MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL PROCURADORIA-GERAL DA REPÚBLICA

Transcrição

1 Nº 871/LJ/2018-REFD Sistema Único nº /2018 HABEAS CORPUS Nº /DF PACIENTE: Arthur Mario Pinheiro Machado RELATOR: Ministro Gilmar Mendes Excelentíssimo Senhor Ministro-Relator Gilmar Mendes, A Procuradora-Geral da República, no uso de suas atribuições constitucionais, vem opor, com fundamento no art. 337 do Regimento Interno do STF (RISTF), EMBARGOS DE DECLARAÇÃO COM EFEITOS INFRINGENTES contra decisão proferida pelo Exmo Min. Gilmar Mendes, que deferiu o pedido liminar formulado nos autos do Habeas Corpus n /DF, determinando a soltura do paciente Arthur Mario Pinheiro Machado. HC Nº /DF 1

2 I Breve resumo dos fatos Trata-se de Habeas Corpus impetrado em favor de Arthur Mario Pinheiro Machado contra decisão monocrática proferida pelo Ministro Rogério Schietti, da Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que, em 30 de maio de 2018, indeferiu liminarmente o HC /RJ, mantendo a prisão preventiva do paciente. Arthur Machado teve sua prisão preventiva originariamente decretada em 9 de abril de 2018 pelo Juízo da 7 a Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, nos autos do processo criminal nº (denominada Operação Rizoma ), para garantia da ordem pública 1. No dia 17 de maio de 2018, foi proferida pelo Juízo da 7 a Vara Criminal da Seção Judiciária do Rio de Janeiro decisão de recebimento da denúncia feita pelo MPF em face de diversos investigados no curso da Operação Rizoma, nos autos do processo nº ( ), entre os quais se inclui Arthur Mário Pinheiro Machado. Nessa mesma decisão, foi decretada nova prisão preventiva em face de Arthur Mário Pinheiro Machado, em razão de novas provas e fatos descobertos com a continuidade das investigações que, somados aos já existentes ao tempo da decretação da primeira medida cautelar, reforçaram a necessidade, ao ver daquele Juízo, de manter-se o paciente preso preventivamente. Contra a segunda prisão preventiva decretada em face de Arthur Mário Pinheiro Machado, a sua defesa impetrou, no TRF-2ª Região, o HC n , o qual teve seu pedido liminar indeferido pelo Desembargador Relator. 1 Contra essa decisão, a defesa impetrou o Habeas Corpus n perante o TRF-2 a Região (TRF2), o qual teve seu pedido liminar indeferido. A defesa do paciente, então, impetrou o HC n /RJ no Superior Tribunal de Justiça (STJ), tendo o Ministro Relator Rogério Schietti Cruz indeferido o pedido liminar em 5 de junho de HC Nº /DF 2

3 A defesa do paciente, então, impetrou o HC n RJ no Superior Tribunal de Justiça, tendo o Ministro Relator Rogério Schietti Cruz indeferido o pedido liminar no dia 30 de maio de 2018, por entender que: ( ) o Juiz indicou fatos novos (...) para justificar o encarceramento cautelar do paciente, porquanto ele "mesmo após o início da investigações sobre a atuação da ORCRIM, com a prisão de vários empresários e dos doleiros VINICIUS e CLAUDIO, ARTHUR MACHADO, em tese, permaneceu com suas atividades ilícitas" (fl. 223). A um primeiro olhar, o comportamento externado pelo paciente é a apto a justificar o receio atual e futuro de perpetuação de crimes da mesma tipologia. É prematuro substituir a prisão preventiva por cautelas alternativas, ante a menção de que a reiteração ocorreu entre 2011 e dezembro de 2017, sistematicamente, mesmo depois da identificação da organização criminosa e da prisão de vários de seus membros, a denotar a imprescindibilidade da medida extrema, única medida suficiente a resguardar o risco contemporâneo à ordem pública. Contra essa decisão a defesa de Arthur Mário Pinheiro Machado impetrou o HC n /DF no Supremo Tribunal Federal. Em 7 de junho de 2018, o Ministro Relator Gilmar Mendes deferiu pedido liminar no referido HC para suspender a eficácia do novo decreto de prisão preventiva decretada pelo Juízo da 7ª Vara Federal Criminal da Seção Judiciária do Rio de Janeiro (Processo ), em desfavor de ARTHUR MARIO PINHEIRO MACHADO o qual deverá ser posto em liberdade, se por algum outro motivo não estiver preso. Para tanto, argumentou o seguinte: (i) No caso concreto, está patente que o novo decreto de prisão revela inconformismo com a ordem de habeas corpus anteriormente deferida por este Tribunal. Em , no HC , determinei a substituição da prisão preventiva pelas medidas cautelares de proibição de manter contato com os demais HC Nº /DF 3

