PROCEDIMENTOS A SEREM ADOTADOS PARA O MOVIMENTO PAREDISTA
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- Rodrigo Castelo Jardim
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1 PROCEDIMENTOS A SEREM ADOTADOS PARA O MOVIMENTO PAREDISTA Como sabido, Greve é expressão genérica da qual derivam as paralisações por tempo determinado e indeterminado. No nosso caso, ou seja, em se tratando do interesso do SINDFAZENDA, pode ser com data para inicio e fim ou não. Embora o costume tenha separado a greve de paralisação por tempo determinado, associando greve à paralisação por tempo indeterminado, é idêntico o tratamento jurídico destes dois fenômenos sociais, a ambos aplicando-se a disciplina legal e jurisprudencial de greve. A nível de empregado particular existe disciplina sobre o tema, pois a lei n /89 versa especificamente sobre o direito de greve, regulamentando o tema na seara informada. Assim, denota-se que o instituto é derivado do Direito Coletivo do Trabalho e, portanto, mostra-se como mecanismo [extremo] de reivindicação dos trabalhadores, na busca da melhoria das condições de trabalho. Dessa forma, o velho conceito de antijuridicidade que tinha como adepto o próprio CARNELUTTI, restou esvaziado diante da prevalência dos ideais democráticos que mais notadamente após a segunda grande guerra fizeram-se presentes na visão dos povos, refletindo-se nas legislações domésticas e mesmo nas regras internacionais como a Convenção 87 da OIT. No particular aspecto da greve que envolva o serviço [concedido] de trato essencial, a citada lei nº 7.783/89, traz regulações específicas para a sua deflagração, que ainda assim será da alçada dos trabalhadores, por sua representação sindical, decidir sobre a oportunidade e conveniência de fazê-la (art. 1º op. cit.). Importante asseverar, por oportuno, que recentemente nosso Poder Judiciário, em especial o STF se manifestou sobre o tema em apreço, ao efetuar o julgamento do Recurso Extraordinário (RE) , com repercussão geral reconhecida, que discutia a constitucionalidade do desconto dos dias paradas em razão de greve de servidor. Por 6 votos a 4, o Plenário decidiu que a administração pública deve fazer o corte do ponto dos grevistas, mas admitiu a possibilidade de compensação dos dias parados mediante acordo. Também foi decidido que o desconto não poderá ser feito caso o movimento grevista tenha sido motivado por conduta ilícita do próprio Poder Público. Ou seja, apenas quando a greve se der sem um justo motivo deverá o corte de ponto ser efetuado, pois, caso contrário, a greve literalmente estaria cumprindo o seu papel social, garantido a nível constitucional e, por certo, legal. Não obstante o direito de greve se apresentar de cunho Constitucional, anteriormente à EC n. 19, restava presente a exigência de se ter a regulamentação do inc. VII do art. 37 via lei complementar, o que, como visto, foi alterado, necessitando, no presente momento, apenas de lei específica para a informada regulamentação. Diante da inércia do Poder Executivo, bem como do legislativo quanto ao tema, ou seja, greve do servidor publico, fora apresentado junto ao STF Mandado de Injunção n , onde o então Ministro Eros Grau entendeu pela existência da omissão pelo Poder Legislativo, e autorizou a aplicabilidade, de forma moderada, e nos termos do voto, a aplicabilidade da Lei n /89 aos servidores públicos de um modo geral, apenas
2 informando que seria o STF o balizador do tema, e não mais o Legislativo, naquela oportunidade. Aproveitando o ensejo, determinou que a aplicabilidade da lei informada aos servidores públicos deveria se dar, ao caso em estudo, quanto ao disposto nos arts. 1/9, 14, 15 e 17 da supra citada lei. De igual sorte, aplicou ainda aos mencionados artigos a adequação da Corte, conforme citado abaixo, verbis:...art. 1o É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender. Parágrafo único. O direito de greve será exercido na forma estabelecida nesta Lei. Art. 2o Para os fins desta Lei, considera-se legítimo exercício do direito de greve a suspensão coletiva, temporária e pacífica, parcial, de prestação pessoal de serviços a empregador. Art. 3o Frustrada a negociação ou verificada a impossibilidade de recursos via arbitral, é facultada a cessação parcial do trabalho. Parágrafo único. A entidade patronal correspondente ou os empregadores diretamente interessados serão notificados, com antecedência mínima de 72 (setenta e duas) horas, da paralisação. Art. 4o Caberá à entidade sindical correspondente convocar, na forma do seu estatuto, assembleia geral que definirá as reivindicações da categoria e deliberará sobre a paralisação parcial da prestação de serviços. 1o O estatuto da entidade sindical deverá prever as formalidades de convocação e o quórum para a deliberação, tanto da deflagração quanto da cessação da greve. 2o Na falta de entidade sindical, a assembleia geral dos trabalhadores interessados deliberará para os fins previstos no "caput", constituindo comissão de negociação. Art. 5o A entidade sindical ou comissão especialmente eleita representará os interesses dos trabalhadores nas negociações ou na Justiça do Trabalho. Art. 6o São assegurados aos grevistas, dentre outros direitos: I - o emprego de meios pacíficos tendentes a persuadir ou aliciar os trabalhadores a aderirem à greve; II - a arrecadação de fundos e a livre divulgação do movimento. 