PRINCIPAIS DETERMINANTES DAS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS NO PERÍODO DE 1995 A 2007: UM ESTUDO
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- Pedro Vidal Bennert
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1 PRINCIPAIS DETERMINANTES DAS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS NO PERÍODO DE 1995 A 27: UM ESTUDO Área: ECONOMIA Categoria: PESQUISA Vania Moroz Rolim de Moura Universidade Estadual de Ponta Grossa UEPG Praça Santos Andrade, nº 1, Centro CEP: Ponta Grossa/PR vaniamoroz@yahoo.com.br Mara Lucy Castilho Universidade Estadual de Ponta Grossa UEPG Praça Santos Andrade, nº 1, Centro CEP: Ponta Grossa/PR mara_lucy@uepg.br Resumo O presente trabalho teve por objetivo verificar a importância das variáveis demanda externa e taxa de câmbio para a determinação das exportações brasileiras, no período de 1995 a 27. Para tanto, utilizou o modelo dos Vetores Auto-regressivos (VAR) que possibilita captar as relações de longo prazo entre as variáveis. Os resultados indicam que as exportações foram altamente influenciadas pela demanda externa, sendo importante destacar a relação de bicausalidade (comprovada pelo Teste de Granger) entre câmbio/exportações e câmbio/demanda externa, porém a causalidade unidirecional entre demanda externa/exportações, ou seja, a economia brasileira, a longo prazo, depende dos estímulos da demanda externa para dinamizar suas exportações, ao passo que o inverso não se verifica. Palavras-chave: Exportações, demanda externa, câmbio.
2 PRINCIPAIS DETERMINANTES DAS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS NO PERÍODO DE 1995 A 27: UM ESTUDO Resumo Área: ECONOMIA Categoria: PESQUISA O presente trabalho teve por objetivo verificar a importância das variáveis demanda externa e taxa de câmbio para a determinação das exportações brasileiras, no período de 1995 a 27. Para tanto, utilizou o modelo dos Vetores Auto-regressivos (VAR) que possibilita captar as relações de longo prazo entre as variáveis. Os resultados indicam que as exportações foram altamente influenciadas pela demanda externa, sendo importante destacar a relação de bicausalidade (comprovada pelo Teste de Granger) entre câmbio/exportações e câmbio/demanda externa, porém há causalidade unidirecional entre demanda externa/exportações, ou seja, a economia brasileira, a longo prazo, depende dos estímulos da demanda externa para dinamizar suas exportações, ao passo que o inverso não se verifica. Palavras-chave: Exportações, demanda externa, câmbio. 1. INTRODUÇÃO É característico de países em desenvolvimento, como o Brasil, apresentarem uma economia tipicamente voltada para a obtenção de superávits na balança comercial. Para tanto, as exportações têm papel fundamental para o acontecimento desse comportamento. Após a implantação do Plano Real em 1994, o presidente Fernando Henrique Cardoso ( ) estabeleceu sua política macroeconômica em um novo cenário. Num novo contexto de inflação estabilizada, de crescimento de déficits na conta corrente e de graves crises internacionais, como a mexicana, asiática e a russa, o governo se viu obrigado a adotar políticas monetárias de caráter restritivo que impactaram negativamente sobre o produto. Assim, até o ano de 1999, a economia ficou caracterizada pelo baixo crescimento da renda nacional. Políticas industriais de incentivo às exportações foram adotadas, juntamente com o processo de abertura da economia, estimulando a competitividade dos produtos brasileiros no mercado internacional, através de um aumento da produtividade, do investimento e de tecnologia de produção das firmas nacionais. Apesar de tais políticas, poucas foram as mudanças ocorridas no volume e na pauta das exportações nacionais; somente com o passar dos anos, as empresas brasileiras alcançaram papel de destaque no cenário internacional, através da introdução de produtos de
