DINÂMICA DA FIRMA BANCÁRIA: UMA ABORDAGEM NÃO- CONVENCIONAL * Luiz Fernando Rodrigues de Paula **

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1 DINÂMICA DA FIRMA BANCÁRIA: UMA ABORDAGEM NÃO- CONVENCIONAL * Luiz Fernando Rodrigues de Paula ** RESUMO O artigo analisa a dinâmica da firma bancária a partir de um enfoque pós-keynesiano. Para tanto, contrapõe inicialmente a abordagem neoclássica à uma perspectiva não-convencional, póskeynesiana. Uma vez estabelecido os princípios gerais que devem nortear uma abordagem nãoconvencional, efetua-se a seguir uma análise do comportamento da firma bancária em uma economia monetária - administração do ativo, estratégias bancárias e oferta de crédito, administração do passivo e inovações financeiras, lucratividade bancária etc. Palavras-chaves: firma bancária; oferta de crédito; teoria pós-keynesiana ABSTRACT The article aims at analyzing the dynamics of banking firm from a Post Keynesian approach. Going in this direction, it compares the Neoclassical approach to the Post Keynesian nonconventional perspective. After presenting the general points that must be integrated in a nonconventional approach, it analyzes the behavior of the banking firm in a monetary economy; in other words, it shows the dynamics of asset management, banking firm strategies and credit supply, liability management and financial innovations, banking profits, and so on. Key-words: banking firm; credit supply; Post-Keynesian theory Código JEL: G11; G21 1. INTRODUÇÃO De acordo com a concepção clássica de intermediação financeira, desenvolvida originalmente por Gurley & Shaw (1955), os bancos, ao criarem moeda, estão apenas intermediando a transferência de recursos (poupança) das unidades superavitárias para unidades deficitárias. Deste modo, sendo meros intermediários neutros na transferência de recursos reais na economia, seu comportamento pouco afeta a determinação das condições de financiamento da economia. Os bancos comerciais funcionam, assim, apenas como uma correia de transmissão que intermedia a relação entre as autoridades monetárias e os agentes não-financeiros. * Este texto é resultado de pesquisa realizada originalmente no âmbito do Projeto de Estudos da Moeda e Sistemas Financeiros desenvolvido no Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IE/UFRJ). Artigo publicado na Revista Brasileira de Economia, v. 53, n. 3, p , jul./set ** Professor Adjunto da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (FCE/UERJ) e Coordenador do Núcleo de Finanças e Macroeconomia da Universidade Candido Mendes Ipanema. lfpaula@ax.apc.org

2 O papel neutro da intermediação financeira foi posteriormente desenvolvido por Eugene Fama (1980), para quem o papel dos bancos é apenas o de prover serviços de pagamento. Em um sistema competitivo, a atividade de gerenciamento de portfólio dos bancos está sujeita ao teorema Modigliani-Miller, que estabelece a irrelevância de decisões de financiamento. Por conseguinte, a atividade bancária é passiva na determinação de preços e das variáveis reais da economia: desde que bancos respondem aos gostos e oportunidades de demandantes e ofertantes de ativos de portfólio, eles são simplesmente intermediários, e o papel de um setor bancário competitivo no equilíbrio geral é passivo (Fama, 1980: 46). Coube a James Tobin (1987), em artigo originalmente publicado em 1963, estabelecer os determinantes da atuação dos bancos comerciais a partir de fatores relacionados às oportunidades lucrativas destas instituições. Criticando o que chamou de visão velha do multiplicador bancário, segundo o qual os bancos são criadores quasetécnicos de moeda e a criação de moeda bancária resulta de um ajustamento passivo a uma dada razão de reserva, Tobin mostrou que, na visão nova dos bancos comerciais, o volume de reservas não se constitui num constrangimento para o tamanho do banco, na medida em que o uso que eles fazem das reservas disponíveis pelo sistema bancário é uma variável que depende das oportunidades de empréstimos e das taxas de juros. Assim, o tamanho do balanço dos bancos o volume de seus ativos e passivos seriam determinados pelo seu comportamento otimizador onde, num equilíbrio competitivo, a taxa de juros cobrada aos tomadores equilibra na margem a taxa de juros paga aos seus credores: sem os requerimentos de reserva, a expansão do crédito e depósitos pelos sistema bancário deveria ser limitada pela disponibilidade de ativos a rendimentos suficientes para compensar os bancos dos custos de atrair e reter os depósitos (Tobin, 1987: 279). Com base nesta visão nova dos bancos comerciais, foram desenvolvidos diversos modelos neoclássicos de firma bancária cujo o mais conhecido é o de Klein (1971) que caracterizam os bancos como firmas maximizadoras de lucro que procuram, de forma geral, atender as demandas dos tomadores e emprestadores de recursos até o ponto em que a receita marginal dos ativos se iguala ao custo marginal das obrigações. Esses modelos têm enfocado normalmente o problema da escolha pelo banco entre o ativo lucrativo 2

3 (empréstimos) e um ativo líquido (reservas monetárias), buscando soluções de otimização na divisão de recursos entre empréstimos, que proporcionam retornos, e reservas, que devem ser retidas devido ao risco de iliquidez. Há dois aspectos críticos nesses modelos: em primeiro lugar, que eles tomam a quantia de depósitos (passivo bancário) como dada, posto que os depósitos resultam das preferências dos depositantes, o que torna o balanço dos bancos em parte resultado direto de decisões tomadas por outros agentes; em segundo lugar, a dicotomia reservas versus empréstimos pode ser inadequada, considerando que empiricamente a acumulação de reservas não tem sido a forma em que a liquidez precisa ser satisfeita. Na abordagem pós-keynesiana da firma bancária, como será visto neste artigo, os bancos, como qualquer outra firma, têm preferência pela liquidez com base em suas expectativas sobre um futuro incerto, conformando seu portfólio conciliando lucratividade e sua escala de preferência pela liquidez. De tal escolha depende, em boa medida, a criação de crédito e depósitos bancários, e, por conseguinte, a oferta de moeda na economia. Ademais, os bancos são vistos como agentes ativos que administram dinamicamente os dois lados de seus balanços. Isto porque significa que eles não tomam o seu passivo com dado, na medida em que procuram influenciar as preferências dos depositantes, através do gerenciamento das obrigações e da introdução de inovações financeiras. Como uma firma que possui expectativas e motivações próprias, seu comportamento tem impacto decisivo sobre as condições de financiamento da economia e, consequentemente, sobre o nível de gastos dos agentes, afetando assim as variáveis reais da economia, como produto e emprego. Em realidade, os teóricos pós-keynesianos, assim como Keynes 1, centraram, em geral, sua atenção nos aspectos macroeconômicos da atividade bancária, enquanto que a análise do comportamento do banco a nível microeconômico tem sido relegada a comentários intuitivos, sem que tenha sido desenvolvido uma teoria keynesiana da firma bancária (cf. Dymski, 1988: 499). 1 Ainda que Keynes tenha, em alguns de seus trabalhos, destacado o papel crucial do sistema bancário na determinação do nível de investimentos e, por conseguinte, do nível da atividade econômica, ele escreveu pouco sobre os aspectos comportamentais dos bancos, só o fazendo de forma sugestiva. Em particular, a atividade bancária aparece de forma marginal na Teoria Geral. 3

