Movimento para a Democracia. Senhor Presidente da Assembleia Nacional Caras e Caros Colegas Deputados Senhor Ministro do Estado

Transcrição

1 Senhor Presidente da Assembleia Nacional Caras e Caros Colegas Deputados Senhor Ministro do Estado Cabo Verde está de parabéns. Os cabo-verdianos devem orgulhar-se do actual governo liderado pelo Dr. Ulisses Correia e Silva. Pois, com este governo, melhoramos o combate à corrupção. É o Índice de Percepção da Corrupção (IPC), elaborado anualmente pela organização Transparência Internacional, quem o diz. Na sua edição de 2018, agora divulgada, a Transparência Internacional destaca Cabo Verde como o terceiro país mais bem classificado na África e o 45º ao nível mundial, sendo a lista encabeçada pela Dinamarca e pela Nova Zelândia. Das 180 nações fazemos orgulhosamente parte do restrito grupo de 1/3 dos países que conseguiram melhorar as suas pontuações relativamente ao estudo do ano anterior. Subimos num só ano três lugares, passando da 48ª posição para a 45ª ao nível mundial. O nosso orgulho deve ser redobrado, uma vez que, em 7 anos, tão-somente uma vintena de países conseguiram melhorias significativas nas suas pontuações, enquanto, no mesmo período, 16 outros países pioraram de forma significativa as suas classificações. Esta honrosa subida de três posições numa matéria que, pela sua relevância, está de uma forma generalizada na agenda e na prioridade dos Estados de Direito Democrático, deve convocarnos para uma profunda reflexão. 1

2 À laia de exemplo, devemos questionar: 1). As razões por detrás desta melhoria? 2). Por que razão uma certa oposição, estando sempre em contramão, ao invés de celebrar este importante ganho do país, lança gratuitamente opróbrios de intransparência ao governo na gestão da coisa pública e irresponsavelmente coloca em xeque a imagem e o bom nome do país e dos seus dirigentes? 3). Matéria desta natureza não devia unir o país, nomeadamente as forças políticas, ao invés de ser utilizada na luta politica? 4). Se neste particular estamos a conseguir realizar a Constituição da República e a responder as expectativas dos cabo-verdianos. Estas são apenas algumas questões às quais muitas outras podem juntar-se para que possam ser clarificados os propósitos por detrás de certas falsas narrativas que mais não visam senão distorcer a realidade, a qual deve ser apresentada à sociedade cabo-verdiana, sem distorções, isto é, tal como ela é, de facto. Pois, com certeza, estamos perante um dos resultados advenientes de uma nova modalidade do exercício do poder protagonizado por este governo, com o erário a ser gerido com total transparência. O reconhecimento, ora alcançado, é um selo internacional que representa um bem intangível de considerável relevância, em atenção à importância que se reveste seja, por exemplo, na mobilização de mais investimentos directos estrangeiros, seja no aprofundamento e consolidação das nossas relações com os parceiros internacionais, seja, em última instância, na promoção da imagem de Cabo Verde no mundo. Quem gere a coisa pública está vinculado aos princípios da defesa intransigente do interesse público e da transparência e ao compromisso de ser intolerante para com todas as práticas que os 2

3 violem, empenhando-se com denodo no combate por todos os meios à corrupção. Folgamos em saber que o actual governo, desde a primeira hora, se alinhou com esta compreensão, nomeadamente na vertente da prestação de contas e na eventual responsabilização política e criminal, bem como na criação de melhores condições para o controlo e fiscalização da gestão do erário. É neste quadro, e para um melhor controlo da Gestão Pública, que o governo, mal entrou em funções, mandou realizar um conjunto de auditorias, de entre outros, ao Hospital Agostinho Neto, à ANAC, ao Fundo Autónomo de Apoio à Cultura - Novo Banco, ao Fundo de Sustentabilidade Social para o Turismo, ao processo de contratação de serviços de empreitada para remodelação e reabilitação do edifício Central do Ministério das Finanças, tendo sido detectados casos de duvidosa legalidade o que implicou o encaminhamento dos respectivos relatórios ao Ministério Público. Igualmente, é nesta senda que medidas de políticas têm sido implementadas, como, por exemplo, o reforço do papel do Tribunal de Contas, com a aprovação da lei que permite a fiscalização concomitante, e amplia o perímetro e âmbito da sua intervenção directa e indirecta a todas as entidades que recebem ou gerem recursos públicos. Temos, ainda, a destacar o reforço do papel da Agência Reguladora da Aquisição Pública ARAPE que tem levado a uma considerável diminuição das adjudicações directas que como é consabido se não for bem gerido é uma porta aberta à corrupção. Hoje, podemos afirmar com toda a propriedade que estamos no rumo certo para que tenhamos uma Administração Pública gerida cada vez mais de forma racional, eficiente e focada na criação de resultados para todos os Cabo-verdianos. 3

4 Sentimo-nos confortados por saber que o Governo está e continuará empenhado em reforçar a transparência e o combate à corrupção, através da promoção de medidas e da regulamentação de leis que permitam construir uma máquina pública de excelência. Pois, é consabido que este governo e a maioria que o suporta estão cientes de que a corrupção é o maior cancro da Democracia. A reforçar a ideia, atemo-nos à autorizada afirmação de Patricia Moreira, diretora executiva da Transparência Internacional: "A corrupção mina a democracia e produz um ciclo vicioso em que a corrupção corrói as instituições democráticas e, por sua vez, instituições fracas são menos capazes de controlar a corrupção." A acrescentar, diversos estudos têm mostrado que existe uma estreita relação entre a corrupção e o estado da democracia, pondo a descoberto manifestos sinais do impacto da corrupção na deterioração do Estado de Direito e das instituições democráticas, no cerceamento do espaço da sociedade civil e da imprensa independente, criando um caldo propício para o fomento do populismo, como o bem retrata Delia Ferreira Rubio, presidente da Transparência Internacional: "É muito mais provável que a corrupção floresça onde as fundações democráticas são fracas e, como temos visto em muitos países, onde políticos antidemocráticos e populistas podem usála a seu favor. Por isso, o nosso desígnio deve ser o de lutar contra a corrupção, mas também contra o populismo e a demagogia com todas as armas à nossa disposição e reduzir a zero o espaço para não termos jamais situações como as do passado recente já entregues à Procuradoria Geral da República para investigação. 4

5 E nesta matéria, o governo sabe que pode contar com o nosso grupo parlamentar e esperamos que a oposição reveja a sua posição e, ao invés de brindar o governo com críticas infundadas, possa aplaudir as medidas em curso para blindar o país contra a corrupção e, ao mesmo tempo, trazer a sua contribuição para o efeito. Cabo Verde, livre da corrupção, é, com certeza, um espaço melhor para o seu povo e para aqueles que o visitam. No combate eficaz e sem tréguas à corrupção, estamos a construir um país melhor. Muito Obrigado Praia, 31 de Janeiro de Emanuel Barbosa Deputado nacional do MpD pelo círculo da Europa e 1º Vice-presidente da Direcção do Grupo Parlamentar do MpD. 5