3 alto valor agregado e de uma diversificação da pauta dos produtos exportados, cabendo realçar o papel das commodities brasileiras. Em 1999, o cenário econômico se modificou com uma crise cambial, que resultou em uma desvalorização da moeda nacional, influenciando positivamente as exportações e diminuindo, em anos posteriores, o déficit no balanço de pagamentos. As oscilações nas exportações brasileiras durante esse período foram impulsionadas pelas crises externas e pela crise cambial interna. A demanda externa criou-se como a principal determinante das exportações nacionais, impulsionadas ainda pela maior integração do Brasil em blocos comerciais, como o Mercosul e pela maior introdução dos produtos brasileiros em países integrados, como a União Européia. Estudos recentes, como os de Castilho e Moura (28), Castilho e Higachi (28), comprovam que os fatores de demanda, sobretudo a demanda externa, são preponderantes para determinar o crescimento da economia brasileira, ou seja, as exportações têm papel fundamental na determinação de melhores taxas de crescimento da economia, sendo que o equilíbrio do balanço de pagamento é condição associada. Sendo assim, o presente estudo tem por objetivo verificar a importância das variáveis demanda externa e taxa de câmbio para a determinação das exportações brasileiras, no período de 1995 a 27. Para tanto, este trabalho é composto de quatro seções, incluindo esta Introdução. A seção 2 apresenta brevemente um panorama da economia brasileira no período de análise, ressaltando o comportamento das exportações nacionais. A seção 3 apresenta a metodologia dos vetores auto-regressivos simultaneamente a sua aplicação aos dados em estudo, trazendo os resultados e discutindo as principais conclusões. Finalmente, a seção 4 sumariza as contribuições deste trabalho e indicam sugestões de pesquisas futuras. 2. UM PANORAMA DA ECONOMIA BRASILEIRA As consequências das políticas industriais adotadas pelo governo e o cenário econômico durante o ano de 1995, não favoreceram o crescimento da economia brasileira. O comércio exterior cresceu do primeiro trimestre de 1995 até o primeiro trimestre de 1999, em apenas 14,97%, tendo maior destaque o ano de 1997 (IBGE, 28). Com o passar dos tempos, algumas commodities brasileiras passaram a possuir maior valor agregado no mercado mundial, tais como os produtos alimentícios carnes, peixes, laticínios, vegetais, frutas, temperos e óleos vegetais. Essa condição propiciou um maior desempenho nesses setores do que de algumas commodities mais tradicionais como o cacau e a borracha (Unctad citado por Prates, 27). A taxa média crescente das exportações de 1997 representou a evolução das indústrias brasileiras no período. A indústria de produtos básicos e produtos manufaturados exportaram, respectivamente, 21,6% e,5% a mais que no ano anterior. Já a indústria de produtos semimanufaturados caiu em 1,6% com relação ao ano de 1996 e este caiu com relação ao ano de 1995, 5,8%, demonstrando uma menor produtividade desta indústria. Assim a indústria, no geral, exportou 11% a mais em relação ao ano de 1996 (Brasil. Ministério do
4 Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Secretaria do Comércio Exterior: Departamento de Comércio Exterior, 28). Do primeiro trimestre de 1999 até o primeiro trimestre de 23, as exportações brasileiras cresceram em 48,13 %, tendo seu maior pico no terceiro trimestre de 22; em valores, saltou de US$ 48 bilhões para US$ 6,3 bilhões (Brasil. Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Secretaria do Comércio Exterior: Departamento de Comércio Exterior, 28). O incentivo dado pela taxa de câmbio, que permaneceu desvalorizada até meados de 22, colaborou com o plano de estabilização da economia durante este período, um exemplo importante é a eliminação do déficit na balança comercial, onde as exportações permaneceram na casa dos US$ 58,2 bilhões em 21 e as importações apresentaram uma queda razoável que gerou o valor de US$ 55,6 bilhões nesse mesmo ano. A partir de 23 as exportações apresentaram uma elevação que não ocorria há muito tempo, devido ao aumento da demanda externa; a Ásia apresentou uma grande contribuição desse valor, representando 42% do total exportado pelo Brasil, seguida