4 investigados, por qualquer meio e a proibição de deixar o País sem autorização do Juízo, deventro entregar o passaporte. (ii) nossa jurisprudência não legitima as prisões processuais decretadas em desconformidade com os requisitos autorizadores dispostos no artigo 312 do CPP, o que verifico ocorrer na espécie ; (iii) É assente na jurisprudência que fatos antigos não autorizam a prisão preventiva, sob pena de esvaziamento da presunção de não culpabilidade (art. 5º, LVII, da CF). A decisão monocrática proferida nos autos do HC n apresenta vícios é obscura, contraditória e omissa -, razão pela qual se interpõe os presentes embargos declaratórios, fundado nas razões a seguir expostas. II Mérito dos embargos II.a Obscuridade: a decisão embargada afirma que a prisão de Arthur Machado é fruto de inconformismo do juízo de primeiro grau com anterior decisão do STF. Mas não há decisão anterior. Um dos argumentos utilizados pela decisão embargada para afastar o segundo decreto prisional proferido contra Arthur Mário Pinheiro Machado, de 17 de maio de 2018 pelo Juízo da 7 a Vara da SJ/RJ, foi o de que ele revelaria inconformismo com a ordem de habeas corpus anteriormente deferida por este Tribunal. A ordem de habeas corpus a que a decisão embargada se refere é a decretada em 24 de maio de 2018 pelo Min. Gilmar Mendes nos autos do HC n , em extensão, em favor de Arthur Machado, da medida liminar inicialmente deferida em benefício de Milton Lyra (paciente originário do HC n ). HC Nº /DF 4

5 A decisão ora embargada, neste ponto, tem obscuridade: é que o segundo decreto de prisão preventiva de Arthur Mário Pinheiro Machado foi proferido pelo Juízo da 7 a Vara da SJ/RJ em 17 de maio de 2018 (na mesma decisão que recebeu a denúncia ofertada pelo MPF em face do paciente e de diversos outros investigados no curso da Operação Rizoma ), enquanto que a decisão, proferida pelo Ministro Gilmar Mendes em extensão solicitada nos autos do HC n , que suspendeu o primeiro decreto de prisão decretado em face de Arthur Mário Pinheiro Machado, foi proferida em 24 de maio de Ou seja: sendo a segunda prisão preventiva decretada em face de Arthur Machado ANTERIOR à decisão proferida pelo Ministro Gilmar Mendes em favor de Arthur, nos autos do HC n , obviamente não há como considerá-la fruto de inconformismo do Juízo da 7 a Vara da SJ/RJ contra ordem de habeas corpus anteriormente deferida por este Tribunal - tal qual textualmente afirmado pela decisão embargada. Ora, não havia ordem de habeas corpus anterior, emanada do STF ou de qualquer outro órgão jurisdicional, a ser observada ou não pelo Juízo da 7 a Vara da SJ/RJ, de modo que o Juiz decidiu, simplesmente, à luz dos fatos novos que lhe chegaram a conhecimento quando do recebimento da denúncia em face de Arthur Machado. Neste ponto, portanto, padece de obscuridade a decisão ora embargada, a merecer pronto esclarecimento. II.b Contradição e obscuridade: a decisão embargada contém estes vícios jurídicos, quando comparada com outra recente decisão, proferida pelo mesmo Relator em face do mesmo paciente. Além disso, a decisão ora embargada é, em seu conjunto, manifestamente contraditória e obscura quando comparada com outra recente decisão proferida pelo Min. Gilmar Mendes nos autos do já mencionado HC n Explica-se. HC Nº /DF 5

6 No dia 15 de maio de 2018, o Exmo. Ministro Gilmar Mendes deferiu medida liminar nos autos do Habeas Corpus n /RJ impetrado em favor de Milton de Oliveira Lyra Filho, para substituir os efeitos da ordem de prisão preventiva decretada pelo Juízo da 7 a Vara da SJ/RJ, pelas medidas cautelares diversas da prisão previstas no art. 319, incisos III e IV do Código de Processo Penal (CPP). Após tal decisão, Arthur Mario Pinheiro Machado, também preso preventivamente em razão da decisão proferida em 9 de abril de 2018 pelo Juízo da 7 a Vara da SJ/RJ, apresentou, perante o Exmo. Relator do HC n , petição requerendo a extensão, em seu benefício, da medida liminar deferida a Milton de Oliveira Lyra Filho, afastando-se a ilegal prisão preventiva do requerente, com consequente substituição por outras cautelares previstas no art. 319 do Código de Processo Penal. Como antes referido, no dia 17 de maio de 2018, o Juízo da 7 a Vara da SJ/RJ de decretou nova prisão preventiva em face de Arthur Machado. Com isso, o primeiro decreto prisional decretado em foi substituído por novo decreto de prisão, este baseado em fundamentos novos e complementares. Daí que o pedido de extensão, apresentado por Arthur Machado nos autos do HC n , ficou prejudicado por ter perdido, de modo superveniente, o seu objeto: é que ele atacava e pretendia ver afastado decreto prisional que já não existia, pois substituído por outro mais recente. Pois bem. Em 24 de maio de 2018, o Min. Gilmar Mendes proferiu decisão nos autos do HC n , acolhendo o pedido de extensão feito por Arthur Machado (apesar de se tratar de pedido de extensão prejudicado) e, com isso, suspendendo o primeiro decreto prisional proferido pelo Juízo da 7 a Vara da SJ/RJ (apesar de ele, na prática, não mais existir). Eis trechos dessa decisão: Trata-se de pedido de extensão da decisão liminar, com fundamento no art. 580 do CPP (Pet. STF n /2018, e DOC 72), deferida nestes autos em (e DOC 60), formulado pela defesa de ARTHUR MARIO PINHEIRO MACHADO. ( ). HC Nº /DF 6

