SEMANA DO MEIO AMBIENTE NO CALENDÁRIO ESCOLAR DIFERENCIADO
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- Ivan Lacerda Igrejas
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1 SEMANA DO MEIO AMBIENTE NO CALENDÁRIO ESCOLAR DIFERENCIADO Odália Rosa da Silva 1 Hélida Cristine Santos Mendes Barroso 2 RESUMO No contexto atual de intensas mudanças e transformações as questões ambientais e a necessidade de promover o desenvolvimento sustentável tem sido motivo de preocupação. Nessa perspectiva o presente artigo discorre sobre a implantação da semana de meio ambiente no calendário escolar diferenciado das escolas do campo do município de Janaúba-MG. O tema é de fundamental importância no contexto atual, uma vez que as questões ambientais especificamente no campo devem ser discutidas, visando à formação da consciência ambiental e do desenvolvimento sustentável, além disso, o tema está em conformidade com os princípios da educação do campo estabelecido nas Diretrizes Operacionais. Os procedimentos metodológicos adotados constam de uma pesquisa exploratória embasada em uma fundamentação teórica, aplicação de questionários e reuniões com a coordenação de ensino Fundamental da Secretaria Municipal de Educação que resultou na implantação da semana de meio ambiente no calendário escolar diferenciado das escolas do campo e o mesmo foi apresentado a alunos e educadores para conscientizar a todos para a efetiva realização da semana de meio ambiente. O projeto contempla as estratégias pedagógicas definidas para a educação do campo e possui cunho interdisciplinar, permitindo assim o pensamento crítico, flexivo e a formação da consciência ambiental. Palavras-chave: Calendário Escolar. Meio Ambiente. Desenvolvimento Sustentável. Consciência Ecológica. 1. INTRODUÇÃO Os recursos ambientais e as intervenções antrópicas 3 tem sido atualmente, cada vez mais objeto de discussão quer seja pelo poder público ou por organizações 1 Graduada em Geografia pela Universidade Estadual de Montes Claros e pós graduanda em Educação do Campo. 2 Professora Orientadora da pós graduação Lato-sensu em Educação do campo. 3 As atividades antrópicas sobre o meio modificam os aspectos naturais, alterando o equilíbrio dos elementos do sistema, pois, ao se instalar em uma área, inevitavelmente o homem altera o ambiente, seja
2 2 mundiais, sociedade civil organizada, entre outro. Isso é plenamente justificado, pois o meio ambiente equilibrado e sustentável é de fundamental importância à sobrevivência das futuras gerações. Considerando que um dos maiores desafios para a sociedade contemporânea diz respeito à preservação ambiental e o desenvolvimento sustentável, e que no calendário escolar da rede municipal de ensino não há uma semana dedicada ao meio ambiente faz se necessário inserir no calendário escolar do Campo a semana do meio ambiente de modo a considerar adequadamente as relações homem-meio ambiente. O tema é de fundamental importância no contexto atual, uma vez que as questões ambientais especificamente no campo devem ser discutidas, visando à formação da consciência ambiental e do desenvolvimento sustentável, ou seja, atender às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade das gerações futuras atenderem as suas próprias necessidades. Nesse sentido, o projeto de intervenção pedagógica teve por objetivo geral inserir a semana do meio ambiente no calendário escolar da rede municipal de Ensino Fundamental de Janaúba e como objetivos específicos conscientizar educadores, educandos e a comunidade local para a realização do projeto, promover atitudes voltadas à preservação, conservação e recuperação ambiental; estimular o pensamento crítico, reflexivo e a consciência ambiental. Os procedimentos metodológicos adotados para a realização deste trabalho constam de um estudo exploratório, aplicação e análise de questionários para alunos e profissionais da educação de 02 escolas do campo que ofertam o Ensino Fundamental de 6 ao 9 ano, localizadas na zona rural. Posteriormente foram analisados os resultados e em reunião com a Coordenação Pedagógica e também com a Secretária Municipal de Educação foi inserida no calendário escolar a semana de meio ambiente e no Plano Curricular a disciplina Reflorestamento da parte diversificada de 8 ao 9 foi acrescida do termo meio ambiente, passando a ser identificada como Reflorestamento e por meio de construções, da instalação de empreendimentos para desenvolvimento de atividades produtivas ou até mesmo para manter atividades de lazer.
