Comperj deve ter mais mil demissões após paralisação de obra
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1 Boletim 859/2015 Ano VII 23/10/2015 Comperj deve ter mais mil demissões após paralisação de obra Petrobrás não consegue chegar a um acordo com a Tubovias para pagar aditivo e consórcio pode parar a instalação de tubulações ANTONIO PITA - O ESTADO DE S. PAULO RIO - Principal obra do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), a construção de redes de tubulação foi paralisada pelo Consórcio Tubovias, formado pelas empresas Andrade Gutierrez, GDK e MPE. O consórcio negocia com a Petrobrás a liberação de aditivos contratuais sobre o valor do projeto, inicialmente orçado em R$ 511 milhões. A interrupção foi comunicada nesta quinta a funcionários e sindicatos de trabalhadores, e a previsão é que entre 800 e mil pessoas sejam demitidas. Desde janeiro, mais de cinco mil trabalhadores foram desligados do projeto e as principais obras foram paradas. O contrato do Consórcio Tubovias terminou em agosto, mas já havia um aditivo de prazo em vigor para garantir a continuidade das obras. Agora, o consórcio solicitou à direção da estatal uma nova revisão do contrato, referente ao valor do projeto. Segundo fontes próximas à negociação, ao longo de toda a semana, representantes do consórcio e da Petrobrás se reuniram para discutir o aditivo, sem chegarem a um acordo. O principal impedimento seria o recadastramento de fornecedores da estatal: todos os integrantes do consórcio são investigados na Operação Lava Jato e foram bloqueados pela petroleira. Em reunião nesta quinta com funcionários, representantes do consórcio informaram que a decisão visava evitar novos custos contratuais sem previsão de ressarcimento. Informaram que não tinham como manter os trabalhadores sem contrato. A direção da Petrobrás está enrolando. O novo programa de conformidade tem muita burocracia e auditorias para evitar processos de sobrepreço, explicou o vice-presidente do Sindicato 1
2 dos Trabalhadores Empregados Nas Empresas de Montagem e Manutenção Industrial do Município de Itaboraí (Sintramon), Marcos Hartung. Aditivos. Segundo fontes próximas às negociações, em situação normal as discussões sobre aditivos levam até quatro meses para aprovação na diretoria da estatal. Diante da crise financeira da empresa, que excluiu a conclusão do Comperj de seu portfólio de investimentos até 2019, a avaliação é que a paralisação pode ser prolongada. Procurado, o consórcio informou que não se pronuncia sobre o tema, que seria de responsabilidade da estatal. A Petrobrás, por sua vez, ainda não se manifestou. Obra. O consórcio assumiu a obra em 2013, sob liderança da construtora Andrade Gutierrez. O projeto prevê a construção de 4,5 quilômetros de tubulação para interligar todas as unidades do Comperj. O contrato original da obra, entretanto, foi firmado em 2011 com a MPE, ao custo de R$ 731 milhões. Dois anos depois, a empresa atrasou a obra e alegou dificuldades para cumprir o contrato, que foi relicitado. Assim como a Andrade Gutierrez, a MPE é investigada na Operação Lava Jato. Antes, em 2012, o Tribunal de Contas da União (TCU) já havia identificado superfaturamento de R$ 163 milhões no contrato. A empresa está bloqueada de novas licitações da estatal. De acordo com Marcos Hartung, a situação é a mesma nas outras duas obras em curso no Comperj. O Consórcio TUC, responsável pelas centrais de energia, vapor e tratamento de água, aguarda desde maio uma posição sobre aditivos. O consórcio, formado pelas empresas Toyo, UTC e Odebrecht, também reduziu o efetivo, assim como o consórcio CPPR, com Odebrecht, UTC e Mendes Junior. As empresas mantêm as obras desde abril sem receber aditivos, e iniciaram demissões em julho. Os contratos somam mais de R$ 3 bilhões. Todas as empresas são investigadas por corrupção. 2
