Prof. Sergio Alfieri. Disciplina. Matéria. Conteúdo. Direito Processual Civil. Atos processuais

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1 Prof. Sergio Alfieri Disciplina Direito Processual Civil Matéria Atos processuais Conteúdo Conceito, classificações, forma, tempo, lugar, citação, intimação. Prof. Sergio Alfieri 1

2 Unidade 1 Conceito 1.1 Conceito: para o professor Marcus Vinicius Rios Gonçalves, ato processual consiste na conduta humana voluntária que tem relevância para o processo. Com base no conceito acima, não podemos esquecer que o processo consiste numa sequência de atos encadeados, ou seja, organizados, de maneira lógica, objetivando uma finalidade, que é a solução do conflito. Quando alguém procura o Poder Judiciário para que ele resolva um determinado conflito, o juiz não pode deixar de responder àquele pedido, ainda que a resposta seja para negá-lo. É direito do cidadão ter sua pretensão respondida, por mais absurda que possa ser. Sendo assim, o Estado instaura um processo para responder de forma adequada o conflito. O processo é composto por vários atos processuais, geralmente começando com a petição inicial e encerrando-se com a sentença proferida pelo juiz (fora recursos que podem ser manejados). A lei é quem determina essa sequência de atos, não o juiz. Prof. Sergio Alfieri 1

3 Unidade 2 Classificações 2.1 Classificação dos atos processuais: o Código de Processo Civil utiliza a classificação quanto aos sujeitos para distinguir os atos processuais: a) atos das partes: o art. 200 do CPC conceitua os atos das partes como sendo declarações de vontade unilaterais ou bilaterais. Os atos unilaterais são aqueles que dizem respeito à postulação. Por exemplo, a petição inicial apresentada pelo autor, a contestação apresentada pelo réu, dentre outros. Os atos unilaterais não precisam de anuência da parte contrária para serem praticados. Por sua vez, os atos bilaterais são aqueles que precisam de anuência da parte contrária. O melhor exemplo trazido pela doutrina seria a transação. Por fim, o art. 200 ainda determina que para que o ato seja considerado processual, ele precisa produzir efeitos dentro do processo (constituindo, modificando ou extinguindo direitos). b) Pronunciamentos do juiz: durante o processo, o juiz pratica uma série de atos. O art. 203 do CPC prevê aqueles atos chamados de pronunciamentos do juiz, são eles: a sentença, a decisão interlocutória e o despacho de mero expediente. b.1) sentença: de maneira simples e objetiva, a sentença é o ato do juiz que põe fim ao processo ou a sua fase de conhecimento. O juiz tem prazo de 30 dias. DICA: o art. 204 CPC prevê os acórdãos como espécie de pronunciamentos judiciais. Os acórdãos são os julgamentos proferidos pelos Tribunais. b.2) decisões interlocutórias: tanto a sentença como a decisão interlocutória são atos praticados pelo juiz que possuem conteúdo decisório. A diferença se dá porque a decisão interlocutória é uma decisão proferida pelo juiz no transcorrer do processo. Portanto, a decisão interlocutória não põe fim ao processo, ao contrário da sentença. O prazo para o juiz proferir decisões interlocutórias é de 10 dias. b.3) despachos de mero expediente: estes atos praticados pelo juiz não possuem conteúdo decisório, e nem podem trazer qualquer tipo de prejuízo às partes. Por não terem conteúdo decisório, não cabe recurso contra despacho. Os despachos servem para impulsionar o processo. O juiz tem prazo de 5 dias para proferir despacho. Prof. Sergio Alfieri 2

4 Unidade 3 Forma dos atos processuais 3.1 Forma dos atos processuais: segundo o professor Marcus Vinicius, a forma seria o aspecto exterior pelo qual os atos processuais se apresentam. O art. 188 do CPC traz o chamado princípio da liberdade das formas, vejamos: Art. 188 os atos e os termos processuais independem de forma determinada, salvo quando a lei expressamente a exigir, considerando-se válidos os que, realizados de outro modo, lhe preencham a finalidade essencial. Desse dispositivo legal, é importante comentar dois aspectos. Primeiro, a regra geral adotada pelo novo CPC é de que os atos processuais possuem forma livre, a menos que haja lei em sentido contrário. Segundo, caso um ato tenha sido praticado em desconformidade com a forma prevista em lei, mas esse ato atingiu a finalidade, ele será válido. Melhor explicando, o processo é um instrumento. Quando a lei prevê que certo ato processual terá uma forma, essa exigência legal serve para que o ato atinja um determinado objetivo. Se o ato foi praticado por outra forma mas ainda sim atingiu seu objetivo, ele cumpriu seu papel, e portanto, não haverá nulidade. Prof. Sergio Alfieri 3

