República de Moçambique Ministério de Economia e Finanças Autoridade Tributária de Moçambique

Transcrição

1 República de Moçambique Ministério de Economia e Finanças Autoridade Tributária de Moçambique Intervenção da Exma Senhora Presidente da Autoridade Tributária de Moçambique Por Ocasião de Abertura do Fórum Diálogo Africano sobre Tributação 2015 Dra. Amélia T. M. Nakhare Maputo aos 16 de Novembro de 2015

2 Sua Excelência Senhor Primeiro Ministro da República de Moçambique; Suas Excelências Senhores Membros do Governo de Moçambique; Sua Excelência Senhora Governadora da Cidade de Maputo; Excelentíssimo Senhor Presidente do Internacional Tax Investment Centre (ITIC); Excelentíssimo Senhor Professor da Universidade de Pretória e Assessor Económico do International Tax and Investment Center; Excelentíssimos Senhores Comissários Gerais e Representantes das Administrações Tributárias de África; Distintos Convidados; Minhas Senhoras e Meus Senhores, Antes de mais gostaria de desejar boas vindas a todos os participantes do Fórum Diálogo Africano sobre Tributação A República de Moçambique, em particular a Autoridade Tributária de Moçambique, sente-se bastante honrada por acolher o tão prestigiado evento que decorre sob o lema Analisando e Administrando os Sistemas Fiscais Africanos. 2

3 Trata-se de um evento que acontece num momento particularmente especial para a Autoridade Tributária de Moçambique que completa ainda nesta semana 09 anos da sua criação como Autoridade Tributária, cuja efeméride terá lugar no dia 20 de Novembro corrente. A Autoridade Tributária foi criada no âmbito da implementação da Estratégia de Reforma na área das Finanças Públicas, no que diz respeito ao fortalecimento da capacidade de arrecadação de receitas, sendo de notar que desde 1996 o Governo de Moçambique tem vindo a implementar reformas profundas nas áreas aduaneira e fiscal com enfoque na simplificação e modernização do sistema tributário, alinhando-o às boas práticas regionais e internacionais, visando garantir o alargamento da base tributária e o aumento sustentável da receita colectada, contribuindo dessa forma para a redução do défice orçamental. Estas reformas tiveram como ponto mais alto com a criação, em 2006, da Autoridade Tributária (AT), que trouxe uma maior dinâmica na implementação de políticas tributárias com impacto na melhoria da carteira de arrecadação de receitas fiscais e aduaneiras que evoluíram, em termos de rácio fiscal, de 15,4% em 2006 para 29.2%, em

4 Como podemos depreender, a Autoridade Tributária é uma instituição jovem com grandes desafios cuja experiência será partilhada com colegas das instituições congéneres aqui presentes e também aproveitaremos o privilégio de contar para esta sessão de dois dias, com especialistas de renome internacional em matéria de fiscalidade. Estamos cientes que a tónica da nossa discussão será no sentido de tocar mais directamente nos aspectos de tributação que preocupam cada um dos nossos países, em especial àqueles relacionados com a tributação de sociedades, erosão fiscal, a dupla tributação, os incentivos fiscais, o fluxo ilícito de capitais, aspectos que não deixam nenhum dirigente de Administração Tributária em África com sono. Estamos pois também muito preocupados com a crescente mobilidade de capitais e investimentos, que tem conduzido a que o crescimento da evasão fiscal não se limita ao território nacional e recorre a outros espaços fiscais para transferência de rendimentos que no país de residência do seu titular suportaria uma tributação mais elevada, aliada a problemática da planificação fiscal. 4

