Homofobia: a grande desconhecida na instituição escolar
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- Paula Benke Vieira
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1 Homofobia: a grande desconhecida na instituição escolar Renata Bertti Nunes *¹ Bárbara Cossettin Costa Beber Brunini **² Resumo: O presente artigo tem por objetivo discutir a homofobia na instituição escolar e os novos modelos de intervenção que o educador pode executar em relação a estas situações. Obteve-se o conteúdo através de pesquisa teórica referencial observando a escola como agente de papel discursivo em combate à desigualdade e pretendendo problematizar formas de diminuir esse preconceito. Foi mister neste processo observar o professor como sujeito de primeiro contato com essas agressões, diante o agredido e as situações de homofobia. Palavras-chave: Homofobia, homoafetividade, escola, educador. 1 Introdução Tanto se fala ou se cobra por igualdades ou respeito à diversidade, mas o que visualizamos é a inexistência destes comportamentos, ou mesmo discussão sobre eles nos diferentes tecidos sociais, inclusivo nas escolas. Sendo a escola considerada por teóricos da psicologia da educação significativo agente socializador de um indivíduo, esta tem em seu rol de atribuições repassar aprendizagens, conceitos e discursos desenvolvidos no decorrer da história e preparar os alunos não apenas para o mercado de trabalho, para uma formação superior, mas igualmente para condutas éticas e cíveis apropriadas à convivência social satisfatória frente os conceitos de diversidade. A escola é considerada um ambiente propício para se discutir sexualidade, diversidade e gênero, pois é nela que os estudantes chegam com anseio de esclarecimentos, época em que acontece a puberdade, ocorrendo às mudanças do corpo e também da mente, por isso é neste tempo em que este tema deve bem debatido (MAISTRO, 2006, p.76). Entre assuntos polêmicos e com certa urgência de serem dialogados encontramse as diferentes formas de desejo, entre elas a homoafetividade, ainda uma desconhecida nos intramuros das escolas. A homoafetividade é um conceito utilizado para pessoas que se relacionam com indivíduos do mesmo sexo ou tem a atração pelos dois sexos, está conseguindo ganhar espaço e importância igualitária ao heterossexual, como cita 1
2 BRASIL (1988) Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza. Atualmente a sociedade modelo afirma que o conceito de homoafetividade é uma escolha do indivíduo, sem parar para pensar que nenhuma pessoa que esteja em perfeita consciência escolheria uma opção sexual que sofre por tanta desigualdade e injustiça, tanto fisicamente ou psicologicamente (AMORIM, 2012, p. 38). Por cerca de dois séculos a homoafetividade teve um histórico de ser uma atitude criminosa, após foi considerada uma doença mental. Amorim (2012, p. 42) relata que houve várias formas de encontrar a cura, porém a psicanálise realizou o reverso e demonstrou que não era uma questão de doença, porém, suas conclusões não foram muito aceitas na época. Em redação mundial declarada, a UNESCO (2012, p.18) revela que o bullying homofóbico está se tornando um problema expressivo mundialmente, porém ainda não há levantamento de dados em todos os países. 2. A escola junta ao educador estabelecendo a igualdade A escola ao combate da desigualdade procura formar uma sociedade predita justa, entretanto quando fazem as classificações de sexo/gênero, classe social, etnia, entre outras, o indivíduo está sendo padronizado, consequentemente, há exclusões sociais, portanto, além de ensinar a teoria estabelecida, se faz necessário estruturar formas para retirar o dogma tradicional e permitir a inclusão de todos os tipos de sujeitos, independente de seu gênero ou cultura (SANTOS, et al, 2008, p. 2). Louro (1997, p. 80) enfatiza que É importante notar, no entanto que, embora presente em todos os dispositivos da escolarização, a preocupação com a sexualidade geralmente não é apresentada de forma aberta. Diante de uma sociedade padrão com conceito de masculinidade e religião, a escola seguiu essas afirmativas, rotulando os que não se encaixam neste padrão, denominando-os de diferentes. Nesta instituição a homofobia não é diferente, indivíduos homoafetivos sofrem de agressões verbais e/ou físicas. O denominado bullying homofóbico está relacionado a todos os tipos de comentários maldosos, ciberbullying e olhares diferentes em jovens 2
