APELAÇÃO CÍVEL Nº ( ) EMBARGOS DE DECLARAÇÃO

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1 APELAÇÃO CÍVEL Nº ( ) EMBARGOS DE DECLARAÇÃO Comarca de Uruaçu Embargante: Eunice Aparecida de Faria Embargado: Ministério Público do Estado de Goiás Relator: Juiz Marcus da Costa Ferreira EMENTA: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM AGRAVO INTERNO EM APELAÇÃO CÍVEL. RAZÕES DESVINCULADAS DA DECISÃO EMBARGADA. RECURSO INADMISSÍVEL. NÃO CONHECIMENTO. 1) Segundo orientação traçada pelo Superior Tribunal de Justiça, compete ao relator apreciar os aclaratórios manejados contra decisão monocrática de sua autoria. 2) - Na esteira da jurisprudência pacificada por este Sodalício, não se conhece dos embargos de declaração cujas razões encontram-se totalmente dissociadas da decisão embargada. 3) Apresentando-se o recurso manifestamente inadmissível, impõe-se ao relator decretar a sua negativa de seguimento, monocraticamente, nos termos do art. 557, caput, do CPC. 4) - RECURSO NÃO CONHECIDO A QUE SE NEGA SEGUIMENTO. DECISÃO MONOCRÁTICA Eunice Aparecida de Faria opõe embargos de declaração (fls. 268/280) frente à decisão unipessoal (fls. 231/240) exarada por esta relatoria, que, com fundamento no art. 557, caput, do CPC, deixou de conhecer do agravo interno de fls. 219/229, ensejando, 4 / ed ac dm 1

2 pois, sua consequente negativa de seguimento, tendo em vista que o aludido recurso apresentou-se manifestamente inadmissível, à míngua de pressuposto objetivo de admissibilidade, qual seja, regular preparo. Em suas razões, a parte embargante alega omissão e contradição no julgado. Sustenta omissão quando este relator, sem ouvir o plenário, bem como o seu direito de se manifestar oralmente, manteve decisão condenatória, indo em contrário a todas as jurisprudências dos Tribunais Superiores. Enfatiza que a (...) presente ação não deve ser julgada improcedente sem julgamento do mérito, sendo temerária sua interposição por parte do Ministério Público, sem, contudo, levantar a situação real do processo de prestação de contas da informante junto ao TCM Tribunal de Contas dos Municípios, uma vez, a referida prestação de contas foi interposto RECURSO DE REVISÃO (...). Argumenta sobre a ausência de manifestação a respeito da necessidade de existência de dolo e má-fé para caracterizar improbidade administrativa. Assevera que o próprio autor afirma em sua peça inicial que as irregularidades, ora alegadas, trata-se de meros erros administrativos, portanto, não se tratando de atos ímprobos - fls Aduz que (...) não cabe ação de improbidade administrativa para os casos em que, em nome do interesse público, o administrador opta efetuar determinados pagamentos, dentro do seu poder discricionário - fls Pede a reforma de decisão anterior, pois trata-se de matéria que poderia manifestar de ofício, pois, ocorreu o cerceamento de defesa, decisão totalmente contraria as jurisprudências de nossos Tribunais Superiores, da falta de manifestação dos demais membros da turma e ou câmara Cível (sic). É o conciso relatório. 4 / ed ac dm 2

3 DECIDO. Cumpre anotar, em princípio, que deixo de submeter o impulso recursal em foco ao crivo do colendo Colegiado, eis que competente é o relator para apreciar os embargos declaratórios manejados contra decisão monocrática de sua autoria, segundo orientação do Superior Tribunal de Justiça. Confira-se: PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO OPOSTOS CONTRA DECISÃO MONOCRÁTICA. JULGAMENTO COLEGIADO. NULIDADE. PRECEDENTES DA CORTE ESPECIAL. 1. A Corte Especial, em diversos precedentes, vem entendendo que é nulo o julgamento colegiado de embargos de declaração opostos contra decisão monocrática, por suprimir da parte interessada o utilização do agravo regimental para levar a questão controvertida a exame do órgão competente. 2. Anulado o acórdão que examinou os embargos de declaração, devem os autos retornar à origem para que o relator, por decisão monocrática, examine os aclaratórios como entender de direito. 3. Recurso especial provido. (STJ, Segunda Turma, Resp /ES, Rel. Min. Castro Meira, publ. no DJe 25/09/2008). Passado isto, cumpre-me averiguar mais detidamente os pressupostos de admissibilidade destes embargos. Na hipótese dos autos, percebe-se que a insurgente opõe os embargos declaratórios (fls. 268/280), valendo-se de argumentos que não condizem com os fundamentos da decisão monocrática atacada, conforme pode ser constatado às fls. 231/240. A respeito, levanta a parte embargante questões suscitadas no apelo de fls. 138/151, ao passo que, na realidade, seu recurso de agravo interno sequer fora conhecido, mediante decisão 4 / ed ac dm 3

