológicas para coleta de dados na Observação Didática e papel do ator na Coleta do Dado. (A) Preenchimento das Planilhas, (B) Entrevista e (C) Validação e Interpretação. Fonte: Autor
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