7 In casu, em verdade haveria dupla supressão de instância, uma vez que estaríamos a decidir antes do Superior Tribunal de Justiça e antes, inclusive, do próprio Tribunal Regional Federal. Contudo, em obediência ao princípio da proteção judicial efetiva (CF, art. 5º, XXXV), a aplicação desse entendimento jurisprudencial pode ser afastada no caso de configuração de evidente constrangimento ilegal ou abuso de poder. Na hipótese dos autos, está claro o constrangimento ilegal. ( ). Pois bem. Os supostos crimes são graves, não apenas em abstrato, mas em concreto, tendo em vista as circunstâncias de sua execução. Muito embora graves, esses fatos são consideravelmente distantes no tempo da decretação da prisão. Teriam acontecido entre 2014 a É assente na jurisprudência que fatos antigos não autorizam a prisão preventiva, sob pena de esvaziamento da presunção de não culpabilidade (art. 5º, LVII, da CF). ( ). Ademais, destaco que jurisprudência do Supremo Tribunal consolidou-se no sentido de que a liberdade de um indivíduo suspeito da prática de infração penal somente pode sofrer restrições se houver decisão judicial devidamente fundamentada, amparada em fatos concretos e não apenas em hipóteses ou conjecturas, na gravidade do crime ou em razão de seu caráter hediondo. ( ). Ante o exposto, com fundamento no artigo 580 do CPP, defiro o pedido de extensão de medida liminar para substituir os efeitos da ordem de prisão preventiva decretada pelo Juízo da 7ª Vara Federal Criminal da Seção Judiciária do Rio de Janeiro (Processo ), em desfavor de ARTHUR MARIO PINHEIRO MACHADO, pelas seguintes medidas cautelares diversas da prisão, na forma do art. 319 do CPP: a) proibição de manter contato com os demais investigados, por qualquer meio (III); HC Nº /DF 7

8 b) proibição de deixar o País sem autorização do Juízo, devendo entregar seu(s) passaporte(s) em até 48 (quarenta e oito) horas (IV e art. 320). Ocorre que, no mesmo dia em que proferiu a decisão acima transcrita (24 de maio de 2018), deferindo pedido de extensão e determinando a soltura de Arthur Machado, o Min. Gilmar Mendes proferiu outra decisão, também nos autos do HC n , desta vez NEGANDO o pedido de extensão formulado por Arthur Machado. Pelo que se pode inferir dos termos desta segunda decisão proferida no dia 24 de maio de 2018, que o Ministro Gilmar Mendes analisou novo pedido de extensão apresentado pela defesa de Arthur Machado em face do segundo decreto prisional proferido pelo Juízo da 7 a Vara da SJ/RJ em 17 de maio de Veja-se trecho desse decisum: Trata-se de novo pedido ofertado pela defesa de ARTHUR MARIO PINHEIRO MACHADO (Pet. STF n /2018, edoc 105), tendo em vista a decretação de nova prisão preventiva pelo Juízo da 7ª Vara Federal Criminal da Seção Judiciária do Rio de Janeiro (Processo ). E, por entender que há notícia de fatos novos que apartam a situação do requerente da extensão em relação ao paciente deste habeas corpus, o Ministro Gilmar expressa e inequivocamente indeferiu o novo pedido, mantendo a decisão proferida pelo Juízo da 7 a Vara da SJ/RJ em 17 de maio de Apesar de o Ministro Gilmar Mendes ter, na decisão que indeferiu o pedido de extensão, expressamente reconhecido a existência de fatos novos trazidos pelo segundo decreto prisional, que justificariam a prisão preventiva de Arthur Machado, ele, na decisão ora embargada, afirma, em uma linha, sem maiores explicações, que não há fatos concretos a justificar o novo decreto cautelar. Ora, por óbvio, não é possível que, sobre uma mesma situação de prisão, haja fatos concretos que a justifiquem e não haja fatos concretos que a justifiquem. HC Nº /DF 8

