EXPERIÊNCIAS AGROECOLÓGICAS NA COMUNIDADE CARRO QUEBRADO, TRIUNFO-PE

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1 EXPERIÊNCIAS AGROECOLÓGICAS NA COMUNIDADE CARRO QUEBRADO, TRIUNFO-PE Juliana Carneiro Pires¹; 1 Estudante do curso de Geografia Bacharelado-UFPE, Juliana_ana_nana@hotmail.com INTRODUÇÃO O presente trabalho tem o objetivo de apresentar as modificações no espaço agrário com a prática da agricultura mais sustentável por meio dos princípios agroecológicos, visto que, a utilização de pacotes tecnológicos incentivados pelo Estado, trouxe consequências desastrosas ao camponês, na medida que sua cultura foi totalmente sujeita a termos pejorativos, impedindo a modernização da agricultura, consequentemente o crescimento econômico do país. De acordo com Caporal (2009) a agroecologia não é uma corrente alternativa como muitas vezes é confundida e não se limita apenas ao não uso de agrotóxicos. "(...) incorpora ideias mais ambientais e de sentimento social acerca da agricultura, focando não somente a produção, mas também a sustentabilidade ecológica dos sistemas de produção" ( Ehlers, 1996, p.28) De acordo com Guzmán e Ottmann(2004) citado por Caporal ( 2009, p. 25) os principais elementos da agroecologia podem ser agrupadas em três: Ecológico e técnico agronômico; socioeconômico e cultural; sociopolítico. De acordo com Carvalho(2004, p.323) citado Senhorinha (2006) o camponês apresenta como um sujeito social que apresenta modo de vida que lhe são próprios, porém devido aos incentivos do Estado como a ideologia que estes representa o atraso, muitos camponeses se viram na obrigação de modificarem e iniciarem a adesão ao modelo tecnológico que logo trouxe dependência aos pacotes externos; endividamento; doenças de saúde devido ao contato com produtos químicos; alimentos contaminados e abraçandose a monocultura. Ou seja, a economia camponesa de satisfazer a unidade de consumo

2 familiar estava gradativamente sendo perdida. Assim a agroecologia apresenta como resistência dos territórios (camponês, indígena, ribeirinho, caatingueiro entre outros) contra o modelo atual e do reconhecimento desses saberes milenares e disseminados pelas práticas cotidianas na terra ( DOURADO, 2009). O sertão no imaginário da sociedade possui a aparência da pobreza, seca, miséria, porém esses julgamentos são errôneos, visto que a mesma apresenta grandes biodiversidades que corresponde ao clima da região. Na comunidade Carro Quebrado localizado no sertão do Pajeú no município de Triunfo-PE, apesar da grande seca que vem atingindo a região (cinco anos de seca), os camponeses conseguem através da prática Agroecológica lidar com as adversidades, pois o conhecimento e o respeito a natureza contribui para que possam retirar alimentos saudáveis, sustento da família, equilíbrio do ecossistema além da maior independência do agricultor. OBJETIVOS Objetivo geral: Compreender os novos arranjos territoriais na Comunidade Carro Quebrado com a prática agroecológica. Objetivos específicos: Entender o que levaram aos camponeses para a prática agroecológica; Indicar as dificuldades para a transição agroecológica; Evidenciar as vantagens da prática mais sustentável. METODOLOGIA Foram feitas leituras referentes a agroecologia, agroecossistema, campesinato, Sertão e comunidade. Posteriormente a ida de campo com questões já anotadas para serem feitas com os agricultores e técnicos.