pela América - Latina com 21,3%, e pela América do Norte, México, Europa, África, Oriente Médio e Oceania, respectivamente. A demanda asiática, a partir desse período, foi caracterizada pelo grande consumo dessa matéria-prima na China, que passou a ser o centro das instabilidades mundiais nesse setor (IBS, 24). Já sobre a demanda externa, esta, durante o período de , se caracterizou por baixa evolução da demanda externa. O último trimestre de 1997, seguido pelo último de 1998, se mostraram os picos deste período. Com relação ao mesmo trimestre em 1995, a demanda externa cresceu em 24,5% e 23,3%, respectivamente (FUNCEX, 28). Esse crescimento em relação aos próximos dois períodos analisados verifica-se em função de uma recente introdução dos produtos brasileiros no mercado consumidor mundial no início da década de 199 e também pelo desincentivo dado pela valorização da taxa de câmbio no país. Verifica-se uma profunda mudança no volume e na expansão dos destinos das exportações brasileira. As exportações brasileiras durante mantiveram uma crescente alta bem acima da média dos anos anteriores, porém essa alta só ocorreu até o fim de 2, cresceram aproximadamente em 34,8%, já a queda registrada no ano posterior foi de 2,9%, mais da metade da alta verificada nos dois anos anteriores (FUNCEX, 28). A demanda efetiva das exportações até 2 foi impulsionada pela forte desvalorização da taxa de câmbio a partir de 1999, trazendo efeitos nas exportações do país para os anos seguintes. A partir do terceiro trimestre de 2, a taxa de câmbio apresentou pequenas desvalorizações que permaneceram até o terceiro trimestre de 21. Essas curtas desvalorizações pouco contribuíram com o aumento da demanda, que apresentou uma queda no último trimestre de 2, esse efeito deve ter ocorrido em resposta aos ataques terroristas de 11 de setembro de 21, o qual afetou todos os países, diminuindo intensamente a demanda externa para o Brasil.
5 Grandes mudanças foram observadas depois dessa crise internacional, abrindo-se novos caminhos para as exportações brasileiras. Os maiores parceiros comerciais do Brasil durante o período foram Estados Unidos, Argentina, China, Holanda, Alemanha, Itália, Japão, Bélgica e Espanha, respectivamente. Durante esse período, a demanda externa dos produtos do Brasil cresceu em 28,8%, sendo que nos últimos três anos esta cresceu em um ritmo muito mais acelerado quando comparado a anos anteriores (FUNCEX, 28). O volume dos bens exportados pelo Brasil aumentou consideravelmente a partir de meados de 21 e 22. Esse resultado se deu em função de o Brasil ter se tornado mais competitivo diante do mercado internacional e por estes setores apresentaram menores barreiras comerciais, a exemplo do setor de metalúrgico. Outro fato é o maior dinamismo de alguns produtos nacionais, como o setor de máquinas e equipamentos; destaca-se também o setor de veículos automotores, o qual se tornou mais específico diante do consumidor, atendendo as expectativas de grandes parceiros comercias como a Argentina (Puga, 25). 3. METODOLOGIA E RESULTADOS OBTIDOS O modelo proposto é o dos Vetores Auto-regressivos (VAR), que identificará os impactos das variáveis taxa de câmbio 1 e demanda externa 2 sobre as exportações 3. Para Matos (2), este modelo não leva em conta os efeitos contemporâneos das funções estabelecidas, tendo por objetivo central a análise de impulsos-respostas das variáveis. Para a implementação do VAR, o primeiro passo é o teste da raiz unitária para a identificação de estacionariedade nas séries utilizadas. Utiliza-se o teste de Dickey-Fuller Aumentado para verificar a existência de correlação do termo erro. Para a série de dados utilizada observa-se que apenas a variável exportação apresentou estacionariedade em nível. Sendo que as variáveis taxa de câmbio e demanda externa apresentaram raiz unitária, conforme Tabela 1. TABELA 1 Teste de Dickey-Fuller Aumentado em nível Série ADF nível de significância valores críticos resultados CAM -1, % -3,5653 hipótese rejeitada % -2,5977 hipótese rejeitada EX -5, % -4,1498 hipótese aceita ÍDEE 4,1866 1% -3,565 hipótese rejeitada Fonte: Dados da pesquisa % -2,5977 hipótese rejeitada 1 IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). 2 FUNCEX (Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior). 3 IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
