A aplicação das cláusulas antiabuso das Convenções para Evitar Dupla Tributação
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- Gonçalo Abreu Maranhão
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1 A aplicação das cláusulas antiabuso das Convenções para Evitar Dupla Tributação
2 Contexto Internacional Aumento contínuo do fluxo de rendas: Maior facilidade de elaboração de planejamentos tributários internacionais; Uso de partes relacionadas localizadas no exterior, facilitado pela mobilidade do capital internacional; Crescente volume de serviços, intangíveis, juros e dividendos no cenário econômico; Tendência global de combate ao planejamento tributário abusivo internacional: Perda de receitas tributáveis; Efeitos nocivos sobre a concorrência; Necessidade de dinamismo das Administrações Tributárias
3 Contexto Internacional Oportunidades geradas pelo novo padrão de transparência e intercâmbio de informações do Fórum Global sobre Transparência e Troca de Informações para Fins Tributários : Crise financeira de 2008 levou ao endurecimento do combate à evasão e elisão fiscais; Declaração do G 20: Estamos prontos para tomar medidas coordenadas contra aquelas jurisdições que não preencham os padrões internacionais em relação à transparência tributária. Para esse fim, concordamos em desenvolver uma caixa de ferramentas de efetivas contra medidas para os países considerarem, tais como: Maiores exigências de transparência por parte dos contribuintes e instituições financeiras para relatar transações envolvendo jurisdições não cooperantes Tributação na fonte sobre pagamentos Indedutibilidade de despesas pagas a residentes em jurisdições não cooperantes Revisão da política de Convenções para Evitar a Dupla Tributação Pedido a instituições internacionais e bancos regionais de desenvolvimento para revisarem suas políticas de investimento
4 Cláusulas antiabuso nas Convenções para Evitar Dupla Tributação Objetivo das Convenções em matéria de renda: Evitar dupla tributação; e Prevenir a elisão e a evasão fiscais; Comentários da OCDE ao art. 1º da Convenção Modelo Parágrafo 22: Regras internas que impedem o abuso de tratados, princípio da substância sobre a forma e existência de substância econômica.
5 Cláusulas antiabuso nas Convenções para Evitar Dupla Tributação Aplicação das Convenções para Evitar Dupla Tributação: Os benefícios de uma Convenção não devem ser aplicados quando o principal propósito para certas operações for assegurar uma posição tributária mais favorável; O objetivo de uma Convenção é evitar a dupla tributação e não promover a dupla não tributação ; A Convenção não afasta a aplicação de normas domésticas antiabuso.
6 Evolução no Contencioso Administrativo Brasileiro Formalismo (civil law) x Substância sobre a forma (common law) Mudança legislativa 2001: Art. 116 Parágrafo Único Código Tributário Nacional: A autoridade administrativa poderá desconsiderar atos ou negócios jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária, observados os procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinária.
7 Evolução no Contencioso Administrativo Brasileiro Utilizaçãodemecanismosdecombatea abusos (substância sobre a forma) autuações mantidas no CARF* (julgamentos a partir de 2004): Fraude à lei; Simulação; Abuso de direito; Propósito negocial; Existência de casos de abuso internos e externos: Casa e separa Incorporação às avessas; Interposição de pessoas jurídicas sem substância econômica em países com os quais o Brasil possui tratados (tentativa de abuso das Convenções). * CARF: Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (2ª instância do julgamento administrativo).
8 Substância sobre a forma Aplicabilidade Caso concreto brasileiro Brasil A País com tratado Controlada Direta B Lucro Total B : R$ ,71 Lucro operacional (próprio): R$ ,03 Equivalência Patrimonial ( C D ): R$ ,68 País sem tratado Controlada Indireta C Lucro: R$ ,62 País com tratado Controlada Indireta D Prejuízo: (R$ ,94)
9 Substância sobre a forma Aplicabilidade Caso concreto brasileiro Matéria: IRPJ ano calendário 2002 Contribuinte: Empresa A Ementa do Acórdão: LUCROS AUFERIDOS NO EXTERIOR POR INTERMÉDIO DE CONTROLADAS INDIRETAS Para fins de aplicação do art. 74 da MP* n , os resultados de controladas indiretas consideram se auferidos diretamente pela investidora brasileira, e sua tributação no Brasil não se submete às regras do tratado internacional firmado com o país de residência da controlada direta, mormente quando esses resultados não foram produzidos em operações realizadas no pais de residência da controlada, evidenciando o planejamento fiscal para não tributá los no Brasil. * MP: Medida Provisória.
10 Substância sobre a forma Aplicabilidade Caso concreto brasileiro O CARF considerou que o tratado com a Espanha só poderia ser aplicado para afastar da tributação o lucro operacional próprio (R$ ,03) da Empresa B (Espanha) Em relação às controladas indiretas, o tratado com a Argentina permitiria a compensação do prejuízo da Empresa D (Argentina) com o lucro da Empresa C (Uruguai), de modo que a diferença R$ ,68 deveria ser oferecida à tributação no Brasil, dado que não existe tratado com o Uruguai.
11 Resultados do combate ao planejamento tributário abusivo Desde 2010, já foram lançados aproximadamente R$ 30 bilhões (U$ 15 bilhões) referentes a casos de planejamento tributário abusivo (internos e internacionais), considerando o princípio da substância sobre a forma. Evolução no contencioso tem demonstrado a importância desse princípio, incrementando o número de autos mantidos nas lides com os contribuintes.
12 Desafios das Administrações Tributárias Tratar adequadamente a realidade de um mundo globalizado, sem impor barreiras desnecessárias para o fluxo de capitais, conferindo a desejada neutralidade tributária no natural processo econômico de formação de grupos transnacionais, preservando a base de arrecadação de cada Estado. Algumas propostas para discussão/reflexão: Revisão de princípios para um novo paradigma em tratados, discutindo se mecanismos para evitar tanto a dupla tributação quanto a dupla não tributação; Busca de critérios mais objetivos para harmonização de regras internacionais, como a de preços de transferência; Convergência para um padrão internacional que facilite a troca de informações entre as administrações tributárias.
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