5 Unidade 4 Lugar dos atos processuais 4.1 Lugar dos atos processuais: o art. 217 do CPC determina, como regra, que os atos processuais deverão ser praticados na sede do juízo*. * juízo = juiz + auxiliares. Conforme dito, o art. 217 traz a regra, porém no decorrer do Código há diversas exceções. Algumas delas são as seguintes: a) o art. 454 CPC traz um rol de pessoas que em razão do cargo que ocupam, podem ser ouvidas na sua residência ou no local onde desempenham suas funções (ex.: Prefeito, Ministro de Estado, Deputados, etc.). b) alguns atos devem ser praticados por carta. c) no caso de testemunha com grave problema de saúde ou de locomoção, ela poderá ser ouvida no seu domicílio. Prof. Sergio Alfieri 4

6 Unidade 5 Tempo dos atos processuais 5.1 Tempo dos atos processuais: todos os atos processuais devem ser praticados dentro de um determinado prazo. Isso serve para evitar que o processo se eternize. Quando um ato deixa de ser praticado porque o prazo se esgotou, ocorre o fenômeno chamado de preclusão, isto é, a perda da possibilidade de se praticar um ato processual. DICA: caso o juiz desrespeite os prazos impostos pela lei, estará sujeito a sanções administrativas. O novo CPC trouxe a regra de que os atos processuais devem ser praticados em dias úteis, ou seja, dias que não sejam feriado. Neste sentido, é muito importante a leitura do art. 216 do Código: Art Além dos declarados em lei, são feriados, para efeito forense, os sábados, os domingos e os dias em que não haja expediente forense. As seguintes datas são consideradas feriados: 1º de janeiro, 21 de abril, 1º de maio, 7 de setembro, 12 de outubro, 2 de novembro, 15 de novembro e 25 de dezembro. São feriados forenses: 8 de dezembro, terça feira de Carnaval e Sexta Feira Santa. OBS: existem ainda feriados específicos, como por exemplo, feriados estaduais ou municipais. O tempo para se praticar os atos processuais acabou se transformando num assunto mais simples com o processo eletrônico. Os atos processuais no processo digital podem ser praticados a qualquer horário até as 24h00 do último dia do prazo. Em que pese a existência e avanço do processo eletrônico, é importante comentar algumas regras que ainda subsistem por conta dos processos físicos remanescentes. Trecho de doutrina: Durante o dia, os atos processuais podem ser realizados das 6h00 às 20h00, mas o art. 212 do CPC estabelece algumas exceções: quando, iniciados antes do limite do horário, não puderem ser concluídos e o adiamento puder ser prejudicial; ou quando tratar-se de citação,intimação e penhora, que poderão realizar-se durante as férias forenses onde houver, em dias não úteis, ou fora do horário normal, independentemente de autorização judicial (Marcus Vinicius Rios Gonçalves). Prof. Sergio Alfieri 5

7 Falando um pouco a respeito das férias forenses, e emenda constitucional nº 45/04 extinguiu as férias coletivas nos juízos e tribunais de segundo grau. Contudo, as férias forenses existem, e durante esse período, em regra, não são praticados atos processuais. Significa dizer que durante o período de férias forenses os processos ficam suspensos. EXCEÇÃO: o art. 212, 2º, CPC, prevê alguns atos que podem ser praticados em qualquer processo durante o período de férias. São eles: citações, intimações e penhoras, bem como as tutelas de urgência. Há também processos que não se suspendem durante o período de férias: processos de jurisdição voluntária, processos necessários para a conservação de direitos, quando puderem ser prejudicados pelo adiamento; as ações de alimentos e os processos de nomeação ou remoção de tutor e curador; além de outros processos que a lei determinar. 5.2 Prazos processuais: conforme já foi dito, o processo não pode se eternizar, isto é, os atos processuais devem ser praticados dentro de um prazo estabelecido pela lei. Segundo o conceito do professor Marcus Vinicius, prazo é a quantidade de tempo que deve mediar entre dois atos. Existem as seguintes espécies de prazos: a) prazos próprios: também podem ser chamados de prazos preclusivos. Esses prazos são aqueles que caso desrespeitados, ocasionam o fenômeno da preclusão. Significa dizer que quando se perde um prazo próprio, perde-se também a possibilidade de se praticar aquele ato processual. Por exemplo, o CPC determina o prazo de 15 dias para apelar. Se a parte perder esse prazo, ela perderá o direito de apelar. Atenção, os prazos próprios, como regra geral, pertencem às partes, ao Ministério Público (quando for parte) e aos terceiros intervenientes. DICA: nem todos os prazos das partes são próprios. Exemplo: prazo para indicar bens que possam ser penhorados. b) prazos impróprios: são aqueles prazos cuja perda não enseja preclusão. São os prazos dos juízes, seus auxiliares e do Ministério Público (quando atuar como fiscal da ordem jurídica). Caso o prazo se esgote, o juiz ou MP ainda poderá praticar o ato. Por exemplo, o Código Prof. Sergio Alfieri 6