6 O próximo passo foi realizar o teste de Dickey-Fuller Aumentado para a primeira diferença das séries, expressos na Tabela 2, onde todas as variáveis apresentaram estacionariedade, portanto todas as séries são integradas de ordem 1, ou, I(1). TABELA 2 Teste de Dickey-Fuller Aumentado primeira diferença série ADF Nível de valores críticos significância CAM -5, % -3,5682 resultados hipótese aceita EX -15,824 1% -4,154 hipótese aceita ÍDEE -4,837 1% -4,154 hipótese rejeitada Fonte: Dados da pesquisa 5% -3,525 hipótese aceita Para testar a existência e quantos são os vetores de cointegração, usou-se o Teste de Cointegração de Johansen. Através deste teste verificou-se que o menor valor entre os critérios de Akaike e de Schwarz foi 22,619, que indica que o modelo é quadrático com intercepto e tendência e que possui até dois vetores de cointegração, conforme Tabela 3. TABELA 3- Teste de Cointegração de Johansen Linear Quadrático Critério de Informação de Akaike defasagens Intercepto s/ tendência Intercepto c/ tendência Intercepto e tendência , , , , , , , , , ,753 22, ,76369 Critério de Schwarz Linear Quadrático defasagens Intercepto e s/tendência Intercepto c/ tendência Intercepto e tendência Fonte: Dados da pesquisa 24,51 24, , , ,51 23, , , , , , ,2563
7 Quando feito o teste de causalidade de Granger, verifica-se nas relações estabelecidas entre as três variáveis do modelo, que estas apresentaram uma relação de bicausalidade entre a taxa de câmbio e as exportações e entre a taxa de câmbio e a demanda externa, conforme Tabela 4. TABELA 4 - Teste de Causalidade de Granger significância máxima de % Hipóteses: Estatística F Probabilidade Resultados Câmbio não causa Exportações,43921,64728 rejeita Exportações não causam Câmbio,93162,4138 rejeita Demanda Externa não causa Exportações 2,15771,1274 rejeita Exportações não causam Demanda Externa 2,77758,7287 aceita Demanda Externa não causa Câmbio,44896,64112 rejeita Câmbio não causa Demanda Externa,26357,76948 rejeita Fonte: Dados da pesquisa. Entre a relação das variáveis taxa de câmbio e exportações, verifica-se que a variável taxa de câmbio causa, no sentido de Granger, a variável exportações e esta causa, no sentido de Granger, a taxa de câmbio. Essa relação pode ser entendida quando uma variação na taxa de câmbio acarreta variações nas exportações, numa relação direta de valorização ou desvalorização da moeda, desincentivando ou incentivando as exportações, respectivamente. A taxa de câmbio influencia as exportações, num primeiro momento, através do preço, em que a moeda estrangeira relativamente é mais barata, desincentivando a produção e levando à queda nas exportações, sendo o contrário verificado. A segunda relação verificada foi entre as variáveis demanda externa e exportações. A demanda externa influencia diretamente as exportações, já que os produtos nacionais somente serão vendidos se tiver demanda para isto. Por outro lado, a medida que o Brasil aumenta/diminui os produtos destinados à exportação, pode, através da lei da oferta e da demanda, aumentar/diminuir sua demanda, porém não é a relação verificada quando considera-se o teste à % de significância, ou seja, exportações não causam a demanda externa, pois a demanda é considerada a principal determinante das exportações. A segunda e última relação verificada de bicausalidade foi entre as variáveis demanda externa e taxa de câmbio. Oscilações na demanda externa afetam diretamente os preços, impactando na taxa de câmbio, oscilações nos preços decorrem de oscilações no volume da oferta produtiva, impactando diretamente tanto na demanda interna quando na externa. As mudanças na taxa de câmbio também decorrem de oscilações na demanda externa, esta afeta diretamente o volume da oferta.
