Aula nº 50. Art Os pronunciamentos do juiz consistirão em sentenças, decisões interlocutórias e despachos.
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1 Página1 Curso/Disciplina: Direito Processual Civil Objetivo Aula: Direito Processual Civil Objetivo - 50 Professor(a): Alexandre Flexa Monitor(a): Marianna Dutra Aula nº 50 Sentença Artigo 203, CPC É a fase que conclui o processo de conhecimento. Isso porque, depois dessa fase ocorre a fase recursal e, após o trânsito em julgado, ocorre a fase de execução. Melhor dizendo, a sentença é um ato do juiz que encerra a fase de conhecimento ou que encerra a fase de execução ou ainda, que encerra processo autônomo de execução. É um ato do juiz, do órgão jurisdicional de primeira instância. Art Os pronunciamentos do juiz consistirão em sentenças, decisões interlocutórias e despachos. 1 o Ressalvadas as disposições expressas dos procedimentos especiais, sentença é o pronunciamento por meio do qual o juiz, com fundamento nos arts. 485 e487, põe fim à fase cognitiva do procedimento comum, bem como extingue a execução. 2 o Decisão interlocutória é todo pronunciamento judicial de natureza decisória que não se enquadre no 1 o. 3 o São despachos todos os demais pronunciamentos do juiz praticados no processo, de ofício ou a requerimento da parte. 4 o Os atos meramente ordinatórios, como a juntada e a vista obrigatória, independem de despacho, devendo ser praticados de ofício pelo servidor e revistos pelo juiz quando necessário. É importante fazer essa diferenciação na terminologia, porque, existem atos que possuem os mesmos efeitos, mas que são proferidos pelo tribunal, seja por decisão monocrática ou pelo colegiado (acórdãos). Cabe ressaltar que a definição de decisão interlocutória está expressa no 2º desse artigo, que diz que tudo o que não for sentença na primeira instância, será chamado de decisão interlocutória. Segundo o entendimento do professor Alexandre Flexa, a melhor definição de sentença é dada pela doutrina, que em muitas de suas correntes, diz que a sentença é o ato que encerra a prestação da tutela jurisdicional pelo juiz da primeira instância. Dessa forma, o juiz encerra a sua atividade jurisdicional cognitiva na primeira instância.
2 Página2 A título de comparação, a definição de sentença no antigo código de processeo civil, dizia que a sentença era o ato do juiz que encerra o processo. Dito isso, bastava alguém interpor um recurso em face dessa sentença para que o processo não se encerrasse, porque no antigo código, a sentença não era o ato do juiz que encerra o processo. Por isso, para o Professor Flexa, a definição trazida pelo novo código de processo civil de 2015, melhorou o entendimento do conceito. Elementos da sentença Artigo 489, I, II e III, CPC. Art São elementos essenciais da sentença: I - o relatório, que conterá os nomes das partes, a identificação do caso, com a suma do pedido e da contestação, e o registro das principais ocorrências havidas no andamento do processo; II - os fundamentos, em que o juiz analisará as questões de fato e de direito; III - o dispositivo, em que o juiz resolverá as questões principais que as partes lhe submeterem. a) Relatório: Conterá o nome das partes e outras informações relacionadas ao caso concreto. Em suma, é um resumo de tudo o que aconteceu no processo. b) Fundamentos: É a análise dos argumentos fáticos e jurídicos das partes sobre o pedido. c) Dispositivo: É o comando estatal que vai julgar ou não o pedido do autor. Questões que costumam ser cobradas em provas sobre esse Art. 485, CPC a) Relatório: A ausência de relatório na sentença gera alguma consequência? Por força do Art. 38 da Lei 9.099/95 1, a falta de relatório nas sentenças de juizado especial não causa nenhuma consequência, já que esse artigo libera o juiz, fazendo o relatório ser dispensável. No juízo comum, existem duas correntes sobre o assunto. A primeira diz que, a falta de relatório gera nulidade da sentença. Isso porque o relatório é um elemento essencial da sentença, logo, por força da lei, a sentença seria nula. A segunda corrente, que é a corrente majoritária, diz que, o relatório não causaria prejuízo às partes caso não estivesse presente na sentença, isso porque, ele funciona como um resumo do caso concreto, e essa informação poderia ser facilmente lida nos autos. Portanto, para essa segunda corrente, não há nulidade na sentença que não tenha o relatório porque não gera prejuízo para as parte. Art Ao pronunciar a nulidade, o juiz declarará que atos são atingidos e ordenará as providências necessárias a fim de que sejam repetidos ou retificados. 1 Art. 38. A sentença mencionará os elementos de convicção do Juiz, com breve resumo dos fatos relevantes ocorridos em audiência, dispensado o relatório.
