Tribunal de Contas da União

Transcrição

1 Tribunal de Contas da União Dados Materiais: Acórdão 458/94 - Primeira Câmara - Ata 38/94 Processo nº TC /91-6 Responsáveis: Victor Mattoso - Diretor-Geral a , Ana de Lourdes Barbosa de Castro - Diretor-Geral a , Luzimar Alvino Sombra - Vice-Diretor a , Lúcia Amália Lodi da Cunha a , Marina Beatriz Cruz dos Santos de Almeida Neves - Diretora Dep. Adm a , Maria das Graças Murad Ferreira de Loureiro - Diretora Subst. Dep. Adm a , Pericles Francisco Vasquez Barbosa - Resp. Almoxarifado a , Roberto Teixeira da Silva - Subs. Resp. Almoxarifado a , Carlos Alberto Cyrino da Silva - Resp. Patrimônio a , Marina Ferreira Leite - Resp. Almoxarifado a Entidade: Instituto Benjamin Constant Vinculação: Ministério da Educação e do Desporto Relator: Ministro Olavo Drummond Representante do Ministério Público: Dr. Jatir Batista da Cunha Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo, no Rio de Janeiro Especificação do quorum: Ministros presentes: Marcos Vinicios Rodrigues Vilaça (Presidente), Olavo Drummond (Relator), Iram de Almeida Saraiva e o Ministro-Substituto José Antonio Barreto de Macedo. Assunto: Tomada de Contas, exercício de 1990 Acórdão: VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Tomada de Contas do Instituto Benjamin Constant, referente ao exercício de 1990, de responsabilidade dos servidores indicados no item 3 acima; Considerando que no processo devidamente organizado foram constatadas falhas e irregularidades diversas na gestão examinada; Considerando a prática de atos de gestão ilegítimos e antieconômicos pelo Sr. Victor Mattoso; Considerando a impossibilidade de se quantificar débitos pelos atos praticados pelo citado responsável; Considerando que aquele responsável foi ouvido em audiência

2 prévia, não conseguindo elidir as irregularidades que lhe foram imputadas; e Considerando, ainda, que as irregularidades referentes aos imóveis sob a jurisdição do IBC não foram originadas na gestão dos responsáveis elencados no item 3 acima e que foram adotadas providências para sua regularização; ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão da 1ª Câmara, em: 1. com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alínea "b", da Lei nº 8.443/92, c/c os arts. 19, parágrafo único, e 23, inciso III, da mesma Lei, julgar as contas do responsável, Sr. Victor Mattoso, irregulares, aplicando-lhe a multa prevista no art. 58, inciso I, da citada Lei, no valor de R$ 700,00 (setecentos reais), com base no limite permitido na legislação então vigente (art. 53 do Decreto-lei nº 199/67), fixando-lhe o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da notificação, para comprovar, perante o Tribunal (art. 159, inciso III, alínea "a" do Regimento Interno), o recolhimento da dívida aos cofres do Tesouro Nacional; 2. autorizar, desde logo, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei nº 8.443/92, a cobrança judicial da dívida, caso não atendida a notificação; (Tornado insubsistente pelo Acordão 062/97 - Ata 07 - Primeira Câmara) 3. incluir o nome do responsável, Sr. Victor Mattoso, em lista específica a ser enviada ao Ministério Público Eleitoral competente, para os fins indicados no art. 91 da Lei nº 8.443/92 c/c os arts. 1º, inciso I, alínea "g", e 3º da Lei Complementar nº 64, de 18/05/1990; 4. com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso II, 18 e 23, inciso II, da Lei 8.443/92, julgar regulares, com ressalvas, as contas dos demais responsáveis citados no item 3 acima, dando-se-lhes quitação; 5. recomendar ao Ministro de Estado da Educação e do Desporto que instaure uma Comissão para que, junto ao Instituto Benjamin Constant e ao Departamento de Patrimônio da União, adote medidas no sentido de regularizar todas as questões que envolvam os imóveis daquele Instituto, que, de longa data, estão carecendo das necessárias providências das autoridades competentes; 6. determinar ao Diretora-Geral do Instituto Benjamin Constant, sob a supervisão direta da CISET/MEC e DRTN/RJ, que faça

