A SOCIEDADE PÓS-MODERNA, O CONFLITO E A ARBITRAGEM COMO MEIO EFICAZ DE SOLUÇÃO DE CONTROVÉRSIAS
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- Patrícia Lombardi Oliveira
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1 A SOCIEDADE PÓS-MODERNA, O CONFLITO E A ARBITRAGEM COMO MEIO EFICAZ DE SOLUÇÃO DE CONTROVÉRSIAS Karen Myrna Castro Mendes Teixeira 1 Resumo: Com o desenvolvimento da sociedade, em especial, devido a seus aspectos tecnológicos e econômicos, há uma ruptura do modelo tradicional ensejando uma grande mudança no comportamento humano em seus diversos meios de atuação. Com as mais variadas situações propostas e a conseqüente mudança dos interesses individuais, seja na sua conservação ou busca, os conflitos ganham nova roupagem. O grande volume de contendas, então propostas abarrotam o sistema judiciário exigindo um novo modelo de solução de controvérsias que garanta a mesma eficácia do sistema estatal. Com esse intento, a arbitragem surge no Brasil em com o advento da Lei 9.307/96, adquirindo diante de seu indiscutível sucesso o merecido lugar dentre os meios alternativos de solução de controvérsias. Palavras-chave: Sociedade pós-moderna; Conflito; Arbitragem. 1 Introdução O presente artigo pretende demonstrar que o instituto da arbitragem vem cumprindo sua proposta como meio alternativo de solução de controvérsias junto às necessidades sociais e à administração da Justiça, apresentando-se sob a forma de um instrumento moderno, eficaz e funcional no trato dos conflitos relativos a direitos patrimoniais e disponíveis, nos diversos campos das relações sociais, adequando-se às necessidades da sociedade pós-moderna. 2 A Sociedade pós-moderna A sociedade pós-moderna caracteriza-se pelo rompimento com o modelo tradicional e o desaparecimento da fronteira entre as culturas de elite e de massa 1 Sócia e Advogada do escritório Castro Advocacia. Professora da Faculdade de Direito Promove.Especialista em Direito Publico.
2 culminando em uma grande mudança no comportamento humano em seus diversos campos de atuação. Os sujeitos da sociedade pós-moderna vivem em espaços cibernéticos, numa rede de relacionamentos virtuais, permitindo a troca de informações em uma velocidade inimaginável, suplantando todos os limites, quais sejam, temporal, geográfico, social e econômico, tornando-se atores de uma sociedade globalizada de consumo e, eminentemente de inovação tecnológica. As relações tornam-se complexas desde a sua natureza, exigindo novas habilidades, novos meios de relacionamento, enfim novas formas de ser e estar em sociedade que, por sua vez desencadeiam um emaranhado de inusitados atos, fatos e negócios jurídicos praticados pelos indivíduos que nem sempre possuem interesses convergentes. 3 O conflito Pode-se dizer que o conflito é o resultado de forças contrárias, de interesses antagônicos, de divergentes posicionamentos, vez que a sucessão de fatos no tempo provoca a mudança de posições já firmadas bem como o deslinde de novas situações, estas, por vezes com elevado grau de complexidade. Certamente os conflitos são inerentes ao convívio social, dele fazem parte e, em sua maioria, os indivíduos, na medida em que se relacionam se apresentam em lados opostos.
3 O conflito passa então a ser objeto de estudo das ciências sociais, em especial, do Direito que trabalha incessantemente na busca por sua solução, ou seja, na busca pela paz social. Surge então uma nova visão sobre o conflito, não mais como um mal, mas sim como um fenômeno social positivo que leva o indivíduo a praticar a arte do consenso. Nesse sentido, não há mais as figuras do ganhador e perdedor; todos são ganhadores ao se comporem. O conflito passa a ser um elemento importante do desenvolvimento do indivíduo e, em conseqüência da sociedade. A teoria do conflito foi desenvolvida na década de e consiste em um complexo de investigações sobre o conflito na sociedade. Seus teóricos têm em comum a idéia de que a imagem funcionalista de um consenso geral sobre valores é algo imaginário, na verdade real o que ocorre é que o detentor do poder induz o resto da sociedade à aceitação e à conformidade. Essa teoria trata o conflito não como uma patologia social, mas sim como algo funcional, ou seja, como um resultado do convívio social com funções positivas para o crescimento da sociedade, desde que se mantenha o controle de suas potencialidades destrutivas e desintegradoras. Nessa concepção o conflito é um instrumento de inovação e mudança social e o grupo social é concebido como um equilíbrio de forças e não mais como uma relação harmônica entre classes, sejam fornecedores contra consumidores, sejam empregadores contra empregados, seja o Estado contra o particular.