1o Em nenhuma hipótese, os meios adotados por empregados e empregadores poderão violar ou constranger os direitos e garantias fundamentais de outrem. 2o É vedado às empresas adotar meios para constranger o empregado ao comparecimento ao trabalho, bem como capazes de frustrar a divulgação do movimento. 3o As manifestações e atos de persuasão utilizados pelos grevistas não poderão impedir o acesso ao trabalho nem causar ameaça ou dano à propriedade ou pessoa. Art. 7o Observadas as condições previstas nesta Lei, a participação em greve suspende o contrato de trabalho, devendo as relações obrigacionais, durante o período, ser regidas pelo acordo, convenção, laudo arbitral ou decisão da Justiça do Trabalho. Parágrafo único. É vedada a rescisão de contrato de trabalho durante a greve, exceto na ocorrência da hipótese prevista no art. 14. Art. 8o A Justiça do Trabalho, por iniciativa de qualquer das partes ou do Ministério Público do Trabalho, decidirá sobre a procedência, total ou parcial, ou improcedência das reivindicações, cumprindo ao Tribunal publicar, de imediato, o competente acórdão. Art. 9o Durante a greve, o sindicato ou a comissão de negociação, mediante acordo com a entidade patronal ou diretamente com o empregador, manterá em atividade equipes de empregados com o propósito de assegurar a regular continuidade da prestação do serviço público. Parágrafo único. É assegurado ao empregador, enquanto perdurar a greve, o direito de contratar diretamente os serviços necessários a que se refere este artigo. (...) Art. 14 Constitui abuso do direito de greve a inobservância das normas contidas na presente Lei, em especial o comprometimento da regular continuidade na prestação do serviço público, bem como a manutenção da paralisação após a celebração de acordo, convenção ou decisão da Justiça do Trabalho.
3 Parágrafo único. Na vigência de acordo, convenção ou sentença normativa não constitui abuso do exercício do direito de greve a paralisação que: I - tenha por objetivo exigir o cumprimento de cláusula ou condição; II - seja motivada pela superveniência de fatos novo ou acontecimento imprevisto que modifique substancialmente a relação de trabalho. Art. 15 A responsabilidade pelos atos praticados, ilícitos ou crimes cometidos, no curso da greve, será apurada, conforme o caso, segundo a legislação trabalhista, civil ou penal. Parágrafo único. Deverá o Ministério Público, de ofício, requisitar a abertura do competente inquérito e oferecer denúncia quando houver indício da prática de delito. (...) Art. 17. Fica vedada a paralisação das atividades, por iniciativa do empregador, com o objetivo de frustrar negociação ou dificultar o atendimento de reivindicações dos respectivos empregados (lockout). Os demais artigos faltantes não sofreram interferência pela Corte Suprema, ante a especificidade do caso em tela. Porém, como visto alhures, o Judiciário, ciente da necessidade de atuação no tema, interferiu, nos moldes constitucionais, na temática, fazendo valer do poder de supressão quando presente a omissão legislativa. Importante ainda asseverar que, como certo, por se tratar de um Sindicato de abrangência nacional, a Corte responsável pela legalidade ou não da greve seria do STJ, segundo jurisprudência dominante. Assim, caso se opte pela deflagração da greve, a instancia competente para avaliar o tema do SINDFAZENDA será o STJ. Passa-se agora a destacar o procedimento a ser observado em caso de deflagração efetiva da greve a ser autorizada nos parâmetros abaixo, verbis: Primeiro Passo, Antes da deflagração do movimento paredista, ou mesmo o chamamento da Assembleia, deve o Sindicato estar munido de documentos onde demonstra o esgotamento das tratativas administrativas acerca do seu direito. Todos os documentos devem estar disponíveis, e são estes Ofícios, requerimentos e qualquer outro tipo de expediente administrativo; Em síntese, deve restar comprovado que o sindicato buscou de todas as formas tentar evitar o movimento paredista, somente se valendo, na oportunidade, da paralização para que seus anseios sejam efetivamente avaliados na forma necessária e por quem de direito. Segundo Passo, Não resolvido o problema, como sabemos que não será, restaria necessário pela Diretoria Sindical convocar uma Assembleia Geral da Categoria, nos moldes estatutários, que poderá se dar inclusive, via descentralizada, onde irá se definir a pauta de reinvindicações e deliberar sobre a paralisação ou não da Categoria via da Greve. Os assuntos a serem discutidos na assembleia deverão se voltar ao objeto do movimento, bem como a necessidade de se votar a autorização ou não da greve. Importante asseverar que não pode ser colocado em votação que a greve somente será autorizada mediante obtenção de medida liminar, pois, em assim sendo, não terá o judiciário motivos para observar a atuação da Administração com a deflagração da greve. Porém, o que poderá acontecer é não se valer a categoria da autorização do movimento em caso de negativa da liminar.
