Prof. Rogério César Economia de Recursos Naturais Cap. 1. Capítulo 1 Introdução à Economia de Recursos Naturais
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- Flávio Carlos Carmona
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1 Capítulo 1 Introdução à Economia de Recursos Naturais 1. Conceito de Economia Economia é o estudo de como as pessoas e a sociedade decidem como empregar os recursos produtivos escassos para produzir bens e serviços e distribuí-los entre as várias pessoas e grupos. A ciência da alocação dos recursos escassos entre usos competitivos. Palavras-chaves: escassez, recursos, alocação, agentes competitivos. 2. Suposições Básicas da Economia Neoclássica i. Os consumidores procuram maximizar sua satisfação (utilidade) e produtores procuram maximizar seu lucro (receita custos). ii. Desejos e quereres ilimitados (insaciáveis) de forma que mais é preferível a menos e nós sempre queremos mais. iii. As pessoas se comportam de forma consistente e previsível. Em outras palavras, o comportamento humano é racional. iv. Os gostos das pessoas são fixos, porém as preferências das pessoas podem mudar, como de fato mudam. 3. Visão Detalhada das Palavras-chaves 3.1. Escassez Os recursos e bens não existem em quantidade suficiente para atender o desejo de todas as pessoas (consumidores). Não se pode ter tudo o que se quer quando se deseja. É a restrição da insaciedade. 1
2 Escassez simplesmente significa que os recursos são limitados e a economia provém uma estrutura para a alocação destes recursos eficientemente Recursos Em termos econômicos gerais, recursos são a terra, trabalho, capital e tempo. Os recursos são vistos como um insumo para a produção de bens, os quais geram utilidade. Na economia o ambiente é visto como um capital composto que provêm uma variedade de serviços: sistemas de suporte à vida; beleza estética; ambientes naturais para esporte; matéria-prima (madeira, minerais, solo); energia; ar que respiramos; nutrição (alimentação); abrigo (moradia); roupas; amenidades (tranqüilidade). Na economia dos recursos naturais e ambientais damos atenção a terra e tempo quando a terra representa todas as coisas naturais (i.e., florestas e outras vegetações que têm a terra como suporte, a água que flui acima e abaixo dela, os minerais que são extraídos dela, a vida animal e insetos que vivem dela, o ar que repousa acima dela, e a beleza cênica que ela provém). A terra é também expandida para considerar os recursos marinhos. Os sistemas econômicos são sistemas para a distribuição desses recursos escassos para os indivíduos que os valoram. Em geral, à medida que os recursos naturais ficam mais escassos, valoramos as unidades remanescentes mais pesadamente. Por exemplo, se a quantidade de óleo remanescente ficar escasso, o preço do óleo (ou o valor das unidades remanescentes) é provável de ficar mais elevado. Exemplos de recursos escassos: 1. Recursos renováveis: Crescem no tempo de acordo com o processo biológico, tais como os recursos vivos, peixes e madeira (florestas). Embora as florestas e a pesca sejam renováveis por si mesmos, eles não são ilimitados. Podem ser extremamente caros, mas os humanos podem explorá-los até a extinção. Em alguns exemplos, os custos têm sido baixos o bastante para nos permitir extinguir algumas espécies. 2. Recursos não-renováveis: São aqueles para os quais não há reposição - uma vez usados, eles desaparecem - tais como as reservas de petróleo e os depósitos minerais não-energéticos. 2
3 Óleo ou gás natural são claramente limitados. Eles existem em reservas em torno do mundo, mas eles se regeneram tão lentamente que são considerados não-renováveis, pelo menos dentro do nosso tempo de vida. 3. Recurso Ambiental: 3.3. Alocação Alagados ou ecossistemas naturais provém um bom exemplo de recursos ambiental escasso. Se os humanos não existissem na terra, os alagados existiriam em todo o globo, mas eles não existiriam em todos os lugares. Eles são, portanto limitados. Como as atividades humanas têm convertido alagados naturais para outros usos, tais como casas e fazendas, os alagados têm ficado mais escassos. É a forma como os bens são distribuídos entre os agentes competitivos. A alocação pode ser eqüitativa (todos obtém uma parte igual) ou não de forma desigual. Se uma alocação de bens é eqüitativa é uma questão que deve ser abordada pela Economia do Bem-estar e a Política. Agentes competitivos: você e eu. Qual é o ponto central desta questão? Com os desejos insaciáveis, mas com recursos escassos, a pessoa A tenta obter o quanto for possível antes da pessoa B. Isto maximiza a satisfação de A. Além do mais, A tem bens que B quer, e B tem coisas que A quer. Isto dar origem à competição econômica e a necessidade de um mercado onde os bens podem ser trocados. Assim, nasce um mercado. Esta é a essência da economia. 