AMANSAMENTO DE Parabuteo unicinctus COM PESO CHEIO - RELATO DE CASO TAMING OF Parabuteo unicinctus WITH FULL WEIGHT - CASE REPORT

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Rubens Casqueira Duarte
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1 AMANSAMENTO DE Parabuteo unicinctus COM PESO CHEIO - RELATO DE CASO TAMING OF Parabuteo unicinctus WITH FULL WEIGHT - CASE REPORT Felipe Gomes Ferreira PADILHA 1 ; Rafaela Andrade DIAS 2 ; Edicarlos Pralon SILVA 3 ; Ana Maria Reis FERREIRA 4 1 Pós-doutorando, Universidade Federal Fluminense, felipe_padilha@yahoo.com.br 2 Graduanda em Medicina Veterinária, Universidade Federal Fluminense 3 Biólogo, Centro de Preservação de Aves de Rapina - CePar 4 Professora Titular, Universidade Federal Fluminense Resumo: Um dos desafios dos falcoeiros ao adquirir um gavião é a fase inicial de amansamento, sendo essa uma etapa inicial e fundamental para o triunfo no treinamento para falcoaria. O objetivo deste relato é descrever a técnica exitosa de amansamento de um gavião asa-de-telha (Parabuteo unicinctus), com peso cheio da ave. O gavião asa-de-telha acompanhado iniciou seu processo de amansamento aos quatro meses e dezessete dias de idade. O gavião foi manejado diariamente e a sua socialização ao ambiente externo iniciou-se no quarto dia. Foram realizadas pesagens no intuito de determinar as etapas do amansamento compreendendo a fase inicial, que seria o amansamento no peso cheio, a segunda fase com o início da perda de peso e implementação da técnica de voo ao punho, e a terceira fase sendo o início do treinamento. O peso cheio de 829 g foi obtido após os 13 dias iniciais do processo de amansamento, determinando o início do processo de perda de peso. A oferta de alimento no punho foi iniciado no vigésimo-quarto dia com a ave pesando 742 gramas (redução de 12% em relação ao peso cheio). O início do treinamento para caça começou aos 32 dias, com peso de voo estimado em 671 gramas (redução de 24% em relação ao peso cheio). O gavião asa-de-telha mostrou uma rápida resposta ao amansamento, aceitando ser manuseada e não demonstrando comportamento esteriotipados. Portanto, o amansamento iniciado com o gavião ainda jovem, no peso cheio associado a estímulos visuais e passeios com a ave no punho, sem o capuz, favoreceu um comportamento dócil sem esteriotipias, como debater das asas e vocalizações insistentes. O sucesso dessa etapa é fundamental não somente para o treinamento da ave como também para ter um animal manso para ser manipulado. Anais do 38º CBA, p.0771

2 Palavras-chave: aves de rapina, falcoaria, gavião, ornitologia, treinamento Keywords: birds of prey, falconry, hawk, ornithology, training Revisão de literatura: A falcoaria com gaviões asa-de-telha está em ascendente popularidade e adquire cada vez mais adeptos em todo o Brasil. Em 2010, a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura UNESCO, incorporou a falcoaria na lista de Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade, como um método tradicional de caça, garantindo a consciência da importância dessa relação entre o homem e a ave de rapina (APF, 2012). Um dos grandes desafios enfrentados pelos falcoeiros ao adquirir um gavião é a fase de amansamento, um manejo adequado é fundamental para que essa fase seja bem sucedida em obter uma ave mansa para ser treinada e manipulada. Algumas condições como um ambiente novo, barulhos, pessoas e animais domésticos, são fatores estressantes que pode levar a distúrbios comportamentais, como também, a síndrome da má adaptação, na qual atinge animais de cativeiro causando quadros de anorexia podendo levar a morte (SANTOS, 2005). O objetivo deste relato é descrever a técnica de amansamento de um gavião asa-de-telha (Parabuteo unicinctus), com peso cheio da ave, pretendendo minimizar os efeitos estressantes e assim obter uma ave sem comportamentos agressivos ou esteriotipados. Descrição do Caso: Um gavião fêmea da espécie Parabuteo unicinctus, foi adquirido de um criadouro comercial autorizado, iniciando o processo de amansamento aos quatro meses e dezessete dias de idade. Para diminuir o estresse da adaptação e favorecer a fase de amansamento, optou-se em manejar a ave com o seu peso cheio. Foram realizadas pesagens para o acompanhamento do peso do animal a fim de instituir as etapas do amansamento que incluíram, a fase inicial, que seria o amansamento no peso cheio dessa ave; a segunda fase, com o início da perda de Anais do 38º CBA, p.0772

