ASPECTO COLABORATIVO NO FACEBOOK: TECNOLOGIA E APLICABILIDADE NA FORMAÇÃO DE FUTUROS PROFISSIONAIS DE FONOAUDIOLOGIA 1

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1 ASPECTO COLABORATIVO NO FACEBOOK: TECNOLOGIA E APLICABILIDADE NA FORMAÇÃO DE FUTUROS PROFISSIONAIS DE FONOAUDIOLOGIA 1 Clara Cristina Cavalcanti Santos 2 ; Edilma Maria da Silva 3 Há algumas décadas se vem anunciando uma mudança que culminou com a ascensão das plataformas sociais na Internet. A ascensão da tecnologia, o surgimento da web 2.0, interativa e colaborativa (ALBERGHINI, CRICELLI; GRIMALDI, 2014), proporcionou mudanças no contexto organizacional, econômico, político, social (COLLETT, 2011), movimentando o contexto educacional ao inserir novas abordagens de trabalho com os jovens, mediado por computador (PATRÍCIO; GONÇLVES, 2010). A facilidade de acesso, devido à banda larga, o uso de dispositivos digitais, plataformas interativas, softwares e novas funcionalidades das redes sociais, proporcionaram um ambiente rico e propício a novas descobertas e formas de trabalhar com os jovens dentro e fora do espaço acadêmico, possibilitando a inserção de discussões e conteúdos diversificados (MINHOTO; MEIRINHOS, 2012). Nesse contexto, depreende-se que a tecnologia propiciou um ambiente rico e cheio de possibilidades para o indivíduo interagir em grupo, a fim de aprender no espaço colaborativo (MEIRINHOS, 2007). Da década de 70 até a atualidade, houve mudanças significativas na forma do indivíduo se relacionar e há que se reconhecer as mudanças que a tecnologia provocou na forma de comunicação entre os indivíduos, daí o surgimento do termo colaboração ter se propagado tão rapidamente, conforme afirmava Denise (1999), a colaboração ultrapassa os limites da simples comunicação porque proporciona a criação de algo novo. Assim, a colaboração é a troca de informações complexas entre por duas ou mais pessoas a fim de alcançar um objetivo (COLEMAN E ANTILA, 2004). Em complemento, pode-se fazer uma referência aos paradigmas contemporâneos, que tratam da produção e disseminação do conhecimento e contemplam perspectivas colaborativas de trabalho, proporcionando a 1. Artigo apresentado ao Eixo Temático 11 Educação a distância / Educação online / Métodos e processos pedagógicos do IX Simpósio Nacional da ABCiber. 2. Pesquisadora é Técnica em Assuntos Educacionais da Universidade Federal de Pernambuco. É Licenciada em História (UFPE), Especialista em Gestão Estratégica em Recursos Humanos (FJN), cursa Pós-Graduação Lato Sensu em Gestão de Educação a Distância (SENAC-SP) e participa do Projeto de Extensão Proi-Digital(UFPE). euclara@hotmail.com 3. Pesquisadora é professora da Escola Superior de Marketing - ESM. É Mestra em Administração (UFPE), membro do Núcleo de Pesquisa em Sistemas de Informação - NEPSI (UFPE) e participa do Projeto de Extensão Proi-Digital(UFPE). smsedilm@gmail.com

