V Jornada das Licenciaturas da USP/IX Semana da Licenciatura em Ciências Exatas - SeLic: A

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1 ANÁLISE DO FOCO CIENTÍFICO EM REVISTAS DE CIRCULAÇÃO MIDIÁTICA Kelly Jaqueline Alves, Priscila Proença Croscatto e Rosebelly Nunes Marques Universidade de São Paulo/ESALQ-Depto. de Economia, Administração e Sociologia Programa Aprender com Cultura e Extensão/Pró-reitoria de Graduação Eixo 5: Ciências Biológicas RESUMO A educação científica possui importância no processo de compreensão da natureza e dos seus fenômenos e auxilia na tomada de decisões pessoais e políticas dos alunos desde a educação básica. Os meios de comunicação como rádio, televisão, internet, jornais e revistas, contribuem com a escola nesse processo. Dessa forma podemos destacar as revistas de divulgação científica voltadas para um público não especializado como importantes na construção da alfabetização científica, uma vez que estão presentes nas escolas e podem ser facilmente encontradas em expositores de bancas de jornal e supermercados. Com o intuito de conhecer as informações que estão chegando ao público geral especialmente às escolas, essa pesquisa analisou as capas das revistas Ciência Hoje, Galileu, Superinteressante e Scientific American Brasil publicadas no período de 2008 a Cada assunto presente na capa foi classificado em três grandes categorias: Ciências Biológicas e Saúde, Ciências Exatas e da Terra e Ciências Humanas. A área Ciências Biológicas e Saúde foi a mais citada e para maior detalhamento, elencou-se subcategorias de análise: Ambiente, Evolução, Medicina e Neurociência. Houve um predomínio da temática ambiental na revista Ciência Hoje e a subcategoria Medicina foi a mais citada nas demais revistas. INTRODUÇÃO A importância da Alfabetização Científica e Tecnológica na Educação Básica é pautada no objetivo de que o aluno se aproprie dos conceitos de ciências de forma contextualizada, que realmente acabe por criar uma cultura cientifica e com isso seja capaz de promover mudanças benéficas na sua qualidade de vida, parafraseando Chassot (2003)...ser alfabetizado cientificamente é saber ler a linguagem em que está escrita a natureza, sendo assim o aluno terá uma visão de como os fenômenos que ele testemunhar, sejam observados e compreendidos por ele. Lemke (2006) diz que...o ensino de ciências não

2 deve almejar somente a formação de futuros cientistas, mas deve possibilitar que todos os estudantes tomem decisões pessoais ou políticas inteligentes sobre questões médicas ou tecnológicas. Neste contexto podemos destacar o papel das revistas que fazem divulgação científica para pessoas não especializadas. Esse meio de comunicação possui uma boa circulação e um fácil acesso, principalmente quando consideramos que muitas escolas recebem e utilizam esse material nas aulas. As revistas estão principalmente expostas em bancas de jornal, livrarias e expositores de supermercados, mesmo o público que não possui acesso ao conteúdo completo do periódico tem o conhecimento dos assuntos que estão sendo abordados no seu interior, por meio das matérias das capas. A escolha da divulgação científica por estas revistas refletem o contexto cultural, social e político do momento da publicação. Dessa forma, o objetivo deste trabalho foi analisar os seus conteúdos, dos últimos cinco anos, das capas de quatro revistas (Ciência Hoje, Galileu, Scientific American e Superinteressante), identificar o panorama atual e o tipo de informação que está chegando às escolas e ao público em geral. Considerando a importância das revistas de divulgação científica para a alfabetização científica, levantou-se o que tem sido publicado nas capas de quatros revistas que possuem esse caráter, por meio de uma classificação dos temas que foram mais abordados nos últimos cinco anos. Essas revistas foram a Ciência Hoje, Galileu, Scientific American e Superinteressante. MATERIAIS E MÉTODOS Esta pesquisa será pautada na abordagem qualitativa como metodologia de investigação (LUDKE;ANDRE,2012, BELL, 2008). Foi feito primeiramente uma listagem dos assuntos das capas no período de 2008 a 2013 de quatro revistas: Ciência Hoje, Galileu, Scientific American Brasil e Superinteressante, duas pesquisadoras realizaram essa etapa, analisando duas coleções de revistas. O acesso às capas foi pelo meio digital, pois cada revista possui nos seus respectivos sítios, arquivos com as capas e assuntos das edições anteriores. Porém quando a capa não estava disponível nos sítios da revista era realizada uma busca utilizando o número da edição fornecida pelo arquivo em um sítio próprio para localização de imagens, sendo possível encontrar a capa e visualizar as matérias expostas. A partir da listagem geral dos assuntos, estabeleceram-se três grandes categorias de análise, para a classificação dos assuntos, etapa que envolveu três pesquisadoras. As categorias definidas foram: Ciências Biológicas e Saúde, Exatas e Ciências da Terra e Humanas.

