Debate Estado da Nação 2017 Discurso de Abertura

Transcrição

1 Debate Estado da Nação 2017 Discurso de Abertura Senhor Presidente da Assembleia Nacional, Senhor Primeiro-Ministro, Senhoras e Senhores Membros do Governo, Colegas Deputadas e Deputados, É com subida honra que nos dirigimos, uma vez mais, à Casa Parlamentar para falar do estado da Nação, um momento importante que se nos oferece para discutir os principais problemas que afetam a vida dos cabo-verdianos, a qual, a pouco a pouco, em razão das políticas públicas do Governo, tem vindo a conhecer melhores dias, mau grado as dificuldades estruturais e conjunturais que atravessa o país. Nesta ocasião, faz-se mister enaltecer a coragem do Governo em empreender medidas de fundo para debelar os males encontrados, uns de fácil solução, é certo, mas outros, de si complexos, que requerem mais tempo e mais meios para os equacionar. Em ambos os casos, ao Governo, em sintonia com os desejos e com as expetativas dos cabo-verdianos, não faltou, em nenhum momento, o arrojo para assumir as suas responsabilidades políticas, sem hesitação e com claro sentido de Estado. 1 6

2 Na esteira de tudo isso, não admira, pois, que o Governo do MpD se empenhe, de todo em todo, a fazer roturas com o modelo de governação anterior do PAICV e com o status quo. Sob este ângulo, o Executivo, de medidas em medidas, sem alarido milagroso ou demagógico, com os pés bem assentes no chão, tem vindo a construir caminhos e soluções em face da gravidade dos problemas que herdou, podendo aqui especificar, à laia de exemplo, os casos dos TACV, do Novo Banco e do programa «Casas para Todos». Por estas singelas notas, bem se vê que o estado da Nação deste ano apresenta-nos a ocasião para avaliar o desempenho do Governo, setor por setor, e, ao mesmo tempo, delinear o futuro do país, sem perder de vista, porém, que é um momento de confronto de ideias a que não deve faltar a urbanidade, de resto, tão necessária e útil não somente para a construção de pontes e de consensos, senão também para melhorar e dignificar a própria imagem do Parlamento. A julgar pelos resultados dos catorze meses de governação efetiva do MpD, a contar da aprovação da moção de confiança, estamos mais do que convencidos de que não existe lugar para desânimo ou descrença, antes, a cada instante, as reformas já encetadas, em várias áreas, fazemnos acreditar que o futuro será com certeza promissor. Sabemos todos que as obras ou a sua inauguração não bastam. E que as obra, todas, são fruto do esforço comum da Nação Cabo-verdiana, que exige visão inspiradora. 2 6

3 O estado da Nação é bom, porque os cabo-verdianos depositam uma grande confiança no Governo do MpD, que, seguramente, tudo irá fazer para os não defraudar. O pessimismo deu lugar à confiança e ao otimismo, a esperança reergue-se das cinzas e o entusiasmo, outrora ausente, volta ao olhar dos cabo-verdianos. Não é por simples e descabida casualidade que o dizemos, antes, decorre, acima de tudo, dos indicadores bastante positivos já vindos a lume em pouco tempo da governação do MpD, como o testemunham as linhas que se seguem. A título de exemplo, no domínio das Relações Externas, o Governo desenhou uma nova diplomacia que tem na parceria especial com a União Europeia o seu principal eixo estratégico. Aos seis já conhecidos pilares deste importante instrumento de diálogo e de cooperação, juntam-se o investimento, crescimento e emprego, a gestão dos oceanos e as reformas institucionais. Um outro eixo, não menos importante, desta nova diplomacia é a relação de Cabo Verde com a CEDEAO. Anunciam-se novos rumos na cooperação com esta organização sub-regional africana da qual se aguarda que Cabo Verde obtenha um estatuto especial, a que se soma a instalação, a breve trecho, de uma representação diplomática cabo-verdiana em Abuja. No que à Segurança diz respeito, temos a dizer que a criminalidade tem vindo a diminuir, em termos globais. As estatísticas não o desmentem, a contrario, diga-se, confirmam-no, atestando assim a eficiência e a eficácia das políticas públicas do Governo neste setor. No entanto, a grande tarefa que se nos impõe, neste preciso momento, consiste em 3 6

