A Indústria de Vacinas: O Brasil no Contexto Mundial
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- Eduardo de Figueiredo Cesário
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1 I SEMINÁRIO SOBRE O COMPLEXO INDUSTRIAL DA SAÚDE/BNDES A Indústria de Vacinas: O Brasil no Contexto Mundial
2 Estrutura da Apresentação Características da Indústria O Mercado Mundial e os Principais Produtores A Estruturação do Mercado Brasileiro Os Produtores Nacionais
3 A Indústria de Vacinas: A Dinâmica Setorial -I Dinâmica restrita até o final da década de 70 manteve por um bom período a hegemonia dos produtores tradicionais e o desinteresse da grande indústria (produtos no mercado/ preço médio por dose/ produtos recombinantes ainda em desenvolvimento). Impacto dos avanços no campo das biotecnologias sobre o padrão de inovação setorial. Ressurge o interesse econômico pela área. (Hepatite B )
4 A Indústria de Vacinas: A Dinâmica Setorial - II Crescente interesse das grandes empresas farmacêuticas. Movimento de concentração da produção em um grupo restrito de empresas. Segmento da I F. Estrutura oligopólica de competição e de concorrência: poucas empresas exercem sua liderança competitiva e tecnológica nos distintos segmentos de mercado. Capacidade de inovação e diferenciação: principal base da competitividade empresarial no setor.
5 A Indústria de Vacinas: A Dinâmica Setorial - III Mercado passa a estruturar-se com base em dois segmentos: o das vacinas tradicionais de uso difundido e baixo preço e o das vacinas modernas, de preço elevado e, portanto, de uso mais restrito.
6 A Indústria de Vacinas: Tipologia dos Produtores O conjunto de produtores do mercado mundial pode ser classificado em três grupos: produtores privados multinacionais com alta taxa de inovação em produtos e amplo acesso aos mercados internacionais; empresas tradicionais públicas e privadas em países industrializados com forte capacidade na produção de vacinas tradicionais e acesso à produção de novos produtos através de licença; e produtores públicos de países em desenvolvimento com produção significativa em vacinas tradicionais e potencial acesso aos produtos modernos através de acordos de transferência de tecnologia.
7 O Mercado Mundial No ano de 2000 o volume de vendas do mercado mundial atingiu 7 bilhões de dólares. Alta concentração: quatro grandes empresas farmacêuticas concentram 80% do mercado. Gastos com P&D das empresas líderes, em média, acima de dois bilhões de dólares anuais (para o conjunto de gastos em P&D da empresa); Forte crescimento do mercado mundial na última década, atingindo cerca de 10% ao ano em termos reais; Crescimento da participação dos produtos modernos no volume total de vendas (cerca de 70%).
8 A Indústria de Vacinas: O Mercado Mundial 2000 em U$ Empresas Vendas % GSK ,6 Merck ,6 Aventis Pasteur ,4 AHP/Wyeth ,6 Sub Total ,2 Outras ,8 Total Geral ,0 Fonte: Greco (2002) apud Temporão (2002)
9 Os Produtores Independentes Developing Country Vaccine Manufactures Network (DCVMN). Empresas localizadas majoritariamente em países em desenvolvimento. Estratégias: busca da certificação pela OMS como fornecedores para os organismos internacionais das Nações Unidas; estruturação de parcerias com os grandes produtores internacionais, na busca do domínio de novas tecnologias. Participação no mercado mundial em 2000: <10%. O grupo de produtores independentes apresenta uma participação, em termos de vendas, entre 1,4 e 0,4%, com um faturamento médio em torno de 56 milhões de dólares anuais; América Latina e Caribe: Brasil e Cuba.