4 São das mais variadas as situações propostas e a conseqüente mudança dos interesses individuais, na sua conservação ou busca, os conflitos se avolumam e ganham nova roupagem, agora, por meio de interesses mais complexos. Entretanto, não se pode deixar de considerar que o conflito impede o pleno convívio, necessitando que seja a situação de disputa administrada e resolvida. O grande número de contendas então propostas abarrotam o sistema judiciário clamando por um novo modelo de solução de controvérsias que se mostre funcional e que garanta a mesma eficácia do sistema estatal. 4 A Arbitragem A arbitragem surge no Brasil em com o advento da Lei 9.307/96 como um meio heterocompositivo de solução de controvérsia acerca de direitos patrimoniais e disponíveis, no qual um terceiro imparcial (árbitro) certifica e diz o direito impondo a solução ao caso apresentado com a força de sentença judicial. posicionou: Carlos Alberto Carmona, sobre o conceito da arbitragem, assim se Arbitragem, de forma ampla, é uma técnica para solução de controvérsias através da intervenção de uma ou mais pessoas que recebem seus poderes de uma convenção privada, decidindo com base nesta convenção, sem a intervenção do Estado, sendo a decisão destinada a assumir eficácia de sentença judicial (CARMONA, 1993, p. 19). O instituto, de início, foi, por muitos, visto com descrédito uma vez que não trazia a chancela estatal. Houve os que questionassem sua constitucionalidade sob o fundamento do princípio da inafastabilidade do Poder Judiciário. Entretanto, o Poder Judiciário, ao invés de marginalizá-lo pôs-se à interpretação da Lei de Arbitragem
5 trazendo o meio alternativo de solução de controvérsias como seu aliado na busca pela Justiça, posicionando-se e consagrando a sua validade. É importante ressaltar que outros institutos não menos importantes também se aliam a essa força tarefa, quais sejam, a conciliação, a mediação e a negociação. Vários órgãos arbitrais foram criados, alguns vicejaram, outros poucos não. O processo arbitral era novo, caro e pendia de credibilidade junto à sociedade. Prestavase a causas mais complexas que envolvia maior valor econômico. Todavia, muitos eram os motivos para que prosperasse, tais como, a celeridade, o sigilo e a força da sentença judicial. Como resultado de estudos aprofundados pela comunidade jurídica, o instituto foi aperfeiçoado e, hoje, através da arbitragem denominada expedita recebe causas até mesmo de menor valor econômico e grau de complexidade, estando presente nas relações de consumo, família, sucessão, contratos em geral, etc. 5 Conclusão Concluindo, a arbitragem se apresenta como meio moderno e eficaz na solução de conflitos, aproximando-se do novo paradigma social, cumprindo as exigências deste diante da solução célere e eficaz das mais variadas controvérsias, tendo-se consolidado tanto no trato dos conflitos empresariais quanto nos interpessoais, tornado-se, em perfeita comunhão com a Justiça Estatal, uma importante ferramenta para a administração da Justiça em prol do crescimento social e do alcance de sua paz. Referências ALVIM, J. E. Carreira. Comentários à Lei de Arbitragem. Curitiba: Juruá, CARMONA, Carlos Alberto. Arbitragem e Processo. São Paulo: Atlas, CARMONA, Carlos Alberto. Arbitragem no processo civil brasileiro. São Paulo: Malheiros, 1993.
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