Controle alternativo de Allium sativum e efeito do fotoperíodo em sementes de Schizolobium amazonicum (1).

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1 Controle alternativo de Allium sativum e efeito do fotoperíodo em sementes de Schizolobium amazonicum (1). Raqueline Dias Campelo (2) ; Priscyla Neves Cardoso (3) ; Thayane Ferreira Miranda (4) ; Dielle Thainá de França Teixeira (5) ; Luciana do Socorro Santos Nascimento (6) ; Marco Aurelio Leite Nunes Silva (7). (1) Trabalho executado com recursos de Laboratório de Fitopatologia da Universidade Federal Rural da Amazônia. (2) Estudante de Graduação no curso de Agronomia; Universidade Federal Rural da Amazônia; Belém, Pará; raquecampelo@yahoo.com.br; (3) Estudante de Graduação no curso de Agronomia; Universidade Federal Rural da Amazônia; priscyla.cardoso@hotmail.com; (4) Estudante de Graduação no curso de Agronomia; Universidade Federal Rural da Amazônia; thayanef.miranda@gmail.com; (5) Estudante de Graduação no curso (6) de Agronomia; Universidade Federal Rural da Amazônia; diellethaina@hotmail.com; Estudante de (7) Graduação no curso de Agronomia; Universidade Federal Rural da Amazônia; luh.bio6@gmail.com; Professor/Pesquisador Fitopatologia/ICA, Universidade Federal Rural da Amazônia; malnunes1953@gmail.com. RESUMO: A espécie Schizolobium amazonicum é uma árvore de grande porte e rápido crescimento. Nesse sentido, o objetivo do trabalho foi avaliar o controle alternativo de Allium sativum e incidência de fungos sob efeito do fotoperíodo em sementes de Schizolobium amazonicum. O experimento foi realizado no Laboratório de Fitopatologia Pesquisa da Universidade Federal Rural da Amazônia, em Belém, com início no dia 16 a 25 de Agosto de Foram utilizadas 400 sementes de Paricá pré-tratadas com hipoclorito a 1.5%, álcool 70%, água destilada e extratos de alho com tratamentos em blotter test. O experimento é composto por 10 tratamentos e 4 repetições contendo 10 unidades em cada gerbox. Com relação ao efeito do fotoperíodo, as sementes que permaneceram expostas por 24 horas apresentaram menor incidência de fitopatogênica. Nas sementes que apresentaram incidência de fungos, foram identificados Aspergillus sp, Colletotrichum sp, Penicillium sp e Curvulária sp, os quais contaminaram 10%, 13,1%, 2,8% 1,9%, respectivamente. O controle alternativo de Allium sativum apresentou eficiência na maioria das concentrações, cuja contaminação de fungos foi inferior a 50%, com exceção da concentração de Alho a 20% em fotoperíodo de 24horas. Termos de indexação: Controle natural, Luz, Fitossanidade. INTRODUÇÃO A espécie Schizolobium amazonicum é uma árvore de grande porte e rápido crescimento. Ocorre em mata primária e secundária de terra-firme e várzea alta e está distribuída nos estados do Amazonas e Pará. A madeira da espécie apresenta elevado interesse econômico e tem como principais aplicações caixas, forros, pranchetas, palitos, canoas, aeromodelos, brinquedos e papel (Ramos et al.,2006). As sementes de Schizolobium amazonicum (Leguminoseae: Caesalpinioideae) utilizadas na produção de mudas são coletadas a partir de indivíduos adultos que se desenvolvem em áreas de floresta nativa e sua germinação é de aproximadamente 28% (Dapont et al.,2014). 1