10 Mercado Mundial: Participação das Empresas de Médio e Pequeno Porte em U$1000 EMPRESAS Fonte: Temporão (2002) VOLUME DE VENDAS % Mercado Mundial CSL ,4 CELLTECH/MEDEVA ,2 RHEIN BIOTECH ,94 BAXTER ,94 SOLVAY ,80 POWDERJECT ,74 BIOMANGUINHOS ,63 BIOFARMA/ ,57 STATENS SERUM ,50 BUTANTAN ,42
11 A Evolução na América Latina PAÍS ARGENTINA BRASIL CHILE COLOMBIA 1994 DTP, TT, BCG DTP, DT,TT, BCG,SARAMPO, PO LIO e Febre Amarela DTP,DT e antirábica DTP,DT,TT, BCG e febre amarela 2002 Não produz Acrescentou Hepatite B, Hib e Influenza. Sem informação TT, Antirábica e febre amarela CUBA DT, TT e Hep B He patite B, Meningo B/C, DTP, DT, TT, Leptospirose trivalente, febre tifóide MÉXICO EQUADOR URUGUAI VENEZUELA DTP,DT,TT,BCG, Sarampo Polio DPT, DT, TT, BCG DTP,DT,TT, BCG DTP, TT e antirábica DT Antirábica Sem informação Sem informação
12 Mercado Mundial de Vacinas: Síntese Aceleração do processo de turn-over dos produtos hoje disponíveis no mercado. Crescente heterogeneidade no processo de acesso aos novos produtos; Crescimento do espaço de um conjunto de produtores independentes em busca de ampliação de seu grau de desenvolvimento tecnológico e presença no mercado global. O entendimento de que os países em desenvolvimento estariam se aproximando do padrão de consumo dos países centrais, parece ser equivocado. O novo portfolio de produtos em gestação pelas empresas líderes, aponta para um futuro em que as diferenças atuais devem se aprofundar;
13 Produção Atual e Perspectivas dos Principais Produtores Mundiais e Alguns Produtores Independentes Produzido para países em Produzido para o mercado de países Novas Futuras Desenvolvimento Desenvolvidos Vacinas Vacinas Sarampo DTP OPV MMR DTaP IPV Produtores de Países em Desenvolvimento BioFarma Vacsera Razi/Pasteur Butantan/Biomanguinhos India Private Sector Cuba China DTwP- MeningoC Hep B or conjugada Hib Pneumo Rotavirus Meningite Conjugada Multivalente Produtores de países industrializados Aventis Chiron GSK Merck Wyeth
14 O Mercado de Vacinas no Brasil: O Desenvolvimento do Segmento Público
15 Etapas no Desenvolvimento da Indústria de Vacinas no Brasil ETAPAS PERÍODO ESTRUTURA DE PRODUÇÃO E P&D MODELO DE GESTÃO ARTESANAL- BUROCRÁTICA INDUSTRIAL BUROCRÁTICA INDUSTRIAL - GERENCIAL 1900/ / /2002 Organização artesanal da produção/instituições isoladas Produção e pesquisa no mesmo espaço com lógicas conflitantes Produtores públicos e privados no mercado Incorporação de novas tecnologias já em processo de difusão através de acordos não comerciais Individualização da produção em espaços específicos. Criação de Biomanguinhos Importância crescente dos aspectos de segurança e qualidade Estreitamento das relações institucionais Desenvolvimento do PNI(1973) e implementação do PASNI(1985) Caracterização da indústria como espaço estritamente estatal Manutenção de principios de gestão em bases tradicionais (administração burocrática) Acordos de transferência de tecnologia para vacinas modernas em bases comerciais, envolvendo grandes empresas do setor Desenvolvimento endógeno de produtos biotecnológicos Parcerias internas entre os produtores no desenvolvimento e produção de novos produtos Pressões para o funcionamento em bases empresariais Burocrático Burocrático Burocrático/ gerencial (em transição)
16 O Desenvolvimento da Indústria devacinas no Brasil Programa Nacional de Imunizações(PNI): estabeleceu as dimensões da demanda em volume e qualidade. Programa de Autosuficiência Nacional em Imunobiológicos (PASNI): aumento da capacidade da oferta interna, da qualidade e esforço de redução da dependência externa. Melhoria da qualidade da produção interna e busca da autosuficiência na produção das vacinas essenciais. Meta de substituição progressiva das importações através da expansão articulada dos laboratórios oficiais. Substituição das importações de soros e vacinas por produção nacional no período de cinco anos (até 1990). Essencialmente um programa de investimentos: entre 1985 e 1998, valor superior a US$150 milhões.
17 O Programa Nacional de Autosuficiência em Imunobiológicos (PASNI) Um dos maiores investimentos governamentais em tecnologias de produção de insumos em saúde. Recursos destinaram-se essencialmente a obras e equipamentos. Resultados: melhoria da qualidade; autosuficiência em soros; expansão da produção de algumas vacinas; e implantação de significativa capacidade produtiva. Aporte para o desenvolvimento tecnológico pouco expressivo. Evidências de ampliação da dependência externa: Em 2000, 80% dos gastos governamentais com aquisições de vacinas foram com importações de produtos acabados ou de bulk envasado localmente.
18 Os Produtores Nacionais: Marcos Recentes O desenvolvimento endógeno da vacina contra hepatite B pelo Instituto Butantan; Acordos de transferência de tecnologia entre Biomanguinhos e Butantan e dois dos principais produtores mundiais (GSK e Aventis). ESTRATÉGIAS: Busca de certificação pela OMS (Biomanguinhos- F.A.) Acesso a novas tecnologias a partir da absorção de tecnologia desenvolvida externamente. Estratégia de queimar etapas no processo de inovação; Acordos comerciais com empresas líderes. Importação de bulk, acoplado ao processo de transferência de tecnologia em prazo médio de cinco anos. Reserva de mercado durante esse período para os detentores da tecnologia. (transferência de tecnologia em troca de acesso aos mercados domésticos).