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES Foram analisadas as capas de 139 edições e categorizadas 772 matérias de capa. A revista Superinteressante representa a maior porcentagem de matérias categorizadas, pois publica um maior número de edições por ano e também expõe em média 7 assuntos de capa, enquanto a média das demais é de 4 matérias de capa por edição. (Tabela 1) Tabela 1. Edições analisadas por revista Revista Edições Analisadas (em %) Matérias Categorizadas Ciência Hoje Galileu Scientific American Superinteressante A revista Ciência Hoje possui periodicidade mensal de fevereiro a dezembro. A descrição exibida pela revista no site é que A revista Ciência Hoje oferece um panorama completo da produção intelectual e tecnológica das universidades, institutos e centros de pesquisa nacionais e avanços da ciência internacional. Galileu é uma revista de publicação mensal e conforme descrição em seu próprio site, a publicação analisa o que de mais relevante acontece nos campos da ciência, tecnologia e comportamento e apresenta tudo isso em reportagens intrigantes, que ajudam as pessoas a melhorarem a qualidade de vida. A Revista Superinteressante possui periodicidade mensal, exceto dezembro que publica duas edições. Segundo as informações do site da revista, o periódico divulga conteúdos como comportamento, saúde, tecnologia, futuro, história, aventura e ciência de um modo simples, claro, ilustrado e divertido. Já a revista Scientific American Brasil teve sua criação nos Estados Unidos e é publicada mensalmente no Brasil desde Segundo descrição em seu site a revista é a edição brasileira da mais tradicional revista de divulgação científica do mundo, a Scientific American. Por apresentar maior frequência, neste trabalho serão discutidos os dados referentes à área de Ciências Biológicas e Saúde, foi decidido gerar subcategorias para interpretar as matérias que se enquadraram nessa área. As subcategorias definidas foram: Ambiente, Evolução, Medicina e Neurociência. Analisando as quatro revistas no período de 2008 a 2013, pode ser observado que a área de Ciências Biológicas e Saúde foi mais citada nos assuntos de capa que as categorias Ciências Exatas e da Terra e Ciências Humanas com 39% das matérias categorizadas. (Figura 1).

4 Figura 1. Frequência das três grandes categorias de análise As matérias de capa classificadas com a subcategoria Ambiente foram mais frequentes na revista Ciência Hoje com 49%. A subcategoria Medicina teve um predomínio nas demais revistas com uma frequência de 61% na revista Galileu, 39% na revista Scientific American e 49% na revista Superinteressante. A revista Ciência Hoje na subcategoria Ambiente aborda com frequência os temas poluição, aquecimento global e mudanças climáticas como, por exemplo, a matéria principal de capa da edição 292: Plásticos riscos para a saúde e o ambiente. Porém além desses assuntos que possuem destaque nos meios de comunicação, a revista também traz matérias sobre perda de biodiversidade, ameaça de espécies invasoras e restauração de áreas degradadas como na edição 294 que um dos assuntos da capa foi Biodiversidade. Cavernas são importantes não apenas pra morcegos e deve ser preservada, o que demostra que a revista publica uma diversidade de assuntos importantes relacionados a temática ambiental. Nas revistas Galileu, Scientific American e Superinteressante houve um predomínio de matérias que abordam a avanços científicos na área médica como exemplo a matéria publicada na edição 253 da Galileu Na terrra do Alzheimer: a cura para a doença pode vir da Colômbia, na edição 129 da Scientific American Medicina: conectores biônicos para membros artificiais e na edição 313 da Superinteressante As 6 máquinas que vão mudar a medicina. Ainda dentro dessa subcategoria são publicadas matérias sobre medicina alternativa, no ano de 2013, essa temática foi recorrente, possivelmente por um maior desenvolvimento nessa área e pelo interesse dos leitores a esse tema. No mês de Janeiro um dos assuntos da Superinteressante foi A maconha salvou minha vida e na edição de

5 Março uma das matérias foi Remédio de índio na farmácia. Já capa da edição de Fevereiro da Galileu foi A medicina dá o braço à torcer: Adotados por hospitais no mundo todo e incluídos no SUS, os tratamentos alternativos são cada vez mais estudados e aceitos pela ciência. Muitos assuntos da subcategoria medicina estão relacionados com o bem estar humano, porém nem sempre refletem descobertas científicas importantes e sim em temas centrados em instigar a curiosidade do público, talvez por essa razão o essa subcategoria seja o mais recorrente principalmente nas revistas como a Galileu e a Superinteressante que possuem o objetivo de publicar matérias com conteúdos curiosos, porém com menos rigor científico. CONSIDERAÇÕES FINAIS As matérias de capa das revistas são elaboradas cuidadosamente no intuito de despertarem a curiosidade dos leitores de maneira que estes se sintam impelidos a adquirirem estas publicações. As revistas de divulgação científica cujas capas foram analisadas se revelam como boas ferramentas a serem utilizadas nas salas de aula, até mesmo no que tange a assuntos abordados com pouco rigor científico, pois possibilitam aos estudantes o exercício de conhecimento e análise dos diversos tipos de abordagens e com isto o educador pode auxiliá-los no processo de formação enquanto cidadãos autônomos e questionadores. Para que a baixa cientificidade das revistas possa ajudar o professor à leitura do mundo e a desmistificação dos conceitos apresentados, é de extrema necessidade a formação adequada do professor, atualizada e em diálogo com o dinamismo da ciência. REFERÊNCIAS BELL, J. Projeto de Pesquisa: guia para pesquisadores iniciantes em educação, saúde e ciências sociais. Tradução de Magda França Lopes. Porto Alegre: Artmed, CHASSOT, A. Alfabetização científica: o que é? Por quê? Como? In: Educação consciência. Santa Cruz do Sul: EDUNISC, pp LÜDKE, M.; ANDRÉ, Marli. Pesquisa em Educação: abordagens qualitativas. 2 ed. v. 1, p Rio de Janeiro: GEN, LEMKE, J.L. (2006). Investigar para el Futuro de la Educación Científica: Nuevas Formas de Aprender, Nuevas Formas de Vivir, Enseñanza de las Ciencias, v.24, n.1, 5-12.