9 Esta contradição invalida a soltura de Arthur Mário Pinheiro Machado, pessoa em relação a qual, vale lembrar, pairam robustas provas de ser o líder de organização criminosa que, entre 2011 e dezembro de 2017 (poucos meses antes do primeiro decreto prisional), vem se utilizando de sofisticada e internacional rede de doleiros para gerar numerário em espécie no Brasil e lavar os ativos provenientes de ilícitos e, com o dinheiro, pagar vantagens indevidas a funcionários públicos. Assim, imperioso sejam tais contradição e obscuridade esclarecidas. II.c Omissão: a decisão embargada diz que a prisão é indevida pois os fatos criminosos são antigos, mas desconsidera atos de lavagem praticados até dezembro de Outro argumento utilizado pela decisão embargada para afastar a segunda decisão judicial prisional de Arthur Mário Pinheiro Machado, de 17 de maio de 2018, foi o de que fatos antigos não autorizam a prisão preventiva. Apesar de essa afirmação não ter sido acompanhada por qualquer explicação, presume-se, a partir dela, que a decisão embargada agravada considera os fatos que levaram à prisão de Arthur Machado antigos. Neste ponto, a decisão embargada parece ignorar que, segundo revelaram as investigações ocorridas no bojo da Operação Rizoma, e conforme expresso na decisão, proferida pelo Juízo da 7 a Vara da SJ/RJ, que decretou pela segunda vez a prisão de Arthur Mário Pinheiro Machado (e em todas as demais que a mantiveram), o órgão ministerial descobriu que o paciente "teria pagado, por meio de duas operações ocorridas em 17 de julho e 13 de dezembro de 2017, quantia total de US$ ,00 [...] para a conta da LW Softwares LLC de Edward Penn", com a falsa justificativa de aquisição de mercadoria, a denotar o risco novo e contemporâneo de perpetuação dos crimes. Este pagamento é comprovado por extratos bancários juntados à denúncia. Ou seja: há provas novas, não consideradas pelo primeiro decreto prisional (já que foram descobertos pelo MPF apenas depois dele) e que foram determinantes do segundo decreto prisional, apontando que o esquema de lavagem de dinheiro, que se HC Nº /DF 9

10 utilizava de sofisticada rede, com ramificações no exterior, para comprar reais em espécie e, com eles, pagar propinas a agentes públicos, engendrado por Arthur Machado funcionou até, pelo menos, dezembro de Segundo a decisão da 7 a Vara Federal da SJ/RJ que decretou nova prisão preventiva de Arthur Machado, "os fatos narrados na Prisão Preventiva n foram apurados até 2016" e, somente depois da conclusão das investigações e do oferecimento da denúncia, o MPF tomou conhecimento de transferências que "indicam a perpetuação dos atos ilícitos por Arthur Machado e a contemporaneidade dos fatos ilícitos (até o final de 2017)", data não muito distante do primeiro decreto prisional, datado de 9 de abril de Ora, tendo em conta que o tempo dos fatos criminosos, para a prisão preventiva é, necessariamente, o do passado, não há como exigir, para que ela seja validamente decretada, fatos mais recentes do que aqueles praticados por Arthur Machado, em que a custódia foi determinada em abril de 2018, e, depois, em maio de 2018, relativa a fatos ilícitos praticados em dezembro de 2017 em reiteração delitiva que, aliás, dura desde Dizer que crimes praticados em dezembro de 2017 não são aptos a justificar uma prisão preventiva decretada no início de 2018, por não serem contemporâneos, seria o mesmo que dizer que esta modalidade de prisão apenas se justifica diante de fatos criminosos presentes o que, a toda evidência, equivaleria a eliminar a prisão preventiva do ordenamento jurídico pátrio, fazendo subsistir, em seu lugar, apenas a prisão em flagrante. Sendo assim, ao afirmar que o segundo decreto prisional de Arthur Machado fundou-se em fatos ilícitos antigos, sem considerar a informação comprovada de que, na verdade, Arhur continuou praticando atos de lavagem de dinheiro até dezembro 2017 (pelo menos), a decisão ora embargada incorreu em evidente omissão. Esta deve, portanto, ser suprida nestes embargos. HC Nº /DF 10

11 III - Conclusão Pelo exposto, a Procuradora-Geral da República requer o conhecimento e provimento destes embargos de declaração, mediante atribuição de efeitos infringentes, com o imediato restabelecimento da prisão preventiva de Arthur Mário Pinheiro Machado. HC Nº /DF 11 Raquel Elias Ferreira Dodge Procuradora-Geral da República Brasília, 13 de junho de 2018.