3 3 Meio Ambiente. Finalmente para tornar ciente a todos, o novo Plano curricular e o novo Calendário Escolar foram apresentados a alunos e educadores, juntamente com as devidas orientações, visando à efetiva realização da semana do meio ambiente. Calendário Escolar nas Escolas do Campo O calendário escolar é o documento que fixa as datas que organizam o ano letivo, sendo de fundamental importância para o desenvolvimento das atividades escolares. Conforme o Parecer Nº 1132/97 que dispõe sobre a Educação Básica, nos termos da Lei 9.394/96 a fim de adequar-se às peculiaridades locais, inclusive às climáticas e econômicas, recomenda-se que as diferentes redes escolares promovam esforços para articular e integrar os seus calendários escolares. Considerando as peculiaridades do campo é importante que se adote um calendário diferenciado, pois conforme a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional-LDB-n 9394/96 de 23/12/1996 em seu Art. 28 na oferta de educação básica para a população rural, os sistemas de ensino promoverão as adaptações necessárias à sua adequação às peculiaridades da vida rural e de cada região, especialmente: I - conteúdos curriculares e metodologias apropriadas às reais necessidades e interesses dos alunos da zona rural; II - organização escolar própria, incluindo adequação do calendário escolar às fases do ciclo agrícola e às condições climáticas; III - adequação à natureza do trabalho na zona rural. (Brasil/MEC, LDB , Art. 28,) Nessa Perspectiva a Organização do Sistema de Ensino das escolas do campo deverá regulamentar as estratégias para o atendimento escolar do campo e flexibilização da organização do calendário escolar. Ainda conforme a LDB 9394/96 o calendário escolar, mesmo diferenciado deverá cumprir a carga horária estabelecida na legislação, sendo o mínimo de 200 dias letivos e de 800 horas de aula.
4 4 O Currículo Escolar Conforme o Parecer Nº 1.132/97. Lei Federal 9394/96 o currículo refletirá a concepção de educando e de sociedade que se quer formar, a forma de organização do trabalho na escola, a postura dos educadores, a organização dos conteúdos e a metodologia de trabalho. Deverá expressar a construção social do conhecimento e proporá uma sistematização de meios para que essa construção se efetive. Segundo a LDB 9394/96 a parte diversificada do currículo tem por objetivo permitir que em cada região seja possível incorporar estudos de interesse da sociedade, da cultura, da economia e da clientela. Nessa perspectiva a proposta pedagógica da educação do campo em seu Art. 4, segundo as Diretrizes Operacionais afirma que: O Projeto institucional das escolas do campo constituirá num espaço público de investigação e articulação de experiências e estudos direcionados para o mundo do trabalho e o desenvolvimento social, economicamente justo e ecologicamente sustentável.( Resolução CNE/CEB N 1 DE 3 DE ABRIL DE 2002) Tal afirmativa corrobora com os princípios da identidade da escola do campo, especialmente no princípio da preservação ambiental em que os paradigmas da sustentabilidade supõem novas relações entre pessoas e natureza, entre os seres humanos e os demais seres dos ecossistemas. Partindo desse pressuposto e considerando a proposta do presente trabalho fez-se importante acrescentar na parte diversificada a disciplina reflorestamento e meio ambiente e inserir no calendário escolar a semana dedicada ao meio ambiente. Meio Ambiente e Escolas do Campo Ao pensar em experiências de aprendizagem que contribuem para ativar o desenvolvimento no campo devem-se ressaltar ações na ótica da educação ambiental, uma vez que a mesma não pode ser pensada como algo isolado, mas sim na interrelação de outras dimensões como econômica, social, política cultural, ética, sendo que
5 5 a mudança das relações do indivíduo com o meio ambiente está situada dentro do contexto da transformação da sociedade, da maneira como a sociedade pensa e constrói o seu desenvolvimento. Conforme os parâmetros curriculares Nacionais (1998. p.181) o meio ambiente é um tema transversal que deve ser trabalhado nas escolas, pautado nos conceitos de sustentabilidade, ou seja, é a educação elemento indispensável para a transformação da consciência ambiental. O objetivo do trabalho com o tema Meio Ambiente é contribuir para a formação de cidadãos conscientes, aptos para decidirem e atuarem na realidade sócio-ambiental de um modo comprometido com a vida, com o bem estar de cada um e da sociedade, local e global. Para isso, é necessário que, mais do que informações e conceitos a escola se proponha a trabalhar com atitudes, com formação de valores. (Parâmetros Curriculares Nacionais, 1998, p. 187). A afirmação acima é reforçada pela Lei 9795 de 27 de Abril de 1999, que dispõe sobre a educação ambiental e institui a Política Nacional de Educação Ambiental. Em seu Art. 2 o afirma que a educação ambiental é um componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não-formal. Nessa perspectiva o Plano Curricular da Secretaria Municipal de Educação destaca que conforme a Lei 9795 de 27 de Abril de 1999 a educação ambiental deverá ser trabalhada em todos os conteúdos, considerados os aspectos físicos e biológicos, as formas de interação do homem com a natureza, por meio das relações sociais. Conforme os Parâmetros Curriculares Nacionais (1998, p.181) a educação ambiental é indispensável para conseguir criar e aplicar formas cada vez mais sustentáveis de interação sociedade/natureza e soluções para os problemas ambientais. Assim, é imprescindível compreender conceitos, as relações e alterações ambientais provocadas pelo homem. Guerra define meio ambiente e as alterações provocadas pelo homem em sua dinâmica natural:
