Uma política em conformidade com a nossa agenda de luta contra a pobreza

Transcrição

1 Gestão transparente e sustentável dos recursos minerais: Uma política em conformidade com a nossa agenda de luta contra a pobreza Comunicação de Sua Excelência Armando Emílio Guebuza, Presidente da República de Moçambique, na Mesa Redonda sobre o desenvolvimento e gestão dos recursos minerais em Moçambique. Maputo, 28 de Novembro de 2013

2 É para nós sempre motivo de grande satisfação e honra podermos interagir com os distintos representantes: v do sector privado; v dos nossos parceiros de desenvolvimento; v das organizações não-governamentais; e v da sociedade civil, para em conjunto reflectirmos sobre o que mais podemos fazer para acelerar e diversificar os processos de transformação dos nossos recursos minerais em factores de desenvolvimento, em benefício deste Povo muito especial, o Povo Moçambicano. Por esta ocasião, damos as nossas calorosas boas vindas aos nossos hóspedes que, de diferentes cantos do mundo, se deslocaram a Maputo, a nossa Cidade Capital, para tomarem parte nos trabalhos desta Mesa Redonda cujo lema é A Nossa Visão para o Desenvolvimento Responsável dos Recursos Minerais. Agradecemos a todos os presentes por terem aceite o convite para participarem neste importante evento e fazemos votos para que se sintam bem acolhidos e para que desfrutem do que esta Pérola do Índico de melhor tem para vos oferecer. A vossa presença neste evento é já em si um sinal da vossa predisposição para enriquecer os debates que corporizarão este evento, facto que agradecemos e encorajamos. Minhas Senhoras e Meus Senhores, Moçambique tem conhecido, nos últimos anos, um considerável incremento dos investimentos no sector mineiro, facto que nos coloca na mira dos holofotes da diplomacia internacional e dos corredores da economia mundial. Só este facto, aumenta a responsabilidade que sentimos de manter e elevar a qualidade da 1

3 nossa gestão destes recursos. Por outro lado, congratulamo-nos com a integração de cidadãos nacionais no capital das empresas mineiras e de fornecimento de bens e serviços. Podemo-nos referir a três exemplos ilustrativos: v o primeiro foi a aquisição, no ano de 2008, de 10% das acções da Companhia Moçambicana de Hidrocarbonetos, por titulares moçambicanos de diferentes partes deste nosso País. v O segundo exemplo prende-se com a atribuição de licenças de prospecção de recursos minerais diversos. v O terceiro exemplo está ligado ao aumento, em catadupa, do número de empresas moçambicanas que fornecem uma vasta gama de serviços e produtos às empresas de prospeção e exploração mineira. Para além disso, os empreendimentos que são implantados induzem a criação de novos pólos de desenvolvimento, entrando na nossa matriz de descentralização, ao gerar novas oportunidades de negócio, de emprego e de crescimento em regiões onde, por causa da sua capacidade, o sector público levaria mais tempo a chegar com resultados desse quilate e impacto. Nos locais onde se estabelecem, estes empreendimentos promovem e sustentam uma extensa cadeia de serviços e de fornecedores locais, gerando, de forma multiplicadora, oportunidades de emprego, negócio e renda. Importa aqui fazer também referência aos resultados da implementação de projectos de responsabilidade social das empresas. São acções que também complementam as que são realizadas pelo Governo em áreas como saúde, educação, cultura e abastecimento de água. Resultante dessa dinâmica de crescimento e da necessidade de adequação e harmonização permanente do pacote legislativo, encontram-se em processo de revisão: 2

4 v a Lei de Minas; v a Lei de Petróleos; v a Lei fiscal para a mineração e para os petróleos; e v a Política Geológico-Mineira. Foi também em resposta a esta dinâmica que aprovámos, em 2010, a Estratégia de Formação e Capacitação de Recursos Humanos para o sector dos Recursos Minerais, para o período compreendido entre Esta Estratégia assenta na necessidade de prover o País de capital humano à altura dos desafios que a descoberta destes recursos nos coloca. Aprovámos ainda o Regulamento sobre o processo de reassentamento resultante de actividades económicas, com vista a garantir melhores benefícios às comunidades circundantes dos empreendimentos mineiros e petrolíferos. O Regulamento em causa estabelece regras e princípios de reassentamento, de iniciativa pública ou privada, efectuado por pessoas singulares ou colectivas, nacionais ou estrangeiras. Por isso, a estratégia e política de gestão e exploração transparente e sustentável dos recursos minerais que pretendemos, minhas senhoras e meus senhores, devem ter em consideração a propriedade do Estado sobre os recursos minerais que se encontram: v no solo e no subsolo; v nas águas interiores; v no leito do mar territorial; v na zona económica exclusiva; e v na plataforma continental da República de Moçambique, incluindo os recursos minerais situados no leito marinho e no subsolo do leito marinho do mar territorial. 3