4 Na análise de autores pós-keynesianos horizontalistas, como Basil Moore (1988), a oferta de crédito é perfeitamente elástica, o que pressupõe que os bancos comerciais realizam empréstimos atendendo a toda demanda existente à taxa de juros de mercado, não sendo nunca constrangidos quantitativamente em termos de reservas. Esta abordagem, todavia, não dá maior importância ao comportamento dos bancos, que é simplesmente uma caixa preta na discussão de oferta de moeda endógena. Ou seja, os bancos não têm preferência pela liquidez, e, consequentemente, não racionam crédito 2. Há outros autores pós-keynesianos, contudo, que têm procurado, mais recentemente, desenvolver uma análise em que o comportamento dos bancos e a dinâmica da administração de seu balanço têm um papel central na dinâmica monetária de uma economia empresarial 3. O presente artigo objetiva desenvolver alguns parâmetros gerais que permitam a elaboração de uma teoria pós-keynesiana da firma bancária, alternativa à abordagem neoclássica, e analisar, a partir de um enfoque não-convencional, a dinâmica comportamental da firma bancária e seus efeitos sobre a oferta de crédito e a dinâmica monetária de uma economia capitalista. Em particular, pretende-se evidenciar que enquanto na abordagem convencional neoclássica os bancos são intermediários neutros na transferência de recursos reais entre poupadores e investidores que conformam seus balanços tomando como dado os fundos disponíveis, e seu comportamento, portanto, pouco afeta o volume e as condições de financiamento da economia. No enfoque de Keynes e de autores pós-keynesianos, como Hyman Minsky, Paul Davidson, Victoria Chick, Sheila Dow, Gary Dymski e Fernando Carvalho, bancos são agentes ativos que possuem expectativas e motivações próprias, cujo comportamento - com base na administração dinâmica de seu balanço - tem impacto decisivo sobre as condições de financiamento da economia e, consequentemente, sobre o nível de gastos dos agentes, afetando as variáveis reais da economia, como produto e emprego. Tal enfoque, além de destacar o papel fundamental que os bancos desempenham no estabelecimento das condições de financiamento da economia e na determinação do nível de atividade econômica, deve ser compatível com a visão de Keynes acerca da tomada de decisões dos agentes sob condições de incerteza não-probabilística e sua teoria de preferência pela liquidez. 2 Para uma crítica de autores pós-keynesianos à abordagem horizontalista, ver Carvalho(1993) e Dow(1996). 4

5 O texto está dividido em três seções, além desta introdução. Na seção 2 examina-se a abordagem convencional da firma bancária, com base nos modelos neoclássicos, sendo ainda realizado uma avaliação crítica dos mesmos. Na seção 3 procura-se inicialmente estabelecer as premissas centrais de uma de uma teoria pós-keynesiana da firma bancária, para em seguida efetuar uma análise da administração dinâmica da firma bancária em uma economia monetária da produção administração do ativo, estratégias bancárias e oferta de crédito, administração do passivo e inovações financeiras, lucratividade bancária etc. A seção 4 - a título de conclusão - sumariza os principais argumentos desenvolvidos no texto. 2. TEORIA DA FIRMA BANCÁRIA: A ABORDAGEM CONVENCIONAL NEOCLÁSSICA A VISÃO VISÃO VELHA E A VISÃO NOVA DOS BANCOS A abordagem convencional neoclássica da firma bancária pode ser dividida em duas visões, de acordo com Tobin: a visão velha, relacionada à análise convencional dos livros-textos sobre a criação da moeda pelos bancos comerciais, em que esses são vistos como uma entidade monopolista e criadores de moeda quase-técnicos, tal como expresso na análise do multiplicador bancário; a visão nova, em que os bancos comerciais funcionam como uma firma gerenciadora de portfólio neutra ao risco (risk-neutral) que desenvolvem um comportamento tipicamente otimizador. A visão velha trata os bancos comerciais como uma única entidade monopolista, uma vez que todos pagamentos e recebimentos são feitos através deste banco e todo empréstimo concedido retorna integralmente ao mesmo sob a forma de depósito. Este banco monopolista é uma espécie de caixa preta capaz de criar moeda ilimitadamente, pois a expansão de seus ativos acarretaria um retorno automático da moeda bancária criada na forma de depósitos, com as obrigações crescendo pari passu com os ativos bancários 4. Assim, o banco comercial pode criar moeda com um simples movimento em seus registros, por exemplo através de uma mera penada da caneta de seu presidente aprovando a 3 Ver, por exemplo, para uma análise mais macroeconômica, Davidson (1986) e para uma análise microeconômica dos bancos, Dymski (1988), Paula (1998) e Carvalho (1998). 5

