OS 10 ANOS DO PROGRAMA DE EXTENSÃO UNIVERSIDADE ABERTA PARA A TERCEIRA IDADE: A PESQUISA COMO INSTRUMENTO DE RESGATE HISTÓRICO
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- Miguel Escobar Klettenberg
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1 OS 10 ANOS DO PROGRAMA DE EXTENSÃO UNIVERSIDADE ABERTA PARA A TERCEIRA IDADE: A PESQUISA COMO INSTRUMENTO DE RESGATE HISTÓRICO Gabrielle Cristine Presotto, Marcia Caetano da Costa, Suélen Carla Dalpiaz (ICs Voluntários - UNICENTRO), Claudia Regina Magnabosco Martins (Orientadora), crmagna@yahoo.com.br Universidade Estadual do Centro-Oeste/Setor de Ciências da Saúde/Departamento de Psicologia Irati, Paraná Palavras-chave: Universidade Aberta para a Terceira Idade, envelhecimento, idoso, pesquisa, extensão. Resumo: O envelhecimento da população é um fenômeno recente e relevante, havendo a necessidade de programas de apoio aos idosos para a promoção da saúde individual e coletiva em sua amplitude, tais como as Universidades Abertas a/para a Terceira Idade (UATIs). A ação extensionista mais antiga da UNICENTRO Irati é justamente uma dessas UATIs, existente desde No presente trabalho as autoras relatam os objetivos da realização de cinco projetos de pesquisa que pressupõe a necessidade de interação pesquisa-extensão no programa Universidade Aberta para a Terceira Idade da UNICENTRO, salientando que a pesquisa é um importante instrumento que possibilita um resgate de sua história, objetivos e carências, e um auxílio na definição de novas diretrizes para o serviço. Introdução A idéia que ainda permeia o pensamento da sociedade é que a velhice caracteriza-se como uma fase de perdas nos âmbitos biológico, afetivo e social, constituindo assim a idéia de um idoso decadente e dependente. Com o avanço da tecnologia e do acesso às melhores condições de saúde pública que possibilitam uma melhor qualidade e, consequentemente, maior expectativa de vida para a população (BELTRÃO e CAMARANO, 1997; BERQUÓ, 1999, IBGE, 2006), ocorreu o aumento da população idosa (pessoas com 60 anos ou mais), fenômeno conhecido como envelhecimento populacional. Surgiu então a necessidade de investimento em ações que acolham os idosos e os auxiliem para que esta fase não seja somente de perdas, mas também de ganhos e conquistas. Existem várias tentativas nesse sentido, como o movimento das Universidades da Terceira Idade (UATIs),
2 que vem crescendo desde a década de 70, como uma estratégia privilegiada de usufruir da estrutura das universidades para desenvolver programas de promoção e atenção integral à saúde do idoso, possibilitando sua participação social, sob uma perspectiva multidisciplinar (CACHIONI, 2003; VERAS & CALDAS, 2004). Existem em torno de 150 programas desse teor no Brasil, sendo um deles a Universidade Aberta para a Terceira Idade (UATI) da UNICENTRO campus Irati. Criada como um projeto de evento de extensão no campus Irati, a UATI foi proposta em setembro e autorizada em dezembro de 1997, tendo início em março de A partir de 2007 a UATI passou a ser um programa permanente de extensão, desenvolvido até o momento com atividades dentro e fora do campus, envolvendo os idosos e a comunidade universitária e de Irati e região (MARTINS, 2008). Materiais e Métodos Em razão dos 10 anos da UATI da UNICENTRO campus Irati, percebeu-se a necessidade de trabalhos de pesquisa que promovessem um resgate da história, objetivos e carências deste programa de extensão. Dessa maneira, pesquisa e extensão complementam-se, pois com a investigação se tem a possibilidade de buscar uma melhor compreensão do processo de seu desenvolvimento e a revisão de estratégias voltadas a esse público específico, reformulando-as. Ao todo o grupo envolvido desenvolve cinco projetos de pesquisa na UATI, como se pode verificar na Tabela abaixo, que juntos, compõe uma triangulação de métodos em que se pretende chegar e e comparar de dados obtidos por diferentes metodologias, conforme disposto por Alves-Mazzotti e Gewandsznajder(2002). Desta forma, desde de 2008 as investigações tem sido realizadas com entrevistas semidirigidas e de história oral e com documentos, analisados à luz da Análise de Conteúdo de Bardin (1977) e comparadas entre si. Outra ressalva metodológica a fazer, é em relação a consulta de diferentes atores do processo, como os idosos participantes da UATI, coordenadores e ex coordenadores, e responsáveis pelos serviços ofertados pela UATI da UNICENTRO e outras UATIs estudadas, possibilitando diferentes olhares e posicionamentos sobre o desenvolvimento das UATIs no Brasil e a da UNICENTRO em particular. Pretende-se assim, uma aproximação mais ampla e aprofundada da realidade citada, haja visto que se busca acessar diversas versões baseadas nos papéis que cada sujeito desempenha ou desempenhou nela, movimento preconizado pelos defensores da pesquisa qualitativa (POUPART, 2008).