3 Foram visitados 8 camponeses, 2 técnicos do Centro Sabiá, participação da reunião da Associação dos Produtores agroecológicos de Carro Quebrado ( APAGRE) com cerca de 16 associados e visita a feira agroecológica em Serra Talhada. RESULTADOS A) Entender o que levaram aos camponeses para a prática agroecológica Grande parte dos agricultores em Carro Quebrado informou o uso de pacotes tecnológicos em suas unidades de produção, com o intuito de aumentar a produtividade e eliminar as pragas ali inseridas, não podendo se esquecer que existem aqueles que nunca fizeram uso de agrotóxicos. O Centro Sabiá, presente na localidade, trouxe aos agricultores novas formas de lidar com as dificuldades presentes na produção de alimentos diversificados, sem gastos com agrotóxicos e de maneira saudável. Com a prática sendo realizada no início, com poucos agricultores, mas mesmo assim obtendo resultados bastante satisfatórios nas unidades produtivas dos camponeses que optaram pela prática ecológica, aos cuidados e auxílios dos técnicos do Sabiá, gradativamente os demais agricultores que ainda produzem no modelo convencional têm se interessado em produzir também de modo sustentável. Os diálogos com os que produzem de forma ecológica propiciando alta qualidade de produção e diversidade e o apoio do Sabiá em ajudar corroboram para a entrada como também a participação desses agricultores que produzem de modo não sustentável a produzir de forma ecológica. O primeiro agricultor a realizar a prática agroecológica foi o Senhor Milton (60 anos) em Como em toda a Comunidade o cultivo de frutas são predominantemente, o mesmo já tinha feito uso de alguns fertilizantes químicos com intuito de matar pragas. Em conversa com um dos técnicos do Centro Sabiá e sendo apresentado um vídeo demonstrando como era realizada a agreocologia, o senhor Milton aceitou aderir a prática e os resultados foram bastante satisfatórios para a sua permanência na agroecologia. B) Indicar as dificuldades para a transição agroecológica

4 A transição agroecológica tem o apoio do Centro Sabiá na Comunidade, que vem desenvolvendo um trabalho enriquecedor com os agricultores. Porém as visitas não são feitas diariamente pois há poucos técnicos para dar conta das diversas experiências no Sertão do Pajeú. Na última visita na comunidade em Maio de 2016, o clima dos técnicos e agricultores não era dos melhores devido ao a conjuntura política no Brasil, pois dos cincos técnicos que trabalham no Sertão do Pajeú, quatro estavam de aviso prévio para demissão. Desmotivando os agricultores que estão iniciando a transição agroecológica na Comunidade, assim as reuniões ( através da associação) e as parcerias- dos agricultores com a prática agroecológica consolidada com os agricultores iniciantes( na transição) através de recomendações e na compra de algumas frutas para a venda na feira agroecológica em Serra Talhada- dão forças e motivações para que continuem na agricultura mais sustentável. I. Associação dos Produtores agroecológicos de Carro Quebrado (APAGRE) Fonte: Pires, 2016.

5 C) Evidenciar as vantagens da prática mais sustentável Nas entrevistas feitas pelos agricultores, os mesmos indicaram as poucas perspectivas com a utilização de pacotes tecnológicos. Quando o Centro Sabiá chega na Comunidade por volta de 1999 através de vídeos e conversas sobre a agroecologia poucos se interessaram, apenas o camponês Senhor Milton( 59 anos), posteriormente com os resultados positivos obtidos por este, alguns agricultores vão dando início também na transição agroecológica. Conseguiram uma diversidade de alimentos para venda, para o próprio consumo familiar e para os animais; eliminou a dependência de produtos químicos; recuperação dos solos; e melhoria econômica entre outros Nas entrevistas feitas pelos agricultores, os mesmos indicaram as poucas perspectivas com a utilização de pacotes tecnológicos. Quando o Centro Sabiá chega na Comunidade por volta de 1999 através de vídeos e conversas sobre a agroecologia poucos se interessaram, apenas o camponês Senhor Milton( 59 anos), posteriormente com os resultados positivos obtidos por este, alguns agricultores vão dando início também na transição agroecológica. Conseguiram uma diversidade de alimentos para venda, para o próprio consumo familiar e para os animais; eliminou a dependência de produtos químicos; recuperação dos solos; e melhoria econômica entre outros. CONSIDERAÇÕES FINAIS A revolução verde trouxe modificações no espaço agrário, porém é necessário a sociedade entender que este modelo representou danos ambientais, sociais, culturais e econômicos. O Centro Sabiá possui um papel importante ao apresentar aos camponeses caminhos para uma agricultura mais sustentável com princípios da agroecologia. Assim a atuação do Sabiá trouxe uma nova perspectiva aos agricultores que utilizava os pacotes