8 Através da análise da função impulso-resposta é possível observar a resposta obtida quando ocorrem choques nas variáveis analisadas, conforme visualizado na Figura 1. Observa-se que choques na variável câmbio têm impactos positivos, a curtíssimo prazo, sobre ela mesma, tendendo a declinar com o passar do tempo, podendo ser observado, a partir do segundo trimestre. Porém o desvio padrão desse efeito tende a aumentar a partir desse mesmo trimestre. Tais oscilações em grande escala apresentadas para a taxa de câmbio são explicadas por esta não ser uma variável pura, pois mede relativamente os preços nacionais sobre o estrangeiro. O efeito ocorrido na taxa de câmbio pode ser explicado pelas expectativas dos agentes econômicos diante de mercado financeiramente globalizado, dependente de ações de outros países. Quando feita a análise do impacto da variável demanda externa sobre a variável taxa de câmbio, verifica-se que oscilações na taxa de câmbio explicam, no curto prazo, oscilações na variável demanda externa, sendo que a longo prazo isso tende a diminuir, mostrando se ajustar à taxa de câmbio ao longo do tempo a partir do segundo trimestre. Isso pode ser explicado pelo fato da variável demanda externa depender diretamente dos termos de troca dos países dos quais são parceiros comerciais. Assim, mudanças nos preços relativos, como por exemplo, valorizações da moeda nacional diante da moeda estrangeira, influenciam diretamente no preço relativo dos produtos comercializáveis, sendo mais barato comprar bens estrangeiros do que bens nacionais, aumentando a demanda externa para os países de moeda relativamente desvalorizada. O volume de bens exportados impacta semelhantemente à demanda externa sobre a taxa de câmbio. Essa variável pouco explica as oscilações na variável taxa de câmbio, tendo um impacto positivo sobre esta. Nos três primeiros trimestres apresentaram oscilações mais intensas, a partir do quarto trimestre inicia-se um ajuste desta variável que tende a diminuir a longo prazo, podendo ser explicada pelo preço relativo dos produtos brasileiros, impulsionados positivamente pelo papel da diversificação e pelo alto valor agregado dos mesmos diante do mercado internacional. A função impulso-resposta mostra que choques ocorridos na demanda externa e nas exportações pouco interferem na variável taxa de câmbio. Na variável demanda externa, choques na taxa de câmbio pouco impactam, inicialmente há pequenas alterações que tendem a se ajustar à longo prazo. Choques na taxa de câmbio quase não explicam oscilações na variável demanda externa, porém este resultado apresenta grandes desvios, demonstrando assim, que este pode não ser o verdadeiro resultado do impacto, pois os preços relativos são fatores determinantes sobre toda e qualquer demanda.
9 Response to One S.D. Innovations ± 2 S.E. Response of CAM to CAM Response of CAM to IDEE Response of CAM to EX Response of IDEE to CAM 3 Response of IDEE to IDEE 3 Response of IDEE to EX Response of EX to CAM 15 Response of EX to IDEE 15 Response of EX to EX FIGURA 1 Função Impulso-Resposta Comportamento semelhante acontece com a variável exportação sobre a demanda externa: no curto prazo ocorrem pequenas variações que se ajustam a longo prazo, porém observa-se uma tendência de impactos negativos sobre a mesma. Esses efeitos mostram fraca influência no comportamento da demanda externa. Choques nas exportações impactam positivamente num primeiro momento, a partir do terceiro trimestre verifica-se uma projeção negativa a esses choques. O efeito causado mostra que a demanda externa cai quando ocorrem choques nas exportações, pois esta é uma das principais determinantes das exportações, onde, por exemplo, quedas no volume dos bens exportados diminuem diretamente o volume da demanda externa devido à falta de tais bens.