8 determina o prazo de 30 dias para o juiz proferir sentença. Caso o magistrado não cumpra esse prazo, ainda sim ele deverá sentenciar o processo. DICA: prazo para recurso é sempre próprio. c) prazos dilatórios e peremptórios: essa distinção (classificação) perdeu o sentido com a sistemática trazida pelo novo Código de Processo Civil. Os arts. 190 a 191 do CPC permitem que naqueles processos onde seja possível a auto composição, as partes de comum acordo com o juiz fixem um calendário para a prática dos atos processuais. No Código de Processo Civil, a contagem dos prazos pode ser feita em anos, meses, dias, horas ou minutos. Exemplos: 1) Prazo da ação rescisória: 2 anos. 2) Suspensão do processo por convenção das partes: até 6 meses. 3) Prazo para contestação: 15 dias. 4) Intimação das partes obrigando ao comparecimento: 48 horas de antecedência. 5) Partes se manifestarem em alegações finais em audiência: 20 minutos. ATENÇÃO: os prazos são fixados por lei, mas caso a lei seja omissa, os prazos serão fixados pelo juiz. Se o prazo não foi fixado pela lei nem pelo juiz, o art. 218, 3º do Código determina que o prazo será de 5 dias. Regra de contagem de prazo: o art. 219 do CPC determina que na contagem dos prazos exclui-se o dia do começo e inclui-se o dia do vencimento. Ademais, só são computados os dias úteis. Suspensão e interrupção de prazo: quando há suspensão do prazo, este voltará a correr do ponto onde parou. Computa-se o tempo já percorrido. Na interrupção, o prazo zera, ou seja, despreza-se o tempo que já se passou e volta a correr do início. Benefício de prazo: o Ministério Público (seja como parte ou como fiscal da ordem jurídica), a Fazenda Pública (União, Estados, Distrito Federal, Municípios, autarquias e fundações públicas) e a Defensoria Pública possuem prazo em dobro para se manifestarem nos autos. Prof. Sergio Alfieri 7

9 Unidade 6 Citações e intimações 6.1 Comunicação dos atos processuais: a comunicação dos atos processuais pode se dar entre juízos (por meio de cartas) ou entre o juízo e as partes (intimação e citação). Carta rogatória: é o pedido de cooperação entre órgão jurisdicional brasileiro e órgão jurisdicional estrangeiro, seja para comunicação processual, seja para prática de atos relacionados à instrução processual ou cumprimento de decisão interlocutória estrangeira devidamente homologada pelo STJ. Não se presta ao cumprimento de sentença, para o que é necessário requerer a homologação da sentença brasileira condenatória no país estrangeiro onde estão os bens. As rogatórias vindas do exterior devem processar-se na forma do art. 36 do CPC e receber o exequatur do STJ, na forma do art. 961 do CPC. Carta de ordem: é a emitida por um tribunal a órgão jurisdicional a ele vinculado, seja para colheita de provas, seja para atos de execução, ou para a prática de qualquer outro ato que houver de se realizar fora dos limites territoriais do local de sua sede. Carta precatória: é a mais comum das formas de comunicação entre juízos que não têm relação de subordinação entre si. Quem a expede é o juízo deprecante; e quem a recebe, o deprecado. É utilizada entre todos os tipos de juízos, não importando a que justiça pertençam, nem a que unidade da Federação. São usadas para comunicação processual, como citação e intimação de pessoas que residem noutra Comarca; para a colheita de provas, como ouvida de testemunhas que residem fora ou perícia sobre bens e coisas situadas em outro juízo; e para a realização de atos de apreensão judicial noutra Comarca. Conquanto expedida entre juízos que não têm relação de subordinação, o juízo deprecado é obrigado a cumprir a solicitação contida na carta, salvo nas hipóteses do art. 267 do CPC. Carta arbitral: a cooperação nacional entre os órgãos jurisdicionais abrange o juízo arbitral, que pode requerer ao Poder Judiciário que pratique ou determine o cumprimento de ato relativo a essa cooperação. Frequentemente, o juízo arbitral não terá como tornar efetivas as suas determinações, nem como impor o cumprimento das ordens dele emanadas, senão com a cooperação do Judiciário, que será solicitada por meio da carta arbitral. OBS: conceitos extraídos da obra do professor Marcus Vinicius Rios Gonçalves. Citação: talvez a citação seja o ato processual mais importante de todos. A citação é responsável por completar a relação processual, sendo um pressuposto processual de eficácia. Prof. Sergio Alfieri 8