3 que são considerados dessemelhantes por sua orientação sexual, tornando a escola um ambiente de insegurança para o agredido (JENNET, 2004, p. 6). Com a realização de estudos sobre as orientações sexuais, estão surgindo efeitos suaves sobre as instituições de ensinos, na qual as escolas atualmente tentar inverter as questões de desigualdade em que indivíduos vivem (LOPES, 1997, p. 120). Inúmeros sujeitos de culturas diferentes em um mesmo local resulta em choques culturais. A escola é um destes locais, portanto deve obter formas justas de intervir em casos de desigualdade social, porém o primeiro profissional a lidar com esses acontecimento é o educador o qual deverá estar atento aos acontecimentos e interferir de formar coerente sem deixar suas raízes influenciarem. Os educadores têm a decisão de implantar ou não o tema homoafetividade para os estudantes, utilizam apenas os conceitos de feminino e masculino, não aprofundando em outros tipos de sexualidades já que o tema heterossexualidade é menos polêmico e de fácil absorção dos dogmas depositados pela religião, normas e a biologia (DINIS, 2008, p. 408). Para formação de alunos não há receita a se acompanhar, os professores devem ter consciência que deve sempre haver uma forma de melhorar a dinâmica em sala de aula. Essa precisa ser a atitude que o educador tem que estabelecer contra a homofobia, utilizar várias ações de criativas para que não haja oposições com os valores dos estudantes (CORREA, 2009, p. 11). Os professores necessitam entrar em contato com suas próprias dificuldades diante do tema, com questões teóricas, leituras e discussões referentes à sexualidade e suas diferentes abordagens; preparar-se para a intervenção prática junto aos alunos e ter acesso a um espaço grupal de produção de conhecimento a partir dessa prática, se possível contando com assessoria especializada. A formação deve ocorrer de forma continuada e sistemática, propiciando a reflexão sobre valores e preconceitos dos próprios educadores envolvidos no trabalho de Orientação Sexual. É necessário que os professores possam reconhecer os valores que regem seus próprios comportamentos e orientam sua visão de mundo, assim como reconhecer a legitimidade de valores e comportamentos diversos dos seus. Tal postura cria condições mais favoráveis para o esclarecimento, a informação e o debate sem a imposição de valores específicos. (BRASIL, 1998, 303). 3
4 Em sala de aula é preciso problematizar novas estratégias, para que os alunos tenham uma visão mais crítica e oposta ao que se vê atualmente, fazendo debates do tema, citando-o historicamente, apresentando a subjetividade e os processos de subjetivação do indivíduo e a realidade na forma de troca de papeis, ou seja, o aluno sentir a dor do sujeito agredido por meio de vídeos e relatos (MOTT, 2009, p. 7). [...] discutir novas políticas de inclusão das minorias sexuais e de gênero exige, por parte das/dos educadores/es, uma experimentação de novas formas do uso da linguagem que possam produzir resistência a padrões sexistas ou homofóbicos. Esse é um importante passo a ser dado mesmo na linguagem científica, nos documentos oficiais, nos currículos escolares e nas instituições de formações docente, embora essas tentativas tenham sido, às vezes, menosprezadas e ridicularizadas no meio acadêmico. (DINIS, 2008, p.488). Ensinar, que já não é tarefa fácil, mas difícil se torna quando é preciso quebrar dogmas e estigmas, por isso o educador deve ter persistência e criatividade, Dinis (2008, p. 490) demonstra que é um desafio constante na busca de soluções criativas para evitar cair em práticas normalizadoras. Ao invés de simplesmente respeitar o outro, se propõe devir outro. A juventude homoafetiva está no cotidiano da escola. A atitude do professor