Permitam-me, antes de mais, saudar o Senhor Primeiro-Ministro e manifestar a minha/nossa satisfação por tê-lo cá, nesta Casa Parlamentar.

Transcrição

1 Senhor Presidente da Assembleia Senhor Primeiro-Ministro Senhores Deputados Senhores Membros do Governo, Permitam-me, antes de mais, saudar o Senhor Primeiro-Ministro e manifestar a minha/nossa satisfação por tê-lo cá, nesta Casa Parlamentar. O Senhor foi eleito pelo Povo! Esta é a Casa dos Representantes do Povo, que estão mandatados para fiscalizar os actos da sua Governação! Por isso, esperamos que, cumprindo as regras do Novo Regimento, esteja cá todos os meses para debater connosco, e se sinta encorajado, sobretudo, em debater as questões que preocupam os cabo-verdianos. Senhor PM, O Senhor sabe que o que mais preocupa os cabo-verdianos, neste momento, são os Transportes, sejam aéreos, sejam marítimos. Mas o seu Partido, fazendo tábua rasa dessas preocupações, escolheu agendar um tema que lhe desse algum conforto e não o obrigasse a esclarecer os cabo-verdianos, do caos que está a reinar nos Transporte Aéreos de Passageiros, e da intransparência no concurso de concessão das ligações marítimas inter-ilhas. Mas, a Maioria a mesma que agendou a Regionalização sem qualquer tentativa de aproximação das posições escolheu! E o PAICV, que é Minoria, aceita! Vamos lá debater o desenvolvimento local, e dar ao Senhor Primeiro-Ministro a oportunidade de vir cá dizer que, com o seu famoso PRRA, conseguiu afinal descobrir a pólvora! Vamos lá ouvi-lo a dizer que, afinal, a sua visão de desenvolvimento e as soluções milagrosas que tinha para os cabo-verdianos, se traduzem num conjunto de calcetamentos soltos, sem propósito integrado, sem visão de alcance e, mais uma vez, executadas sem transparência!

2 Senhor Primeiro-Ministro, Para nós é importante debater a Governança Local e o Desenvolvimento Territorial! Os debates sobre as questões fundamentais, e que dizem respeito à vida da polis, são de capital importância para a construção de consensos entre os diferentes actores políticos, os cidadãos e a sociedade civil. E, nessa matéria, o PAICV sempre promoveu mudanças profundas e positivas, em defesa dos interesses públicos e da sustentabilidade do desenvolvimento. Com efeito, Cabo Verde organiza-se em Estado de direito Democrático e, nos termos do Constituição, reconhece a autonomia do poder local. Desde 1991, com as primeiras eleições autárquicas, o poder local tem-se desenvolvido e os Municípios têm dado um contributo fundamental na governabilidade do País, assumindo um forte protagonismo no desenvolvimento local e regional. O PAICV, no quadro da Reforma do Estado, apostou fortemente no reforço da descentralização, do municipalismo e da inter-municipalidade. Por isso, foi aprovada a nova Lei das Finanças Locais, que permitiu aumentar o FFM quase 6 vezes. E, por isso também, foi garantida a comparticipação, dos Municípios, nos fundos da ajuda orçamental e nas linhas de crédito negociadas pelo Governo, para além dos Contratos- Programa que eram assinados, e do Programa de Luta contra a Pobreza que chegou a quase todos os Municípios. Por isso também, foi aprovada, em 2010, a Lei-Quadro da Descentralização. E, porque o PAICV tinha (e tem!) uma visão clara de desenvolvimento do Poder Local, entregou, no mandato anterior - e já deu entrada, novamente, neste mandato - a um Pacote Estruturante de Reforma do Poder Local, para a promoção da Boa Governação Local e do Desenvolvimento do Municipalismo, a saber: O Novo Estatuto dos Municípios; O Novo Regime Financeiro dos Municípios; e A Lei de Tutela Administrativa sobre os Municípios. A meta é, sim, a Boa Governação Local: Com Mais rigor; Mais transparência na gestão da coisa pública; E igualdade na prestação dos serviços públicos.