4. Sub-divisão da Economia 4.1. Economia ambiental Estuda o fluxo de resíduos e seus impactos resultantes na natureza. Estuda as razões porque os problemas ambientais existem e como eles poderiam ser corrigidos. Está preocupada principalmente com as falhas de mercado e com aquelas falhas que afetam a alocação (ou mal alocação) dos recursos ambientais. Os recursos ambientais são aqueles que são avaliados em medidas de qualidade ao invés de medidas de quantidade. Por exemplo: 3
4 Os problemas ambientais surgem da falha do mercado e, dependendo da natureza desta falha, diferentes políticas podem ser aplicadas que melhorem ou corrijam o problema Economia dos recursos Estuda a natureza e seu papel como fornecedor de matéria prima. Investiga as tentativas humanas de balancear a preservação e o uso do ambiente ao longo do tempo. A economia dos recursos é o estudo da alocação dos recursos escassos para usos alternativos (ou agentes) através do tempo. Procura determinar o caminho ótimo da extração dos recursos que atenda as necessidades de consumo dos consumidores (gerações) presentes e futuros. A economia dos recursos naturais está preocupada em como os mercados utilizam os recursos naturais eficientemente. O uso eficiente dos recursos naturais considera apenas os componentes de mercado sem uma discussão das falhas de mercado. Por exemplo: As florestas colocam-se em ambas as categorias de recursos naturais e ambientais. Como recurso natural, eles podem ser alocados para os usuários através da corte da madeira. Como recursos ambientais, podem ser valorados com ecossistemas completos sem corte da madeira Economia Positiva A Economia Positiva tenta descrever o que é, o que foi, ou o que será ; contradições neste tipo de análise podem ser esclarecidas através de fatos. Consiste em explicar como os sistemas econômicos funcionam e provêm informações sobre benefícios e custos das políticas. Por exemplo: uma economia positiva estabelece que a nova política resultará numa taxa de desemprego de 10% Economia Normativa A Economia Normativa trata de como deveria ser ; contradições neste tipo de análise podem ser eliminadas através de julgamento de valor; o objetivo desta abordagem é maximizar o valor do capital. Consiste em sugerir como as políticas devem ser feitas. Ao invés de simplesmente explicar os conflitos, a Economia Normativa envolve os julgamentos de valores sobre o que seja o melhor curso de ação. Por exemplo: uma economia normativa estabelece que a taxa de desemprego deve ser abaixo de 2%. 4
5 5. O Que é um Problema Econômico? O problema básico que embasa todas as questões econômicas é a existência combinada de recursos escassos (ou bens), desejos ilimitados, e rivalidade em consumo. Um bem é rival em consumo se o consumo de um bem pelo indivíduo A implica que o indivíduo B não pode consumir aquele mesmo bem. Um bem é um bem econômico se for desejável para consumo; escasso; e rival em consumo. O problema econômico básico é aquele da escassez, não saciedade, e rivalidade que força a decisão entre usos alternativos (tomada-de-decisão). Economia é também o estudo de como as pessoas tomam decisões e, se escolhas erradas estão sendo feitas, que incentivos pode ser usado para mudar o comportamento de forma a melhorar as escolhas feitas. Na economia, as decisões são feitas baseadas nos custos de oportunidade. O custo de oportunidade são as oportunidades de renda/produção/consumo abandonadas para manter uma atividade corrente. O custo de oportunidade é o valor em reais que se deixa de ganhar ao se abandonar uma alternativa. 