5 A economia digital também representa um grande desafio à tributação internacional, devido a dificuldade de determinar a jurisdição na qual o valor é criado, pelo facto da mesma assentar nos activos intangíveis, usar massivamente os dados de natureza pessoal, e modelos de negócios multilaterais. Isto gera questões fundamentais tais como: a forma como as empresas na economia digital acrescentam valor e geram os seus lucros; de que modo a economia digital se relaciona com os conceitos de origem e residência, ou com a caracterização dos rendimentos para efeitos tributários. Ao mesmo tempo, o facto de que as novas formas de fazer negócio pode resultar num deslocamento de funções essenciais desses negócios e, consequentemente, uma redistribuição do poder de imposição tributária. É importante examinar de perto como é que as empresas da economia digital acrescentam valor e geram os seus lucros, para determinar se e em que medida será necessário adaptar a legislação vigente para ter em conta as características especifica desta indústria e prevenir a erosão da base tributária e a transferência de lucros. Moçambique reconhece a existência do um desafio de especialização de quadros nos sectores de negócio modernos e complexos. 5

6 É do conhecimento que o nosso continente enfrenta grandes desafios na matéria de tributação. Para levarmos a cabo e com sucesso o mandato dos nossos respectivos governos, temos que dar ênfase na capacitação institucional contínua das nossas administrações tributárias, incluindo aprimoramento do pacote legislativo alinhado a boas práticas internacionais que a esse respeito, podemos contar com apoio dos nossos Parceiros como o Fórum Africano das Administrações Fiscais (ATAF), Internacional Tax Investment Centre (ITIC) African Tax Institute (ATI), entre outros. Em muitas administrações fiscais, as receitas colectadas apenas constituem uma componente significantiva para orçamento do Estado e o maior desafio imposto é a melhoria da colecta que muitas vezes decorre num contexto em que, em termos aduaneiros, somos chamados a cumprir com os compromissos de desarmanto tarifário no âmbito da agenda de integração regional nos diferentes grupos económicos que cada País se encontra filiado. Reconhecemos que o alcance do sucesso depende fundamentalmente das nossas capacidades de implementação de mecanismos de gestão 6

7 tributária modernos, incluindo e essencialmente a promoção de transparência e integridade. Imbuído neste espirito, a Autoridade Tributária de Moçambique tem vindo a implementar reformas na área de legislação por forma a tornala mais simples e compreensível no sentido de assegurar a efectividade e transparência na sua implementação quer pelos funcionários, quer pelos contribuintes. Outra componente importante é o desenvolvimento dos recursos humanos, formação e capacitação, sendo que ainda nesta área, está na nossa agenda para o ano de 2016, a inauguração da Escola Superior Tributária. As nossas reformas consideram ainda, a expansão de infra-estruturas para garantir a comodidade dos contribuintes ao mesmo tempo que implementamos acções tendentes ao alargamento da base tributária, incluindo a implantação de sistemas informatizados de gestão de cobrança, cujo objectivo é facilitar o cumprimento das obrigações fiscais pelos contribuintes, reduzindo o tempo e o custo associado ao processo de pagamento do imposto. Minhas senhoras e meus senhoras 7

8 Os resultados que almejamos alcançar só pode ser realidade agindo colectivamente numa colaboração sinérgica e permanente. A plataforma de Diálogo Africano sobre Tributação é uma iniciativa que responde ao objectivo de cooperação entre as Administrações Tributárias Africanas, na perpectiva de constituir um espaço de debate aberto sobre as questões centrais de tributação em África. Moçambique acolhe a reunião deste Fórum lançado em Fevereiro de 2010 na África do Sul e a última teve lugar em 2014 na vizinha Tanzania, e a nossa mensagem é particularmente inequivoca e clara nesta plataforma e estamos encorajados com a participação de académicos, sector privado e sociedade civil, no sentido de que África deve tomar medidas consistentes de tributação dos recursos africanos em exploração, e este é um fórum que colectivamente podemos discutir os melhores caminhos a seguir neste propósito. Minhas Senhoras e Meus Senhores Desde o início, expressamos a nossa profunda e sincera gratidão pela honra de presença de Vossas Excelências neste evento e nessa 8

9 conformidade gostariamos de assumir o compromisso de trabalhar juntos, olhando em frente no sentido de trazer soluções sustentáveis a médio e longo prazos para uma África cada vez mais melhor. Muito Obrigada Maputo, aos 16 de Novembro de