10 A citação é o ato por meio do qual: a) o réu toma conhecimento de que existe um processo instaurado em seu desfavor; b) permite que o réu seja chamado ao processo para ser ouvido (se defender). De tão importante, o art. 238 do CPC conceituou o instituto: Art Citação é o ato pelo qual são convocados o réu, o executado ou o interessado para integrar a relação processual. Por ser um ato fundamental ao processo, a citação deverá ser feita obedecendo diversas formalidades previstas na lei, que serão estudadas a partir de agora. O desrespeito a essas formalidades poderá gerar a invalidade do ato, sendo necessária a sua repetição. Entretanto, é bom lembrar que o Código adotou o princípio da instrumentalidade das formas. Significa dizer que o CPC procura ao máximo preservar aqueles atos processuais que apesar de praticados em desconformidade com o que a lei exige, conseguem atingir seu objetivo. No caso da citação, se esta for feita sem observância das formalidades legais ou até mesmo se deixar de ser feita no processo mas o réu comparecer, o objetivo do ato estará alcançado e portanto, não haverá defeito na citação. O próprio Código no seu art. 239, 1º, tem disposição nesse sentido. De acordo com o art. 242 do CPC, no nosso sistema processual a regra é de que a citação seja direta. Citação direta é aquela feita na pessoa do réu ou de seu representante legal. Regras da citação direta: a) citando for pessoa física e capaz = a citação será dirigida a ele. b) citando for pessoa jurídica ou incapaz = a citação será feita por meio do representante legal. Ademais: b.1) absolutamente incapaz: apenas o representante legal é citado. b.2) relativamente incapaz: a citação será bifronte, pois tanto o incapaz como seu representante legal deverão receber a citação. Prof. Sergio Alfieri 9

11 DICA: no caso de pessoa jurídica, o representante legal deve ser indicado no estatuto da empresa. No caso de omissão, os representantes legais serão os diretores da pessoa jurídica. OBS: art. 242, 3º, CPC: a citação da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e de suas respectivas autarquias e fundações de direito público será realizada perante o órgão de Advocacia Pública responsável por sua representação judicial. De forma excepcional, haverá a chamada citação indireta, conceituada pelo professor Marcus Vinicius como aquela feita na pessoa de procurador legalmente habilitado ou de terceiro que, por força de lei ou contrato, tenha poderes para recebê-la, vinculando o réu. A citação indireta poderá ser feita, por exemplo, na pessoa do advogado constituído, desde que no instrumento de mandato conste poderes específicos. Pode também receber a citação indireta uma pessoa que tenha recebido este poder por parte do réu. No caso da citação de pessoas jurídicas: a) a citação será válida se recebida por pessoa que se apresente como gerente ou administrador, ainda que não seja. b) a citação feita por meio de carta será considerada válida ainda que o aviso de recebimento não tenha sido assinado por quem tenha poderes para receber a citação, mas apenas a correspondência. OBS: Súmula 429 STJ: A citação postal, quando autorizada por lei, exige o aviso de recebimento. DICA: o art. 248, 4º, CPC, também traz hipótese de citação indireta: nos condomínios edilícios ou nos loteamentos com controle de acesso, será válida a entrega do mandado a funcionário da portaria responsável pelo recebimento de correspondência, que, entretanto, poderá recusar o recebimento, se declarar, por escrito, sob as penas da lei, que o destinatário da correspondência está ausente. O art. 243 do CPC determina que a citação será feita em qualquer lugar em que se encontre o réu, executado ou interessado. O art. 244 prevê um rol de situações em que a citação não poderá ser efetuada, salvo no caso de risco de perecimento do direito. São elas: I - de quem estiver participando de ato de culto religioso; Prof. Sergio Alfieri 10