6 concessão de um empréstimo (Tobin, 1987: 272). O processo de criação da moeda é, contudo, restringido pelos requerimentos legais de reserva, que, instituídos pelas autoridades monetárias de modo a evitar uma perda significativa do valor da moeda, funcionam como um limite à criação da moeda bancária. Os bancos comerciais são vistos, assim, como criadores quase-técnicos de moeda e a criação da moeda bancária um mero ajustamento passivo a uma dada razão de reserva, funcionando como máquinas de fazer dinheiro, a serem acionados pela autoridade monetária. A principal crítica de Tobin (1987) à visão velha da firma bancária é que, segundo ele, esta se aplicaria somente a uma economia com um banco monopolista. Em uma economia com um sistema financeiro que inclui diferentes tipos de intermediários financeiros concorrentes entre si, a moeda emprestada por um banco individual pode não retornar integralmente ao mesmo. Tampouco há garantia de que as obrigações bancárias cresçam na mesma magnitude que seus ativos no âmbito do sistema bancário como um todo, pois só uma parte dos recursos criados pelos empréstimos retornam sob a forma de depósitos bancários, sendo que outra parte pode ser distribuída entre diferentes alternativas de aplicações existentes, oferecidas pelas instituições financeiras bancárias e não-bancárias. Por outro lado, um banco não é constrangido por qualquer quantidade fixada de reserva, na medida em que ele pode obter reservas adicionais para satisfazer suas necessidades tomando emprestado do banco central ou no interbancário ou ainda vendendo títulos de curto termo. Independentemente dos requerimentos legais de reservas, haveria um limite natural à escala de operações dos bancos comerciais, que ocorreria no ponto em que a receita marginal dos ativos se igualasse ao custo marginal das obrigações. Deste modo, qualquer alteração desse limite só seria possível através de uma mudança autônoma na preferência do público ou por outros fatores considerados externos à atividade bancária. O equilíbrio competitivo do banco se daria no ponto em que o tamanho de seu ativo está de acordo com a maximização dos recursos existentes para financiá-lo, sendo que esses recursos estão representados pelo volume de depósitos correspondentes, que refletem as preferências do público: a escala dos depósitos bancários e dos ativos é afetada pelas preferências dos depositantes e pelas oportunidades de empréstimos e investimentos 4 O pressuposto do multiplicador bancário é que o banco individual pode aumentar seus empréstimos somente depois que os depositantes tenham aumentado seus saldos nele, de modo que o banco tenha excesso de 6

7 disponíveis para os bancos (Tobin, 1987: 281). Assim, a instituição bancária, cuja função primordial é atender simultaneamente as preferências de portfólio dos agentes que emprestam e os que tomam emprestado, conforma seu balanço levando em conta as oportunidades de aplicações, limitada pela disponibilidade de depósitos e, por isso, o seu balanço é em parte um resultado direto das decisões tomadas por outros agentes. Na teoria de seleção de portfólio de Tobin (1982), o banco comporta-se como uma firma gerenciadora de portfólio, que deverá reter a moeda até o ponto em que o custo marginal de oportunidade de manter a moeda na forma líquida (medida normalmente pelo rendimento dado por algum ativo que rende juros) for igual aos custos esperados de restaurar a liquidez. Uma situação de maior risco aumentaria os custos esperados de restaurar a liquidez e reduziria, portanto, a criação de moeda de forma a manter mais reservas líquidas, ou seja, moeda corrente ou ativos com elevada liquidez (quase-moeda). A visão nova, portanto, procura incorporar preocupações relacionadas à composição do portfólio bancário, com vistas à minimização dos custos associados ao risco de iliquidez e maximização da rentabilidade. A visão nova dos bancos de Tobin é a base dos modelos neoclássicos relacionados a escolha de ativo ou passivo bancário. Tais modelos neoclássicos analisam os bancos comerciais como uma firma que visa a otimização de seu balanço, procurando, de forma geral, atender as demandas dos tomadores e emprestadores de recursos até o ponto em que o benefício marginal se iguale ao custo marginal de assim proceder OS MODELOS NEOCLÁSSICOS DE FIRMA BANCÁRIA 5 A equação geral desenvolvida por Santomero (1984: 580-1) define o comportamento da firma bancária, cuja meta é maximizar uma função-objetivo de riqueza, gerando várias soluções individuais para o problema de maximização da riqueza no horizonte de tempo τ. Os diversos modelos convencionais derivam de distintas especificações para as equações (3), (4) e (5) e, por isso, a equação geral de Santomero (EGS) estabelece o princípio universal que não é violado por nenhum desses modelos. reservas em caixa para emprestar. 7

8 Objetivando maximizar o valor esperado de uma função-objetivo qualquer de sua riqueza estocástica, a firma bancária procura dar solução ao seguinte problema: ~ (1) max EVW t + τ, sujeita a (2) Wt+ = W t + t+ t+ t+ + + τ 1 Π ~ 1 1 Π ~ Π ~ τ, e (3) Π ~ t+ k ~ ~ (, ) i r A Ai j r D Dj C Ai D i j j = π = W W t+ k 1 t+ k 1 ~ t+ k 2 2 onde, V ( ) = função objetivo, onde V W t+ τ > 0 e V W t+ τ 0 ~ W t + τ = valor da riqueza final no horizonte de tempo τ Π ~ t+ k = lucro estocástico por unidade de capital durante o período t + k, onde 0 k τ ~ r Ai A i ~ r D j = retorno estocástico do ativo i = categoria de ativo i, onde 1 i n = custo estocástico para o depósito j D j = categoria de depósito j, onde 1 j m C ( ) = função custo de operação, onde C A i 0, i e C D j 0, j A equação (1) é a forma geral de função-objetivo a ser maximizada pelo banco e permite dois tipos distintos de comportamento. Da primeira derivada, mais riqueza terminal é preferida que menos. Contudo, o grau de utilidade marginal depende crucialmente da segunda derivada. A firma pode ser um maximizador de valor esperado ou um investidor avesso ao risco. Quando a taxa marginal de substituição entre risco e retorno não está no centro de atenção, a maximização do lucro esperado é assumido. Na equação (2), a especificação geral acima é definida como um problema de avaliação multiperíodo, em que 5 A análise que se segue pretende somente dar um panorama geral e sucinto de alguns dos principais modelos convencionais, a partir das resenhas e classificações feitas por Baltensperger (1980) e Santomero (1984). 8