2 interação entre os indivíduos em prol de um caminho que leve ao alcance do que foi previamente planejado. As Universidades, principal responsáveis pela formação de profissionais de nível superior, no Brasil, devem estar atentas às mudanças nos perfis exigidos pela sociedade em rede. As práticas pedagógicas devem refletir de alguma forma, o atendimento a algumas destas exigências. Sobre estas mudanças, Castells nos explica: Na base de todo o processo de mudança social está um novo tipo de trabalhador, o trabalhador autoprogramado, e um novo tipo de personalidade, fundada em valores, uma personalidade flexível capaz de se adaptar às mudanças nos modelos culturais, ao longo do ciclo de vida, porque tem capacidade de dobrar sem se partir, de se manter autónoma mas envolvida com a sociedade que a rodeia. Este inovador ser humano produtivo, em plena crise do patriarcalismo e da família tradicional, requer uma reconversão total do sistema educativo, em todos os seus níveis e domínios. Isto refere-se, certamente, a novas formas de tecnologia e pedagogia, mas também aos conteúdos e organização do processo de aprendizagem. (CASTELLS, p. 27) Novas competências devem ser estimuladas na formação dos profissionais, na atual organização do conhecimento, que implica em uma nova política educacional. Segundo Castells: A política educacional é central em todos os aspectos. Mas não é qualquer tipo de educação ou qualquer tipo de política: educação baseada no modelo de aprender a aprender, ao longo da vida, e preparada para estimular a criatividade e a inovação de forma a e com o objectivo de aplicar esta capacidade de aprendizagem a todos os domínios da vida social e profissional. (CASTELLS, p. 27) As novas tecnologias da informação são ferramentas cada dia mais utilizadas para a troca de conhecimentos e construção de ideias. Para corroborar com a argumentação, verificou-se que o facebook configura-se como uma plataforma colaborativa, que permite múltiplas interações baseadas no interesse de cada usuário por determinado assunto, focando as questões de identidade do indivíduo (MURPHY, 2004; MINHOTO; MEIRINHOS, 2012). A plataforma ainda permite ao usuário criar páginas e grupos fechados (MINHOTO; MEIRINHOS, 2012). Nos grupos pode-se fazer atividades diversas e discutir sobre elas com os indivíduos que têm acesso. Foi em um grupo como o mencionado que se formou a oficina de vídeos digitais, realizada com estudantes do curso de fonoaudiologia da Universidade Federal de Pernambuco UFPE, com o intuito de dialogar com o ambiente externo, fora da sala de aula, para coletar,

3 por meio de imagens e sons, informações relevantes para a disciplina de comunicação humana. Os estudantes, então, aceitaram o desafio de trabalhar um tema: o adulto no mundo do trabalho. Assim, os estudantes foram inseridos no espaço do curso e foram feitas interações por meio de vídeos, imagens e textos para dialogar com os participantes da oficina sobre roteiro, gravação e edição e finalização de vídeo. O facebook é um espaço que favorece a criatividade porque, para além do grupo, circula uma grande quantidade de informações sobre temas diversos compartilhados por diversos usuários da plataforma, isso proporciona uma visão mais ampla e permite insights aos participantes de um curso porque mostra a realidade do mundo e o foco da oficina foi o de trabalhar a realidade e discutir sobre ela. A formação dos futuros profissionais deve, portanto, levar em conta esta realidade e motivar estudantes a se prepararem para aquisição de competências para vivenciarem estas experiências nas suas práticas profissionais. Saber trabalhar colaborativamente por meio de ambientes virtuais passa a ser uma habilidade importante na atualidade. A pesquisa foi idealizada a partir da realização de uma oficina de vídeo digital de bolso no facebook para estudantes do curso de fonoaudiologia da Universidade Federal de Pernambuco, a partir da análise das interações pôde-se extrair insights para a análise da entrevista que foi realizada após o curso. Para o desenvolvimento de uma pesquisa, o pesquisador deve seguir um roteiro para que a pesquisa seja realizada de forma segura (RUIZ, 2008). Desta forma, foi elaborado um roteiro para trabalhar com os participantes da oficina. Quatro postagens no grupo foram previamente pensadas para tratar sobre o curso proposto. A primeira foi uma mensagem de boas vindas que continha um texto relativamente curto e um vídeo anexo mostrando alguns trabalhados de vídeo de bolso realizados por estudantes de curso superior. Com relação a essa postagem, não foi percebida uma clara interação entre os participantes, houve poucas curtidas e poucas visualizações, nenhum comentário. Isso se refletiu porque no início do curso, poucos participantes haviam aceitado o convite para acessar o grupo. A segunda postagem mostrou o cronograma da oficina e, nessa postagem, houve interação e um grande número de visualizações. Os participantes puderam dar uma visão geral sobre aquilo que pretendia desenvolver e os pesquisadores, também mediadores, puderam conhecer melhor o grupo, embora a interação tenha se dado de forma mais contida porque houve a interferência da professora da disciplina, que foi inserida no curso para dialogar e observar os alunos, o número de visualização foi bem alto. As postagens seguintes, que versavam sobre a construção de um vídeo de bolso e o debate sobre o tema foi bastante discutido. Nessas duas