3 peso e implementação da técnica de voo ao punho; e a terceira fase, que foi o início do treinamento. A ave, no seu primeiro dia, foi pesada em 789 gramas e ficou encapuzada durante as primeiras 24h com o intuito de diminuir o seu estresse. O uso do capuz foi reduzido ao longo dos 13 dias iniciais de convívio, sendo o animal manejado e alimentado, diariamente, com codorna até completamente saciada. Desde o primeiro dia, a ave ficou em um recinto atrelada em um poleiro em arco, perto da convivência com pessoas e animais domésticos da casa. O peso cheio do gavião asa-de-telha em 829 gramas foi determinado após os 13 dias iniciais do processo de amansamento, determinando o início do processo de perda de peso. A socialização do gavião ao ambiente externo iniciou-se no quarto dia, estando sob diversos estímulos visuais por, em média, seis horas diárias. A utilização do capuz foi feita somente quando a ave mostrava-se muito agitada através do debater das asas. A partir do décimo-quarto dia, foi iniciada a fase de perda de peso, sendo ofertada uma quantidade reduzida de alimento. Essa etapa tem por objetivo preparar o animal para o voo e promover o treinamento adequado ao animal. No vigésimo-quarto dia de amansamento, com a ave pesando 742 gramas (redução de 12% em relação ao peso cheio), iniciou-se a oferta de alimento no punho, na qual foi facilmente aceito pela ave. Esta etapa teve a duração de oito dias corridos. O início do treinamento para caça começou aos 32 dias, com peso de voo estimado em 671 gramas (redução de 24% em relação ao peso cheio). Durante todo o processo, a ave respondeu de forma satisfatória aos estímulos que lhe eram aplicados, tornando-se um gavião de fácil manejo. Discussão: O amansamento com o peso cheio da ave pode estar associada à rápida sociabilidade da ave e a aceitação do seu manuseio. Para o bem-estar dos animais e manutenção da sua saúde, é indispensável uma boa alimentação, por isso é importante que quando em cativeiro seja ofertado codornas ou camundongos inteiros para os rapinantes (MULLENIX, 2007). Esta etapa, realizada na ave da espécie Parabuteo unicinctus deste estudo, comprovou o sucesso do amansamento com o animal com o seu peso cheio. Anais do 38º CBA, p.0773

4 A oferta de uma alimentação sem restrições até a saciedade da fêmea de gavião asa-de-telha deste trabalho pode ter tido um impacto positivo na fase inicial do amansamento, visto que, o manejo alimentar é a melhor forma de amansar e treinar aves de rapina (FOX, 2014). Mullenix (2007) relata que, oferecer pequenos pedaços de comida e gotas de água nas garras dos rapinantes é uma técnica perfeita para o estado de estresse além de melhorar a confiança entre a ave e o falcoeiro. A imediata socialização do gavião ao ambiente externo e o seu convívio com pessoas e animais também favoreceu o êxito do processo. De acordo com Mello (2016) o alicerce para amansar um rapinante é manipular a ave o máximo de tempo possível, levando-a para breves passeios, e, quando no poleiro em arco, a ave deve estar em um local onde possa ver pessoas e outros animais. Para Fox (2014), o amansamento é um exercício de superação do medo até a ave ignorar os estímulos que a assustava, sendo fundamental não exercer nenhuma experiência negativa para o animal durante esta fase. Todas essas foram realizadas no caso do gavião deste estudo permitindo o êxito no seu processo de amansamento. Mullenix (2007) relata que, para Falco sparverius, é essencial um programa de redução de peso para o sucesso do amansamento, divergindo do observado neste caso para Parabuteo unicinctus, onde o peso cheio possivelmente contribuiu para um rápido amansamento. Conclusão: O amansamento iniciado com o gavião ainda jovem, no peso cheio associado a estímulos visuais e passeios com a ave no punho, sem o capuz, favoreceu um comportamento dócil sem esteriotipias, como debater das asas e vocalizações insistentes. O sucesso dessa etapa é fundamental não somente para o treinamento da ave como também para ter um animal manso para ser manipulado. Referências: Anais do 38º CBA, p.0774

5 APF. Falcoaria Patrimônio da Humanidade. Lisboa: Associação Portuguesa de Falcoaria [acervo online], Disponível: [Capturado em 03 jan. 2017]. FOX, N. Understanding the Bird of Prey. Hancock House Publishers: Canada, v.2, 2014, 375p. MELLO, M. Curso Básico de Falcoaria e Reabilitação de Aves de Rapina. 1. ed. Paraíba: Associação Brasileira de Falcoeiros e Preservação de Aves de Rapina, p. MULLENIX, M. American Kestrels in Modern Falconry. USA: Louisiana, 3ed., 2007, 142p. SANTOS, E. O. Metabolismo do estresse: impactos na saúde e na produção animal. Universidade Federal do Rio Grande do Sul [acervo online], Disponível: e_na_producao.pdf. [Capturado em 19 jan. 2017]. Anais do 38º CBA, p.0775

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