9 normalmente a independência entre períodos é assumida para fazer a maximização uma análise de período simples. A equação (3), por sua vez, define o lucro por unidade de capital investido pelos donos da firma ou seus representantes no gerenciamento da mesma. Na segunda especificação pode ser visto que o procedimento de otimização envolve a escolha dual de alavancagem e componentes do portfólio, enquanto que a primeira envolve os modelos que derivam a estrutura de capital ótima de uma firma bancária. Resolver as equações (1), (2) e (3) resulta na decisão conjunta de estrutura de portfólio e alavancagem. A EGS busca, portanto, mostrar que, diante de uma função de custos operacionais (C), cujo crescimento acompanha a expansão de seu portfólio e dada a escolha do público entre depósitos e papel-moeda, a firma bancária procura compatibilizar a sua estrutura de ativos (A) com a estrutura de depósitos (D) e o nível de capital (W) da firma bancária, de modo a maximizar o seu lucro esperado por unidade de capital (Π) e, consequentemente, sua riqueza ao longo do tempo. Buscando dar soluções ao problema da maximização da riqueza da firma bancária, foram desenvolvidos os modelos convencionais neoclássicos, que podem ser agrupados em três grandes categorias: (a) modelos de alocação de ativo, que procuram determinar o ativo ótimo tomando o passivo como dado; (b) modelos de escolha do passivo, que estabelecem o passivo ótimo a uma dada estrutura ativa; (c) modelos completos de firma bancária ou modelos dos dois lados do balanço, que procuram estabelecer simultaneamente o ativo e passivo ótimo, assim como a escala de operação bancária. Na primeira categoria - modelos de alocação de ativo - o problema a ser resolvido refere-se à alocação ótima dos fundos dados entre os diferentes ativos, uma vez que a estrutura passiva é exogenamente determinada. Grosso modo, pode-se dividi-los em dois modelos: a) modelos de gerenciamento de reservas: procuram estabelecer a alocação ótima entre o ativo líquido (reservas) e o ativo lucrativo (empréstimos), dada a quantidade de depósitos, tomando-se os custos operacionais do lado do ativo como implícitos. O volume de depósitos pode se alterar ao longo do tempo devido às retiradas feitas pelos depositantes, risco que o banco pode estimar de forma probabilística. O volume de reservas, por sua vez, é determinado pela igualdade entre o custo marginal de reter reservas (custo de oportunidade) e o benefício marginal (redução do custo de ajustamento) de assim proceder. Tais 9

10 modelos, buscam, assim, soluções de otimização na divisão de recursos entre empréstimos, que proporcionam retornos, e reservas, que devem ser retidas devido ao risco de iliquidez 6. b) modelos de aversão ao risco: o banco comercial é uma firma que, possuindo aversão ao risco, tem como critério de escolha minimizar a variância dado o risco e retorno dos diversos ativos, procurando maximizar uma função utilidade esperada. Assim, uma vez que o banco não é neutro quanto ao risco, ele se submeterá a maiores riscos somente se os mesmos estiverem associados a um aumento ainda maior na expectativa de lucro, ou seja, aceitará um portfólio de perfil mais arriscado somente no caso em que este estiver vinculado a um retorno compensador. Na segunda categoria - modelos de escolha do passivo - assume-se como dada a estrutura ativa do banco, sendo o problema a ser resolvido a distribuição ótima do passivo bancário. Esta categoria pode, também, ser dividida em dois modelos, a saber: c) modelos de determinação da estrutura de depósitos: levando-se em conta que os custos associados à emissão das distintas categorias de depósitos - depósitos à vista (D 1 ) e depósitos a prazo (D 2 ) - são diferentes, tais modelos estabelecem que a estrutura ótima de depósitos em um mercado competitivo será alcançada no ponto em que o custo marginal da produção de D 1 associada à sua participação no rendimento pecuniário A for igual ao custo marginal de produção de D 2. d) modelos de decisão entre depósitos e capital: procuram estabelecer a distribuição ótima entre depósitos e capital no passivo, considerando que o capital próprio do banco, assim como suas reservas, serve como salvaguarda contra crises de liquidez. O estado de insolvência pode ocorrer quando o rendimento auferido com os ativos for insuficiente para cobrir os juros prometidos sobre os depósitos. Assim, a decisão ótima do banco quanto a sua estrutura do passivo deve comparar o custo de oportunidade de se utilizar o capital próprio ao invés de fundos de depósitos para cobrir uma deficiência de liquidez. A condição de equilíbrio no que se refere ao patrimônio líquido é dada pela igualdade entre o custo marginal de oportunidade de elevação do capital próprio e a receita marginal de redução dos custos de iliquidez. 6 A solução de otimização é determinada pela condição r a = c f(x) dx, onde r a é o rendimento de um ativo, c é o custo de obtenção de fundos adicionais relacionados a uma eventual deficiência de reservas, e X são as 10

11 Uma terceira categoria - modelos completos de firma bancária ou modelos dos dois lados do balanço - procura explicar não só as escolhas de ativos e obrigações do banco e sua interações (caso haja alguma), como também a determinação do tamanho total da firma (Baltersperger, 1980: 18), e inclui basicamente dois modelos: e) modelos de monopólio: estes modelos pressupõem que o banco tem poder de monopólio na fixação da taxa de juros em pelos menos um dos mercados em que ele opera, normalmente o mercado de crédito (devido a imperfeição da elasticidade da oferta de empréstimos e da demanda por depósitos), comportando-se como um estabelecedor de preço (price setter). É, portanto, este poder de monopólio que explicaria a sua escala de operação e sua estrutura ativa e passiva, levando em conta que as decisões de um banco individual seriam capazes de afetar as taxas que remuneram os componentes do passivo, assim como aqueles integrantes do ativo bancário. f) modelos de recursos reais: procuram explicar o tamanho e estrutura das obrigações e ativos dos bancos em termos dos fluxos de custos reais de geração e manutenção de estoques, preconizando a escala eficiente da atividade bancária baseada principalmente na função de custos operacionais. Considerando que a firma bancária teria uma função de produção que relacionaria as diferentes disposições de obrigações e ativos com as correspondentes combinações de insumos, a produção de equilíbrio da firma ocorreria quando a receita marginal de cada categoria de empréstimos e de outros ativos negociáveis se igualasse ao custo marginal de produzir as diferentes categorias do ativo (relacionados à aquisição de depósitos) CRÍTICAS À ABORDAGEM NEOCLÁSSICA DA FIRMA BANCÁRIA Os modelos neoclássicos da visão nova avançaram, em relação ao enfoque mecanicista da visão velha, na análise dos determinantes e motivações do comportamento dos bancos no que se refere à composição do balanço bancário. O enfoque de Tobin foi importante ao estabelecer os determinantes do limite de atuação dos bancos comerciais a partir de fatores relacionados às oportunidades lucrativas dessas instituições. retiradas bancárias líquidas, com a probabilidade estabelecida pela função densidade f(x). 11

