ANAIS 2010 ISSN POR QUE A AMAZÔNIA NÃO É O PULMÃO DO MUNDO?

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1 POR QUE A AMAZÔNIA NÃO É O PULMÃO DO MUNDO? André Luiz Santos de Oliveira (PG-FIO) oliveira.andre.bio@hotmail.com Andreza Cristina dos Santos Flores (USF-CCHE-UENP/CJ) andrezaflores@gmail.com Laércio Ribeiro Renó (Orientador-CCHE-UENP/CJ) laercioreno@ibest.com.br RESUMO A sociedade atual está cada vez mais discutindo a questão do Aquecimento Global. A teoria mais aceita é o excesso de liberação de gás carbônico, que são produzidos pelas indústrias e meios de transporte. Em conseqüência disso, como já é de conhecimento universal, as plantas são responsáveis por transformar o gás carbônico em nutriente para planta e liberar o oxigênio que é o principal gás que respiramos. Tal teoria está sendo contrariada por vários cientistas, pelo motivo das plantas realmente fazerem a fotossíntese durante o dia com a luz e liberar oxigênio, mas a noite na ausência de luminosidade as plantas captam o oxigênio. Estudos mostram que os principais responsáveis pela produção de oxigênio são as algas, mais de 70% de todo o oxigênio da atmosfera é liberado por elas. O objetivo do presente trabalho é simular através de um terrário um ecossistema e desmistificar o que muitos acreditam da Amazônia ser considerada o pulmão do mundo, por ser a maior floresta tropical do planeta, já que não é responsável pela produção da maioria do oxigênio que consumimos. Palavra Chave: Aquecimento Global. Amazônia. Algas. INTRODUÇÃO Nos últimos anos, a preocupação com o meio ambiente passou a receber um grande destaque na sociedade. Infelizmente, apesar de sua grande importância, este movimento também ajudou a propagar noções completamente equivocadas e sem base científica. A maioria da população tem uma ideia errada sobre os benefícios que a Floresta Amazônica nos traz. Tem-se discutido muito nas últimas décadas sobre o pulmão do mundo e sobre as verdadeiras benfeitorias que esta floresta pode nos oferecer. É fato que ela tem um grande papel para conosco, é dotada de uma rica e grande biodiversidade de plantas e animais, ela aumenta a umidade relativa do ar, aumenta as 602

2 chuvas, faz com que não aumente a temperatura da Terra, possui uma grande quantidade de água doce, dentre outras coisas. O desmatamento, as queimadas, a caça ilegal e a exploração inadequada de obraprima são algumas das várias atitudes irracionais e irresponsáveis que algumas pessoas estão realizando neste magnífico patrimônio brasileiro, que se não houver um forte controle, deixará de ser tão precioso. Neste trabalho, não queremos apenas expor os benefícios que a maior floresta tropical do mundo possui, mas também, evidenciar que ela não é o pulmão do mundo, mas pode ser considerada o ar condicionado. Os verdadeiros pulmões do mundo são as algas, por diversos fatores que serão exemplificados adiante. Para conseguirmos demonstrar o ciclo da água, ciclo do oxigênio e a interação dos animais para com o meio onde vivem, foi construído um terrário que simulou um ecossistema perfeito, onde os meios biótico e abiótico ficaram evidentes. A AMAZÔNIA E SUA IMPORTÂNCIA PARA O PLANETA De acordo com Max (2006): A extensão total aproximada da Floresta Amazônica é de 5,5 milhões de km², sobrepondo-se à área da bacia hidrográfica amazônica com 7 milhões de km². A floresta amazônica distribui-se mais ou menos da seguinte forma, dentro e fora do território nacional: 60% no Brasil, e o restante (40%) pela Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Guiana Francesa, Peru, Suriname e Venezuela. Estes 60% correspondentes ao Brasil constituem a chamada Amazônia Legal, abrangendo os Estados do Amazonas, Amapá, Mato Grosso, oeste do Maranhão, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins. A representação cartográfica demonstra os estados federativos brasileiros onde a Amazônia se encontra. 603