6 6 Considera-se, então, como ambiente o espaço onde se desenvolve a vida vegetal e animal (inclusive o homem). O processo histórico de ocupação desse espaço, bem como suas transformações, em uma determinada época e sociedade faz com que esse meio ambiente tenha um caráter dinâmico. Dessa forma, o ambiente é alterado pelas atividades humanas e grau de alteração de um espaço, em relação a outro, é avaliado pelos seus diferentes modos de produção e/ou diferentes estágios de desenvolvimento da tecnologia. (GUERRA, 2000, p.102) Percebe-se que o termo abrange os aspectos naturais assim como os aspectos sociais, econômico e cultural que permitem a boa qualidade de vida, sendo compreendido como um complexo de elementos que interagem entre si, havendo uma reciprocidade, isso faz com que ao ser modificado, esse meio perca parte de seus parâmetros ambientais. Ainda conforme Guerra e Cunha (2002, p.168): O entendimento holístico, no plano socioeconômico e ambiental de uma sociedade que vive em um determinado lugar, necessita de um profundo conhecimento de sua história, seus padrões culturais, dinâmica sócioeconômica atual, seus vínculos com o mundo externo, seus recursos natural-ambientais disponíveis e do modo como trata esses recursos (o ambiente). Destaca-se que a escola não é o único local para se promover a socialização e a aquisição de conhecimento, no entanto é de suma importância para a formação do cidadão pleno e consciente de seus direitos. Nesse sentido compreender a realidade do campo e inserir á na prática educativa escolar sem descaracterizar a cultura e modo de vida camponesa trata-se de um grande desafio para os profissionais da educação. Segundo Soares (2007, p.12): A busca da escola do campo converge ao encontro dos objetivos, das finalidades e das práticas pedagógicas que baseiam a Educação Ambiental. A consonância entre ambas permite inferir que a Educação Ambiental é uma poderosa ferramenta na construção do comprometimento sócioambiental almejado pela escola rural. Considerando a importância atribuída as questões ambientais no contexto atual a Conferência das Nações Unidas sobre Meio ambiente, realizada em 1972
7 7 recomendou que o dia 05 de Junho seja comemorado como dia mundial de Meio ambiente e o governo Brasileiro por meio do decreto , de 27 de maio de 1981, também decretou que neste período em todo território nacional se promovesse a Semana Nacional do Meio Ambiente. Procedimentos Adotados Os procedimentos metodológicos adotados incluem a pesquisa exploratória, busca em sites da internet, consultas bibliográficas sobre o tema, entre outros, para sustentar teoricamente a discussão. A pesquisa de campo se efetivou com as observações da pesquisadora sobre as questões ambientais em duas escolas do campo da rede municipal de ensino que oferta o ensino fundamental de 6 ao 9 ano. Foram aplicados questionários a educadores e educandos das referidas escolas, para se conhecer o nível de percepção quanto ao meio ambiente e se consideram conveniente à implantação da semana de meio ambiente no calendário escolar. É fundamental compreender como alunos e educadores percebem e se apropria do meio ambiente e dos recursos naturais. A percepção geográfica pode contribuir para a análise da relação homem-meio ambiente, considerando não só a percepção visual do espaço, mas também como os homens percebem esse espaço, ressaltando os processos de interferência antrópica que transformam a paisagem natural em paisagem artificial. Pois conforme Tuan (1980, p.54), duas pessoas não vêem a mesma realidade, nem dois grupos sociais fazem exatamente a mesma avaliação do meio ambiente. Isso se deve ao fato de existir profundas diferenças individuais na percepção, cada pessoa possui a sua forma própria de perceber o meio em que vive. A percepção ambiental é, sobretudo, pautada na subjetividade da população e na opinião, e por isso a prática de aplicação de questionários visa reconhecer a opinião da população sobre os danos ambientais e como as intervenções realizadas no meio natural interferem em suas atividades, sendo imprescindível para a compreensão das relações socioambientais. Também foi desenvolvida técnicas de trabalho em grupo e emprego de instrumentos de divulgação do projeto.
