Exmº Senhor Presidente da Câmara Municipal do Maio. Exmº Senhor Presidente da Assembleia Municipal do Maio

Transcrição

1 1 ASSEMBLEIA NACIONAL Discurso do Senhor Presidente da Assembleia Nacional de Cabo Verde, na abertura do seminário Open Parliament 7 de maio de 2018 Porto Inglês, ilha do Maio Exmº Senhor Presidente da Câmara Municipal do Maio Exmº Senhor Presidente da Assembleia Municipal do Maio Exmº Senhores Vereadores e eleitos Municipais do Maio Exmº Senhores Deputados Nacionais eleitos pelo Maio Exmº Senhores Deputados Nacionais, membros da Rede Parlamentar para a População e Desenvolvimento Exmª Senhora Embaixadora da União Europeia em Cabo Verde Exmº Senhores Representantes da Sociedade Civil Exmº Senhores Representantes dos Serviços de Administração Pública Exmº Senhores Representantes da Comunicação Social Ilustres Convidados Minhas Senhoras e Meus Senhores 1/7

2 2 Começo por agradecer o convite que me foi dirigido para estar aqui na abertura desta conferência, uma feliz iniciativa conjunta da Assembleia Nacional de Cabo Verde e das autoridades municipais da ilha do Maio. É pois uma honra que não posso deixar de assinalar porque ela também me oferece a oportunidade de proceder a uma visita de trabalho e poder apreender a realidade da ilha, em tempos de dificuldades provocadas pelo mau ano agrícola do ano passado. Na verdade são poucos os momentos em que esta maravilhosa ilha recebe eventos desta natureza e aonde se discutem temas de âmbito nacional. Todos reconhecemos as potencialidades do Maio, as suas belezas naturais e a morabeza de suas gentes. Mas é mister também reconhecer que tem faltado ações que deem centralidade à ilha; aonde se discutem problemas de dimensão nacional e se trás para ela, gentes e recursos capazes de alavancar, a sua economia regional. Muito se tem falado sobre o desenvolvimento do Maio; é o turismo, é a agricultura, é a pecuária, é a indústria. Mas tem faltado ações e resultados palpáveis que possam catapultar esta região para patamares compatíveis com as suas potencialidades. Um porto compatível com os desafios de desenvolvimento da Ilha; um aeroporto internacional de porte médio; um sistema de saneamento da cidade do Porto Inglês e das zonas especiais que irão receber os investimentos turísticos e outros; um incremento e melhoria nos sistemas de abastecimento de água e eletricidade; 2/7

3 3 medidas de promoção e melhoramento da produção agropecuária e de sua introdução no mercado turístico; promoção da formação profissional para a empregabilidade, para só citar algumas... São ações que precisam acontecer. São certamente investimentos de grande monta e cujo financiamento a curto/médio prazos, ultrapassam as capacidades financeiras endógenas; mas que não podem deixar de ser feitos. Os próximos 2 3 anos serão cruciais para esta ilha. Temos que ser capazes de infraestruturá-la convenientemente para que o seu desenvolvimento seja harmonioso e realizado de acordo com as prioridades nacionais. Sabemos que o governo da república não está parado e que se tem multiplicado em missões de busca de financiamento, seja na sua cooperação bilateral e multilateral, seja nas possibilidades de financiamento proporcionadas pela parceria público-privada. Mesmo assim, entendemos que temos que ser capazes de dar os sinais que possam manter a sociedade ativa e para que ela possa continuar a acreditar, como nós governantes acreditamos. A população deve estar informada a todo o tempo. E aqui, os deputados e as autoridades municipais têm que, de forma inteligente, constituir-se em elo de ligação entre o estado e o 3/7

4 4 povo eleitor; afinal são eles que foram diretamente eleitos para representar as populações. Este seminário se revela importante neste aspeto. Durante esta tarde/noite, vamos falar do Open Parliament, ou seja: da forma de se fazer e intensificar a comunicação entre os eleitos e os eleitores; do como melhorar a relação dos eleitos com a sociedade; de como fiscalizar a atividade governativa e como interceder para que as necessidades de desenvolvimento social e económico sejam satisfeitas; do como receber e encaminhar as reivindicações e fazer com que elas sejam atendidas e resolvidas; do como contribuir para que a sociedade tenha mais acesso às informações relativas à atividade governativa e possa avaliar, em tempo útil, o alcance das medidas projetadas e em curso de realização. Excelências, Minhas Senhoras e meus Senhores, A questão da melhoria da comunicação entre eleitos e eleitores, se põe a nível global. Hoje, um dos grandes problemas da democracia representativa, em todos os países democráticos, é algum distanciamento entre os eleitores e seus representantes. 4/7