10 A variável exportação é afetada fortemente pela taxa de câmbio, sendo que para uma projeção do segundo trimestre até o sexto trimestre verifica-se uma reação mais intensa sobre a mesma; a longo prazo essa tende a cair, porém as possibilidades de oscilações desse efeito são grandes, podendo ser explicadas através das variações dos preços relativos, onde verificase para projeções futuras no Brasil, que ocorrem desvalorizações, num primeiro momento, que incentivam as exportações e a longo prazo verifica-se valorizações da moeda, que impactam negativamente nas exportações. Esse fato pode ser explicado pelo sistema e pelas políticas cambiais adotadas pelo governo após 1999, onde choques na taxa de câmbio levam a queda nas exportações, devido à perda dos termos de troca entre os países ocasionando futuras valorizações da moeda, que impactam negativamente sobre as exportações. Para a variável demanda externa verifica-se que esta traz impactos mais fortes em curto prazo, já a partir do terceiro trimestre observa-se uma baixa nesse efeito, mas que logo volta a crescer em longo prazo. Essa segunda reação da variável exportação, verificada através de choques na demanda externa, pode ser interpretada também pela relação direta entre as duas variáveis, visto que a demanda externa é uma das principais determinante das exportações e choques na mesma acarretam, inicialmente, quedas na renda e conseqüentemente na demanda externa. Porém observa-se o ajustamento da variável à longo prazo, influenciando positivamente as exportações. Verifica-se aqui que a demanda externa é a principal determinante das exportações brasileiras, comparativamente à taxa de câmbio. As exportações apresentam elevado impacto dado choques nela mesma, até o terceiro trimestre apresentou respostas positivas, já a partir desse momento apresentou respostas negativas, porém não duradouras; já a partir do quinto trimestre é possível notar que esta passa a apresentar pequenas oscilações, se auto-ajustando à longo prazo. Isso pode ser verificado em função das exportações brasileiras serem extremamente sensíveis à variações em outras variáveis, como a taxa de câmbio e a demanda externa. Na análise da decomposição da variância, observa-se que o erro de previsão da variável exportação depois de decorridos trimestres é explicado em 46,5% por erros de previsão na variável demanda externa, 29,15% por erros de previsão da taxa de câmbio e 24,33% pela própria exportação. O erro de previsão da variável demanda externa é explicado em 98,59% por ela mesma, seguida pelas exportações, que implicam em 1,33% sobre essa variável e,7% pelo câmbio, conforme Tabela 5. Já o erro de previsão da taxa de câmbio é explicado por,48% pela variável demanda externa e,89% pelas exportações, sendo que o maior percentual, 98,61% é explicado por erros de previsão na própria taxa de câmbio.
