Luís Cancela da Fonseca
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- Pietra Mangueira Paranhos
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1 Zonas Costeiras: Gestão, Conservação e Biodiversidade Luís Cancela da Fonseca FCMA, Universidade do Algarve, Campus de Gambelas, P Faro IMAR/Laboratório Marítimo da Guia, Estrada do Guincho, Cascais Guia Marine Laboratory
2 ...Património: algo que herdámos ou recebemos dos antepassados e é suposto que deixemos preservado e em bom estado aos que nos irão suceder.
3 Património?
4 Património?
5 A utilização dos sistemas lagunares e dos estuários pelo Homem foi continua ao longo da história. A sua elevada produtividade primária determina, tanto a sua função de viveiros para muitas espécies de moluscos, crustáceos e peixes que os utilizam durante a sua fase juvenil, retornando aos oceanos para se reproduzirem, como o papel que desempenham na alimentação, quer de muitos animais marinhos migradores, quer de inúmeras espécies de aves...
6 ... Assim se tornaram locais privilegiados para a colecta de bivalves, caranguejos, camarões, peixes e aves para o consumo humano.
7 A importância destes locais como zonas portuárias remonta à antiguidade. Mais recentemente e a par do desenvolvimento de actividades de aquacultura, as lagunas e os estuários passaram a ser ainda requisitadas para actividades industriais e de recreio e lazer. O usufruto de todos os serviços referidos reflecte-se numa grande pressão sobre os seus recursos naturais, desde sempre muito procurados pelo Homem pelas suas condições de grande produtividade biológica e de abrigo natural.
8 ... e a respectiva importância e relevância para a avifauna. Sempre a referência às aves! No sentir conservacionista colectivo, o papel das aves e de outras espécies emblemáticas tem sido preponderante.
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10 n of boats and fishermen birds fishermen boats no. birds P87 P88 P89 P90 P91 P92 P93 P94 P95 0 period Lagoa de Stº André: Variação annual do número de barcos e de pescadores (fonte: Docapesca, Sines) e abundância de aves (contagens invernais in Rufino, 1988, 1989, 1991, 1992; Rufino e Costa, 1993; Costa e Rufino, 1994; 1996).
11 Lagoa de Stº André: Número de dias de caça, número de aves abatidas e abundância de aves aquáticos P87 a P95 (contagens invernais in Rufino, 1988, 1989,1991,1992; Rufino e Costa, 1993; Costa e Rufino, 1994; 1996) hunting days birds shot birds 2 no.birds no. hunting days P87 P88 P89 P90 P91 P92 P93 P94 P95 period
12 Variação da precipitação média entre 1931 e 2004 (----: valor médio para o período ) [INM] Variação da precipitação média por estação de 1931 a 2004 (----: valores médios para o período ) [INM]
13 No fishermen No boats Nohunting days Fish catch Bird annual nb , p < , p < , p < , p <0.005 A. strepera -0.48, n.s -0.25, n.s -0.48, n.s -0.47, n.s A. crecca -0.77, p < , p< , n.s -0.58, n.s A. platyrhyncos -0.85, p < , p < , p < , p <0.025 A. clypeata -0.90, p < , p < , p < , p <0.01 N. rufina p< , n.s -0.53, n.s -0.61, p<0.05 P.carbo -0.58, n.s -0.63, p < , p < , p<0.05 F.atra -0.94, p < , p < , p < , p <0.005 Lagoa de Stº. André: Valores do coeficiente de correlação entre abundância de aves (Contagens de fim de Outono dados do CEMPA) e nº de pescadores, nº de barcos, nº de dias de caça e descargas de pescado durante o período estudado.
14 Números médios (±SE) de Outubro a Março (1991/92 a 1993/94) na Lagoa de Stº André (SA) e noutras zonas húmidas monitorizadas em Portugal (Portugal).
15 ! Interacções entre o meio lagunar e os domínios adjacentes (continental e marinho): fases principais do ciclo lagunar. (Alterações abruptas [ ] e lentas e continuadas [ ]).
16 Bacia hidrográfica da Ria Formosa R. Almargem R. Gilão R. Gilão - Tavira Erosão! ton/ano
17 Ria Formosa Zonas arenosas e lodosas Área Intertidal ha Sapais ha Pisciculturas 500 ha Zona Húmida ha Salinas ha Canais Área Subtidal ha
18 Actividades Económicas (zonas húmidas) Cultivo de ameijoas Berbigão ton/ano Cultivo de ostras Sal ton/ano Piscicultura (dourada e robalo) ton/ano ton/ano 700 ton/ano
19 Escorrência continental Trocas sedimento-água Trocas mar-laguna
20 1990 A importância das salinas como áreas de alimentação e/ou descanso para aves em diferentes locais de Portugal (Ria Formosa, Ria de Aveiro, Castro Marim), tem vindo a ser demonstrada (Rufino et al. 1984, Biljsma et al. 1985, Múrias et al. 1997, Luis 1998, Masero et al. 2000, Dias 2000, Masero & Pérez-Hurtado 2001)
21 As salinas são zonas húmidas artificiais cujo valor biológico desaparece rapidamente na ausência de uma gestão adequada. Necessitam de uma conservação cuidadosa e de mais investigação. Monthly variation in the number of birds (B) and species (S) at low tide and high tide, on the salt works and mud flats at Tavira, southern Portugal.