precisa ser coerente ao acontecimento em sala de aula, Mott (2009, p. 7) menciona que o professor como primeira instância necessita realizar atitudes que ganhem a confiança do homoafetivo, sem que faça escândalos diante as situações de preconceito. Em um segundo momento, se faz necessário, realizar amparo diante deste sujeito, pois geralmente existem vários oposições relacionadas à família e a sociedade em geral. Podem-se ocasionar conflitos emocionais e sociais, não por ser homoafetivo, mas por conviver com a ignorância das pessoas e viver distinção cotidianamente. Para realizar intervenções contra a homofobia a escola, o professor e a família tem que estar informado sobre entidades e órgãos que são utilizados para esse meio, na qual se pode realizar a denuncia ou introduzir o indivíduo para obter ajuda, pois geralmente ele não entra em contato com pessoas de seu convívio (MOTT, 2009, p. 7). 4
5 3. Considerações finais Todas as pessoas são iguais, porém o preconceito, a discriminação está no dia a dia de cada pessoa. A homofobia acontece em números alarmantes, necessita-se de formas de intervenções urgente, visto que não tem como interferir nesses acontecimentos se não quebrar o preconceito por quem demonstrará o tema. A instituição escolar tem a grande responsabilidade de igualdade, nela o indivíduo se socializa com várias pessoas com pensamentos diferentes, na qual ainda existe a homofobia. Um lugar que deveria ser de proteção e conscientização se torna um local de sofrimento para o indivíduo atacado. Ensinar sexualidade e todas as formas de desejo é um dos passos para diminuir ou até terminar esse mau conceito. O professor tem o contato direto com todos os tipos de situações dentro de sala de aula, inclusive a homofobia, ele deve ser o primeiro a intervir, ou seja, levar para orientação, tomar a decisão certa na hora das agressões contra o homoafetivo. Ele deve ganhar a confiança deste jovem e quando preciso encaminhar não apenas para a direção da escola mas para órgãos especializados para esse tipo de agressão. Referências bibliográficas AMORIM, Rosendo Freitas de. Matrimônio, família e a condição dos homossexuais, reflexões à luz do direito constitucional. In: POMPEU, Gina Vidal Marcílio. Discriminação por orientação sexual: a homossexualidade e a transexualidade diante da experiência. Florianópolis: conceito editorial, BRASIL. Constituição da Republica Federativa do Brasil. Brasília: Senado Federal, BRASIL. Secretaria de Educação. Parâmetros curriculares nacionais: terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental. Brasília, BRASIL, Secretaria dos Direitos Humanos. Relatório sobre violência homofobia no Brasil: ano de 2012, Disponível em: < Acesso em: 14 fevereiro CORREA, Celina Celia Furlan. Enfocando a homossexualidade nas escolas, Disponível em: na_celia_furlan_correa.pdf >. Acesso em: 19 fevereiro
6 DINIS, Nilson Fernandes. Educação, relações de gênero e diversidade sexual. Educação Social, v. 29, n. 103, maio/agosto, Disponível em: Acesso em: 18 fevereiro JENNET, Mark. Stand up for us: challenging homophobia in schools, Disponível em: < Acesso em: 18 fevereiro LOURO, Guacira Lopes. Gênero, sexualidade e educação: uma perspectiva pósestruturalista. 6 ed. Rio de Janeiro: vozes, MAISTRO, Virginia Iara de Andrade. Projeto de orientação sexual na escola: seus limites e suas possibilidades. 242 f. Dissertação (Pós-Graduação em Ensino de Ciência e Educação em Matemática) Universidade Estadual de Londrina, Londrina, MOTT, Luiz Roberto de Barros. O/A jovem homossexual na escola: noções básicas de direitos humanos para professores/as da educação básica, Disponível em: < Acesso em: 19 fevereiro SANTOS, Claudiene; RAMOS, Maria Eveline Cascardo; TIMM, Flávia Bascuñan; CABRAL, Daniela Gontijo; LOBO, Tainah Dourado de Mirando. Diversidade sexual na escola e a homofobia: a capacitação de professores como estratégia de Intervenção, Disponível em: < Lobo_05.pdf> Acesso em: 17 fevereiro UNESCO. Education Sector Responses to Homophobic Bullying, Disponível em: < Acesso em: 18 fevereiro
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