3 Imagem 1: Mapa da Amazônia Fonte: A Amazônia tem uma enorme importância para a estabilidade ambiental do Planeta. Nela estão fixadas mais de uma centena de trilhões de toneladas de carbono. Sua massa vegetal libera aproximadamente sete trilhões de toneladas de água por ano para a atmosfera, via evapotranspiração. Seus rios descarregam cerca de 20% de toda a água doce que é jogada para os oceanos pelos rios existentes no globo terrestre. Sobre isto Max (2006) diz que: Além de sua reconhecida riqueza natural, a Amazônia possui expressivo conjunto de populações tradicionais que são os seringueiros, castanheiros, ribeirinhos, babaçueiras, entre outros, que fazem-se destacar em termos de diversidade cultural. Este patrimônio socioambiental do Brasil chega hoje em dia com suas características originais relativamente bem preservadas. Atualmente, na Amazônia, ainda é possível que se exista pelo menos 50 grupos de indígenas arredios e sem contato regular com o mundo exterior. Durante muito tempo, atribuiu-se à Amazônia o papel de pulmão do mundo. Nos dias de hoje sabe-se que grande parte da quantia de oxigênio que a floresta produz durante o dia, pelo processo da fotossíntese, é consumida à noite. Mas, devido às alterações climáticas que causa no planeta, a Floresta Amazônica vem sendo chamada como ar condicionado do mundo. Ainda Max (2006): 604

4 A importância da Amazônia para a humanidade não é apenas pelo papel que desempenha para o equilíbrio ecológico mundial. A região é o berço de inúmeros povos indígenas e constitui-se numa riquíssima fonte de matériaprima (alimentares, florestais, medicinais, energéticas e minerais). Os rios amazônicos diferem quanto à qualidade de suas águas e sua geomorfologia. A biodiversidade de animais cresce todos os dias com as novas descobertas, mas está ameaçada pela caça, degradação, devastação das florestas e de seus inúmeros ecossistemas. Ainda há vários outros animais e plantas que ainda não foram catalogados. Na Amazônia só se conhece aproximadamente 30% das espécies que se encontram no reino animal. Enquanto os animais obtêm seus carboidratos, gorduras e outros nutrientes através de ingerir plantas ou outros animais, a maior parte dos vegetais, com algumas exceções, utilizam um processo um pouco mais simples onde água e dióxido de carbono são combinados quimicamente, com a ajuda da luz do sol, produzindo carboidratos e oxigênio. Então realmente, durante a fotossíntese, as árvores da Amazônia captam dióxido de carbono e liberam oxigênio; mas as árvores ainda queimarão os carboidratos produzidos na fotossíntese, produzindo energia e dióxido de carbono.. A respiração celular e a fotossíntese, então, se completam em um ciclo [...] Todo o oxigênio produzido por uma árvore através da fotossíntese é consumido na obtenção de energia através de sua respiração celular? Na verdade, não. Parte dos carboidratos produzidos pela fotossíntese não são queimados e sim incorporados à estrutura da planta à medida que ela cresce (amido e celulose são carboidratos complexos). Em outras palavras, a planta "fixa" parte do carbono que ela remove da atmosfera. (CASTRO, 2004) Segundo Raven (2007) A equação balanceada para a fotossíntese pode ser escrita desta maneira: 3CO 2 + 6H 2 O C 3 H 6 O 3 + 3O 2 + 3H 2 O A primeira etapa da fotossíntese é absorver energia luminosa pelas moléculas de pigmento. As clorofilas e os carotenóides são os pigmentos envolvidos na fotossíntese dos eucariotos, já estes pigmentos estão arranjados nos tilacóides dos cloroplastos como unidades fotossintéticas que recebem o nome de fotossistemas. A luz captada e absorvida pelas moléculas de pigmento impulsiona os seus elétrons para um nível maior de energia. Devido à maneira com que as moléculas de pigmento estão nos fotossistemas, elas são capazes de passar esta energia para moléculas especiais de clorofila nos centros de reação. A maior parte dos organismos fotossintetizantes contém 605