3 Desemprego fica estável em 7,6%, a maior taxa para setembro desde 2009 No período de um ano, a taxa de desocupação aumentou 2,7 pontos porcentuais, um recorde, enquanto o rendimento médio real dos trabalhadores encolheu 4,3% IDIANA TOMAZELLI - O ESTADO DE S. PAULO RIO - A taxa de desemprego apurada nas seis principais regiões metropolitanas do Brasil ficou em 7,6% em setembro, estável ante agosto, segundo dados sem ajuste sazonal divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Trata-se da maior taxa para o mês desde 2009, quando ficou em 7,7%. Considerando todos os meses, o resultado é idêntico ao observado em agosto deste ano (7,6%). Em setembro do ano passado, a taxa de desocupação estava em 4,9%. O avanço de 2,7 pontos porcentuais em base anual é o mais intenso já registrado na série da Pesquisa Mensal de Emprego (PME), que tem dados desde março de 2003 neste confronto. O resultado do mês passado, no entanto, ficou dentro do intervalo das estimativas dos analistas ouvidos pelo AE Projeções, serviço da Agência Estado, que esperavam taxa entre 7,40% e 8,10%, e abaixo da mediana de 7,80%. O rendimento médio real dos trabalhadores, por sua vez, registrou queda de 0,8% em setembro ante agosto. Já na comparação com o mesmo mês de 2014, houve recuo de 4,3%, a oitava retração nesse confronto e a maior para o mês desde Nas seis principais regiões metropolitanas do País, as pessoas ocupadas recebem em média R$ 2.179,80. A procura (por emprego) é causada provavelmente por restrições de renda, que está diminuindo em termos reais e chega a setembro com a oitava queda consecutiva em termos anuais. Além disso, as pessoas estão perdendo trabalho - Adriana Beringuy, técnica do IBGE Pressão. A alta na taxa se dá principalmente pelo aumento na procura por trabalho, afirmou Adriana Beringuy, técnica da Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE. Segundo a pesquisadora, a retração na renda média dos brasileiros têm elevado a necessidade de quem foi dispensado ou não trabalhava anteriormente. "Você começa a ter uma pressão no mercado de trabalho que não estava ocorrendo em anos anteriores. E 3
4 isso vem mais pelo lado da desocupação (aumento da procura), não que não esteja havendo retração da população ocupada", afirmou Adriana. Segundo a técnica, a intensidade dessa procura por emprego justifica o fato de as taxas de desemprego atuais remeterem a resultados de seis anos atrás. Em setembro, a taxa de desocupação (7,6%) foi a maior para o mês desde 2009, diante de um avanço de 56,6% na população desocupada ante setembro de 2014 o crescimento mais intenso da série. "A procura é causada provavelmente por restrições de renda, que está diminuindo em termos reais e chega a setembro com a oitava queda consecutiva em termos anuais. Além disso, as pessoas estão perdendo trabalho. A necessidade daqueles que perdem e daqueles que não estavam procurando aumenta, o que leva a esse porcentual tão elevado", explicou Adriana. Filas por emprego. O número de pessoas que estão atrás de emprego no País continuou a crescer em setembro, seja porque foram demitidas ou porque passaram a procurar uma vaga nos últimos 12 meses. Em setembro, a população desocupada cresceu 56,6% ante igual mês de 2014, a maior também desde o início da série da PME, em Isso significa que 670 mil pessoas engrossaram as filas à procura de trabalho nessas regiões no último ano - praticamente um terço dos 1,853 milhão de pessoas que estão desempregadas atualmente nas seis áreas investigadas: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife e Salvador. Parte dessas pessoas seguiu tal caminho porque foi demitida no período. Segundo o IBGE, a população ocupada encolheu 1,8% em setembro ante igual mês do ano passado, repetindo a queda recorde já verificada em agosto ante agosto de Ou seja, 420 mil pessoas perderam o emprego nos últimos 12 meses. Com essa combinação, a população economicamente ativa avançou 1,0% em setembro contra setembro de 2014, resultado de 250 mil pessoas que ingressaram ou retornaram ao mercado de trabalho - neste caso, abandonando a inatividade. (Fonte: Estado de SP dia ). 4
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