Senhor Ministro de Estado e das Finanças
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- Rosângela Giovanna Teixeira
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1 Senhor Ministro de Estado e das Finanças Senhores Secretários de Estado Minhas Senhoras e meus Senhores Como observador atento do sector segurador e de fundos de pensões, ao qual estive ligado durante grande parte da minha vida profissional, tenho podido constatar o caminho evolutivo que os operadores e a autoridade de supervisão têm vindo a percorrer e as profundas mudanças no modo como o mercado é gerido e supervisionado. Estamos hoje perante um mercado segurador e de fundos de pensões mais eficiente, mais competitivo, mais transparente e consequentemente mais capaz de responder com confiança aos desafios que lhe continuarão a ser colocados. De igual modo, estou certo que irei encontrar uma autoridade de supervisão que se soube adaptar aos novos tempos, às novas responsabilidades e à evolução do próprio mercado. Gostaria assim de saudar o Senhor Dr. Rui Leão Martinho, pelo trabalho desenvolvido na liderança do Instituto de Seguros de Portugal, aproveitando também para cumprimentar e felicitar os restantes membros do Conselho Directivo. 1
2 Os grandes desafios do sector segurador e de fundos de pensões Estou ciente dos grandes desafios com que o sector segurador e de fundos de pensões se debate e que irão por certo estar na primeira linha das minhas preocupações enquanto presidente do Instituto de Seguros de Portugal. Em primeiro lugar, e perspectivando o futuro próximo, julgo que todos concordarão que o grande desafio que o sector segurador tem pela sua frente é o de se adaptar a uma nova cultura de gestão de riscos que está na essência do chamado projecto Solvência II. A implementação do regime que resultar do Solvência II vai por certo requerer a reestruturação de muitas práticas e metodologias até aqui seguidas na gestão e supervisão do negócio segurador, mudanças essas que devem ser preparadas e assumidas num quadro de gradual adaptação. Assim, o Solvência II continuará a merecer um acompanhamento profundo e continuado por parte do Instituto de Seguros de Portugal, concomitante com o reconhecimento da sua importância estratégica no futuro do sector segurador. Esta participação activa enquadra-se num envolvimento mais alargado do Instituto de Seguros de Portugal nas organizações internacionais em que se consolida o processo de convergência das práticas de regulação e supervisão da actividade seguradora e de fundos de pensões, nomeadamente no CEIOPS (Comité das Autoridades Europeias de Supervisão de Seguros e Pensões 2
3 Complementares de Reforma), participação que pretendo consolidar e incentivar. Igualmente relevante e com consequências significativas para o mercado segurador é a estratégia de convergência para as normas internacionais de contabilidade, a qual passa pela adaptação gradual do Plano de Contas para as Empresas de Seguros à medida que forem sendo estabilizadas as normas internacionais relevantes. Outro desafio que temos pela frente é a criação e implementação de um modelo de cobertura do risco de fenómenos sísmicos que contribua para mitigar os efeitos económico-sociais associados à ocorrência, no território português, de eventos de tal natureza. Ainda no que concerne ao sector segurador parece-me relevante salientar a importância dos trabalhos tendentes à elaboração de uma nova lei do contrato de seguro que possa enquadrar devidamente as novas realidades do mercado, consagre a evolução nos direitos dos consumidores e previna a utilização abusiva ou fraudulenta do mesmo. De facto, por forma a fortalecer a desejável confiança entre as partes intervenientes no contrato de seguro, é essencial que se congregue num único texto legislativo o respectivo regime material que hoje se encontra claramente desactualizado e disperso por diversos diplomas e variadas regras avulsas. No tocante ao sector dos fundos de pensões o desafio essencial é o de implementar as alterações legislativas recentemente efectuadas, das quais se destacam as respeitantes ao reforço das estruturas de 3
4 governação, com a criação da comissão de acompanhamento, e a instituição do provedor dos participantes e beneficiários para os fundos de pensões abertos, bem como as que têm a ver com os mecanismos de governação dos fundos de pensões, nomeadamente quanto às exigências relativas ao desenvolvimento de adequados mecanismos de gestão de riscos e controlo interno por parte das entidades gestoras. Também a melhoria da prestação de informação aos participantes e beneficiários se coloca como um desafio relevante que, estou certo, contribuirá para fortalecer a transparência de funcionamento do mercado de fundos de pensões. Consciente da importância destas alterações, o Instituto de Seguros de Portugal conta com todos os intervenientes para reforçar a percepção pública de que o mercado de fundos de pensões em Portugal se rege por elevados padrões de actuação e está preparado para assumir as responsabilidades que lhe vierem a ser atribuídas no desenvolvimento de um sistema global de pensões mais eficiente, justo para os cidadãos e financeiramente sustentável. No que concerne à actividade de mediação de seguros estamos igualmente perante um quadro de mudança, marcado pela recente revisão global do ordenamento jurídico nacional, o qual foi actualizado face à evolução do mercado segurador, às novas técnicas de comercialização de seguros e às exigências de aumento da confiança no mercado. 4