5 dois fotossistemas fotossistema I e fotossistema II. Aqueles que têm apenas o fotossistema I podem realizar fotossíntese, mas não usam água como doadora de elétron (RAVEN, 2007). As várias reações que ocorrem durante a fotossíntese são divididas em dois principais processos: reações de transdução de energia ou reações luminosas e reações de fixação de carbono. A imagem abaixo nos mostra o ciclo da fotossíntese, que os organismos autótrofos realizam. Imagem 2- Ciclo da Fotossíntese Fonte: O que se tem no final é que realmente as árvores produzem um excesso de oxigênio, mas enquanto elas estão vivas. Quando o ciclo de uma árvore chega ao fim, ela morre e apodrece, este excesso de oxigênio vai ser consumido pelas bactérias aeróbicas que se alimentam dos restos da árvore, fechando um ciclo cujo efeito final é zero. Nenhum oxigênio que foi produzido pelas árvores ou por qualquer outro vegetal que faz a fotossíntese, que fique exposto à atmosfera ao morrer, sobra para a atmosfera. Todo o carbono que havia sido incorporado à estrutura da árvore é transformado de volta em 606

6 dióxido de carbono e devolvido à atmosfera. E, o efeito é o mesmo, se a árvore morrer ou for decomposta por uma queimada (CASTRO, 2004). As algas são aqueles organismos capazes de ocupar todos os meios que lhes ofereçam luz e umidade suficientes, temporárias ou permanentes; por esse motivo, são encontradas tanto em águas doces, como na água do mar, sobre os solos úmidos ou mesmo sobre a neve. Podem ser uni ou pluricelulares, as algas retiram todos os nutrientes que precisam do meio onde vivem solução ou umidade - e, assim, são organismos fundamentalmente aquáticos. Entretanto, apesar da simplicidade que esses organismos aparentam, algumas algas possuem sistemas internos que só são encontrados nos vegetais superiores (VIDOTTI et al., 2004). A imagem abaixo mostra espécie de alga. Imagem 3: Algas Fonte: São organismos autotróficos fotossintetizantes e por isto, nos ambientes em que estão presentes elas representam a base das cadeias alimentares, são os produtores primários. As algas representam também uma ótima fonte de oxigênio dissolvido na água, também de oxigênio presente na atmosfera. Os organismos aquáticos influenciam a concentração de muitas substâncias diretamente por captação metabólica, transformação, armazenamento e liberação sendo, portanto, importante conhecer a interação entre os organismos e o ambiente para melhor compreensão da química de um habitat aquático. Os processos primordiais são a fotossíntese e a respiração; como resultado da fotossíntese são produzidas 607

