Estudos Lingüísticos XXXIII, p , [ 226 / 231 ]
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1 FONOLOGIA DA LÍNGUA LÉMBÁÁMÁ ( PHONOLOGY OF LÉMBÁÁMÁ LANGUAGE) Bruno OKOUDOWA (Universidade de São Paulo) ABSTACT: Lembaama is a bantu lanuae, B.62(Guthrie:1953), Benue-Cono roup, Nier-Cono phylum. The study of the lémbáámá syllabic struture shows that it is a CV lanuae. The autosemental analysis reveals amon other thins that the nasali process is an assimilation of the consonant nasal features by the associated vowels. KEYW ODS: Bantu; Lémbáámá; autosemental phonoloy; syllable; nasali. 0. Introdução Lémbáámá é uma línua do subrupo banto, B.62 (Guthrie,1953), do rupo Benuê- Cono, phylum Níer-Cono. Esta línua é falada no Gabão (África central). O objetivo deste trabalho é definir seu padrão silábico e estudar o processo de nasalização pela teoria auto-semental. Este trabalho baseia-se numa lista de 934 itens lexicais elaborada por Greenber na década de sessenta para o estudo das línua africanas. Essa lista foi traduzida e transcrita conforme o alfabeto fonético internacional de Esta línua possui dois tons: um tom alto representado pelo diacrítico do acento rave [ ] e um tom baixo representado pelo diacrítico do acento audo [`]. O tom é uma propriedade da sílaba e se manifesta em seu núcleo, a voal, na maioria das línuas tonais. 1. Padrão silábico: Para determinar o padrão silábico desta línua adotamos a representação proposta por Pike (Pike & Pike, apud Bisol 1996: 96). Seundo essa proposta, uma sílaba é formada por um ataque (A) e em uma rima () ; a rima por sua vez é formada por um núcleo (Nu) e em uma coda (Co). O núcleo é a única parte que não pode ser vazia. 1.1 Tipos de sílabas da línua lémbáámá: a) tipo: V. Forma de superfície: bananas b) tipo : CV. Forma de superfície : joar c) tipo: CCV. Forma de superfície: seuir d) tipo: CVV. Forma de superficie: dente e) tipo : NCV. Forma de superfície: dar Estudos Linüísticos XXXIII, p , [ 226 / 231 ]
2 σ Nu N C V f) tipo: NCCV. Forma de superfície: letra A σ Nu NC C V A ) tipo: NCVV. Forma de superfície: menstruação σ A Nu NC V V Observando as sílabas descritas acima, notamos que a estrutura silábica que mais aparece é a CV. Podemos afirmar, portanto, que o padrão silábico da línua lémbáámá é (N) CV. Estudos Linüísticos XXXIII, p , [ 227 / 231 ]
3 2. Processo de nasalização na línua lémbáámá: Para analisarmos os diferentes processos de nasalização, usamos a representação postulada pela fonoloia auto-semental ou Geometria de traços. Essa teoria sure como uma proposta teórica de interpretação da sílaba que se iniciou com o estudo de aspectos supra-sementais como tons e acentos. Contrariamente à fonoloia estruturalista tradicional que tem por unidade mínima o fonema, a eometria de traços tem como unidade mínima, os traços. Ela tenta explicar eometricamente a oranização das unidades discretas que compõem os sons da linuaem humana. a) a nasalidade proressiva: É aquela que se espraia da esquerda para a direita. Se tomarmos as palavras: dureza / duro(a) e ver. Veremos que o traço [ nasal] da consoante n se propaa da esquerda para a direita, atinindo assim a voal o localizada à sua direita: [ nasal ] [ nasal ] [ nasal ] [ nasal ] b) a nasalidade reressiva: É aquela que se propaa da direita para a esquerda. Se tomarmos as palavras : peixes e áua. Veremos que o traço nasal da consoante n se espraia da direita para a esquerda, atinindo assim a voal a: [ nasal ] [ nasal ] Porém há voais que, mesmo adjacentes a consoantes nasais não se nasalizam. Ex: idioma dos ámbáámá, primeiro (a). Assim podemos afirmar que a nasalidade não é previsível nessa línua. A nasalização na palavra pode ser descrita da seuinte maneira na fonoloia auto-semental ou fonoloia de eometria de traços seundo o esquema de N. Clements: Estudos Linüísticos XXXIII, p , [ 228 / 231 ]
