ASSEMBLEIA NACIONAL. Auditório Nacional, 10 de Abril de 2017

Transcrição

1 1 ASSEMBLEIA NACIONAL Discurso do Presidente da Assembleia Nacional, Engº Jorge Santos, na Sessão Solene de Boas Vindas, ao Presidente da República Portuguesa, Professor Doutor Marcelo Rebelo de Sousa Auditório Nacional, 10 de Abril de 2017 Senhor Presidente da República Portuguesa, Excia Senhor Primeiro Ministro de Cabo Verde, Excia Senhor Presidente do Tribunal Constitucional Senhora Presidente do Supremo Tribunal de Justiça Senhoras e Senhores Membros do Governo de Cabo Verde Senhor Ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal Senhoras e Senhores Deputados à Assembleia Nacional Senhores Deputados à Assembleia da República Portuguesa Ilustres Membros da Delegação Presidencial Portuguesa Senhor Ex. Primeiro-Ministro, Dr. José Maria Neves Senhor Presidente do Tribunal de Contas Senhor Procurador-Geral da República

2 Senhora Presidente do Conselho Superior da Magistratura Judicial Senhor Provedor da Justiça Senhor Presidente da Câmara Municipal da Praia Senhores Presidentes das Câmaras e Assembleias Municipais Eminência Cardeal Arlindo Furtado, Bispo de Santiago Reverendo David Araújo, Superintendente da Igreja Nazarena Senhor Embaixador de Cabo Verde em Portugal Senhora Embaixadora de Portugal em Cabo Verde Senhoras e Senhores Membros do Corpo Diplomático e das Organizações Internacionais Digníssimas autoridades civis, militares e religiosas Digníssimos representantes das organizações da sociedade civil Senhoras e senhores jornalistas nacionais e estrangeiros Distintos Convidados Minhas Senhoras e Meus Senhores 2 Hoje é um dia especial para o Parlamento e para Cabo Verde. Temos a subida honra de receber na Casa do Povo e da Democracia, o Presidente da República de Portugal, o Professor Doutor Marcelo Rebelo de Sousa.

3 Uma ilustre e marcante figura da vida política portuguesa que, sem sombra para dúvidas, se presta a projetar-se, pelo brilhantismo e estilo genuíno de estar na política, por fronteiras outras, gerando paradigmas e fazendo escola. 3 É com imensa satisfação que, em nome do parlamento caboverdiano e de todos os deputados, faço uso da palavra nesta sessão solene para dar a Sua Excelência o Presidente da República Portuguesa as boas vindas ao nosso país e manifestarlhe o quanto nos sentimos honrados com tão importante visita. Na verdade, mais do que de um dignatário, trata-se da visita de um amigo de Cabo Verde e Chefe de Estado de um País especial que nunca se poupou a esforços para conferir às relações com o nosso país um cunho de amizade indelével e de comprometimento inequívoco. A presença de Vossa Excelência na Assembleia Nacional caboverdiana é um sinal forte em direcção à importância desta Casa Parlamentar como vetor, por excelência, de valorização do pluralismo e da democracia, sendo certo que tais atributos associados à condição do Parlamento como manifestação e expressão da vontade popular, contribuem sobremaneira para o reforço do seu papel no sistema político e sua dignificação na sociedade cabo-verdiana.

4 4 O regular funcionamento das nossas instituições e do sistema político, aliado à nossa paz social, inegável posição geográfica e composição da nossa população, marcadamente jovem, são capitais não negligenciáveis, que contribuem positivamente para o desenvolvimento económico e social e para a competitividade de Cabo Verde. A nossa democracia e os desafios do desenvolvimento do país clamam pela emergência de uma sociedade civil que, acreditando nas virtualidades do sistema de governação esteja disponível para escrutinar a cada momento as atitudes, comportamentos e as decisões dos vários espaços de exercício do poder, seja a nível central quanto local. Tenho dito, amiúde, e volto a afirmá-lo que quanto maior e melhor for o juízo e escrutínio que os cidadãos fazem das decisões dos atores políticos, maior é sua força vinculativa, pelo grau de legitimidade e respaldo popular. Aliás, estou convencido, que a Cidadania e a Transparência assumem-se como factores essenciais e quiçá incontornáveis para a Boa Governação. Senhor Presidente