12 Deste modo, os diversos modelos convencionais de firma bancária desenvolvidos a partir de então mostraram que os bancos não devem ser considerados máquinas de fazer dinheiro, mas sim agentes econômicos que tomam decisões relacionadas ao seu balanço com o objetivo de maximizar seu lucro, considerando uma série de variáveis, como custos operacionais, custos do passivo e os retornos do ativo, riscos, crises de liquidez etc.. Assim, em relação à análise do multiplicador bancário, a firma bancária nesses modelos leva em conta, na distribuição do porfólio bancário e criação de moeda sob a forma de depósitos, além da disponibilidade de reservas do sistema bancário e dos encaixes legais de reservas estabelecidos pelas autoridades monetárias, outros fatores exógenos ao banco comercial. A assunção básica da visão convencional é que o banco é uma firma maximizadora de lucro neutra ao risco. Um dos resultados deste modelos é que os bancos funcionam como intermediários neutros na transferência de recursos reais na economia. Deste modo, eles não criam poder de compra novo, o que significa que seu comportamento pouco afeta a determinação das condições de financiamento da economia e, portanto, as variáveis reais da economia, como produto e emprego. Como assinala Dymski (1988: ), o setor bancário nestes modelos não é um determinante da atividade econômica uma vez que ele simplesmente ajusta-se passivamente a condições estruturais originadas em outro lugar: as condições do mercado financeiro determinam o tamanho do setor bancário e o volume de crédito é estabelecido pela posição da curva de demanda por empréstimos, que é presumivelmente dada por fatores reais. Assim, os bancos transferem mecanicamente os sinais do mercado e as condições do setor real em sua decisão de como dividir suas aplicações entre títulos, reservas e empréstimos. Portanto, em que pese o grau de sofisticação desses modelos, as soluções de equilíbrio encontradas nos mesmos se restringem ao funcionamento da firma bancária, estabelecidas a partir de parâmetros definidos exogenamente ao banco, como é o caso dos depósitos, frutos das preferências dos depositantes, sendo estes determinados pelas suas restrições orçamentárias. Depósitos são basicamente resultados de decisões do público. Em outras palavras, o balanço é um resultado direto das decisões tomadas por outros agentes, sendo que os valores utilizados na sua composição são definidos externamente, não 12

13 exercendo os bancos qualquer influência sobre os mesmos, o que evidencia a ausência do fator preferência por parte das instituições bancárias. Outra crítica que pode ser feita à abordagem neoclássica é que a dicotomia reservas versus empréstimos, usada em vários de seus modelos, pode ser inadequada, considerando que empiricamente a acumulação de reservas não tem sido a forma em que a liquidez precisa ser satisfeita 7. De fato, como mostra Dow(1996), é a razão de adequação de capital ao invés das razões de reservas que são na atualidade os constrangimentos operativos dos bancos. 3. TEORIA DA FIRMA BANCÁRIA: UMA PERSPECTIVA PÓS-KEYNESIANA 3.1. A firma bancária em uma economia monetária da produção 8 Na perspectiva pós-keynesiana, bancos são vistos como entidades que, mais do que meros intermediadores passivos de recursos, são capazes de criar crédito independentemente da existência de depósitos prévios, através da criação ativa da moeda bancária. O comportamento dos bancos como um firma que possui expectativas e motivações próprias - têm um papel essencial na determinação das condições de financiamento em uma economia capitalista, ao estabelecer o volume e as condições sob os quais o crédito é ofertado, pois deles depende a criação de poder de compra novo necessário à aquisição de ativos de capital que proporciona a independência da acumulação de capital em relação à poupança prévia 9. 7 Keynes, em seu Treatise on Money, já havia destacado que as taxas de reservas bancárias, uma vez fixadas por lei ou por força de hábito, tendem a ser mantidas pelos bancos numa proporção estável ao longo do tempo, pois a manutenção de uma taxa mais elevada poderia significar abrir mão de possibilidades de lucro, enquanto uma taxa menor poderia resultar em problemas de liquidez. 8 Uma economia monetária da produção tem como característica central o destaque dado ao processo de tomada de decisões em um ambiente de incerteza não-probabilística, à concepção de não-neutralidade da moeda - segundo o qual a moeda não é uma simples conveniência, pois sendo um ativo, afeta motivos e decisões dos agentes - e, ainda, ao sistema de contratos a prazo, por meio de resgates de pagamentos no futuro, como instrumento básico pelo qual os agentes alcançam algum tipo de coordenação perante o futuro incerto (cf. Carvalho, 1992). O tipo de incerteza que caracteriza uma economia monetária da produção é a incerteza não-probabilística no sentido Knight-Keynes, que se refere a fenômenos econômicos para os quais não existe qualquer base científica para formar cálculos probabilísticos (Keynes, 1987: 114). 9 Para uma análise do papel dos bancos no financiamento do investimento e sobre a relação poupança e investimento, ver, entre outros, Davidson (1986) e Studart (1995). 13