4 (aiz) [ nasal ] CO CO (Cavidade oral) LC [ contínuo] LC ( Luar da Consoante) VC VC (Vocálico) LV [± aberta] LV (Luar da Voal) Em todos os exemplos descritos acima, verificamos que há um processo de assimilação do traço [ nasal ] da consoante nasal de um semento pelo semento vizinho. Processo interpretado por Clements e Hume (1996, apud Santos 2002) como a associação de um traço terminal ou constituinte de um semento pelo outro. Seundo esses autores, a nasalização é um bom exemplo de processo de assimilação envolvendo a associação do traço [nasal]. c) as consoantes pré-nasalizadas: Nas palavras : peixes, áua, prato típico feito com dendê, o processo que se observa com esses sons indica que o que ocorre na verdade é uma pós-oralização de consoantes prénasalizadas: em todas essas palavras, a parte oral do semento nasal bloqueia a nasalidade, de forma que ela não chea até o núcleo da sílaba. O bloqueio demonstra a preocupação do falante em não nasalizar a voal da sílaba. O que eraria palavras estranhas aos falantes, tais como: * u * * A eometria de traços interpreta sementos pré ou pós-nasalizados como sementos de contorno, definindo-os como sementos contendo valências diferentes para o mesmo traço em uma mesma camada. Portanto as pós-oralizadas da línua lémbáámá devem ter uma parte nasal e outra não nasal: i. m ii. m b Estudos Linüísticos XXXIII, p , [ 229 / 231 ]
5 [ +nasal ] [ - nasal ] [ +nasal ] [ - nasal ] Estes sementos vão ser interpretados adiante como sementos com duas raízes idênticas, mas associados a um único componente C da mesma camada esqueletal. Esta interpretação evita a violação do princípio que proíbe a ramificação sob qualquer constituinte cujos traços estão na mesma camada: C C (componente) (aiz) m b CO (Cavidade Oral) [nasal] CO [+voz] CO +Voz (Vozeado) LC [± cont] LV [±cont] LC (Luar da Consoante ) LV (Luar da Voal) [labial] [labial] Cont. ( contínuo) Nessa representação, um dos sementos da raiz é especificado com o traço nasal e o outro não é. Ambas as partes da raiz têm o traço [+voz] mas ele foi marcado apenas no semento à direita; porque, para sementos subjacentes da línua, este traço é subespecificado de forma que todo semento com raiz [-soante] também é [-voz]. Embora o modelo não concorde em ter um traço nasal binário, a representação proposta em (ii) acima, ainda parece ser a mais adequada à fonoloia da línua lémbáámá, porque inclui a necessidade de interpretar os sementos pós-oralizados como sementos de contorno com duas raízes. 3.Conclusão Como observamos pela descrição, o padrão silábico da línua lémbáámá é do tipo CV. A análise auto-semental demonstra que o processo de nasalização é uma assimilação do traço nasal da consoante pela voal vizinha que pode estar à direita ou à esquerda. A nasalização é também um processo não previsível nesta línua, já que nem todas as voais nasalizam-se sistematicamente no contato com uma consoante nasal ou pré-nasalizada. Estudos Linüísticos XXXIII, p , [ 230 / 231 ]
6 ESUMO: Lémbáámá é uma línua banta, B.62 (Guthrie, 1963), do rupo Benuê-Cono e do phylum Níer-Cono. O estudo da estrutura silábica desta línua demonstra que ela é do tipo CV. Uma análise auto-semental do processo de nasalização das voais revela entre outras coisas que a nasalização das voais é uma assimilação do traço [nasal] da consoante nasal pela voal vizinha. PALAVAS-CHAVES: banto, lémbáámá, fonoloia auto-semental, sílaba, nasalidade. EFEENCIAS BIBLIOGAFICAS: ADAM, Jean-J. Dictionnaire ndumu-mbédé-français et français-ndumu-mbédé.petite flore de la réion de franceville(gabon). Grammaire ndumu-mbédé. Bar-Le-Duc (Meuse): Imprimerie Saint-Paul, BISOL, Leda (or.). Introdução a estudos de fonoloia do portuuês brasileiro. Porto Alere. EDIPUCS, CAGLIAI, Luíz. Análise fonolóica. Campinas: Edição do Autor, GOLDSMITH, John A. Autosemental & metrical phonoloy. Oxford: Blackwell, GEENBEG, Joseph H. The lanuaes of Africa. Bloominton: Indiana Universi, 1963 GUTHIE, Malcolm.The bantu lanuaes of western Equatorial AfricaḶondon; New York: Published for the International African Institute by Oxford Universi Press, SANTOS, Lílian A. Dos. Aspectos da fonoloia waiãpi. Dissertação de mestrado. São Paulo: USP, SILVA, Thaís C. Fonética e fonoloia do portuuês. São Paulo: Editora contexto, Estudos Linüísticos XXXIII, p , [ 231 / 231 ]
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