DISCURSO DE INVESTIDURA DO NOVO PRESIDENTE DA MESA DA ASSEMBLEIA NACIONAL, ENGº JORGE PEDRO MAURÍCIO DOS SANTOS

Transcrição

1 DISCURSO DE INVESTIDURA DO NOVO PRESIDENTE DA MESA DA ASSEMBLEIA NACIONAL, ENGº JORGE PEDRO MAURÍCIO DOS SANTOS Senhor Presidente da Assembleia Nacional cessante, Dr. Basílio Ramos, Excia Senhor Primeiro-Ministro, Dr. José Maria Neves, Excia Senhor Primeiro-Ministro indigitado, Dr. Ulisses Correia e Silva, Excia Membros da Mesa da Assembleia Nacional cessante, Excias Senhores Deputados da VIII Legislatura, Excias Senhores Membros da Mesa Eleitos, Excias Senhores Deputados Eleitos para a IX Legislatura, Excias Senhores Membros do Governo, Excias Senhor Presidente do Tribunal Constitucional Senhor Presidente do Supremo Tribunal de Justiça Senhor Procurador Geral da República Senhor Presidente da Câmara Municipal da Praia Excelentíssimos Senhores Membros do Corpo Diplomático Excelentíssimas Autoridades Civis e Militares Senhores Representantes das Confissões Religiosas Ilustres Convidados Minhas Senhoras e Meus Senhores Caro Dr. Basílio Ramos, Ao percorrer, a longa carreira de serviço à Pátria de Vossa Excelência entendo ser dever de justiça independentemente dos juízos que toda a vivência política desencadeia dirigir-me a Vossa Excelência uma palavra de gratidão pelo empenho que colocou na defesa do interesse nacional da óptica que se lhe afigurava correta, é certo mas em indesmentível dedicação a Cabo Verde. 1

2 Caros Deputados Caros Convidados Caros Concidadãos Nos termos constitucionais e regimentais, acaba de ser eleita a Mesa da Assembleia Nacional para a IX Legislatura, que terei a missão e honra de presidir. Expresso, em nome dos meus colegas Deputados da Mesa, o nosso profundo agradecimento pela confiança em nós depositada. Estamos cientes da responsabilidade em garantir isenção e imparcialidade na condução dos trabalhos parlamentares e na representação interna e externa da Casa parlamentar, expressão genuína dos cabo-verdianos, residentes nas ilhas e na nossa diáspora. Este novo Parlamento resulta da realização pela sexta vez em democracia, de Eleições Legislativas livres e transparentes, que vieram, uma vez mais, servir de teste ao sistema democrático e à maturidade do povo cabo-verdiano. Com a alternância realizada pela segunda vez, o nosso sistema ganhou consistência e diria mesmo irreversibilidade. Hoje, podemos afirmar que valeu a pena acreditar nas virtualidades da democracia representativa. Está igualmente provado, caros colegas Deputados, que não basta sermos legitimados pelo voto para representar e governar. 2

3 O povo das ilhas, residente e espalhados pelos quatro cantos do mundo, é cada vez mais, exigente quanto às atitudes formas de exercício do poder e qualidade das soluções, face às suas legítimas aspirações e desafios do país. Exige-se, pois, da classe política nacional espírito de abertura e diálogo, para se promover permanentemente espaços de participação, partilha e soluções construídas por todos os segmentos da sociedade ela própria, cada vez mais ciosa dos seus direitos. O Parlamento é a casa de todos os caboverdeanas no pais e na diáspora. Nós todos, eleitos nos círculos eleitorais do país e da emigração, somos expressão da vontade dos cidadãos que nos confiaram o mandato para o exercer com elevado sentido patriótico e de pertença aos valores que enformam a nossa identidade, plasmada de forma sublime na Constituição da República. A defesa e promoção dos ideais da República que consagram a unidade do Estado e a nossa identidade enquanto povo constituem-se como objectivos nacionais permanentes, que ultrapassam os ciclos eleitorais e políticos e que se assumem como um capital que não podemos desperdiçar e alienar. Estou certo que juntos saberemos encontrar novas formas de fazer presente o nosso trabalho, junto dos que agora nos confiaram a sua representação. E ao mesmo tempo estou certo que conseguiremos ter presente no nosso trabalho, os sofrimentos, necessidades, e ambições de todos aqueles que prometemos representar. A história destas ilhas diz-nos que somos um povo vencedor. 3