14 Como qualquer firma capitalista, bancos têm como principal objetivo a obtenção de lucro na forma monetária. Para tanto, tomam suas decisões de portfólio orientadas pela perspectiva por maiores lucros, levando em conta sua preferência pela liquidez e suas avaliações sobre a riqueza financeira, em condições de incerteza que caracteriza uma economia monetária da produção. Deste modo, os bancos enfrentam a escolha básica entre satisfazer os compromissos de empréstimo ou preservar a flexibilidade para maximizar a liquidez do seu ativo em um ambiente adverso. A concessão de crédito pelo banco depende fundamentalmente de suas expectativas quanto à viabilidade dos empréstimos, ou seja, da capacidade do tomador auferir receitas futuras para cumprir seus compromissos financeiros. A volatilidade dessas avaliações feitas pelos bancos, além de sua preferência pela liquidez, ocasiona flutuações na oferta de crédito e, consequentemente, no nível de investimento, produto e emprego na economia: este ativismo do banqueiro afeta não apenas o volume e distribuição do financiamento, mas também o comportamento cíclico dos preços, da renda e do emprego (Minsky, 1986: 226). A firma bancária, em uma economia monetária da produção, opera sob restrições semelhantes à de qualquer outro agente e sob incertezas sobre o futuro iguais ou maiores do que as que atingem o resto dos agentes, devido a natureza intrinsecamente especulativa de sua função de transformador de maturidades e das incertezas que envolve cada transação financeira 10. A incerteza afeta diretamente a formação de expectativas e a tomada de decisões dos bancos, pois não somente o banco deve tomar uma posição ativa com retorno estocástico, como deve financiar esta posição com uma base de passivo de composição incerta. Isto porque eles realizam compromissos de empréstimos ex ante baseados em expectativas de variáveis ex post, entre os quais os níveis de depósitos realizados e as reservas do sistema bancário (cf. Dymski, 1989: 159). Bancos, como qualquer outro agente cuja atividade seja especulativa e demande algum grau de proteção e cuidado, têm preferência pela liquidez, e conformam seu portfólio 10 De modo a minimizar tal incerteza, expressa na perda de valor de seus ativos, bancos procuram efetuar seus negócios ancorados em fontes primárias - rendimento líquido auferido por seus ativos (diferença esperada entre receitas brutas e custos rotineiros) - e secundárias de caixa (valor dos colaterais, empréstimos ou receitas com venda de ativos transacionáveis). Assim, como tais transações envolvem a possibilidade de rendimentos incertos no futuro, a firma bancária pode exigir algum colateral como garantia, ou seja, bens ou ativos do tomador que o banco poderá tomar para si caso o devedor não honre suas obrigações. 14

15 buscando conciliar lucratividade com sua escala de preferência pela liquidez, que expressa a precaução de uma firma cuja atividade tenha resultados incertos. A composição do ativo bancário, portanto, depende do desejo do banco de absorver riscos associados com eventos futuros incertos, mais especificamente do estado de suas expectativas quanto ao futuro: quando suas expectativas são desapontadas, o banco tende a reduzir seu grau de transformação de maturidade e passam a privilegiar liquidez. De modo geral, quando a avaliação futura do banco acerca do retorno dos empréstimos, da manutenção do valor dos colaterais exigidos e do comportamento das taxas de juros de mercado for desfavorável, ele poderá preferir ativos mais líquidos em detrimento dos empréstimos de prazo mais longo. Tais decisões relacionam-se à administração do balanço bancário, que envolve a estrutura ativa e passiva. Como assinala Minsky (1986: 225-6), a atividade bancária é um negócio dinâmico e inovativo de fazer lucros. Banqueiros procuram ativamente construir fortunas ajustando seus ativos e obrigações, que significa, em suas linhas de negócios, tirar vantagem das oportunidades de lucro que lhes são oferecidas. A firma bancária procura ativamente ajustar seu portfólio de modo a explorar as oportunidades de lucro existentes. Contrariamente à abordagem neoclássica, suas estratégias e desempenho têm impacto significativo sobre o comportamento da economia. Como observa Heise (1992: 295): A atividade bancária não está adequadamente modelada como uma ação intermediária entre o setor tomador de empréstimo (investidor) dirigido para o lucro e a política de preços perseguida pelo Banco Central, ou como um agente gerenciador de portfólio. Ao contrário, um banco deve ser modelado como uma instituição constrangida pela liquidez, cujos cálculos e expectativas (sobre seus fluxos de caixa, condições de refinanciamento, falências de tomadores de empréstimo, política do banco central etc.) em conjunção com as expectativas de lucro dos investidores e a propensão a consumir das famílias terão um impacto essencial sobre a atividade econômica em uma economia capitalista. O ativismo do banqueiro significa também que a firma bancária, ao adotar suas estratégias na busca por maiores lucros, procura tomar iniciativas para atrair clientes, criando estímulos novos que modificam a escala de preferência dos depositantes, visando inclusive contornar as regras coibidoras de suas atividades, que possam ser estabelecidas pelas autoridades monetárias. Depósitos não são um parâmetro, uma variável exógena ao banco, tal como nos modelos convencionais neoclássicos, mas sim uma variável passível 15

16 de ser influenciada pela ação da firma bancária. Portanto, na perspectiva pós-keynesiana, bancos não são agentes que administram passivamente o dinheiro que emprestam ou os recursos que são depositados em sua confiança pelos agentes, na medida em que, ao procurarem levantar fundos compatíveis com seus planos de crescimento, gerenciam dinamicamente o seu passivo Dinâmica da firma bancária: a administração do ativo e do passivo 11 A abordagem pós-keynesiana enfatiza, assim, a administração dinâmica do balanço das instituições bancárias como fator que condiciona o comportamento destas. Uma vez que tais instituições não administram passivamente o dinheiro que emprestam e os recursos que são depositados em sua confiança, tendo capacidade de criar ativamente moeda bancária, o gerenciamento de seu portfólio ocorre ao nível dos dois lados de seu balanço: a firma bancária, da mesma forma que escolhe a cesta de ativos que irá reter, procura, no lado do passivo, administrar suas obrigações (administração de exigência de reservas), introduzir inovações financeiras e, ainda, tomar emprestado no mercado interbancário ou junto ao Banco Central, de modo a prover fundos para a expansão de seus ativos. Por isso, Os bancos não devem apenas fazer escolhas com relação a suas aplicações, mas também com relação a suas fontes de recursos. Longe de contar com curvas horizontais de recursos, buscam ativamente novas fontes, estendendo suas escolhas estratégicas para os dois lados do balanço. (...) O ponto central reside em considerar que os bancos, como outros agentes, devem desenvolver estratégias de operação de modo a conciliar a buscar de lucratividade com sua escala de preferência pela liquidez (Carvalho, 1993: 120). A administração do ativo relaciona-se à composição do portfólio de aplicações dos bancos, ou seja, às formas pelos quais eles dividem seus recursos entre os diferentes tipos da aplicações, de acordo com suas expectativas de rentabilidade e de riscos e sua 11 A análise da dinâmica da firma bancária que se segue corresponde ao Estágio V da evolução bancária elaborada por Chick (1992), ou seja, pressupõe-se a existência de um banco central em sua função de emprestador de última instância e o desenvolvimento de técnicas de administração de passivo por parte dos bancos. Para uma outra abordagem sobre a evolução histórica dos bancos, ver Kregel (1997). 16

