Seminário Cooperação da CPLP no quadro da União Europeia que instrumentos?

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1 Seminário Cooperação da CPLP no quadro da União Europeia que instrumentos? Lisboa, 25 de janeiro de 2017 Sala do Senado Assembleia da República de Portugal Intervenção do Diretor de Cooperação, Manuel Clarote Lapão (só faz fé a versão efetivamente proferida) [Cumprimentos protocolares] Senhor Vice-Presidente da Assembleia da República, Dr. Jorge Lacão Senhor Presidente da Delegação da Assembleia da República à Assembleia Parlamentar da CPLP (AP-CPLP), Dr. Marco António Costa Senhor Vice-Presidente da Delegação da Assembleia da República à AP-CPLP, Dr. Porfírio Silva Senhora Secretária de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação, Dra. Teresa Ribeiro Senhoras e Senhores Deputados Senhoras e Senhores membros do painel Distintos convidados Minhas Senhoras e meus Senhores Muito boa tarde! Em nome da Senhora Secretária Executiva da CPLP, Maria do Carmo Silveira, gostaríamos que as nossas primeiras palavras fossem, naturalmente, de agradecimento ao Senhor Presidente da Delegação da Assembleia da República à AP- CPLP, Deputado Marco António Costa, que saudamos, pelo convite que nos foi dirigido. 1

2 Saudamos, também, todos aqueles que compõem o programa deste Seminário e que já aqui partilharam as suas perceções sobre tema, bem como aqueles que assistem aos trabalhos que aqui decorrem. Consideramo-lo, acima de tudo, um momento de partilha e aprendizagem, particularmente num momento em que as RI se parecem querer reconfigurar num novo paradigma, com contornos ainda pouco previsíveis. Poderá parecer estranho que o Diretor de Cooperação da CPLP, com óbvias responsabilidades na forma como a Comunidade acompanha este tema, refira que este é um momento de aprendizagem. Mas assim é, pois se muitos se referem à CPLP sem mencionar a verdadeira dimensão e potencial do seu pilar de cooperação, alguma coisa haverá para partilhar e aprender. Minhas Senhoras e meus Senhores, Tendo nascido há mais 20 anos, a CPLP está, desde a sua fundação, ao serviço do aprofundamento das relações entre os seus Estados membros, nomeadamente no quadro da estabilização dos processos democráticos, do fortalecimento das instituições de Direito e da promoção do desenvolvimento económico e social. Mas o tempo e as vontades são hoje muito diferentes da conjuntura que levou à criação da CPLP, em 1996: A política social encontra-se cada vem mais subordinada às exigências da política económica; Assiste-se a uma perda de peso da escala nacional, com limitação dos espaços de soberania e perda de 2

3 decisão a favor de estruturas intergovernamentais, o que promove a valorização da dimensão regional e local; Verifica-se um aumento da relevância do papel das redes e parcerias público-privadas e dos modelos de coordenação daí resultantes e, por último, Uma aceleração tecnológica com a utilização crescente das TIC, de modelos de governação eletrónica e promoção da economia digital ou 4.0. Assim, hoje, mais do que nunca, a conjuntura obriga a repensar os modelos de desenvolvimento e cooperação internacional, uma vez que é urgente e necessário continuar a: Reforçar a coesão social, económica e regional, gerando capital social e potenciando o desenvolvimento local; Promover a cidadania ativa e participativa, a solidariedade e um tipo de economia que coloque as pessoas em primeiro lugar; Estimular processos de desenvolvimento sustentável, a inovação social, ambiental e tecnológica. Como tal, parece hoje incontornável a necessidade de criação de sinergias entre o económico, o social e o político. Estas devem ser baseadas em relações de interdependência recíproca e benefício mútuo, num diálogo contínuo e na partilha de recursos produtivos. Por outro lado, é também necessário potenciar modalidades de proximidade junto de comunidades e a integração social dos grupos mais vulneráveis. E isso só se faz com Cooperação para o Desenvolvimento Minhas Senhoras e meus senhores, 3

4 Creio que não será demais recordar a relevância atribuída pela Comunidade Internacional à aprovação, em Nova Iorque, em setembro de 2015, da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. Porém, obstáculos como uma limitada base económica, a ampliação das desigualdades de rendimento e uma fraca estrutura institucional, poderão comprometer a realização dos ODS, perpetuando fenómenos de instabilidade e progressos desiguais e frágeis na redução da pobreza. 20 anos após o seu ato constitutivo, a CPLP repensou a sua visão estratégica para o futuro, ao mesmo tempo que procurou reforçar a sua visibilidade e notoriedade junto dos cidadãos dos seus Estados membros. A aprovação do documento Cooperação na CPLP - Uma visão estratégica no Pós 2015, em julho de 2015, antecipou a aprovação desta nova Visão Estratégica para a CPLP e permitiu demostrar o amadurecimento do debate sobre as dinâmicas de cooperação em vigor na Comunidade. Neste texto se diz A Cooperação entre Estados membros (EM) da CPLP e desta com distintos parceiros de desenvolvimento é um pilar estratégico da Organização que permite afirmar a identidade dos EM, fortalecer a cidadania comunitária e reforçar os laços culturais, sociais, económicos e políticos. Minhas Senhoras e meus Senhores, A execução do Plano Indicativo de Cooperação (PIC) da CPLP demonstra uma dinâmica positiva e um reforço da importância estratégica associada ao pilar de cooperação, 4

