Potencial antagônico de Trichoderma sp Contra Fungos Fitopatogênicos no Sul do Estado do Tocantins

Tamanho: px

Começar a partir da página:

Download "Potencial antagônico de Trichoderma sp Contra Fungos Fitopatogênicos no Sul do Estado do Tocantins"

Wilson Mascarenhas Caires
5 Há anos
Visualizações:

1 Potencial antagônico de Trichoderma sp Contra Fungos Fitopatogênicos no Sul do Estado do Tocantins Wancicléia de Jesus Monteiro 1 ; Gil Rodrigues Dos Santos 2. 1 Aluno do Curso de Biotecnologia; Campus de Gurupi; wancicleiamonteiro@hotmail.com; Bolsa permanência. 2 Orientador(a) do Curso de Agronomia; Campus de Gurupi; Girsan@uft.edu.br RESUMO Fungos do gênero Trichoderma apresentam grande potencial para o controle de fitopatógenos. Pesquisas com diferentes culturas comprovam essa capacidade e agregam informações sobre os mecanismos de ação desses bioagentes. Dessa forma o controle biológico vem sendo pesquisado como alternativa para o controle de organismos patogênicos que podem causar diferentes doenças associadas às plantas. O presente trabalho visou testar e selecionar isolados de Trichoderma sp. com maior potencial antagônico contra o desenvolvimento dos fungos fitopatogênicos Rhizoctonia solani e Sclerotium rolfsii. Os ensaios in vitro consistiram em testes para avaliar o melhor método para a competição de crescimento entre os isolados Trichoderma sp. e os fungos patogênicos envolvidos. No teste foram testadas 10 espécies não comerciais de Trichoderma previamente isolados (Tri 1, Tri 2, Tei 3, Ajam 18, Ajam 19, Ajam 20, Ajam 21, CE 21, CE 66, e DOA 19.) e quatro espécies comerciais de Trichoderma já utilizados e disponíveis no mercado (T. Grupo ok, T. Dinamarca, Trichoplus JCO e T. harzianum.). Os resultados mostraram considerável potencial antagônico para o biocontrole dos patógenos acima mencionados. Palavras chaves: Controle biológico; Fitopatógenos; Antagonismo; Rhizoctonia solani; Sclerotium rolfsii. INTRODUÇÃO Os fungos do gênero Trichoderma são de grande importância econômica para a agricultura, uma vez que são capazes de atuarem como agentes de controle de doenças de várias plantas cultivadas, promotores de crescimento e indutores de resistência de plantas a doenças (FORTES ET AL. 2007). Na estratégia de controle biológico clássico, por exemplo, enquanto os fungicidas possuem um efeito temporário e necessitam de repetidas aplicações durante o ciclo das culturas, os agentes de controle biológico são capazes de se estabelecer, colonizar e dispersar no ecossistema (ÁVILA ET AL. 2005). Entretanto, o aspecto mais importante a ser considerado, qualquer seja a estratégia utilizada, é