17 preferência pela liquidez, enquanto a administração do passivo significa que os bancos procuram atuar, do lado das obrigações, de forma ativa e não mais como meros depositários passivos dos recursos de seus clientes. Bancos, em seu negócio dinâmico e inovativo de fazer lucros, buscam ampliar o volume de recursos captados e influir nas escolhas do público, criando vários instrumentos de captação de recursos e administrando suas exigências de reservas. Administração do ativo: a escolha do portfólio de aplicações Keynes, em sua Teoria Geral, formulou sua teoria da preferência pela liquidez 12, em que a taxa de juros é a recompensa por abrir-se mão da liquidez, uma medida do desejo daqueles que possuem moeda de abrir mão do seu controle sobre ela (Keynes, 1973: 167), em um modelo em que havia somente duas classes de ativos: moeda e títulos. A moeda é uma forma de riqueza e a taxa de juros o preço que guia a escolha entre forma líquida e ilíquida de riqueza. Nesse modelo, os juros pagos aos títulos é uma compensação pelo seu menor grau de liquidez quando comparado com a moeda, que possui o maior prêmio de liquidez entre os ativos. Em uma economia monetária, os agentes retêm moeda, seja porque têm planos de gastos para financiar (motivo transação), seja porque estão especulando sobre o comportamento futuro da taxa de juros (motivo especulação), ou ainda por precaução contra um futuro incerto, uma vez que a moeda é um ativo seguro com o qual se pode transportar a riqueza no tempo (motivo precaução). Assim, tanto a demanda precaucionária por moeda quanto a especulativa se definem por causa da incerteza quanto ao futuro. No capítulo 17 da Teoria Geral, Keynes generalizou sua teoria da preferência pela liquidez para uma teoria de preficação de ativos, não mais presa em uma dicotomia entre ativos líquido e ilíquido, mas baseada no princípio geral de que os diferentes graus de liquidez devem ser compensados pelos retornos pecuniários que definem a taxa de retorno 12 Para uma análise sobre a teoria da preferência pela liquidez de Keynes, ver, entre outros, Wells (1988). 17

18 obtida pela posse dos diferentes ativos 13. Assim, cada classe de ativos existentes possui sua própria taxa de juros (r A ), definida em termos de preços correntes de mercado, em que: (4) r A = a + q c + l, onde q = rendimento do ativo (taxa de quase-renda a ser ganha pela posse ou uso do ativo) c = custo de carregamento incorrido na sua conservação l = seu prêmio de liquidez a = seu valor de mercado (taxa de apreciação) Nesta abordagem, a preferência pela liquidez é refletida em termos do trade off entre retornos monetários (a + q c) e o prêmio pela liquidez da moeda (l), causando assim substituições na estrutura de demanda por ativos, que se diferenciam de acordo com combinações de retornos monetários e prêmio de liquidez que eles oferecem, sendo a liquidez valorizada quando a incerteza aumenta. Tal como no capítulo 17 da Teoria Geral, pode-se expressar a preferência pela liquidez de um banco numa cesta específica de ativos escolhidos por ele, de acordo com os diferentes graus de liquidez associados aos vários ativos ao alcance deles 14. Neste sentido, Keynes (1971, v.ii: 67), no Treatise on Money, já havia assinalado que o problema dos bancos no que se refere ao gerenciamento bancário no lado do ativo dizia respeito à composição de seu portfólio de aplicações: O que bancos estão ordinariamente decidindo não é quanto eles emprestarão no agregado - isto é determinado por eles pelo estado de suas reservas - mas quais formas eles emprestarão - em que proporção eles dividirão seus recursos entre os diferentes tipos de investimentos que estão abertos para eles. Assim, Keynes (1971, v.ii: cap. 25) divide as aplicações, de forma ampla, em três categorias: (i) letras de câmbio e call loans (empréstimos de curtíssimo prazo no mercado monetário); (ii) investimentos (aplicações em títulos de terceiros, público ou privado); (iii) adiantamentos para clientes (empréstimos em geral). Quanto à rentabilidade dos ativos, os 13 Em equilíbrio, os retornos oferecidos por parte de cada classe de ativos sua taxa própria de juros - teriam que ser iguais, o que implica que cada classe de ativos deve oferecer retornos em dinheiro proporcionais ao adicional de risco de iliquidez que cada classe oferece. 18