5 5 Senhor Primeiro Ministro Ilustres convidados Entendo que é hoje consensual a excelência das relações de amizade e cooperação entre Portugal e Cabo Verde e nossos respetivos povos. Os laços e vínculos históricos e culturais são fortes e indestrutíveis. As nossas relações assentam-se numa base de confiança e de partilha de valores civilizacionais que perduram no tempo e se erigem como alicerce na construção de uma cooperação exemplar e de uma parceria estratégica de enorme impacto e relevância. Tornou-se comum dizer-se que as relações entre Portugal e Cabo Verde são privilegiadas. Podemos afirmar que Portugal é, hoje, um dos principais parceiros estratégicos de Cabo Verde, a nível Político-diplomático, a nível económico, comercial e a nível cultural e desportivo. Reafirmo e sublinho, Senhor Presidente, que Portugal é uma aposta prioritária e estratégica para Cabo verde. São relações históricas de vários séculos: que inclusive influenciaram de forma marcante a génese do povo cabo-

6 verdiano; que marcaram a nossa forma de estar e de ser; que moldaram a nossa cultura; que induzem as nossas opções politicas, económicas e humanas. 6 São relações consolidadas, animadas por uma densa e profunda cumplicidade e traduzidas numa parceria estratégica a todos os títulos abrangente, entre as nossas duas nações e Governos. Acresce, Senhor Presidente, a amizade e a solidariedade genuínas que Vossa Excelência sempre soube demonstrar para com os cabo-verdianos e seus governantes, e mais particularmente para com a diáspora em Portugal, são por demais evidentes. Igualmente realçamos a importância da concertação politica e diplomática, existentes entre os nossos Estados nas relações internacionais, designadamente no âmbito da nossa parceria especial com a União Europeia e no plano das mais diversas decisões em patamares internacionais diferenciados a que pertencemos; Enfim, uma parceria que já deu frutos imensos inclusivamente no âmbito da formação, reforço institucional e desenvolvimento, bem assim da consolidação do espaço CPLP.

7 Por essas razões, a vossa visita ao nosso país e ao parlamento, é especial e corolário da fértil amizade reciproca que os nossos países nutrem um pelo outro; é um tributo à democracia, à cooperação e à fraternidade. 7 Saúdo, pois, a Vossa Excelência e a delegação que o acompanha. Auguro-vos uma boa estada entre nós, convicto de que esta missão será coroada de reconfortantes resultados. Senhor Presidente Senhor Primeiro-Ministro Senhoras e Senhores As nossas relações com o povo e a nação portugueses são fortes, são exemplares. Constituem uma importante contribuição para a construção da paz e do entendimento entre os povos. Relevam como factores incontornáveis para a edificação de um mundo mais solidário e mais justo. E a este propósito quero realçar o papel de Portugal nas nossas relações com a União Europeia. Reconforta-nos o nível que atingiram e o papel que desempenham no nosso processo de desenvolvimento e na nossa afirmação no Mundo.

8 Mas não nos esquecemos que para tanto foi primordial o facto de sempre termos estabelecido e mantido com o Povo e o Estado Portugueses uma relação exemplar sob todos os ângulos. 8 Importa realçar dois instrumentos importantes em que esta relação de fraternidade que construímos com Portugal foi importante e decisivo para o desenvolvimento de Cabo Verde: a indexação do escudo cabo-verdiano ao EURO e o Acordo de Parceria Especial Cabo Verde-EU. A indexação do Escudo Cabo-verdiano ao Euro, convém lembrar, começou com um acordo de paridade fixa com o Escudo Português, em Foi de capital importância no nosso desenvolvimento económico e na atração de investimentos diretos externos, pelo quadro de estabilidade e previsibilidade que estabeleceu a nível Nacional. Fixou balizas instrumentais de gestão macroeconómica do País e reforçou o grau de confiança dos investidores nas instituições nacionais. O Acordo de Parceria Especial, adotado em 2007 e que neste ano vai comemorar os seus 10 anos, constitui igualmente um importante instrumento na aproximação e relacionamento Cabo Verde/ União Europeia, com a nossa Região da Africa Ocidental (CEDEAO) e com o mundo.

9 9 Sr. Presidente Sr. Primeiro-Ministro Senhoras e Senhores Deputados Minhas Senhoras e meus Senhores O desafio lançado por Portugal na Cimeira dos Chefes de Estado do Rio de Janeiro em matéria de convergência e mobilidade dos cidadãos no seio da CPLP, constitui um imperativo básico e essencial para o reforço da amizade e cooperação entre Cabo Verde e Portugal, uma consequência lógica da nossa história em comum, da nossa aproximação cultural e humana. Citando o Senhor Presidente Marcelo na condecoração do emblemático músico cabo-verdiano, Tito Paris, horas antes de sua partida para Cabo Verde, disse: Mais do que negócios, mais do que economia, mais do que finanças, é a cultura o que importa. Senhor Presidente, este é também o sentimento dos caboverdianos residentes e na diáspora.