5 5 É cada vez maior o desencanto dos cidadãos para com a política; é cada vez maior o perigo do populismo e da demagogia em invadir a atividade política; e é maior o nível de insatisfação social, criando um clima propício a radicalismos e a extremismos. E não restam dúvidas de que este clima é o resultado do afastamento progressivo dos agentes da política em relação à sua base de legitimação. Nós, os deputados, somos eleitos como representantes, através de eleições. Mas, há que reconhecê-lo, o exercício de controlo democrático, não se deve esgotar em eleições. A política, não só em Cabo Verde, mas pelo mundo fora, enfrenta uma crise de credibilidade e de confiança. É um facto! E perante este facto, só temos duas opções: - A primeira é continuar na mesma como se tudo estivesse bem, e - A segunda é tentar compreender o que podemos fazer para enfrentar o problema. E aqui, não tenho dúvidas, é preciso, de facto, melhorar o nivel e a qualidade da nossa comunicação com os eleitores, sobretudo no intervalo das eleições. Temos que ser capazes de cumprir os nossos compromissos eleitorais mas também manter acesa a chama da esperança de que 5/7

6 6 somos e seremos capazes de ajudar as populações na solução dos seus principais problemas. Não é uma tarefa fácil, sobretudo porque, desde a instalação da democracia, não fomos capazes de estabelecer uma comunicação fluida com os eleitores; não nos preocupámos em criar circuitos de informação às populações; e nem respondemos eficazmente à necessidade de estabelecimento de um clima de confiança permanente, especialmente em relação à camada mais possidente e informada da nossa sociedade. E é com essa preocupação que a Assembleia Nacional estabeleceu um amplo programa de diálogo com a sociedade, visando: - Divulgar a nossa atividade parlamentar, principalmente no intervalo das sessões; - Fornecer todas as informações necessárias a uma avaliação a mais correta possível do nosso trabalho; - Empoderar a sociedade para que ela mesma, e por mecanismos próprios, possa fiscalizar toda a atividade política e aumentar a sua capacidade de participação cívica. Esta é a nossa resposta ao quadro de relativa desconfiança que tende a se instalar nas relações entre os políticos e a sociedade. Na verdade somos cada vez mais confrontados com reivindicações dos nossos eleitores que clamam, legitimamente: pelo cumprimento das promessas eleitorais, pelo conhecimento das ações que visam a resolução dos seus problemas, 6/7

7 7 por um comportamento ético dos políticos e pela seriedade e lisura de quem os representa, por uma postura de trabalho e produtividade, pela gestão correta, legal e eficaz dos recursos públicos, por uma comunicação fluída e permanente e pela participação permanente, mesmo nos períodos entre eleições. Numa era de comunicação fácil, em que a informação está ao alcance de um clique e as redes sociais põem à disposição do cidadão meios para o exercício efetivo de um controle permanente, o trabalho dos políticos fica claramente sob um escrutínio mais vigilante e mais reforçado. A avaliação permanente que é feita pelos cidadãos deve ser, para nós, uma oportunidade de melhorar a nossa forma de comunicar e de informar. Torna-se, por isso, premente que o funcionamento das instituições seja transparente e que os titulares do poder político forneçam o maior volume possível de informações corretas sobre as suas atividades; trazendo para a discussão pública os problemas que afetam as pessoas no seu dia-a-dia; construindo conjuntamente as soluções, dentro do quadro legal e constitucional vigente, mas disponível para proceder às mudanças que forem necessárias. 7/7

8 8 Este é o ambiente que se quer deste seminário, oportunamente organizado pela Rede Parlamentar para a População e Desenvolvimento, com a colaboração da deputada eleita pelo círculo eleitoral do Maio e da Câmara Municipal da Ilha. Vamos discutir temas como: - Função e Missão do deputado, enquanto direto representante do povo; - As formas como se organiza e se exerce o poder e os mandatos, no nosso sistema; - O enquadramento constitucional e legal; - A perceção e avaliação da população sobre o desempenho dos políticos. São temas escolhidos, na perspetiva de serem do interesse global mas sobretudo que podem fornecer aos eleitores presentes, informações que lhes serão úteis no relacionamento com o seus deputados. Espero que, a final, possamos ter contribuído para aumentar a capacidade de intervenção social dos presentes e, através deles, empoderar a sociedade maiense para a correta reivindicação e participação na solução dos problemas de desenvolvimento desta bela ilha/região. A todos um bom seminário. MUITO OBRIGADO, pela vossa atenção! 8/7