6 tecnológicos, pois a dependência a esses produtos químicos não trazia melhora nenhuma, apenas gastos. Gradativamente novos agricultores apresenta o interesse de entrar na transição agroecológica, este momento, o acompanhamento de técnicos possui grande importância, porém atualmente devido a conjuntura política várias demissões estavam perto a acontecer, a associação da comunidade representa como meio de fortalecimento e incentivos para continuação da prática sustentável. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS ALMEIDA, Sílvio Gomes de; PERTERSEN, Paulo; CORDEIRO, Angela. Crise socioambiental e conversão ecológica da agricultura Brasileira: Subsídios à formulação de diretrizes ambientais para o desenvolvimento agrícola. 1 ed. Rio de Janeiro: AS-PTA. ALTIERI, Miguel. A dinâmica produtiva da agricultura sustentável. 2 edição. Porto Alegre: Ed. Universidade\ UFRGS, ANDRADE, Manuel Correia de. A terra e o homem no Nordeste. 4. ed. São Paulo: Livraria. Ciências Humanas, CAATINGA. Projeto terra de vidas. Disponível em:< > Acessado em 25 de julho de CARVALHO, Otamar de. A economia política do Nordeste. Rio de Janeiro, Campus, CAPORAL, F. R.; COSTABEBER, J. A. Agroecologia e desenvolvimento rural sustentável: perspectivas para uma nova extensão rural. Porto Alegre: EMATER/RS, 2001.

7 CHAYANOV, A.V. Sobre a teoria dos sistemas econômicos não capitalistas. In: Weber, Engels, Lênin, Kaustsky, Chayanov, Stalin. Editora Brasiliense, P GUHUR, Dominique Michèle Perioto; TONÁ, Nilciney. AGROECOLO GIA. In: CALDART, Roseli Salete; PEREIRA, Isabel Brasil et al (org.) Dicionário da Educação do Campo. Rio de Janeiro, São Paulo: Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, Expressão Popular, HECHT, S. B. A Evolução do pensamento agroecológico. In: ALTIERI, M. (Ed.) Agroecologia - as bases científicas da agricultura alternativa. Rio de Janeiro: PTA-FASE, p MARQUES, M. I. M. A atualidade do uso do conceito de camponês. XII Encontro Nacional de Geógrafos, João Pessoa, MOURA, M. M. Camponeses. São Paulo: Ática, 1986 NASCIMENTO, Juliano Moreira. Bancos de Sementes Comunitários e a construção de Territórios de Esperanças. Dissertação (Mestrado em Geografia). Universidade Federal da Paraíba PPGG/UFP, João Pessoa OLIVEIRA, Ariovaldo Umbelino de. A geografia agrária e as transformações territoriais recentes no campo brasileiro. In. CARLOS, Ana Fani Alessandri (org). Novos Caminhos da Geografia. São Paulo: Contexto, RAFFESTIN, C. Por uma Geografia do Poder. São Paulo: Ática SHIVA, Vandana. Monoculturas da mente: perspectivas da biodiversidade e da biotecnologia. São Paulo, Gaia, SOUZA, S. T. Da negação ao discurso hegemônico do capital à atualidade da luta de classes no campo brasileiro. Camponeses em luta pelo/no território no Sudoeste da Bahia. Aracaju, Núcleo de Pós- Graduação em Geografia. Tese de doutorado, 2000.

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