19 adiantamentos, via de regra, são mais lucrativos do que os investimentos, e estes, por sua vez, mais lucrativos do que os títulos e call loans, embora esta ordem não seja invariável. Quanto à liquidez, as letras de câmbio e os call loans são mais líquidos 15 que os investimentos, pois são revendáveis no curto prazo sem perdas significativas, enquanto os investimentos são em geral mais líquidos que os adiantamentos. Estes últimos incluem vários tipos de empréstimos diretos e são, em geral, as aplicações mais lucrativas, mas, em contrapartida, mais arriscadas (quanto ao retorno do capital) e ilíquidas (por serem de mais longo termo e não-comercializáveis). O Quadro 1 abaixo sintetiza o portfólio de aplicações dos bancos, segundo a rentabilidade e o grau de liquidez dos ativos. QUADRO 1: PORTFÓLIO DE APLICAÇÕES, SEGUNDO KEYNES (1971) ATIVO RENTABILIDADE GRAU DE LIQUIDEZ Letras de câmbio e call loans pequena alta Investimentos pequena média Adiantamentos alta pequena Tal análise, quando compatibilizada com a teoria de decisões dos agentes sob condições incerteza, aprofundada e desenvolvida por Keynes (1973, 1987) em trabalhos posteriores ao Treatise on Money, permite enfocar as estratégias dos bancos (e tomada de decisões) com relação ao seu portfólio de aplicações considerando sua preferência pela liquidez. bancos, como qualquer outro agente cuja atividade seja especulativa e demande algum grau de proteção e cuidado, têm preferência pela liquidez e conformam seu portfólio buscando conciliar lucratividade com sua escala de preferência pela liquidez, que expressa a precaução de uma firma cuja atividade tenha resultados incertos 16. É, portanto, da escolha de que ativos comprar e que obrigações emitir, orientada pela combinação entre 14 Para uma análise da abordagem da preferência pela liquidez dos bancos, ver Carvalho (1998). 15 A liquidez dos diversos ativos - segundo Davidson (1978) - é determinada em função dos seguintes fatores: (i) tempo de conversibilidade, ou seja, o tempo gasto necessário para transformar o ativo em moeda; (ii) capacidade esperada de retenção do valor do ativo, relacionada à habilidade de um ativo transformar-se em moeda sem perda considerável de seu valor. Quanto menor o tempo gasto esperado de negociação e maior a capacidade esperada de reter valor de um ativo, mais elevada será a sua liquidez. O que determina a liquidez, em última instância, é a existência de mercados de revenda organizados, ou seja, mercado de segunda mão. 16 Portanto, é a incerteza incontornável quanto ao futuro que justifica a preferência pela liquidez dos agentes, mantendo riqueza sob a forma de moeda. 19

20 liquidez e rentabilidade, que resulta a expansão ou contração da oferta de moeda, uma vez que a moeda é criada quando os bancos compram ativos financiados pela emissão de uma obrigação particular destas instituições - os depósitos à vista. As expectativas dos bancos, sob condições de incerteza, têm um papel crucial na determinação da composição do portfólio de aplicações dos bancos, ou seja, seu ativo. Os bancos demandam aplicações mais líquidas, apesar de menos lucrativas, em função da incerteza sobre as condições que vigoram no futuro, o que pode levar a um aumento em sua preferência pela liquidez, ocasionando, consequentemente, um redirecionamento em sua estrutura de ativos. Moeda legal e ativos líquidos - cujo retorno vem na forma de um prêmio de liquidez mais do que uma compensação pecuniária - representam um instrumento de proteção à incerteza e de redução dos riscos intrínsecos à atividade bancária. A retenção de ativos líquidos permite aos bancos manter opções abertas, inclusive para especular no futuro. Assim, as proporções em que as diferentes aplicações são divididas sofrem grandes flutuações, refletindo as expectativas dos bancos quanto à rentabilidade e liquidez de seus ativos, assim como ao estado geral de negócios na economia. Quando suas expectativas são otimistas, os bancos privilegiarão rentabilidade à liquidez, procurando elevar prazos e submeter-se a maiores riscos com relação a seus ativos, diminuindo a margem de segurança (ativos líquidos/ativos ilíquidos) nas suas operações, o que resulta no crescimento da participação dos adiantamentos e de ativos de maior risco na composição de sua estrutura ativa, como os empréstimos de mais longo termo 17. Do contrário, se suas expectativas são pessimistas e a incerteza é alta, pois o grau de confiança nas suas expectativas quanto ao futuro diminui, eles expressam sua maior preferência pela liquidez dirigindo suas aplicações para ativos menos lucrativos porém mais líquidos, o que faz declinar a oferta de crédito aos seus clientes. Mais especificamente, procurarão reduzir o prazo médio de seus ativos e a adotar uma posição mais líquida, através da manutenção de reservas excedentes ou compra de ativos de grande liquidez como os papéis do governo, diminuindo em contrapartida a participação de adiantamentos no total do ativo e privilegiando as aplicações em ativos mais líquidos e de menor risco. 17 Ao mesmo tempo, como será visto mais adiante, os bancos podem se utilizar de métodos de administração de passivos para alavancar suas operações ativas. 20

21 Deste modo, as estratégias bancárias procuram explorar o trade off rentabilidade e liquidez: em geral, um banco ao privilegiar liquidez em detrimento de maior rentabilidade deverá caminhar na direção de ativos mais líquidos; alternativamente, ao buscar maior rentabilidade, deverá procurar ativos de mais longo termo ou de mais alto risco 18. Assim, bancos com preferência pela liquidez poderão não acomodar passivamente a demanda por crédito, pois buscarão comparar os retornos esperados com os prêmios de liquidez de todas os ativos que podem ser comprados. Isto significa que a disponibilidade de crédito poderá diminuir devido a maior preferência pela liquidez dos bancos, sem estar relacionada aos riscos inerentes ao empréstimo, fazendo que o racionamento de crédito possa surgir quase que independentemente dos retornos esperados dos projetos de investimento. A sensibilidade dos bancos em relação às demandas de crédito por parte do público depende, em grande medida, das preferências que orientam as suas decisões de portfólio. Como mostra Keynes (1971, v.ii: 67), tal sensibilidade pode ser suficientemente elástica por parte dos bancos: Quando (...) as demandas por adiantamentos aumentam por parte de seus clientes de negócios de uma forma que os bancos julguem legítimo ou desejável, eles fazem o máximo para satisfazer estas demandas reduzindo seus investimentos e, talvez, suas letras de câmbio; enquanto, se a demanda por adiantamentos está caindo, eles empregam os recursos mais livremente, aumentando de novo seus investimentos. A elasticidade dos bancos na concessão de crédito pode ser vista a partir de uma versão simples da operação de balanço de um banco (cf. Studart, 1995: 39-44), em que o ativo bancário é composto por reservas (R), ativos líquidos (A) e empréstimos (L), devendo ser igual aos depósitos (D) no lado das obrigações: (5) R + A + L D Embora a razão de reservas compulsórias seja estabelecida pelas autoridades monetárias, a razão de ativos líquidos (τ = A/D) é determinada pela estratégia de 18 A taxa de risco (r) associada à posse de um ativo está relacionada negativamente ao seu prêmio de liquidez (l), que mede a dificuldade de disposição do ativo no caso de mudança do portfólio. 21

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