5 Considero que a eficaz implementação do novo regime poderá dar um forte contributo para o incremento da profissionalização, da credibilidade e da transparência na actividade de mediação de seguros, com inegáveis reflexos na confiança dos consumidores no sector segurador. Contudo, tal só será possível com o indispensável e empenhado contributo de todos os intervenientes no processo de comercialização. Principais linhas de actuação Sob a minha presidência o Instituto de Seguros de Portugal irá continuar a estratégia de reformulação gradual do quadro regulamentar, em diálogo contínuo e aberto com os diferentes intervenientes no mercado, por forma a reforçar a adopção das melhores práticas seguidas a nível internacional, no interesse dos tomadores de seguro, participantes e beneficiários. Assim, irei dar especial atenção à consolidação da política de abertura e transparência que já vem a ser prosseguida no âmbito dos processos de regulamentação e de supervisão, procurando analisar e ponderar atentamente e sem reservas, todos os contributos construtivos que os diferentes intervenientes no mercado possam remeter ao Instituto de Seguros de Portugal. No exercício da supervisão o Instituto de Seguros de Portugal terá uma actuação activa, profissional, estruturada e rigorosa, de acordo com as melhores práticas e tendo em conta o perfil de risco das entidades supervisionadas. 5
6 Como contributo essencial para a melhoria qualitativa dos procedimentos e práticas de supervisão, será dada continuidade à aposta na informatização e na utilização acrescida de tecnologias de informação, no sentido de facilitar o reporte por parte do mercado e agilizar os processos de decisão. No âmbito das suas competências, o Instituto de Seguros de Portugal estará sempre disponível para dar o seu contributo ao Governo e ao Ministro das Finanças na definição das orientações a prosseguir na política para o sector segurador e de fundos de pensões, e em todas as matérias correlacionadas, procurando encontrar as soluções técnicas mais adequadas num quadro de independência que julgo essencial preservar. De igual modo, empenhar-me-ei em conjunto com as outras autoridades de supervisão do sistema financeiro, nomeadamente no âmbito do Conselho Nacional de Supervisores Financeiros, na procura das soluções mais eficientes para a supervisão dos conglomerados financeiros e das plataformas de entendimento em matérias transversais que permitam a convergência de políticas regulamentares e de práticas de supervisão. A independência das autoridades de supervisão do sistema financeiro Gostaria de sublinhar que é minha firme convicção que a credibilidade, integridade, estabilidade e reputação do sistema financeiro dependem em grande medida das respectivas autoridades 6
7 de supervisão terem capacidade para desempenhar de um modo cabal, efectivo e eficaz as suas funções. Só assim as autoridades de supervisão do sistema financeiro, nas quais se insere o Instituto de Seguros de Portugal, poderão continuar a prosseguir uma supervisão que pela sua qualidade e capacidade de intervenção contribua para a existência de um mercado financeiro estável e saudável e transmita confiança aos consumidores e à economia. A credibilidade de uma autoridade de supervisão é fortemente correlacionada com o nível de competência, conhecimento e empenho dos respectivos quadros. Deste modo, é essencial que o Instituto de Seguros de Portugal tenha condições para recrutar, formar e manter um conjunto suficiente de quadros especializados que possam continuar a acompanhar a evolução do mercado financeiro e das cada vez mais complexas técnicas de gestão e mitigação de riscos utilizadas no sector segurador e de fundos de pensões. A preparação para a implementação do Solvência II decerto vai requerer um esforço adicional neste âmbito e o Instituto de Seguros de Portugal tem de estar preparado para tal. Esta nova realidade requer um reforço da autonomia financeira e da flexibilidade na gestão de recursos e fundamenta-se na necessidade de evitar assimetria de informação entre o mercado supervisionado e o supervisor, que pode afectar profundamente a qualidade da supervisão. A actuação eficaz na regulação e supervisão de mercados em constante evolução, cada vez mais integrados e em que os riscos 7
8 se tornam progressivamente mais complexos e sofisticados depende directamente da capacidade de captação e manutenção de quadros que detenham níveis de qualificação e de experiência equivalente ao das entidades supervisionadas e da possibilidade de recurso ao mesmo campo de recrutamento. Gostaria ainda de referir que é minha intenção prosseguir uma política de recursos humanos que privilegie e reconheça adequadamente o mérito, a competência e a dedicação, ao mesmo tempo que pretendo envidar todos os esforços no sentido de poder dotar o Instituto de Seguros de Portugal com condições de trabalho adequadas e consentâneas com as funções que lhe estão cometidas e com o papel activo que lhe compete no exigente processo de mudança por que passa o sector segurador e de fundos de pensões. Estou certo que poderei contar com a dedicação e empenho de todos no sentido de consolidar o caminho de evolução que tem vindo a ser seguido e de enfrentar os novos desafios que se nos deparam. Termino agradecendo a Vossa Excelência, Senhor Ministro, a confiança que em mim depositou ao empossar-me como Presidente do Instituto de Seguros de Portugal, assegurando-lhe que tudo farei para desempenhar eficazmente a importante missão que me é confiada. 8
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