4 postagens houve bastante interação e um grande número de visualizações e curtidas. De fato, os participantes puderam trocar ideias, mostrar suas ideias e mostrar a interação com o grupo de trabalho. Houve uma postagem sobre planos de filmagem, não programada, que fez suscitar o interesse de alguns grupos e para uma participante da oficina, os planos de filmagem ajudaram muito eu e meu grupo nas gravações do nosso documentário! Eles nos deram uma noção de como filmar de forma mais objetiva o que desejávamos. Assim, se percebe a importância de um conteúdo bem elaborado para auxiliar os participantes de uma oficina a desenvolverem seus produtos. A pesquisa visou a consideração do aspecto colaborativo do facebook levando em conta a tecnologia e a aplicabilidade na formação de futuros profissionais de fonoaudiologia. considerando o tema proposto e a temática, além do público-alvo respondente da pesquisa, o método mais adequado foi o qualitativo. A pesquisa foi delineada da seguinte forma: no primeiro momento foi pensado um curso para atender estudantes do ensino superior, depois foi pensado o espaço e o tipo de linguagem que seria utilizada para alcançar o público escolhido, bem com o conteúdo que seria disponibilizado, contendo vídeos e imagens. Assim, foi pensado que o facebook, devido à sua característica interativa e colaborativa, seria um ótimo espaço de trabalhar uma oficina, considerando o tempo disponibilizado pelos estudantes e o tempo disponibilizado pelos pesquisadores/mediadores. Além disso, a proposta de visualizar os aspectos colaborativos e funcionalidades do facebook como espaço de criação e diálogo pode ser bem trabalhado. Os resultados mostraram que trabalhar bem o conteúdo, com uma boa mediação é essencial para que um trabalho colaborativo se desenvolva. Além disso, a interação é facilitada pelo fácil acesso via dispositivo móvel e por ser um espaço em que se está constantemente conectado, as notificações chegam no aplicativo e no , facilitando a visualização e uma presença maior no curso e troca de informações entre os participantes. A funcionalidade da plataforma permite que os diálogos sejam bem construídos e que haja uma continuidade da discussão, considerando o novo formato da rede social. Bem como, saber se comunicar efetivamente por meio das mídias digitais para alcançar um número maior de interlocutores. Palavras-chave: Facebook; Novas Tecnologias da Informação; Vídeos digitais de bolso; Colaboração; Formação Profissional. Referências bibliográficas

5 ALBERGHINI, E.; CRICELLI, L.; GRIMALDI, M. A methodology to manage and monitor social media inside a company: a case study. Journal of Knowledge Management, v. 18, n. 2, p CASTELLS, Manuel. A Sociedade em Rede: do Conhecimento à Política in CASTELLS, Manuel e CARDOSO, Gustavo (Org). A Sociedade em Rede: Do Conhecimento à Ação política. Conferência promovida pelo presidente da república. 4 a 5 de março de2005. Centro Cultural de Belém. Imprensa Nacional - Casa da Moeda. Disponível em: Acessado em 20 de outubro de COLEMAN, D.; ANTILA, D. Enterprise Collaboration: Creating Value Through Content, Context and Process, Collaborative Strategies Acesso em 23 jun Disponível em: < COLLETT, Stacy. Why big data is a big deal. ComputerWorld, DENISE, L. Collaboration vs. C-Three. Innovating. v. 7, n. 3. Acesso em: 19 maio Disponível em: < PATRÍCIO, Maria Raquel; GONÇALVES, Vitor. Facebook: rede social educativa?. I Encontro Internacional TIC e Educação, p , MATTAR, João. Facebook em Educação. Blog De Mattar. Publicado em 17 de janeiro de Disponível em Acessado em 29 de setembro de MINHOTO, Paula; MEIRINHOS, Manuel. As redes sociais na promoção da aprendizagem colaborativa: um estudo no ensino secundário. Educação, Formação & Tecnologias-ISSN X, v. 4, n. 2, p , Meirinhos, M. (2007). Desenvolvimento profissional docente em ambientes colaborativos de aprendizagem a distância: estudo de caso no âmbito da formação contínua. [online] Disponível em Acedido em 4/4/2010 Murphy, E. (2004). Recognising and promoting collaboration in a online asynchronous discussion. British Journal of Edutional Technology, 35(4), PATRÍCIO, Maria Raquel; GONÇALVES, Vitor. Facebook: rede social educativa?. I Encontro Internacional TIC e Educação, p , RUIZ, João Álvaro. Metodologia científica: guia para eficiência nos estudos. 6 ed. São Paulo: Atlas, 2008.