4 transformar o sentimento e a perceção da insegurança em segurança e nisso todos são convocados a desempenhar um papel importante. No quadro económico, a confiança reinstala-se paulatinamente por meio de medidas que o Governo vem tomando, de molde a criar um bom ambiente de negócios em Cabo Verde, no contexto do qual o setor privado ganha continuamente fôlego, reocupando o lugar central que lhe é devido na economia, a sociedade civil solta-se da letargia a que se achava submetida em quinze anos, e o Estado assume de vez o seu papel de parceiro, atento também aos mais desfavorecidos e vulneráveis. Em paralelo, as previsões da retoma da economia são otimistas: o país vem crescendo à volta de 4% e, já no próximo ano, pode atingir 5,5%; a inflação está controlada; as reservas estão em níveis aceitáveis; e o investimento externo direto tende a aumentar. Factos que, por si só, põem a descoberto sinais de clara e inequívoca viragem da economia cabo-verdiana, a acrescentar à recuperação do rendimento das famílias, das empresas e dos investidores, bem como à capacidade de gerar emprego e de combater as desigualdades e as assimetrias regionais. Importa, nesta situação, referirmo-nos também ao acordo de Concertação Estratégica recentemente assinado entre o Governo e os parceiros sociais, acordo esse que elege como prioridade a criação de condições endógenas à economia cabo-verdiana para a reposição da confiança, a redução significativa dos custos de contexto e a garantia da sustentabilidade, contribuindo assim para uma economia cada vez mais dinâmica. 4 6

5 Neste desígnio, os Parceiros Sociais e o Governo acordam na realização de: 1. Um amplo programa de reformas económicas que permita, até o final desta legislatura, colocar Cabo Verde no conjunto dos cinquenta países com melhor desempenho, e entre o grupo dos Top Ten dos Pequenos Países Insulares, nos domínios do Doing Business e da Boa Governação; 2. Um programa de reabilitação e requalificação urbana, em especial nos grandes centros urbanos e nos destinos turísticos atuais; 3. Um ambicioso programa de reforma dos sistemas educativo e de formação profissional; 4. Uma profunda reforma do Estado que alivie a excessiva pressão fiscal sobre os rendimentos das empresas e das famílias fiscalmente ativas. Do exposto, segue-se que Cabo Verde precisa promover, nos próximos tempos, um crescimento económico substancial, sustentado, inclusivo e sustentável. O país precisa de mais e melhores empregos. Este Governo, suportado pela nossa Bancada Parlamentar, assumiu compromissos perante todos os cabo-verdianos e reconhecemos que, neste curto espaço de tempo, tudo tem vindo a fazer no sentido de materializá-los. Cumpre-me agora observar que o Governo do MpD está de parabéns, porque revelou ser capaz de inverter para positivo, em apenas um ano e poucos meses de governação, o estado de espírito dos cabo-verdianos, não o fazendo com palavras ocas e despidas de conteúdo, mas com 5 6

6 muito trabalho e entusiasmo, próprios de um partido comprometido com os problemas do país. Senhor Presidente da Assembleia Nacional, Senhor Primeiro-Ministro, Senhoras e Senhores Membros do Governo, Colegas Deputadas e Deputados, A Nação, hoje, confia. Sabe que não há soluções milagrosas, mas confia na visão estratégica desta maioria para, sem ilusionismos, construir um futuro promissor para Cabo Verde. Em nome dos interesses inalienáveis do povo cabo-verdiano, residente no país e no exterior, auguramos um debate esclarecedor, norteado pela tolerância e pelo pluralismo de opiniões. A felicidade das pessoas merece toda a nossa atenção. Muito obrigado pela vossa atenção. Praia, 28 de julho de