3 A nível do Planeamento e do Ordenamento do Território foram tomadas várias medidas, tendo em vista introduzir maior segurança jurídica nas transações fundiárias, e maior rigor na gestão de solos, porque entendemos que os solos para nós, recursos essenciais num País como Cabo Verde - devem ser, efectivamente, colocados ao serviço do desenvolvimento e do bem comum. Exemplos disso são: A revisão da Lei de Bases do Ordenamento do Território A aprovação da Lei de Cadastro A aprovação das Leis de Solos e de Expropriações A aprovação de múltiplos EROT s e A elaboração de vários PDM s, com financiamento do Governo Central. E medidas Importantes no domínio de Cartografia Senhor Primeiro-Ministro, Para nós, há outras áreas em que os Municípios cabo-verdinos têm e devem assumir um protagonismo cada vez maior - aliás, no quadro do princípio de subsidiariedade! Na Infra-estruturação (água, saneamento, electrificação, qualificação urbana, transportes urbanos) Na Habitação Nas Energias renováveis No Ambiente Na Criação de empresas Na Cultura No Desporto e Na Promoção da formação profissional, do Empreendedorismo e do Emprego. Estamos num importante momento para Cabo Verde. Momento que exige, de todos, ousadia e capacidade! Que exige uma nova atitude. Que exige mais acção! Não mais do mesmo! Não apenas discursos e propaganda!

4 Senhor Primeiro-Ministro, Desde que assumiu, se preocupou em transferir, de forma casuística e, muitas vezes, ilegal (porque verbalmente), algumas competências para os Municípios, como forma de se desresponsabilizar. Ao mesmo tempo, o Senhor foi abocanhando algumas inaugurações na sua maioria, calcetamentos - que alguns Municípios vão a fazendo. Tudo isso, com os olhos postos nas eleições de 2020, e nunca preocupado com o real desenvolvimento dos Municípios. No fundo, o Senhor visita as Ilhas, promove conferências e dá entrevistas - tudo sob a capa de um novo relacionamento com os Municípios para tentar convencer as pessoas de que a sua vida está a melhorar, falando de 3 coisas: PRIMEIRO - Do seu PRRA. E quem ouve falar do PRRA quer também saber onde ficou o Aeroporto de Santo Antão, o novo Aeroporto do Fogo, os 45 mil empregos, a taxa 0% para as empresas, o grande Programa que iria substituir o Casa para Todos, e a tolerância zero, a segurança máxima, etc; SEGUNDO - Das transferências que o Senhor diz que faz para os Municípios, com os recursos dos fundos do Turismo e do Ambiente, que o seu Partido contestou e tanto condenou aqui no Parlamento; TERCEIRO - da Regionalização, que o Senhor já trouxe para discussão, sem nenhuma preocupação em aproximar as posições com o PAICV e com a UCID, para ver se o Diploma não passa, e, o Senhor atribui a culpa ao PAICV, e, assim, se liberta dessa sua promessa de campanha, que já se transformou num fardo para si. Dito isto, faço-lhe 3 simples perguntas: 1º Em que Municípios foi implementado o PRRA, com base em que critérios foram seleccionados os Municípios e fixados os valores, como foram escolhidas as empresas executoras e como está sendo financiado o Programa? 2º Que Recursos o seu Governo já transferiu para os Municípios, que Municípios são esses, e com base em que critérios o fez? 3º Em que medida o Regionalização, sem ter tentado a aproximação das propostas? E termino com uma ultima pergunta: Afinal - para lá dos calcetamentos e das transferências casuísticas de verba - qual é a sua visão de desenvolvimento local?

5 Muito obrigada. JANIRA HOPFFER ALMADA