8 8 Para a aplicação dos questionários foi definida uma amostra aleatória de 50 alunos e 15 educadores como gestores, especialistas e professores do segmento de ensino do 6 ao 9 ano do ensino Fundamental e as respostas foram apresentadas sem nenhuma intervenção da pesquisadora. O questionário I com 06 perguntas, sendo 01 de múltipla escolha e 05 discursivas foi aplicado para educadores. O questionário II com 04 perguntas, sendo 03 de múltipla escolha e 01 discursiva foi aplicado para os alunos. Para realização do projeto de intervenção Local também foi necessário um momento de sensibilização da coordenação pedagógica da Secretaria Municipal de Educação, assim como da Secretária de Educação por meio de envio de oficio e reuniões. Posteriormente foi realizada visita as escolas com reuniões com educadores e educandos para sensibilizá-los da importância da realização da semana de meio ambiente, assim como a apresentação do Plano Curricular. Dados e Discussões As condições socioeconômicas do município marcado historicamente pelo drama das secas refletem diretamente no cotidiano da escola, resultando na defasagem idade-série e na evasão escolar. É comum desenvolver uma educação com características urbanas, com práticas de ensino desvinculado da realidade do aluno em que temas de grande importância, especialmente para a educação do campo, como as questões ambientais não são consideradas com o enfoque que merecem. Considerando as características climáticas da região, marcada por uma estação seca com chuvas concentradas nos meses de verão fez-se necessário a criação de um calendário escolar diferenciado, ou seja, adequado a realidade da região. Entretanto cumprem a carga horária estabelecida de 800 horas e 200 dias letivos, conforme dispõe a LDB n 9394/96 de 23/12/1996. As duas escolas analisadas para a realização deste trabalho localizam-se na zona rural, ofertam o ensino fundamental de 1 ao 9 ano e possuem um calendário diferenciado em virtude das especificidades locais. Em termos institucionais, o ensino fundamental sob a responsabilidade dos municípios, em princípio, contará com um calendário escolar próprio
9 9...e deverá adequar-se às peculiaridades locais, inclusive climáticas e econômicas, a critério do respectivo sistema de ensino, sem com isso reduzir o número de horas letivas previsto nesta lei de modo a favorecer a escolaridade rural com base na sazonalidade do plantio/colheita e outras dimensões sócio-culturais do campo. (Brasil/MEC, LDB , alt. 23, 2 ) Resultados e Discussões Considerando que o conceito de desenvolvimento está associado à educação e que esta é construída no convívio com as pessoas faz-se importante destacar experiências e ações educativas que visem a um desenvolvimento com sustentabilidade, pautado na preservação ambiental e no uso consciente de seus recursos. Para verificar a aceitação da proposta de inserção da semana de meio ambiente no calendário escolar diferenciado foi realizada a aplicação de questionários para educadores e educandos das escolas municipais do campo que ofertam o ensino fundamental do 6 ao 9 ano. Fonte: Questionário aplicado a educadores, Elaborado pela pesquisadora Fonte: Questionário aplicado a alunos, Elaborado pela pesquisadora. Foi questionado aos educadores se os mesmos consideram importante inserir no calendário escolar a semana de meio ambiente. Conforme gráfico 01, 87% dos educadores questionados, consideram importante ter uma semana dedicada ao meio ambiente e a conscientização ambiental. Entretanto 13% dos educadores não consideram importante e alegam que já desenvolvem atividades de educação ambiental em suas aulas.