11 TABELA 5 Decomposição da Variância defasagem para trimestres CAM trimestres CAM ÍDEE EX 9 98,59349,491275, ,61277,488781, ÍDEE trimestres CAM ÍDEE EX 9, ,5834 1,45272, ,5972 1,33775 EX trimestres CAM ÍDEE EX 9 3, , ,37 Fonte: Dados da pesquisa 29, , ,3395 Conclui-se assim, que a variável demanda externa gera fortes efeitos sobre a variável exportação, onde ela explica quase a metade do erro de previsão sobre esta, sendo a taxa de câmbio e as próprias oscilações das exportações de menor impacto sobre a mesma. Isso complementa os resultados observados pela regressão, onde a demanda externa se apresenta como a principal variável determinante das exportações. Para a variável demanda externa, observa-se que as demais variáveis pouco influenciam no comportamento da mesma, sendo que ela mesma a explicação para os erros de previsão em quase %. Caso semelhante é verificado para a variável taxa de câmbio, onde ela mesma explica em quase sua totalidade os erros de previsão dela mesma. 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS A maior contribuição deste estudo reside no fato de verificar as relações de longo prazo entre exportações, demanda externa e taxa de câmbio para a economia brasileira no período em questão. Isto foi possível através da implementação do modelo VAR, cujo objetivo primeiro é exatamente este. Como resultado tem-se que as exportações foram altamente influenciadas pela demanda externa, sendo que esta variável, por si só, é capaz de promover alterações nas exportações. Em contrapartida, a taxa de câmbio também influencia as exportações nacionais, no entanto seu poder é menor. Vale ressaltar a relação de bicausalidade (comprovada pelo Teste de Granger) entre câmbio/exportações e câmbio/demanda externa, porém a causalidade unidirecional entre demanda externa/exportações, ou seja, a economia brasileira, a longo
12 prazo, depende dos estímulos da demanda externa para dinamizar suas exportações, ao passo que o inverso não se verifica. É importante salientar que a pesquisa sobre o tema não se encontra esgotada. Muitas alternativas ainda existem como, por exemplo, a exploração empírica da Lei de Thirwall 4 para a economia brasileira no período recente. 5. REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Secretaria do Comércio Exterior. Departamento de Comércio Exterior. Indicadores e Estatísticas. Disponível em: < Comercial.php>. Acesso em: 18 mar. 28. CASTILHO, M. L., HIGACHI, H. Macrodinâmica do produto e da renda sob restrição externa no período : demanda externa, taxa de câmbio e sustentabilidade do crescimento. Anais do IV Encontro Paranaense de Pesquisa e Extensão em Ciências Sociais Aplicadas. Ponta Grossa, 28. p CASTILHO, M. L., MOURA, V. M. R. Crescimento econômico e exportações brasileiras: uma análise do período Anais do IV Encontro Paranaense de Pesquisa e Extensão em Ciências Sociais Aplicadas. Ponta Grossa, 28. p FUNCEX. FUNDAÇÃO CENTRO DE ESTUDOS DO COMÉRCIO EXTERIOR. Base de dados estatísticos Índice de Demanda Efetiva Externa. Disponível em: < >. Acesso em: 17 mai. 28. IBGE. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - Sistema IBGE de recuperação automática SIDRA Série Exportações de bens e serviços. Disponível em http: <// Acesso em: 17 mai Sugere que a taxa de crescimento de longo prazo de uma economia deve ser condizente com o equilíbrio do balanço de pagamentos, sendo que as análises empíricas podem ser feitas através de técnicas de cointegração entre o PIB (produto interno bruto) e a demanda externa, buscando identificar as relações lineares de longo prazo (Porcile, Bittencourt e Bértola, 22).
13 IBS. NSTITUTO BRASILEIRO DE SIDERURGIA. Em 23, produção e exportação de aço batem recordes, e mercado financeiro recua. fev. 24. Disponível em: < Acesso em: jun. 28. PRATES, D. M. A alta recente dos preços das commodities. Revista de Economia Política, v. 27, n. 3, p , jul./set. 27. PUGA, F. P. A inserção do Brasil no comércio mundial: o efeito china e potenciais de especialização das exportações. (Texto para Discussão BNDES n. 6). Rio de Janeiro: out. 25. Disponível em: < >. Acesso em: 3 jun. 28. PORCILE, G., BITTENCOURT, M., BÉRTOLA, L. A Lei de Thirlwall revisitada: aplicação de um modelo VAR à economia brasileira do pós-guerra. In: DIAS, Maria Helena Ambrósio (organizadora). Macroeconomia dinâmica: crescimento, ciclos, desenvolvimento e política econômica. Maringá: PME-UEM, 22. p
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