22 Uso do espaço: conflitos ou harmonisação?
23 A perturbação das zonas de alimentação das aves da costa, acoplada à redução em presas disponíveis por causa da competição com os mariscadores, assim como o efeito no próprio habitat, é particularmente preocupante devido à grande alteração física dos biótopos (Evans and Clarke, 1993).
24 Castro Marim - RNSCMVRSA
25 Reserva Natural do Sapal de Castro Marim e V. Real Stº António: Número médio de aves entre 1992 e Autumn/Winter Spring Average number of birds
26 Reserva Natural do Sapal de Castro Marim e V. Real Stº António: Valores médios mensais de densidade da avifauna aquática (± SD) em biótopos de sapais e salinas a No ind/ha No ind/ha No ind/ha Cerro do Bufo Oct Nov Dec Jan Mar Apr Salinas do Parra Oct Nov Dec Jan Mar Apr Venta Moinhos Oct Nov Dec Jan Mar Apr No ind/ha Horta d!el Rei Oct Nov Dec Jan Mar Apr No ind/ha Cunha d'eça Oct Nov Dec Jan Mar Apr Months
27 Reserva Natural do Sapal de Castro Marim e V. Real Stº António: Relação entre o nº de aves e a precipitação durante o período de Outono/Inverno 9000 No Individuals y = x R = P < Rainfall
28 Reserva Natural do Sapal de Castro Marim e Vila Real de Santo António (Renaturalização do Sapal de Venta Moinhos - INTEREG) 28/9/1999 2/1/2000
29 Setembro de 1999
30 Janeiro de 2000
31 Novembro de 2004
32 As alterações na composição e diversidade específica podem produzir modificações nas comunidades biológicas, já que interferem no alimento e na sua disponibilidade e, por essa via, na qualidade dos habitats para a manutenção das espécies e da sua reprodução. Tal como a poluição e outras alterações físicoquímicas, a escassez de alimento também provoca um declínio acentuado das comunidades animais, pelo que é importante compreender como é que tais modificações se repercutem no funcionamento dos ecossistemas e seus serviços.
33 A ocupação das ilhas-barreira aumentou a seguir a Os poderes central e local em Portugal têm sido incapazes de lidar com este tipo
34 ... de ilegalidades (o mesmo tem acontecido com o ICN ). O cidadão continua... (uns julgam-se com todos os direitos; outros têm a certeza de que a legislação só se aplica a alguns...)
35 A importância dos estuários e das lagunas é já reconhecida e começa a ser razoavelmente aceite entre nós, mas...
36 O olhar despreconceituado para estes charcos, ao revelar-nos a importância das contingências para a manutenção da biodiversidade a eles associada deveria permitir que brote em nós um outro modo de olhar para os espaços e espécies - devendo nós, enquanto espécie, questionarmo-nos sobre as necessidades profundas (e deveres!) que temos relativamente aos espaços que nos suportam a vida.
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39 1987: Do trabalho presente infere-se em particular a grande importância de que se reveste a tranquilidade nos sítios actuais e recentes de ocupação, e a conservação das zonas lagunares e barragens com peixe dulçaquícola. A extinção desta exígua população, altamente ameaçada pela ocupação humana do litoral e elevado isolamento geográfico, poderá ser evitada pela protecção do seu habitat e por um programa de maneio directo.... Não N pôde ser evitada!
40 Wilcox (1984) definiu biodiversidade como a variedade das formas de vida,os papéis ecológicos por elas desempenhados e a diversidade genética nelas contida. Odum (1997) refere dois provérbios provenientes da experiência de gerações humanas, relacionados com a diversidade e frequentemente ouvidos em conversas diárias: Não se põem todos os ovos no mesmo cesto A variedade é o condimento da vida E explica: A variabilidade entre os organismos enriquece certamente as nossas vidas, mas tem também um valor muito prático: é muito mais seguro ter mais do que um tipo de organismo que possa carregar com (desempenhar) uma função vital. Nunca sabemos quando é que uma espécie rara ( ) poderá fornecer um novo fármaco ou ser necessária para substituir uma mais comum que tombe vítima de uma doença. (Assim, chegamos à definição de biodiversidade actualmente aceite (Cincotta & Engelman, 2000): A diversidade de todos os seres vivos e todas as interconexões que suportam a vida na Terra
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42 A biodiversidade, juntamente com os elementos notáveis da geologia, geomorfologia, paleontologia e paisagem devem ser considerados como valores patrimoniais. O reconhecimento e a consciencialização de que, tal como o nosso património histórico e cultural, este património constitui também uma riqueza nacional, com valor não só em termos científicos, éticos e ecológicos mas também sob o ponto de vista sócio-económico, estético, recreativo e cultural, tornase na primeira atitude que importa adoptar colectivamente.
43 Os ecossistemas planetários abrigaram incontáveis gerações humanas, que aprenderam a utilizá-los sem comprometer a sua produtividade e biodiversidade. Conseguiremos nós, seres humanos da aurora do 3º milénio, redescobrir a sustentabilidade da Natureza?
44 R.S.K. BARNES (1999) The conservation of brackish-water systems : priorities for the 21st century
45 A conservação através das práticas de gestão implica que os gestores e os responsáveis tenham definido os seus objectivos de uma forma clara após terem compreendido os problemas levando em consideração o conhecimento científico e as preocupações. E isto está muito longe da prática corrente da administração e dos políticos!
46 Poderá a conservação das lagunas e de outros sistemas costeiros ser uma questão de ordenamento e de gestão? Talvez mas apenas se a conservação for o objectivo principal das acções de gestão!
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