10 10 Destaca-se que a maioria dos educadores, conforme gráfico 01 aceita a inserção da semana do meio ambiente no calendário fundamentada no fato de a aprendizagem baseada em projetos consiste em fomentar experiências de aprendizagem que engajem os estudantes em projetos complexos do mundo real, através dos quais possam desenvolver e aplicar suas habilidades e conhecimentos. (CAPRA, 2003, p.32). Também foi questionado aos alunos a importância de inserir a semana de meio ambiente no calendário escolar, conforme Gráfico 02. Destaca-se que 90% dos alunos concordam com a inserção da semana de meio ambiente e justificam que a mesma irá possibilitar um momento de reflexão para rever as questões ambientais. Considerando que o meio ambiente é tema transversal e por isso deve ser trabalhado de forma integrada aos demais conteúdos foi questionado aos educadores e alunos se o tema é trabalhado na escola de forma interdisciplinar. Fonte: Questionário aplicado a educadores, Elaborado pela pesquisadora Fonte: Questionário aplicado a alunos, Elaborado pela pesquisadora. Na análise comparativa dos dados, conforme gráfico 03 nota-se que 60% dos educadores afirmam que o tema é trabalhado de forma interdisciplinar, mas ainda de forma muita tímida, não contando assim com a participação efetiva de todos profissionais e assim as discussões mais amplas sobre temas ambientais fica a cargo dos professores de ciências e geografia. Já 40% dos educadores afirmam que o tema não é tratado, em todas as disciplinas, com o enfoque que merece. Conforme Gráfico 04, para 60% dos alunos as questões ambientais são trabalhadas de forma interdisciplinar, já 40% dos alunos afirmam que as questões ambientais não são trabalhadas em todas as disciplinas. Segundo Trigueiro:
11 11 No mundo moderno, onde o conhecimento encontra-se fragmentado, compartimentado em áreas que muitas vezes não se comunicam, a discussão ambiental resgata o sentido holístico, o caráter multidisciplinar que permeia todas as áreas do conhecimento, e nos induz a uma leitura da realidade onde tudo está conectado, interligado, relacionado. (2003, p.77-78) Também foi questionado aos educadores e alunos sobre a necessidade de inserir na parte diversificada do 8 e 9 ano a disciplina Reflorestamento e Meio Ambiente. Fonte: Questionário aplicado para educadores, Elaborado pela pesquisadora Fonte: Questionário aplicado aos alunos, Elaborado pela pesquisadora. Dentre os educadores questionados, 87% consideram importante abordar aspectos do meio ambiente na disciplina Reflorestamento, uma vez que será possível retratar o meio ambiente também na perspectiva local. 13% não consideram importante. A maioria dos alunos, ou seja, 90% concordam em incorporar a temática ambiental na disciplina Reflorestamento. Ressalta-se que a disciplina Reflorestamento e Meio Ambiente está em conformidade com a LDB-9394/96 e o regimento da Secretaria Municipal de Educação, uma vez que se trata de disciplina da parte diversificada, permitindo que em cada região seja possível incorporar estudos de interesse da sociedade da cultura, da economia, da clientela. As escolas utilizarão à parte diversificada de suas propostas curriculares para enriquecer e complementar a base nacional comum, propiciando a introdução de projetos e atividades de interesse de suas comunidades. Nessa perspectiva é fundamental que a escola desenvolva projetos de educação ambiental de modo a considerar as especificidades de cada localidade, ou seja, as peculiaridades regionais com ênfase aos problemas ambientais locais. Para Dias:
12 12 A Educação Ambiental é um processo permanente no qual os indivíduos e a comunidade tomam consciência do seu meio ambiente e adquirem conhecimentos, valores, habilidades, experiências e determinação que os tornem aptos a agir e resolver problemas ambientais presentes e futuros. (DIAS, 1994, p.59) A Principal função do trabalho com o tema Meio Ambiente é contribuir para a formação de cidadãos conscientes aptos a decidir e atuar na realidade socioambiental de um modo comprometido com a vida, com o bem-estar de cada um e da sociedade, local e global. Para isso é necessário que, mais do que informações e conceitos, a escola se proponha a trabalhar com atitudes, com formação de valores, com o ensino e aprendizagem de procedimentos. E esse é um grande desafio para a educação. Assim, constatada a importância da implementação da semana de meio ambiente no calendário escolar a secretária municipal de educação juntamente com a coordenação pedagógica do ensino fundamental acataram