4 Conquistámos a Independência em 1975 e a democracia em Nestes quarenta anos de país independente, os caboverdianos provaram ser detentores de grande sentido patriótico e de tolerância, em momentos críticos, graças à generosidade e espírito de sacrifício e da sua capacidade de diálogo. Temos sim, razões para homenagear as mulheres e homens que têm dedicado a sua inteligência e espírito de missão em prol da construção de um país que promove a paz, a igualdade, o diálogo entre as nações, a boa governação, sendo por isso elogiado e respeitado por parceiros e organismos internacionais. Os ganhos e avanços que hoje, o país apresenta são obra de todos os cabo-verdianos que, nas ilhas e na diáspora, dão tudo de si para honrar Cabo Verde. Se é verdade que já fizemos conquistas importantes e consistentes nesses domínios, não é menos certo, que precisamos encontrar soluções para promover as potencialidades e novas oportunidades, concorrendo para um país com mais crescimento económico, mais rendimentos para as famílias e empresas, com menos desemprego, mais segurança, com maior equilíbrio ambiental, com menos desigualdades sociais, com maior coesão social e regional, donde resulta uma sociedade mais justa e com oportunidades para todos. Chegaremos seguramente ao dia em que um jovem de Rincão de Santa Catarina, de Monte Trigo no Porto Novo, de Fragata do Tarrafal de São Nicolau, de Relva dos Mosteiros ou Nossa Senhora de Monte na Brava, terá as mesmas oportunidades para se afirmar no ensino e no mercado de trabalho que um jovem residente na Praia, no Mindelo ou no Sal Caros Deputados 4

5 Caros Convidados Caros Concidadãos A Reforma do Estado, a Descentralização e a Regionalização do país assumem-se como grandes desafios do desenvolvimento destas ilhas do Atlântico Médio, com uma localização estratégica, donde resulta a sua importância económica e no quadro da Segurança Global. Se é certo que este quadro global é favorável, porque potenciadora da confiança dos parceiros e dos necessários investimentos externos, não é menos certo, que precisamos encontrar soluções internas do ponto de vista do modelo de desenvolvimento que permita um maior aproveitamento das oportunidades e potencialidades existentes em todas as regiões do país. Precisamos cada vez mais aproximar o poder, as instituições e as soluções das populações, contribuindo para o reforço da confiança nas suas potencialidades, no incremento da economia local, na fixação da população e na libertação da energia criadora. O desenvolvimento nacional acontecerá quando tivermos todas as nossas ilhas ligadas entre si e com o mundo. Cada ilha deverá afirmar-se como uma economia pujante ao serviço da estratégia global do desenvolvimento de Cabo Verde. Esta reforma política exigirá vontade e comprometimento do Parlamento e de todos os actores políticos mas sobretudo um amplo apoio das comunidades locais, tendo sempre em vista a salvaguarda da unidade nacional e do necessário equilíbrio social e regional. A reforma do sistema político e do Parlamento, em particular, devem ser erigidos como desafios inadiáveis do nosso sistema 5

6 democrático, contribuindo para uma maior participação dos cidadãos, nas ilhas e na diáspora, uma maior produtividade dos parlamentares e um sistema de poder que esteja alinhado com a dimensão do país e com as exigências da sociedade, que tem cada vez mais instrumentos de escrutínio da actividade e do exercício do poder por parte dos seus representantes. A Reforma do Parlamento deve ser assumida como uma prioridade da Assembleia Nacional, dos Deputados, da Mesa da Assembleia e dos Grupos Parlamentares. Cada Legislatura que começa é o renovar de esperanças para os cabo-verdianos. Digo-vos que é uma honra poder assumir nesta hora o desafio de presidir a Mesa deste Parlamento, que deverá estar à altura da enorme responsabilidade que nos foi atribuída pelos caboverdianos. Sabemos ao que vimos e para onde devemos caminhar, dando a nossa modesta contribuição para a irreversibilidade da democracia, para a integração das ilhas e para a afirmação de Cabo Verde no mundo. Esta ingente tarefa é, inevitavelmente, de todos nós. Viva a Democracia! Viva Cabo Verde! Assembleia Nacional de Cabo Verde, 20 de Abril de