4 monocrática que firmou o entendimento de que: (...) Impõe-se negar seguimento ao agravo interno interposto, na medida em que restou desobedecido um dos requisitos objetivos de sua admissibilidade, qual seja, preparo, cuja previsão é vista no art. 511, 'caput', do CPC, assim como na Tabela I, nº 2, da Consolidação dos Atos Normativos da Corregedoria-Geral de Justiça do Estado de Goiás a Precedentes do STJ e deste Tribunal. (...). Já se faz remansoso em nossa doutrina que a regularidade formal compreende um dos requisitos de admissibilidade de qualquer recurso, cuja mácula conduz inexoravelmente ao seu não conhecimento. Constitui evidente não observância à regularidade formal quando, por exemplo, as razões recursais envolvem assunto totalmente desconexo com a decisão atacada. Sobre o tema, lecionam com maestria e peculiar objetividade os professores Nelson Nery Júnior e Rosa Maria de Andrade Nery: 21. Requisitos de admissibilidade: regularidade formal. A Regularidade formal é também requisito de admissibilidade dos recursos. Devem todos eles ser interpostos por petição perante o juízo a quo, acompanhada das razões do inconformismo e do pedido de nova decisão (v.g. CPC 514, 524, 525 e 541), sem o que o recurso não pode ser conhecido. (...) (in Código de Processo Civil Comentado, Editora Revista dos Tribunais, 9ª edição, pág. 706). Sob tal contexto, induvidoso que os argumentos lançados nos embargos não se referem aos insertos no julgado objurgado, destoando completamente do fundamento nele sufragado (ausência de preparo), deixando escapar a indispensável assiduidade formal do recurso em apreço. 4 / ed ac dm 4

5 Neste caso, a jurisprudência orienta que: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ACÓRDÃO. AGRAVO REGIMENTAL. DECISÃO MONOCRÁTICA. APELAÇÃO CÍVEL. RAZÕES DISSOCIADAS. NÃO CONHECIMENTO. Por estarem as razões recursais dissociadas do acórdão embargado, não se conhece dos embargos declaratórios em face da sua manifesta inadmissibilidade. EMBARGOS DECLARATÓRIOS NÃO CONHECIDOS. (TJGO Terceira Câmara Cível, Apelação Cível , Rel. Des. Itamar de Lima, publ. no DJ 1614 de 26/08/2014); "EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM AGRAVO INTERNO/REGIMENTAL. RAZÕES DISSOCIADAS DA MATÉRIA ASSENTADA NO VENERANDO ACORDÃO. RECURSO MANIFESTAMENTE INADMISSÍVEL. NÃO CONHECIMENTO. Não se conhece do recurso (embargos de declaração) cujas razões envolvem matéria totalmente diversa e desconexa aos fundamentos que embasaram o venerando acordão impugnado. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NÃO CONHECIDOS." (TJGO Segunda Câmara Cível, Apelação Cível , Goiânia, ac. de 31/05/2011, Rel. Des. João Waldeck Felix de Sousa, publ. no DJ 840 de 15/06/2011); "AGRAVO REGIMENTAL. FUNDAMENTAÇÃO DIVERSA DA DECISÃO. NÃO CONHECIMENTO. Considerando que os argumentos expostos no agravo regimental não se coadunam com a matéria contida na liminar proferida, mormente porque dizem respeito ao efeito suspensivo do agravo instrumento, é que se impõe o não conhecimento deste recurso por fundamentação diversa da analisada na decisão. AGRAVO REGIMENTAL NÃO CONHECIDO." (TJGO, Terceira Câmara Cível, Agravo de Instrumento /180, Goiânia, ac. de 01/07/2008, Rel. Des. Walter Carlos Lemes, publ. no DJ 147 de 06/08/2008). 4 / ed ac dm 5

6 Ante estas considerações, deixo de conhecer deste recurso, face a ausência do pressuposto de admissibilidade da regularidade formal, e, por conseguinte, nego-lhe seguimento nos termos do artigo 557, caput, do Código de Processo Civil. Após as anotações e comunicações de estilo, e uma vez certificado o trânsito em julgado respectivo, remetam-se os autos ao juízo de origem, com as cautelas legais. Cumpra-se e intimem-se. Goiânia, 28 de agosto de Juiz Marcus da Costa Ferreira Relator em Substituição 4 / ed ac dm 6