3 constar dos próximos Relatórios do Gestor informações sobre as medidas adotadas pelas autoridades competentes, inclusive a própria administração do IBC, no intuito de regularizar definitivamente as questões relativas aos imóveis do Instituto. Ementa: Tomada de Contas Especial. Instituto Benjamim Constant. Irregularidades na área de bens móveis e imóveis e na administração do teatro da entidade. não manifestação do responsável sobre os fatos. Contas irregulares e multa para o responsável pelo primeiro período e contas regulares com ressalva para o segundo período. Data DOU: 17/11/1994 Página DOU: Data da Sessão: 11/10/1994 Relatório do Ministro Relator: GRUPO I - CLASSE II - 1ª Câmara TC /91-6 Natureza: Tomada de Contas, exercício de Entidade: Instituto Benjamin Constant. Responsáveis: Victor Mattoso - Diretor-Geral a , Ana de Lourdes Barbosa de Castro - Diretor-Geral a e demais às fls. 01/02. Anexos: TC / RIO TC /90-4 TC /90-1 TC /90-0 Ementa: - Tomada de Contas. Exercício de Irregularidades diversas. Contas irregulares, sem débito, relativamente ao período de 01/01 a 04/10/1990. Aplicação de multa. Inclusão do responsável em lista específica. Contas regulares com ressalvas relativamente ao período de 05/10 a 31/12/1990. Quitação aos responsáveis.

4 Em exame processo de Tomada de Contas do Instituto Benjamin Constant, relativa ao exercício de 1990, analisada em conjunto com os TCs elencados acima. A Secretaria de Controle Interno do Ministério da Educação e do Desporto certificou a irregularidade das contas, com a anuência do Titular daquela pasta (fls. 125), em decorrência das seguintes impropriedades detectadas na entidade: a) existência de grande quantidade de bens considerados inservíveis, ociosos ou antieconômicos; b) inexistência de inventário de bens imóveis; c) ausência de cobrança de taxa de ocupação de várias unidades residenciais pertencentes ao Instituto; d) divergência na quantidade de imóveis cadastrados junto ao Departamento de Patrimônio da União e informados à Delegacia do Tesouro Nacional; e e) irregularidades apuradas pela Comissão de Processo Administrativo designada pela Portaria Ministerial nº 951, de , que resultou na apenação de servidores. A zelosa SECEX/RJ, após ouvir em audiência prévia os responsáveis pela entidade acerca das irregularidades descritas nos itens "a" a "d" (fls. 220/231), assim resumiu as falhas remanescentes: - que somente parcela dos imóveis pertencentes ao Instituto foram cadastradas no DPU; - que a entidade não possui documentação específica que determine a posse ou propriedade do seu terreno (teria sido extraviada da mapoteca do então Ministério da Fazenda); tal fato vem impedindo a regularização de imóveis construídos em terreno de fundos do Instituto; - ocupação irregular de casas residenciais por ex-servidores do instituto e servidores aposentados; - ocupação de imóveis sem cobrança de taxas. A analista informante do processo elencou as seguintes considerações relativamente ao assunto: - as irregularidades referentes aos imóveis sob a jurisdição do IBC vêm de longa data, não sendo originárias da gestão dos responsáveis em análise; - o relevante aspecto social que envolve os ocupantes do Instituto, ou seja, ex-servidores, aposentados, bem como ocupantes cegos em idade avançada e recebendo baixos salários;