5 Porque se pretende sustentável, do ponto de vista sócio-económico e também ambiental, a nossa política de gestão de recursos minerais, incluindo os hidrocarbonetos, deve ter em atenção o seu impacto sobre o ambiente devendo, assim, orientar-se nos diversos instrumentos nacionais e internacionais por nós ratificados. Isto requer um investimento na formação de capital humano e acesso a tecnologias modernas, mais amigas do ambiente. Requer igualmente uma maior fiscalização e sensibilização dos operadores do sector mineiro, industrial e artesanal, sobre os perigos associados à exploração mineira. Minhas Senhoras e Meus Senhores, Moçambique aderiu à Iniciativa de Transparência na Indústria Extractiva, da qual recebeu a classificação de País cumpridor, em Outubro de Com a adesão a este instrumento, que vem complementar e enriquecer o nosso quadro legal nesta matéria, temos em vista reforçar a nossa capacidade de garantir, cada vez mais, transparência na exploração dos nossos recursos minerais. Ainda no quadro do aumento dos benefícios para Moçambique e para os moçambicanos, está em curso a elaboração da Política de Responsabilidade Social Empresarial para a Indústria Extractiva, instrumento que deverá estabelecer princípios, objectivos e prioridades para melhor responder às necessidades do desenvolvimento deste sector e das comunidades onde esses recursos se encontrem inseridos. Com esta política pretendemos: v maior eficácia na coordenação dos investimentos, no âmbito da Responsabilidade Social Empresarial; v a consolidação da cultura de prestação de contas; bem assim 4

6 v a adopção de mecanismos para reclamação e recurso sobre a monitoria do desempenho de Responsabilidade Social Empresarial e resolução de conflitos. Como Governo, o nosso desafio continuará a ser o de garantir um quadro legal atractivo, manter uma gestão transparente e monitoria constante dos recursos minerais por forma a garantir resultados cada vez mais positivos para os moçambicanos. Isto pressupõe: v a existência de uma base de dados geológicos e cartografia actualizados; v a adição de valor aos recursos minerais, em território nacional; v maior envolvimento dos moçambicanos em toda a cadeia produtiva; v a criação de infraestruturas e o aumento da capacidade técnica e institucional do sector; v a actualização e harmonização do quadro legal para o desenvolvimento da actividade mineira; v o reforço da capacidade de fiscalização e controle; e v o aumento das exportações dos recursos minerais e outros produtos deles derivados. Caros Participantes, Minhas Senhoras e Meus Senhores, Saudamos a todos os que deram a sua contribuição para a realização deste evento, em complemento ao que pudemos, como Governo, colocar à vossa disposição. Em particular, endereçamos palavras de reconhecimento e gratidão: v ao Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento; v ao Fórum Económico Mundial; e v à Comissão Económica para África. 5

7 Aos técnicos moçambicanos que no seu dia-a-dia se empenham para melhorar os índices da nossa gestão neste sector e que emprestaram o seu saber, a sua experiência e dedicação na preparação e realização deste importante evento vão também palavras de apreço e de agradecimento. Antes de terminar gostaríamos, mais uma vez, de reiterar os nossos votos de frutíferos debates, exortando a todos os participantes a usarem esta oportunidade para trocarem as ricas e valiosas experiências de que são portadores, contribuindo assim para que a Política e Estratégia dos Recursos Minerais, reflicta a necessidade da utilização dos recursos minerais para a erradicação da pobreza e para o desenvolvimento sócio-económico inclusivo de Moçambique. Com estas palavras tenho a honra de declarar aberta a primeira mesa redonda sobre A Nossa Visão para o Desenvolvimento Responsável dos Recursos Minerais em Moçambique. Muito obrigado pela vossa atenção! 6