6. Uma Discussão sobre Valor O conceito econômico do valor é determinado pelo homen (i.e. é antropocêntrico). Isto significa que os bens, sejam aqueles usados pelo mercado ou não, não têm valor, a menos que os homens coloquem valor para eles. Isto nos permite mensurar os valores de mercado e não-mercado usando os instrumentos monetários, tais como reais. Os filósofos, ambientalistas, e recentemente os economistas têm sugerido que isto é um modo impróprio de valorar os recursos ambientais. O argumento é que os recursos ambientais têm valor independente se os humanos colocam valores para eles. Isto sempre é considerado com valor intrínseco. As características de um bem econômico desejável, escasso, rival dão origem ao valor que somente pode ser capturado se possuirmos o bem (propriedade exclusiva). Com propriedade eu posso escolher trocar o bem econômico por outro bem econômico. Esta troca dá origem ao que é chamado um mercado. Mas o mercado funciona bem (é o que nós chamamos eficiente) somente com bens econômicos para o qual existe direito de propriedade bem definido e não-revogável. 5
6 O que é valor? VET = VU + VO + VE + VH Valor Econômico Total (VET): é o valor de todos os benefícios (mercado e não-mercado) derivado de um bem, recurso ou amenidade ambiental. Valor de Uso (VU): é o valor derivado num mercado a partir do uso atual do bem, recurso ou amenidade ambiental. Por exemplo: tipos de uso de uma floresta. Usos consuntivo: colheita de árvores, pesca e caça. Usos de não-consuntivo: caminhada, acampamento, e observação de animais silvestres. Usos de recreação: pesca, caça, acampamento, e observação de animais silvestres. Valor de Opção (VO): é o valor ou a disposição-a-pagar (DAP) para preservar a opção de ter um recurso insubstituível disponível para uso futuro. O bem ser insubstituível, irreversível, incerto e único são os elementos chave na determinação deste valor. Valor de Existência (VE): é também chamado Valor Intrínseco (VI) ou valor de não-uso. É o valor ou a DAP da pessoa baseado no conhecimento que o recurso existe e é preservado num estado particular. O VE é completamente independente do valor de uso ou opção. Por exemplo: Arara-azul Valor de Herança (VH): é o valor ou satisfação que uma pessoa deriva por saber que um recurso estará disponível para as futuras gerações. Um bem ser insubstituível, irreversível, incerto e único são elementos chave na determinação deste valor. O valor que colocamos em algo (ou o benefício que derivamos de alguma coisa, nosso DAP) é complexo e uma função de quatro importantes características. i. Ser Único: quanto menos substitutos para um bem, recurso ou amenidade ambiental, maior será o VET. ii. Insubstituível: se um bem, recurso ou amenidade ambiental é suficientemente único que é insubstituível quando perdido (i.e., extinção), maior será o VET. iii. Irreversibilidade: se um bem, recurso ou amenidade ambiental é sujeito à ações que resultará em prejuízo que nunca pode ser reparado (i.e., extinção), maior será o VET. 6
7 iv. Incerteza: se não estamos certos dos danos que ocorrerá a um bem, recurso ou amenidade ambiental como resultado de alguma ação, mas irreversibilidade é uma possibilidade, maior será o VET. Economistas descrevem conflitos para diferentes bens e serviços em termos de unidades monetária, i.e. U.S. dólar ou Reais do Brasil. Por exemplo: Se você tivesse R$ 10,00 você compraria um BigMac ou almoçaria no peso. O economista ambiental usa as unidades monetárias para descrever os conflitos entre o mercado e os bens de não-mercado. Os bens de não-mercado são coisas que valoramos, mas essas coisas não são transacionadas formalmente no mercado. Por exemplo: i. Deveríamos continuar a cortar árvores em terras de florestas públicas? Esta questão revolve em torno do valor de mercado das árvores como uma mercadoria e o valor de não-mercado do ecossistema como um recurso ambiental. Os valores de não-mercado podem incluir os usos recreativos, ciclos de nutrientes, e seqüestro de carbono. ii. Se o ar puro é uma meta, com devemos regular as indústrias que poluem o ar? O governo tem à sua disposição uma gama de mecanismos para forçar as firmas a reduzirem a poluição do ar. Pode simplesmente estabelecer padrões para cada firma, pode estabelecer taxas de descarga de poluentes, ou pode prover os mecanismos de mercado para permitir as firmas a estabelecerem seus níveis de poluição por si mesmas tão logo a poluição do ar seja melhor do que os padrões. 7
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