3 Página3 1 o O ato não será repetido nem sua falta será suprida quando não prejudicar a parte. Essa corrente consolida-se através do artigo 282, 1º do CPC e consagra o princípio pas de nullité sans grief. b) Relatório: É admitido o relatório per relationen (por referência)? Relatório per relationen é a hipótese em que alguém, antes do juiz proferir a sentença, faz um relatório no processo. Um exemplo que acontece bastante na prática é quando o Ministério Público faz um parecer do caso. Nesse caso, o juiz pode utilizar o relatório do Ministério Público como sendo o relatório da sentença, não gerando nenhuma nulidade no processo. Essa hipótese é pura aplicação da teoria dos poderes implícitos, onde quem pode o mais, pode o menos, ou seja, se a ausência de um relatório já não causa nulidade, a utilização do relatório do MP, também não poderia causar nulidade daquela sentença. Fundamentação da Sentença A fundamentação também é conhecida como a motivação da sentença. Qual é a consequência da falta de fundamentação da sentença? Segundo o artigo 93, IX, da CRFB, bem como o artigo 11 do CPC, a sentença é considerada nula quando não constar a fundamentação. Obs: No caso do relatório também existe previsão de que ele é elemento essencial à sentença na lei, porém, o que ocorre é o afastamento da nulidade pela ausência de prejuízo; o que não pode ser feito no caso da fundamentação, porque sem ela ambas as partes ficariam prejudicadas, sem saber os motivos pelos quais os pedidos foram deferidos ou indeferidos. A propositura de um recurso se tornaria algo muito mais complicado sem saber quais argumentos são necessários rebater. Quando o juiz não fundamenta muito bem a sua decisão, ou seja, ele coloca em sua sentença uma fundamentação meramente formal e não uma material, é possível atacar essa omissão do juiz através de embargos de declaração. É possível fazer uma fundamentação per relationen? Para a jurisprudência, isso não é considerado fundamentação expressa e, por isso, é também uma hipótese de nulidade absoluta da sentença. Fundamentação de Decisão Judicial O artigo que fala sobre a fundamentação da sentença, é na negativa. Isso significa que o legislador sabe exatamente o que acontece na prática jurídica e agrupou esse conjunto de palavras nesse artigo para dizer que isso não serve como fundamentação da sentença.
4 Página4 Art São elementos essenciais da sentença: I - o relatório, que conterá os nomes das partes, a identificação do caso, com a suma do pedido e da contestação, e o registro das principais ocorrências havidas no andamento do processo; II - os fundamentos, em que o juiz analisará as questões de fato e de direito; III - o dispositivo, em que o juiz resolverá as questões principais que as partes lhe submeterem. 1 o Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que: I - se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua relação com a causa ou a questão decidida; II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de sua incidência no caso; III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão; IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador; V - se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos; VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento. O 1º do artigo 489 do CPC traz em seus incisos as hipóteses consideradas pelo legislador como não sendo válidas como fundamentação das sentenças. Inciso I Reprodução de texto de lei. Ex: Folhas X. Indefiro. Artigo 186, CPC. O indeferimento foi dado com base nesse artigo mas, falta a relação que esse artigo tem com o caso concreto. Por qual razão ele se aplica ao caso concreto. Inciso II Conceito jurídico indeterminado. Ex: Pelo princípio da boa fé, indefiro xx. O princípio da boa fé não é determinado pela lei, mas sim determinado pela doutrina, de diferentes formas. Portanto, o juiz tem que explicar o conceito e se ele se aplica ou não ao caso concreto. Sem a explicação, não é possível fundamentar propriamente o recurso, por não saber qual é o conceito que está sendo utilizado naquela sentença. Inciso III Termos que servem para fundamentar qualquer outra decisão. Ex: Indefiro tutela antecipada porque estão ausentes os requisitos autorizadores. É um caso de uma sentença dada através de um modelo genérico, que poderia ser aplicado à qualquer decisão. tese trazida. Inciso IV O juiz não está obrigado a analisar todos os argumentos trazidos pelas partes. Apenas na hipótese em que os argumentos primeiramente analisados já forem capazes de infirmar a
5 Página5 Inciso V Mera indicação de precedente judicial. Ex: Fls x. Defiro em razão do Resp xx. Sem mencionar a relação desse julgado no caso concreto. Inciso VI Decisão que despreza precedente judicial sem que o juiz diga porque o fez. O juiz só pode fazer isso em duas hipóteses: a) quando os precedentes já estão superados (overrruling); b) porque não vê cabimento no caso concreto (distinguishing). Ambos são motivos importados do common law.
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