10 Está claro que existe da parte dos representantes políticos e instituições democráticas dos nossos países vontade política para reforçar ainda mais o quadro de Cooperação existente, onde a Cooperação Parlamentar assume papel de relevo. 10 Enalteço neste particular, a profícua parceria e amizade que temos mantido com a Assembleia da República Portuguesa com ganhos palpáveis e estratégicos no que diz respeito à reforma e modernização do nosso parlamento, à abertura do parlamento à sociedade e na troca de experiências entre os nossos parlamentares, algo seguramente importante na consolidação da confiança institucional. Se é verdade que existem condições históricas e estratégicas para uma verdadeira e profícua aproximação funcional de Cabo Verde ao espaço europeu ou ainda da região geográfica da Macaronésia, não é menos verdade que teremos que lançar um olhar atento em relação à CPLP. Portugal e Cabo Verde, enquanto fundadores e entusiastas convictos do projeto lusófono, têm especiais responsabilidades no reforço e na promoção da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, transformando-a numa comunidade robusta e construtiva, de cidadãos e de parcerias a todos os níveis: económico, social e cultural.

11 11 O quadro de confiança e cumplicidade entre Cabo Verde e Portugal é um capital e um ativo que devemos reforçar e explorar, quer a nível das nossas relações bilaterais, quanto ao nível das organizações multilaterais a que ambos pertencemos. Neste quadro, entendemos que a cooperação entre a nossa Assembleia Nacional e a Assembleia da República Portuguesa deve ser mais ampla e profunda, tendo como pano de fundo inspirativo e operacional o Acordo de Parceria Especial de Cabo Verde com a União Europeia, com vista a um melhor aproveitamento das virtualidades do pilar Boa Governação e introduzindo ações concretas tendentes ao reforço da qualidade da nossa democracia e suas instituições ao reforço da cooperação e diplomacia parlamentar. Senhor Presidente Senhor Primeiro-Ministro Senhoras e Senhores Deputados

12 Esta visita é um marco importante para o reforço da nossa amizade e cooperação, por via da associação e vinculação acrescida de novos campos exploratórios de parceria. 12 Primeiro, porque ela acontece num momento impar e especial para os cabo-verdianos que viveram há poucos meses um período eleitoral intenso e protagonizaram mais uma alternância política na normalidade e tranquilidade. Mais uma prova de robustez e funcionalidade das nossas instituições eleitorais e da credibilidade e qualidade da nossa democracia. Depois porque ela foi antecedida de um outro momento importante a visita do Primeiro-ministro português ocasião que permitiu aos nossos dois países, através dos chefes de governo respetivos, alargar e reforçar as bases de cooperação, designadamente assinando um novo programa estratégico de cooperação e estendendo-o a áreas como a Capacitação no Sector de Defesa, Acordos Técnico-policiais, Apoio ao Sector da Justiça e Promoção e Desenvolvimento do Sector Empresarial para além de áreas já tradicionalmente consagradas como a saúde, os assuntos sociais e a educação.

13 Por isso entenderá, Sua Excelência Senhor Presidente, que é legítimo afirmarmos que a sua estada entre nós constitui certamente o coroar das excelentes relações de amizade, cumplicidade e cooperação entre os nossos dois países e um dos pontos mais altos da implementação da visão que partilhamos e fomos construindo e consolidando, ao longo da nossa história. 13 Acredito, ainda, que Vossa Excia terá o prazer de, durante o seu mandato, acrescentar várias pedras na excelência deste edifício que é a cooperação entre Cabo Verde e Portugal. Acreditamos firmemente, que estes dias entre nós, se erguerá uma ocasião propícia para melhor conhecer as nossas gentes e aquilatar-se de como elas são ciosas das nossas relações com Portugal. Creia Senhor Presidente, que a honrosa presença de Vossa Excelência nesta Casa da Democracia ficará indelevelmente gravada na história do Parlamento como um marco inesquecível. Senhor Presidente Políticos com a sua dimensão humana e envergadura política e social assumem-se sempre como uma afirmação permanente de confiança e de esperança para as nações.

14 14 Boa estadia em Cabo Verde, Um muito obrigado pela vossa distinta presença e atenção