a proposta e foi inserida no calendário escolar a semana de meio ambiente e também foi alterada a nomenclatura da disciplina reflorestamento da parte diversificada dos 8 e 9 anos do ensino fundamental que passou a ser identificada por Reflorestamento e Meio Ambiente. Tais conquistas demonstram a preocupação da Secretaria Municipal de Educação em promover uma educação de qualidade pautada na preservação ambiental e no desenvolvimento sustentável. No mês de Fevereiro 2011 o calendário escolar e o plano curricular foram apresentados à comunidade escolar para tornar ciente a importância da participação de todos na realização da semana de meio ambiente. A conscientização contou com a participação da coordenação pedagógica do ensino fundamental da Secretaria Municipal de Educação. CONSIDERAÇÕES FINAIS É importante considerar que a preservação ambiental e a garantia de padrões eficientes de sustentabilidade não podem ser uma ação isolada e sim compromisso de todos em uma relação de reciprocidade e solidariedade que enfatize a preservação do
13 13 planeta e o uso consciente dos recursos naturais, visando à sobrevivência das futuras gerações. Os princípios da sustentabilidade podem ser adequados por meio da conscientização e educação, promovendo a mudança de comportamento e eliminação da cultura da degradação. O Desenvolvimento do Projeto de Intervenção local com o objetivo de inserir a semana de meio ambiente no calendário escolar possibilitou as conclusões a seguir: A semana de meio ambiente foi aceita pela maioria de alunos e educadores, assim como a alteração na grade curricular com a inserção da disciplina Reflorestamento e meio ambiente, o que demonstra a importância atribuída às questões ambientais. A secretária Municipal de Educação, juntamente com a coordenação pedagógica do ensino Fundamental aceitaram a proposta e assim foi inserida a semana de meio ambiente no calendário escolar diferenciado e alteração da nomenclatura da disciplina Reflorestamento que passou a ser identificada como Reflorestamento e Meio Ambiente. A questão proposta foi tão bem aceita que a Secretaria Municipal de Educação também inseriu a Semana de meio ambiente no calendário escolar da zona urbana. Dentre os resultados identificados averiguou-se que os objetivos e metas foram atingidos e que as práticas em educação ambiental são viáveis mesmo frente às adversidades, uma vez que a escola do campo sustentável está diretamente associada aos princípios da educação ambiental e esta deverá ser trabalhada de forma interdisciplinar, integrada as demais disciplinas. A semana de meio ambiente é fundamental para integrar o trabalho de toda a escola, de profissionais de diferentes áreas para defender a causa ambiental e assim promover a formação da consciência ambiental e o desenvolvimento sustentável. 4. REFERÊNCIAS BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Brasília, DF, 20 dez Disponível em: < > Acesso em 12 Mar
14 14 BRASIL. Lei n 9.795, de 27/04/99. Dispõe sobre a Educação. Ambiental, institui a Política da Educação Ambiental e dá outras providências. Disponível em: < Acesso em 22 mar CAPRA, F. A Teia da vida. São Paulo: Cultrix, CIRNE, Dinabel Alves. Projeto-Mãe: Educação Ambiental para cidadaniaintervenção escolar e comunitária.<disponivel em: em: 01/11/2010. DIAS, G. F. Educação Ambiental: princípios e práticas. São Paulo: Gaia, GUERRA, Antonio José Teixeira; SILVA, Antonio Soares da; BOTELHO, Rosangela Garrido Machado (Org.). Erosão e conservação dos solos: conceitos, tema e aplicações. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1999, p GUERRA, Antonio Teixeira; GUERRA, Antonio José Teixeira. Novo dicionário geológico - geomorfológico. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2003, p.648. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais Temas Transversais: Meio Ambiente. Brasília: SEF/MEC, Disponível em:< Acesso em 15 Mar TUAN, Y. F. Topofilia: Um estudo da percepção, atitudes e valores do meio ambiente. São Paulo: Difel, LEI N DE 06 DE ABRIL DE Dispõe sobre a instituição do plano Municipal decenal de educação de Janaúba e da outras providencias. SOARES, Nádia Bolzan. Educação Ambiental no Meio Rural: Estudo das Prática Ambientais da Escola Dário Vitorino Chagas Comunidade Rural do Umbu- Cacequi/RS. Universidade Federal de Santa Maria, RS, Brasil,2007. TRIGUEIRO, A. (Coord). Meio Ambiente no século 21. Rio de Janeiro: Sextante, 2003 TRIVIÑOS, A. N. S. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 1987.
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