3 Tabela: Projetos de pesquisa desenvolvidos junto a UATI/UNICENTRO-Irati Início Título da pesquisa Metodologia Foco do estudo 2008 Representações Sociais de Velhice dos participantes e dos responsáveis pela Universidade Aberta da Terceira Idade (UATI) da UNICENTRO, campus Irati. Pesquisa Exploratória e Descritiva por entrevistas Idosos e Responsáveis pela UATI 2008 Mapeamento das concepções de envelhecimento e velhice presentes nos documentos de regulação das Universidades Abertas à Terceira Idade de Universidades Públicas do Sul do Brasil Os 10 anos da Universidade Aberta para a Terceira Idade na UNICENTRO campus Irati: a história contada por seus participantes A História de um Programa de Extensão a partir da vivência de seus coordenadores A História oficializada: pesquisa documental dos 10 anos da Universidade Aberta para a Terceira Idade da UNICENTRO campus Irati. Resultados e Discussão Pesquisa documental Documentos regulatórios das UATIs Sul Brasil História Oral Idosos que participam desde o início da UATI História Oral Pesquisa documental Coordenadores do Programa Documentos que compõe a história da UATI As referidas atividades de pesquisa tiveram início no ano de 2008, com o objetivo inicial de conhecer melhor como idosos e responsáveis pela UATI concebem a velhice e direcionam sua conduta na vida pessoal e no programa. Posteriormente se buscou conhecer melhor o universo das UATIs, como e com quais objetivos surgiram, chegando ao estudo dos documentos regulatórios de UATIs em específico. Os dois projetos estão sendo finalizados, mas os dados prévios são de que tanto idosos quanto responsáveis tem uma visão de velhice vinculada a vida ativa física e mentalmente, em que a UATI tem uma função de propiciar momentos de atividade e convivência. Porém, os responsáveis veem como importante a maior participação dos idosos no desenvolvimento do programa e a diversificação de atividades para atender diferentes necessidades, ao passo que os participantes tendem a preferir atividades físicas e de lazer. Quanto as UATIs estudadas na segunda pesquisa, constatou-se pouca sistematização do registro das concepções teóricas e metodológicas que embasam o programa e de sua história; pequena vinculação da extensão com a pesquisa e maior atenção com as atividades físicas e de lazer. Parece existir ainda, um movimento de maior interdisciplinaridade e preocupação em incluir investigações sobre as temáticas de envelhecimento, velhice e idosos. E ainda, as atividades oferecidas tem se voltado ao exercício da cidadania em que em que se busca instrumentalizar o idoso para que, engajado socialmente, conquiste maior qualidade de vida para a Terceira Idade. Diante dos 10 anos do Programa UATI completos em 2008, fez-se importante recuperar as histórias que o compuseram, registrando sob diferentes aspectos e visões, as memórias e os dados possíveis de serem coletados. Assim, com os projetos iniciados em 2009 se busca além do que
4 está explícito nos documentos, o registro da história da UATI sob a ótica de seus participantes e das pessoas que a gestionaram, ou seja, daqueles que vivenciaram e organizaram as atividades e eventos, e significaram essa experiência de um modo particular, embora o tenham feito também a partir da construção coletiva e ainda, por meio das concepções que foram oficializadas em documentos, elementos que constroem um importante serviço da Universidade para a população mais envelhecida na região, do qual pouco se registrou e se analisou. Até o momento foram realizados levantamentos bibliográficos quanto as temáticas velhice e Universidades Abertas para a Terceira Idade. Os resultados desta investigação comporão um conjunto de estudos que tem o objetivo de apreender sob diferentes versões e óticas, a história da UATI, bem como organizar um banco de dados para consulta pública. Conclusões Os projetos de pesquisa complementam-se entre si, de forma que levam a um entendimento global da velhice e das UATIs, a fim de repensar e construir novas formas de conceber e viver o envelhecimento. Configuramse importantes passos para o desenvolvimento do programa, principalmente por aliar pesquisa e extensão, demonstrando que a pesquisa é um importante instrumento que possibilita um resgate de sua história, objetivos e carências, e um auxílio para a definição de novas diretrizes para o serviço. Referências ALVES-MAZZOTTI, A.J.; GEWANDSZNAJDER, F. O método nas ciências naturais e sociais: Pesquisa quantitativa e qualitativa. 2 Ed. São Paulo: Thomson, BARDIN, L. Análise de Conteúdo. Lisboa: Edições 70, BELTRÃO, K.I. CAMARANO, A.A. Características sócio-demográficas da população idosa brasileira. Rev. Estudos Feministas Rio de Janeiro: UFRJ v. 5 n.º 1 p º sem BERQUÓ, E. Considerações sobre o envelhecimento da população no Brasil In: NERI, A.L. CACHIONI, M. (2003) Quem educa os idosos? Um estudo sobre professores de universidades da terceira idade. Campinas: Alínea. IBGE Indicadores sociodemográficos prospectivos para o Brasil Rio de Janeiro: Arbeit, MARTINS, C.R.M. (Re)pensando concepções e práticas de atenção pública voltadas à população envelhecida. Encontro Regional Sul da ABRAPSO: As práticas da psicologia social com (o) movimentos de resistência e criação. XII, 2008, novembro, 1-7; Chapecó. Anais... Chapecó: UNOCHAPECÓ, 2008, CD-ROM. POUPART, Jean et al A pesquisa qualitativa: enfoques
5 epistemológicos e metodológicos. Trad. Ana Cristina Nasser. Petrópolis: Vozes, VERAS, R. P.; CALDAS, C. P. G. Promovendo a saúde e a cidadania do idoso: o movimento das universidades da terceira idade. In: Rev. Ciência e saúde coletiva, n. 9, v. 2, pg.423 a 432, 2004.
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