5 enquanto instrumento operacional do diálogo político no seio da Comunidade. Esta dinâmica foi acompanhada pela crescente visibilidade e reconhecimento internacional do papel da CPLP em domínios de cooperação como a Saúde, Segurança Alimentar e Nutricional, Trabalho Infantil, Mares, Direitos Humanos, Energia e Governação Eletrónica. De realçar que nestes domínios, bem como noutros, a CPLP opera com base em reuniões ministeriais setoriais que têm aprovado planos estratégicos de cooperação. Planos como o PECS-CPLP, na área da Saúde, ou a Estratégia de Segurança Alimentar e Nutricional da CPLP (ESAN-CPLP) e a Estratégia dos Mares da CPLP, são apenas alguns exemplos. Ao nível do Secretariado Executivo da CPLP (SECPLP), essa dinâmica tem sido acompanhada e trabalhada de forma integrada através do aprimoramento dos procedimentos e metodologias internas, com o objetivo de melhorar o seu nível de eficiência e eficácia bem como o seu relacionamento com todos os atores envolvidos nos processos associados ao ciclo de gestão do projeto na CPLP. Mas subsistem ainda desafios e oportunidades que devem ser analisados. Em benefício da agenda identificam-se apenas três: Necessidade de estimular a identificação conjunta com diferentes parceiros de desenvolvimento de propostas de novas atividades, designadamente no quadro do MdE assinado com a União Europeia em 2007; Introduzir mecanismos de previsibilidade de recursos e programação plurianual, difíceis de concretizar no modelo de contribuições vigente para o Fundo Especial da CPLP; 5

6 Necessidade de estimular um diálogo e coordenação crescente com os Estados Associados, a AP-CPLP, Observadores Consultivos, Sociedade Civil e Setor privado da CPLP, numa lógica de incremento da partilha e troca de boas práticas, elevando assim a capacidade de gerar impactos mais positivos na agenda da cooperação da CPLP e ampliando a sua capacidade de funcionamento em rede. Não existe qualquer dúvida de que A CPLP continuará a ser um fórum privilegiado para o aprofundamento da amizade mútua e da cooperação entre os seus membros! Essa filosofia poderá ser decisiva num clima de crescente incerteza, em que as dificuldades conjunturais limitam uma atuação consentânea dos poderes públicos na satisfação equitativa das necessidades coletivas das nossas sociedades. E este desafio é particularmente interessante no Espaço CPLP, composto por 9 Estados, espalhados por 4 Continentes, com especificidades e contextos distintos. Estamos certos que, apesar das condicionantes políticas, sociais e económicas, o espaço CPLP pode ser palco de uma integração global crescente e de um modelo de desenvolvimento mais inclusivo, baseado em arquétipos de cidadania e governação partilhados. Deixamos aqui expressa a nossa vontade de continuar a construir pontes com todos os parceiros de desenvolvimento que entendam associar a CPLP nas respetivas prioridades. No caso concreto da parceria com a Comissão Europeia (CE), gostaríamos de recordar que assinámos, a 7 de Novembro de 2007, um Memorando de Entendimento (MdE) que, tendo por base os princípios e o caráter multidimensional 6

7 da governação democrática, estabelece, genericamente, o reforço da concertação, cooperação e a coordenação entre as partes no desenvolvimento conjunto de projetos e programas. Submetemo-nos depois a um processo de aferição de procedimentos, conhecido por auditoria dos 4 pilares, que concluiu que os normativos aplicados pelo SECPLP estavam bem estabelecidos e operacionalizados num grau satisfatório, tendo fornecido uma garantia razoável de que a CPLP preenchia os critérios para lhe ser atribuída a responsabilidade de tarefas orçamentais no modo de gestão conjunta com a Comissão Europeia. No entanto, do diálogo que se foi mantendo entre a CPLP e a CE essa oportunidade nunca surgiu, subsistindo, inclusivamente a ideia, junto dos ordenadores nacionais do FED nos PALOP e Timor Leste, que o processo nunca teria sido plenamente concluído pela CPLP. Esse assunto ficou definitivamente esclarecido e resolvido em Fevereiro de Mas nesse momento, por via do novo Regulamento Financeiro aplicável ao orçamento geral da CE e ao FED, a CPLP deixou se der elegível e deverá voltar a candidatar-se a um novo exercício de auditoria, que poderá confirmar os anteriores resultados. Uma vez CPLP está hoje melhor apetrechada com procedimentos e instrumentos de controlo interno, existem garantias de que a CPLP passará tal exercício com distinção. Nessa eventualidade e no quadro do ciclo orçamental 2014/2020, a CPLP gostaria de poder trabalhar no âmbito do Fundo Europeu de Desenvolvimento (FED) e do Fundo Europeu para o Desenvolvimento Sustentável, com especial 7

8 ênfase na apropriação dos ativos do Programa Regional PALOP - Timor Leste, que dificilmente serão renovados. Em termos de áreas temáticas, sentimos poder colaborar em setores como: Educação para o desenvolvimento e cidadania Direitos humanos Segurança alimentar e nutricional Energia para o desenvolvimento Juventude e desporto Sociedade civil Saúde e Género Mares e oceanos Trabalho infantil Governação eletrónica e Agenda digital Estamos, por isso, dispostos a trabalhar afincadamente na concretização da parceria firmada em 2007 e para isso contamos com o apoio da AP-CPLP e com as estruturas dos Estados membros presentes nos comités decisórios destes programas, em concreto com os Ordenadores Nacionais do FED. Renovamos os nossos cumprimentos pela iniciativa e agradecemos a vossa atenção. 8