5 - a inexistência de documentos ou mapas delimitando a área do IBC e que comprovem quais os imóveis que estão sob sua jurisdição; - a falta de cadastro dos referidos imóveis no Departamento do Patrimônio da União e a sua responsabilidade em fixar o valor locativo e venal dos imóveis da União. Tendo em vista estas colocações, a proposta da SECEX/RJ, quanto ao mérito, foi no sentido do julgamento pela regularidade com ressalvas destas contas com quitação aos Ordenadores de Despesa, alvitrando, ainda, recomendações ao Secretário Executivo do MEC e ao Diretor do Instituto Benjamin Constant. A D. Procuradoria manifestou-se de acordo com aquele posicionamento. Ao analisar o presente processo, constatei que o Sr. Victor Mattoso não havia sido ouvido em audiência prévia a respeito da questão constante do item "e", e, considerando que a Comissão de Processo Administrativo indicada propôs a demissão daquele responsável a bem do Serviço Público, e o Ministro da Educação o exonerou do cargo em , despachei naquele sentido. A SECEX/RJ, ao apreciar as alegações de defesa apresentadas pelo responsável, considerou que as mesmas não foram suficientes para elidir as irregularidades a ele imputadas pela sobredita comissão, propondo desta feita, o julgamento pela irregularidade das contas daquele senhor, mantendo o posicionamento anterior quanto aos demais responsáveis. O D. Ministério Público novamente manifestou concordância com o posicionamento daquela SECEX. É o relatório. Voto do Ministro Relator: A Comissão de Processo Administrativo designada pela Portaria Ministerial nº 951, de , incumbida de apurar fatos ocorridos no Instituto Benjamin Constant, chegou a conclusão de que o senhor Victor Mattoso, então Diretor-Geral daquela entidade, deveria ser demitido a bem do Serviço Público, em decorrência da prática das seguintes irregularidades: a) com relação ao teatro da entidade: - administração a cargo da Sra. Filomena Mancuzo, pessoa alheia aos quadros da instituição de ensino; - cessão gratuita de uma sala, nas dependências da Escola, incluindo linha telefônica exclusiva, serventes do Instituto e fornecimento de mão-de-obra de carpinteiros para consertos nas

6 cadeiras do teatro, à administradora citada, que o explorava comercialmente; - inexistência de qualquer acompanhamento sobre a arrecadação da bilheteria do teatro que redundava na ausência de controle do valor que cabia ao Instituto; - inexistência, nos arquivos do Instituto, de contratos firmados entre o Diretor-Geral e as empresas que exploravam o teatro; - existência de cessões de uso e compromisso firmadas pelo Sr. Victor Mattoso para exploração daquele espaço cultural sem assinatura das cessionárias; - termo de uso e compromisso, firmado entre o IBC e a MAKER PRODUÇÃO E PROMOÇÃO E PUBLICIDADE, sem a sua assinatura; b) arrecadação de doações pelo balcão de atendimento do Serviço Médico sem emissão de qualquer recibo que comprovasse as quantias recebidas; e c) inexistência de controle adequado do almoxarifado, especialmente no tocante a armazenagem, ocasionando compras de materiais em quantidade muito superior à demanda. Registro, ainda, que as questões referentes à existência irregular de um Banco de Olhos no Instituto e ao recebimento de medicamentos doados ao IBC diretamente por funcionários do Serviço Médico foram analisadas no processo de Tomada de Contas referente ao exercício de 1989, como ressaltou a analista informante do processo. As razões de justificativas apresentadas pelo Sr. Victor Mattoso às fls. 238/242 fundamentaram-se na tese de que a Comissão de Inquérito não agiu com imparcialidade e que o Sr. Ministro da Educação somente o exonerou do cargo devido às pressões circunstanciais e "provavelmente, baseado em informações mentirosas, capciosas e distorcidas" fornecidas pelo presidente daquela Comissão. O responsável não emitiu considerações acerca das irregularidades citadas acima, afirmando que não foram apontadas em meu Despacho (fls. 232) e acrescentando que as apuradas pela Comissão já haviam sido explicadas e justificadas durante o Processo. Não deve prosperar este argumento, pois do ofício encaminhado àquele responsável (fls. 234) constou claramente que o mesmo deveria se pronunciar acerca das irregularidades apuradas no

7 relatório da Comissão de Processo Administrativo e o fato dele já ter encaminhado defesa àquela Comissão não o isentava da obrigatoriedade de justificar-se junto a este Tribunal. Quanto à questão do gerenciamento dos bens móveis e imóveis do Instituto Benjamin Constant, as sucessivas administrações daquela entidade revelaram-se ineficazes. A SECEX/RJ vem, de longa data, questionando as irregularidades tipificadas nos autos. Observa-se, no entanto, que estão sendo efetivadas ações com o objetivo de solucionar o problema junto às autoridades competentes. Desta forma, considerando que o Sr. Victor Mattoso, em suas razões de justificativas, não conseguiu eximir-se da culpa pela prática dos atos irregulares citados, e, ainda, que não foram apurados débitos contra ele, VOTO no sentido que este Tribunal adote o Acórdão que submeto à apreciação desta 1ª Câmara. Indexação: Tomada de Contas Especial; Instituto Benjamim Constant; Bens Móveis; Bens Imóveis;