4 Terceiro Passo Comunicar os gestores da administração pública via ofício acerca do resultado da Assembleia, bem como os usuários do serviço, que pode se dar via EDITAL, sobre o início da paralização, bem como o resultado da pauta de reinvindicação da categoria, nos termos da decisão da Assembleia. Tudo isso há que se dar com prazo mínimo de 72 horas do início do procedimento. (artigos 3º, parágrafo único, e 13 da Lei 7.783/890 De igual importância informar que, por se tratar de um serviço essencial, principalmente o de atendimento à população como um todo, deverá ser mantido um percentual mínimo de 30% dos servidores na ativa, sendo garantida a continuidade dos serviços prestados à população. O ideal é que a diretoria sindical negocie com a Administração a alocação desse quantitativo e de que forma. Não sendo viável essa negociação, o próprio sindicato representando a categoria há que resolver a questão utilizando as disposições da Lei 7.783/89. Quarto Passo Encaminhar ao departamento jurídico toda a documentação acima informada, de modo que se providencie o instrumento jurídico em busca de uma liminar para a isenção do corte de ponto dos servidores grevista. Hipóteses com o ajuizamento da demanda; 01 Em seguindo o procedimento acima listado, deverá o Departamento Jurídico do sindicato apresentar junto à instancia competência o instrumento processual respectivo, onde irá se justificar a legalidade da greve, bem como buscar o auxilio do poder judiciário, de modo a obstaculizar o corte de ponto do servidor grevista, bem como se manifestar sobre a legalidade ou não do movimento. Em sendo reconhecida a legalidade da greve, ou mesmo indícios desta, será analisada a liminar, onde restará informado a forma e o modo que a administração há que se portar ante a greve. Em síntese, caso deferida a liminar, deverá o Judiciário informar à Administração que está há que se abster de realizar o corte de ponto do servidor, o que pode ocorrer com ou sem data limite. Assim, a greve poderá iniciar sem qualquer sequela imediata ao servidor, pois a suspensão do ponto fora deferida. Importante asseverar que a liminar não esgota o tema, pois o processo será julgado quanto ao mérito. Caso o pedido seja julgado procedente, o corte de ponto fica automaticamente impedido, não sofrendo o servidor a penalidade pelo movimento. Caso o pedido seja improcedente, a Corte poderá reverter a liminar e autorizar à Administração a efetivação do desconto dos dias parados. No entanto, apenas pelo fato de participar da greve o servidor não pode ser punido, considerando o próprio STF inexistir motivo para uma falta grave.
5 De todo salutar informar que o Sindicato deverá providenciar uma forma de averiguar a participação do servidor mediante a aplicação de uma forma de controle de ponto deste, devendo colher a assinatura de todo servidor participante, de modo a elidir problemas futuros a nível administrativa. 02 Em não se obtendo a liminar, o processo prossegue e o Juiz analisa a legalidade da greve, informando em sentença se a greve será legal ou não, bem como informar se o ponto poderia ou não ser cortado. Em caso de deliberar pela legalidade da greve, os valores subtraídos serão devolvidos. 03 Poderá ainda ser deflagrada a greve e se requerer judicialmente autorização para não se cortar o ponto, mesmo sem a ameaça da Administração, pois aí o movimento já se eclodiu e os servidores necessitam do guarnecimento judicial para não serem prejudicados. Em toda a etapa informada o Departamento Jurídico irá acompanhar o movimento, ofertando o necessário apoio ao Sindicato e a seus sindicalizados. Expedito Barbosa Jr. OAB/DF
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