2 que esses agentes biológicos constituem alternativa viável para diminuir o potencial de inoculo de patógenos habitantes do solo, sem trazer danos ao meio ambiente (MELLO ET AL. 2007). Assim, a utilização de Trichoderma sp. para controlar o desenvolvimento dos principais fungos patogênicos encontrados na região é uma prática útil e sustentável, permitindo que se produza alimentos mais saudáveis e livres de agrotóxicos. Diante disso o objetivo deste trabalho foi selecionar isolados de Trichoderma sp. para utilização como antagonista no controle biológico dos principais fungos patogênicos encontrados na região Sul do Estado do Tocantins. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido no laboratório de fitopatologia da Universidade Federal do Tocantins Campus de Gurupi, onde foram testadas 10 espécies não comerciais de Trichoderma sp. previamente isolados (Tri 1, Tri 2, Tei 3, Ajam 18, Ajam 19, Ajam 20, Ajam 21, CE 21, CE 66, e DOA 19.) e quatro espécies comerciais de Trichoderma sp. já utilizados e disponíveis no mercado (T. Grupo ok, T. Dinamarca, Trichoplus JCO e T. harzianum.). Foi realizado testes para verificar o efeito antagonista dos isolados de Tricoderma sp contra os fitopatógenos Rhizoctonia solani e Sclerotium rolfsii através dos métodos de confrontação direta ou pareamento de culturas. Os testes foram in vitro, em ambiente controlado, favorável ao desenvolvimento populacional dos fungos. Para as avaliações dos testes de competição foi feito pareamentos de culturas que consistiram de discos miceliais dos fungos (fitopatogênicos e antagonistas) colocados pareados (um em cada extremidade) em placas de petri (9 mm), contendo meio de cultura BDA. As placas foram incubadas em ambiente controlado com temperatura média de 25 Cº durante 7 dias. No sétimo dia após a repicagem foi feita a avaliação da competição, com base no desenvolvimento da testemunha onde foi observado o progresso do fungo dentro de cada placa em que se encontram as duplas de discos com micélios. O critério de avaliação foi pela porcentagem de colonização conforme metodologia de Camporota (1985), em que: %C = DT/DE100, sendo DT, o raio de crescimento da colônia de Trichoderma sp. em direção frontal à colônia do patógeno e DE, a distância que separa as duas colônias. O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado com 14 tratamentos e três repetições.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO As porcentagens de colonização do Trichoderma sp. em relação aos fungos Rhizoctonia solani e Sclerotium rolfsii, respectivamente estão apresentados na Tabela 1, e mostra que houve uma grande diversidade nos resultados do efeito antagônico do Trichoderma sp. Os isolados Trichoderma sp. mostraram-se bastante eficiente como agente antagonista, apresentando porcentagem de inibição bastante satisfatória para o patógeno Sclerotium rolfsii, apresentando porcentagens maiores que 50%, exceto para o isolado CE66. No entanto, no trabalho realizado por Remuska e Pria (2007), os autores obtiveram 33, 9% de inibição do patógeno estudado pelo Trichoderma sp. No ensaio de inibição entre o isolado AJAM-18 contra o patógeno Rizoctonia solani foi o que proporcionou uma menor inibição, mostrando se significativo em relação aos demais isolados. Os isolados que mais apresentaram poder inibitório contra este patógeno foram os CE-21 e CE66 com 59,16 % e 63,56 % respectivamente. TABELA 1. Avaliação do efeito antagônico do Trichoderma sp. contra o fungo Rizoctonia solani e Sclerotium rolfsii através da porcentagem de colonização do Trichoderma sp (%C). Trichoderma sp. %C Rizoctonia solani Sclerotium rolfsii TRI-01 53,61 b 66,29 a TRI-02 50,69 b 69,11 a TRI-03 47,27 b 59,86 a AJAM-18 18,37 d 60,93 a AJAM-19 46,82 b 63,51 a AJAM-20 19,29 d 61,44 a AJAM-21 36,48 c 57,14 a CE-21 59,16 a 62,32 a CE66 63,56 a 33,71 b DOA-19 48,17 b 54,72 a T.harzianum* 53,26 b 67,03 a T.DINAMARCA* 52,88 b 62,78 a T.GRUPO OK* 52,39 b 67,19 a TRICHOPLUS JCO* 42,99 b 62,75 a *Isolados cedidos pelo JCO. Médias seguidas pela mesma letra, minúscula na coluna não difere estatisticamente pelo teste de Scott-Knott ao nível de 5 % de probabilidade. Vários trabalhos apontam um potencial promissor do Trichoderma sp. como agente de biocontrole (Remuska e Pria, 2007; Saito et al, 2009). Segundo Saito et al. (2009), a ação do Trichoderma sp. se dá através da inibição ou degradação das pectinases e outras enzimas essenciais para os fungos patogênicos de plantas, além de que ele pode ainda, induzir a uma resistência sistêmica

4 e localizada a uma variedade de patógenos, proporcionando um influencia substancial no crescimento e desenvolvimento das plantas. Observou-se a formação de um halo de inibição, que é formado quando há inibição do fitopatógeno, que se manifesta por uma limitação do crescimento do fungo pelo Trichoderma sp (Figura 1). A maioria dos isolados do Trichoderma sp. mostrou-se eficientes no biocontrole dos fungos patogênicos estudados. LITERATURA CITADA ÁVILA, Z.R., CARVALHO, S.S., BRAÚNA, L.M., GOMES, D.M.P.A., SILVA, M.C.F. & MELLO, S.C.M.. Seleção de isolados de Trichoderma spp. antagônicos a Sclerotium rolfsi e Sclerotinia sclerotiorum. Embrapa Recursos Genéticos, Brasília. (Boletim Técnico de Desenvolvimento e Pesquisa 177), p. 30, CAMPOROTA, P. Antagonism in vitro of Trichoderma spp. vis-a-vis Rhizoctonia solani Kuhln. Agronomie, v.5. p ,1985. FORTES, F.O., SILVA, A.C.F., ALMANÇA, M.A.K.; TEDESCO, S.B. Promoção de enraizamento de microestacas de um clone de Eucalyptus sp. por Trichoderma spp. Rev. Árvore v. 31(2), p , MELLO, S.C.M., ÁVILA, Z.R., BRAÚNA, L.M., PÁDUA, R.R. & GOMES, D Cepas de Trichoderma para el control biológico de Sclerotium rolfsii Sacc. Fitosanidad 11(1):3-9.

5 REMUSKA, A. C.; PRIA, M. D. Efeito de Bacillus thuringiensis e Trichoderma sp. no crescimento de fungos fitopatogênicos. Publ. UEPG Ci. Exatas Terra, Ci. Agr. Eng., Ponta Grossa, v.13, n.3, p.31-36, SAITO, L. R.; SALES, L. L. S. R.; MARTINCKOSKI, L.; ROYER, R.; RAMOS, M. S.; REFFATTI, T. Aspectos dos efeitos do fungo Trichoderma sp. no biocontrole de patógenos de culturas agrícolas. Pesquisa Aplicada e Agrotecnologia. v. 2, n. 3, AGRADECIMENTOS "O presente trabalho foi realizado com o apoio da UFT

Documentos relacionados

Resumos do VIII Congresso Brasileiro de Agroecologia Porto Alegre/RS 25 a 28/11/2013

Resumos do VIII Congresso Brasileiro de Agroecologia Porto Alegre/RS 25 a 28/11/2013 14533 - Trichoderma e óleo vegetal: alternativas para o controle de fitopatógenos de espécies florestais Trichoderma and vegetable oil: alternative for plant pathogens control of forest species FERREIRA,