2 Segundo Oliveira et al (2012), o efeito da luz e da temperatura nas sementes varia grandemente entre diferentes espécies e populações e para cada população de sementes há uma faixa característica na qual a germinação ocorre. Segundo Machado (1988 apud Kobayasti & Pires, 2011), dentre os agentes patogênicos, os fungos são os mais ativos, apresentando maior habilidade em penetrar diretamente nos tecidos vegetais e lá alojarem-se mais facilmente. O inóculo fúngico pode ser transportado via semente, na forma de micélio e/ou de esporos, mas a taxa de transmissão do patógeno, dentre outros fatores, depende, fundamentalmente, da quantidade e localização do inóculo na semente (Neergaard 1979, Tanaka & Machado 1985 apud Kobayasti & Pires, 2011) Nos últimos anos, a sociedade vem se preocupando com o uso intensivo e indiscriminado de agrotóxicos que causam diversos problemas ao meio ambiente, como a contaminação de águas, solos, animais e alimentos; a intoxicação de agricultores; a eliminação de microrganismos responsáveis pela degradação da matéria orgânica ou de organismos utilizados em programas de controle biológico e a resistência de fitopatógenos, pragas e plantas daninhas a certos agrotóxicos (SILVA el at., 2009).. Bernardo el at. (2002) relatam que os extratos e produtos derivados de vegetais têm sido estudados quanto à eficácia no controle de doenças de plantas, para uso em sistemas de produção que busquem a redução ou eliminação do uso de agrotóxicos, sendo muito utilizado na agricultura orgânica De acordo com Heinzmann (2001), o alho contém duas substâncias, aliinase e aliína, armazenadas separadamente e, quando suas membranas são rompidas, formam a alicina, responsável pela defesa da planta. Tem sido relatada a capacidade fungitóxica do extrato de alho, diminuindo a germinação de esporos sexuados e de conídios de uma gama de fungos fitopatogênicos (BASTOS 1992; WILSON et al.,1997). Além de possuir atividade antifúngica e antibacteriana, o alho já é utilizado como vermífugo, antiviral e antiprotozoário, sendo também capaz de afetar o crescimento micelial. (Leite el at., 2009). Nesse sentido, o objetivo do trabalho foi avaliar o controle alternativo de Allium sativum e incidência de fungos sob efeito do fotoperíodo em sementes de Schizolobium amazonicum. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi realizado no Laboratório de Fitopatologia Pesquisa da Universidade Federal Rural da Amazônia, em Belém, com início no dia 16 a 25 de Agosto de Foram utilizadas 400 sementes de Paricá pré-tratadas com hipoclorito a 1.5%, álcool 70%, água destilada e extratos de alho com tratamentos em blotter test. Na preparação dos extratos, foram utilizados 200g dos materiais vegetais, sendo estes, bulbos de alho (Allium sativum L.) imersos em água destilada, macerados e triturados em liquidificador durante três minutos. Em seguida, foram passado em filtro (MORAIS el at., 2010), com a finalidade de obter a solução pura. Após a filtração foram preparadas soluções nas concentrações de 20%, 40%, 60% e 80%. As sementes foram pré-tratadas com as soluções de extrato de alho e colocadas em gerbox para o teste de sanidade com papel de filtro (DHINGRA & SINCLAIR, 1995), o experimento foi composto por 10 tratamentos e 4 repetições contendo 10 unidades em cada gerbox. As sementes foram umidecidas com água destilada esterilizada (ADE) todos os dias. Os recipientes com as sementes são dispostas sob lâmpadas de luz fluorescente branca, em câmaras com fotoperíodo durante 7 dias a temperatura de 25 ± 2ºC de acordo com o manual de análise sanitária de sementes do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (2009). Os tratamentos foram divididos em: sementes em fotoperíodo 12 horas com Testemunhas, Alho 20%, Alho 40%, Alho 60%, Alho 80% e sementes em fotoperíodo 24 horas com Testemunhas, Alho 20%; Alho 40%, Alho 60% e Alho 80%. O delineamento experimental utilizado para a sanidade das sementes foi o Delineamento Inteiramente Casualizado. Os valores foram obtidos a partir da média e representados em 2

3 porcentagens. O exame morfológico dos fungos foi feito ao microscópio, quando necessário, para a observação de detalhes morfológicos, comparando-os com informações disponíveis na literatura (BARNETT e HUNTER, 1986). RESULTADOS E DISCUSSÃO Ao avaliar as sementes de Schizolobium amazonicum observou-se que, nas sementes expostas em fotoperíodo 12 horas, o Allium sativum na concentração 80% apresentou maior controle contra a incidência de fungos (Figura 1). Segundo Fonseca el at. (2014), o alho é rico em alicina que possui ação antiviral, antifúngica e antibiótica, tem também, considerável teor de selênio agindo como antioxidante. O alho apresenta efeito inibitório sob o desenvolvimento microbiano, constatados por outros estudos. De acordo com Portz el at. (2008), o extrato de alho também apresenta atividade fungitóxica e/ou fungistática na germinação do oomiceto, com redução da severidade da doença. Com relação ao efeito do fotoperíodo, as sementes que permaneceram expostas por 24 horas apresentaram menor incidência de fitopatogênica, no entanto, a diferença em porcentagem não foi significativa (Figura 2). O resultado apresentou diferença segundo o experimento realizado por Marcuzzo & Xavier (2017), este comenta que o fotoperíodo de 12 horas de luz favoreceu o crescimento micelial de fungos. Figura 1. Representa a porcentagem de sementes de Schizolobium amazonicum contaminadas por fungos em diferentes concentrações de Allium sativum em fotoperíodo de 12 horas. Figura 2. Representa a porcentagem de sementes de Schizolobium amazonicum contaminadas por fungos em diferentes concentrações de Allium sativum em fotoperiodo de 24 horas. 3