7 ligações ricas em energia, que alteram o equilíbrio termodinâmico. Pela respiração são catalisados processos redox e o equilíbrio é restaurado. O balanço entre fotossíntese e respiração é responsável pelo controle da concentração de oxigênio na água e estes dois processos são importantes na purificação das águas naturais [...] (VIDOTTI et al., 2004). Silva (2009) ressalta que: Existem diversos grupos taxonômicos de microalgas marinhas, portanto, as principais são as diatomaceas e os dinoflagelados. Estes são os mais importantes componentes do fitoplâncton marinho, ou plâncton vegetal. Estas microalgas se desenvolvem na água do mar apenas na região onde existe a penetração de luz, também chamada de zona fótica, ou seja, basicamente até os 200 metros de profundidade. São responsáveis pela bioluminescência que se vê ao caminhar na areia das praias durante a noite. As marés vermelhas, na verdade são explosões populacionais de certos tipos de algas (dinoflagelados), as quais mudam a coloração da água. e o As algas marinhas são o verdadeiro pulmão do mundo, uma vez que produzem mais oxigênio pela fotossíntese do que precisam na respiração, excesso é liberado para o ambiente. A Amazônia libera muito menos oxigênio para a atmosfera em termos mundiais, pois a maior parte do gás produzido é consumido na própria floresta. (SILVA, 2009) As algas captam o oxigênio dissolvido na água, o que difere das plantas terrestres, que pegam o O 2 do ar na respiração; sendo assim, as algas, mesmo a noite, não tiram do ar o oxigênio que necessitamos para a respiração e no período de incidência do sol elas liberam este gás para a atmosfera. MATERIAL E MÉTODOS Para simular um ecossistema montou-se um terrário, o qual apresentou os dois componentes básicos: meio biótico e abiótico, cuja interação dos organismos entre si e o meio ambiente ao qual pertencem, ficou evidente. Os procedimentos para a montagem do terrário foi realizada da seguinte maneira: num recipiente de vidro foi colocado areia, pedra e carvão. Em seguida foi acrescentado terra e um lago artificial. Para completar o ciclo, foram colocadas algumas plantas da flora local e animais (anelídeos, insetos e crustáceos) e posteriormente pulverizado água e lacrado. Depois de aproximadamente sete dias pôde-se observar o processo de equilíbrio e interação dos organismos uns com os outros e seu ambiente físico, com condições favoráveis ao seu desenvolvimento como: luz, calor, chuva, condições edáficas. A imagem a seguir evidencia um terrário. 608

8 X C ON G R ESS O D E ED UC AÇ Ã O D O N O R T E P I ON E I R O N o vo s Di re i to s, N o v as Pr át i c a s So c i ai s: e a E du c a ç ão? UE N P- C C H E-C LC A C A M PU S JA C A R EZ IN H O AN A IS IS SN Imagem 4: Terrário Fonte: OLIVEIRA, André Luiz Santos CONCLUSÃO Independente da Amazônia não ser a maior responsável pela produção do oxigênio que os animais consomem, sua preservação é de suma importância, já que é a maior floresta tropical do mundo e dotada de uma grande biodiversidade da fauna e da flora. Outro ponto chave, é que ela é considerada o ar condicionado do mundo, pois pelo fato da evapotranspiração ocorrer, ela faz com que a temperatura da terra diminua; se houvesse um deserto no lugar da Amazônia, o calor que iria incidir nele, seria refletido para o resto do mundo, fazendo com que as temperaturas aumentassem. Em suma, podemos dar vários motivos para proteger as florestas, mas os níveis de oxigênio e dióxido de carbono da atmosfera não são um deles. Conforme vimos, o verdadeiro pulmão do mundo são as algas, principalmente as unicelulares flutuantes, que são responsáveis por 70% do oxigênio diário liberado na Terra, o oxigênio que é consumido pelos seres heterótrofos. 609

9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CASTRO A. T. A Amazônia é o pulmão do mundo Disponível em: < Acesso em : 15 Maio 2010 às 19h:50 min. MAX, R. Floresta Amazônica - Pulmão do Mundo Disponível em: < amaz%c3%b4nica-pulm%c3%a3o-mundo/> Acesso em: 10 Maio 2010 às 14h:35 min. RAVEN, P. H. Biologia Vegetal. Guanabara Koogan. 7ª Edição- Rio de Janeiro, SILVA A. R. Algas Marinhas Disponível em: < Acesso em: 20 Maio 2010 às 22h:05 min. VIDOTTI, E.C. ROLLEMBERG, M.C.E. ALGAS: DA ECONOMIA NOS AMBIENTES AQUÁTICOS À BIOREMEDIAÇÃO E À QUÍMICA ANALÍTICA. Química. Nova, Vol. 27, No. 1, , Para citar este artigo: FLORES, Andreza Cristina dos Santos; OLIVEIRA, André Luiz Santos de. Por que a Amazônia não é o pulmão do mundo?. In: X CONGRESSO DE EDUCAÇÃO DO NORTE PIONEIRO Jacarezinho Anais...UENP Universidade Estadual do Norte do Paraná Centro de Ciências Humanas e da Educação e Centro de Letras Comunicação e Artes. Jacarezinho, ISSN p