19 Os Produtores Nacionais: Síntese Expressivo avanço dos produtores em relação a expansão da produção local, assim como relativo à qualidade dos produtos. O desenvolvimento da vacina conjugada contra Hepatite B e o início do processo de transferência de tecnologia para a produção de outras vacinas modernas com dois dos maiores produtores internacionais, são marcos da moderna vacinologia nacional. Está constituída, no País, uma base de inovação em vacinas, fator essencial da competitividade na área. Não obstante, o nível de capacitação tecnológica, ainda é limitado frente ao dinamismo das inovações da indústria mundial. Produtores nacionais se posicionam como seguidores. Mas em perspectiva subordinada onde os detentores da tecnologia já se posicionam em um patamar diferenciado de inovação.
20 Os Produtores Nacionais: Síntese O porte econômico dos produtores, apesar de um significativo avanço nos dois últimos anos, ainda é reduzido diante de uma comparação com as empresas grandes e médias do setor. Isto impõe limites às estratégias de mercado e tecnológicas, definindo restrições à capacidade competitiva com as empresas líderes; O nível de articulação entre os produtores ainda é fragmentado, se bem que houve avanços nas iniciativas de acordos comerciais e de colaboração na transferência de conhecimentos entre eles; Um grande estrangulamento dos produtores nacionais é a estrutura e modelo gerencial, reconhecido como fator limitante à sua competitividade; Observa-se dificuldade em trabalhar segundo uma lógica industrial e econômica baseada em estratégias competitivas e voltadas para obtenção de eficiência e de rentabilidade.
21 Os Produtores Nacionais Atual estágio de desenvolvimento: transição entre tecnologias, práticas gerenciais e institucionais. Situação híbrida, entre o passado artesanal e burocrático e iniciativas de modernização no espaço das tecnologias de desenvolvimento, de produção e de gestão.
22 A Estruturação do Segmento Privado do Mercado
23 A Estruturação do Segmento Privado Segmento: produtores, importadores, distribuidores, médicos especialistas (pediatras, clínicos gerais, infectologistas, ginecologistas e obstetras, gerontologistas), sociedades médicas, escolas, empresas e consumidores individuais. Forte expansão do segmento no final dos anos 80 com a introdução no mercado da vacina recombinante contra a Hepatite B. Dimensão da rede de pontos de venda: clínicas especializadas, consultórios, hospitais e empresas (entre 4 e 6 mil pontos).
24 O SEGMENTO PRIVADO Baixa cobertura populacional. Crescente integração com o segmento de empresas, e com a dinâmica do mercado privado de prestação de serviços de assistência à saúde. No geral repete a dinâmica das demais classes terapêuticas da IF. Volume de recursos mobilizado pelo segmento privado próximo ao disponibilizado pelo PNI. Um dos principais segmentos de mercado da I.F. e um dos maiores da indústria biotecnológica do país.
25 Comparativo de Doses Utilizadas- PNI e Privado VACINAS PNI 2000 Privado Hepatite B Hib Hepatite A Influenza Hepatite A/B Var icela Tríplice Viral
26 Estimativa do Mercado de Vacinas Brasil em R$ Segmentos de Mercado Tipo de Aquisição Valores % Aquisição aos Público produtores locais Importações Total PNI Privado TOTAL Fonte: Temporão(2002)
27 Volume de Vendas de Algumas Classes Terapêuticas Brasil em R$ milhões 2000 CATEGORIA VOLUME DE VENDAS Antibióticos 972,94 Antiinflamatórios 606,25 Analgésicos 551,70 Vitaminas 408,8 Vacinas 393,4 Fonte: Temporão(2002)
28 Brasil: Perspectivas O Brasil possui diversos elementos favoráveis à ampliação do seu nível de competitividade no desenvolvimento e produção de vacinas, onde se destacam: a secular tradição na produção de produtos biológicos; PNI: um dos mais exitosos programas do mundo; a infra-estrutura em C&T; base industrial e capacidade tecnológica consideráveis; infra-estrutura de controle de qualidade; a existência de hospitais e universidades potencialmente utilizáveis na realização de ensaios clínicos; dimensões do mercado interno, considerado um dos maiores do mundo; A questão se coloca, portanto, na existência de uma visão estratégica da área que articule as políticas de C&T, industrial e de saúde, e da decisão política para a promoção das transformações requeridas.
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