4 De acordo como exame morfológico realizado através do microscópio nas sementes, foram identificados Aspergillus sp (Figura 3a), Colletotrichum sp (Figura 3b), Penicillium sp (Figura 3c) e Curvulária sp (Figura 3d), os quais contaminaram 10%, 13,1%, 2,8% 1,9%, respectivamente, das sementes apresentaram incidência de fungos. Vale ressaltar que algumas sementes apresentaram incidência de dois ou mais gêneros. Segundo Mufatto el at (2016),o teor de umidade está relacionado com o aumento de população de fungos. Figura 3. Representa os fungos identificados através do exame com auxilio do microscópio Aspergillus sp (a), Colletotrichum sp (b), Penicillium sp (c) e Curvulária sp (d). CONCLUSÕES O controle alternativo de Allium sativum apresentou eficiência na maioria das concentrações, cuja contaminação de fungos foi inferior a 50%, com exceção da concentração de Alho a 20% em fotoperíodo de 24horas. REFERÊNCIAS BERNARDO, R.; SCHWAN-ESTRADA, K. R. F.; POVH, F. P.; SALVATORI, R. K.; STANGARLIN, J. R. Atividade antibacteriana de plantas medicinais. Summa Phytopathologica, Botucatu, 1: 110, DAPONT, E. C. Métodos para acelerar e uniformizar a emergência de plântulas de Schizolobium amazonicum. Rev. Ciênc. Agron, 3: ,

5 FONSECA, G.M.;PASSOS, T.C.; NINAHUAMAN, M.F.M.L.; CAROCI, A.S.; COSTA, L.S. Avaliação da atividade antimicrobiana do alho (Allium sativum Liliaceae) e de seu extrato aquoso. Rev. Bras. Pl. Med., Campinas, 3: , HEINZMANN, B.M. Compostos com enxofre. In: SIMÕES, C.M.O.; SCHENKEL, E.P.; GOSMANN, G.; MELLO, J.C.P.; MENTZ, L.A.; PETROVICK, P.R. Ed. Farmacognosia: da planta ao medicamento. Porto Alegre: UFRGS, p KOBAYASTI, L; PIRES. A. P. Levantamento de fungos em sementes de trigo. Pesq. Agropec. Trop., Goiânia, 4: , LEITE, C. D.; BOTELHO, R. V.; FARIA, C. M. D. R.; MAIA, A. J. Efeitos do extrato de alho sobre agentes causais da antracnose (Elsinoe ampelina) e da escoriose (Phomopsis viticola) da videira. Revista Brasileira de Agroecologia, 2: , MACHADO, J. C. Patologia de sementes: fundamentos e aplicações. Brasília, DF p. MARCUZZO, L. L.; XAVIER, A. Efeito da temperatura e do fotoperíodo no desenvolvimento micelial de Sclerotium cepivorum, agente causal da podridão branca do alho e da cebola. Summa Phytopathol., Botucatu, 1:68-69, MUFATTOI, L. M.; NERESII M. A.; NATH, C. D.; STANGARLIN, J. R.; SCHEIDT, K. C.; CASAROTTO, L.; SARTO, J. R. W.; SUNAHARA, S. M. M. Caracterização e quantificação da população de fungos em área de produção de feno de capim Tifton 85, adubado com biofertilizante suíno. Ciência Rural, Santa Maria, 3: , NEERGAARD, P. Seed pathology. 2. ed. London: Macmillan, p. OLIVEIRA, M. A. S. Germinação de sementes de jambu (Acmella oleracea Asteraceae) sob influência de fotoperíodo e temperatura. Revista eletrônica de Biologia, 3: , PORTZ, D.; KOCH, E.; SLUSARENKO, A.J. Effects of garlic (Allium sativum) juice containing allicin on Phytophthora infestans and downy mildew of cucumber caused by Pseudoperonospora cubensis. European Journal of Plant Pathology, Wageningen, 122: , RAMOS, M.B.P. Influência da temperatura e da água sobre a germinação de sementes de Paricá (Schizolobium amazonicum Huber ex Ducke Leguminosae-Caesalpinioideae). Revista Brasileira de Sementes, 1: , SILVA, J. A. DA; PEGADO, C. M. A; RIBEIRO, V. V; BRITO, N. M. DE, NASCIMENTO, L. C. DO. Efeito de extratos vegetaisno controle de Fusarium oxysporum F Sp tracheiphilum em sementes de caupi. Ciênc. agrotec., Lavras, 2: , TANAKA, M. A. S.; MACHADO, J. C. Patologia de sementes. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, 122:40-46, WILSON, C.L. et al. Rapid evaluation of plant extracts and essential oils for antifungal activity against Botrytis cinerea. Plant Disease, 81:204-10,