12 II - de cônjuge, de companheiro ou de qualquer parente do morto, consanguíneo ou afim, em linha reta ou na linha colateral em segundo grau, no dia do falecimento e nos 7 (sete) dias seguintes; III - de noivos, nos 3 (três) primeiros dias seguintes ao casamento; IV - de doente, enquanto grave o seu estado. Como deve proceder o oficial de justiça quando verificar que o citando é incapaz ou não pode receber a citação? O oficial deverá descrever a situação, devendo o juiz nomear um medico para examinar o citando. no prazo de 5 dias deve ser apresentado um laudo com a conclusao do medico perito e caso reconhecido o problema o juiz deverá nomear um curador para o citando, devendo a citação ocorrer na pessoa do curador. o curador atuará apenas no processo em que foi nomeado. constatada a incapacidade, o juiz deve abrir vistas ao ministério público. Espécies de citação: existem duas espécies de citação, quais sejam, a ficta e a real. A citação ficta é aquela em que não se tem certeza se o réu foi citado. São espécies de citação ficta a citação por edital e realizada com hora certa. A citação real consiste na modalidade de citação em que se tem certeza de que o réu foi citado. Com exceção da citação por edital e por hora certa, as demais são espécies de citação real. a) citação por correio: de acordo com o Código de Processo Civil, as pessoas físicas, as microempresas e as empresas de pequeno porte serão citadas prioritariamente por correio. É essencial o aviso de recebimento na citação por carta (correio), porque o prazo de resposta começará a partir da data da juntada aos autos do aviso de recebimento devidamente assinado pelo réu. A citação só será válida, no caso de pessoa física, se o aviso de recebimento estiver devidamente assinado. Juntamente com a carta, deverá ser enviada cópia da petição inicial (contrafé). Existem situações em que o próprio Código proíbe que a citação seja feita por carta, são elas: ações de Estado; citando incapaz; citando for pessoa jurídica de direito público; citando reside em local não atendido por correio; quando o autor da ação requerer (de maneira fundamentada) outro tipo de citação. Prof. Sergio Alfieri 11

13 b) citação por mandado: trata-se da citação feita através de oficial de justiça. Poderá ser feita, por exemplo, quando o autor da ação requerer essa espécie de citação ou então quando o citando residir em local não servido pelo serviço postal. O oficial de justiça, quando encontrar o citando, irá ler o mandado e entregará a contrafé, devendo colher a assinatura do réu ou então certificar caso o réu se recuse a assinar. O prazo para resposta começará a fluir a partir da juntada aos autos do mandado de citação cumprido. DICA: caso haja vários citandos, o prazo começará a fluir a partir da juntada do último mandado cumprido. c) citação com hora certa: é forma de citação ficta, pois não se pode afirmar com certeza que o réu ficou ciente do ato. O oficial de justiça deverá procurar o citando em seu domicílio ou residência nos horários em que costuma estar no local. Caso o oficial não encontre o citando por duas vezes e suspeite que ele está se escondendo, poderá realizar a citação por hora certa. É importante deixar claro que existem dois requisitos para que a citação por hora certa possa ocorrer: duas tentativas infrutíferas de encontrar o réu + suspeita de ocultação. O oficial de justiça deverá descrever na certidão as ocasiões em que tentou citar o réu mas não conseguiu (duas tentativas) e também deverá descrever as razões pelas quais acredita que o citando está se ocultando. Se o oficial não suspeitar de ocultação, o juiz não pode determinar que a citação seja feita por hora certa. Procedimento da citação por hora certa: o oficial de justiça irá intimar um familiar ou vizinho do réu de que no dia útil seguinte ele voltará com o objetivo de realizar a citação por hora certa. Caso ainda sim o réu não esteja no local, a citação será feita na pessoa do familiar ou vizinho. O oficial vai elaborar uma certidão do ocorrido e deixará a contrafé com o familiar ou vizinho. O escrivão deverá, diante do ocorrido, enviar carta ao citando dando-lhe ciência de tudo. O envio da carta é indispensável para a citação por hora certa ser válida, mas não se exige o recebimento pelo citando. O prazo para resposta começará a correr da juntada aos autos do mandado de citação por hora certa. Prof. Sergio Alfieri 12

14 d) citação por edital: os editais devem ser publicados e ter ampla divulgação. Sendo assim, como são públicos, presume-se que o réu tenha ciência da citação. Logo, a citação por edital é espécie de citação ficta. A citação por edital pode ser feita em qualquer tipo de processo, desde que presente uma das hipóteses previstas pelo CPC. São hipóteses de citação por edital: art. 256 CPC: I- citando incerto ou desconhecido. Obviamente que o autor de uma ação sempre deve ser identificado, porém essa regra nem sempre se aplica ao réu. É possível haver ações em que o réu seja desconhecido. Por exemplo, na ação de consignação em pagamento, o autor da ação deseja realizar um pagamento, mas não sabe a quem pagar. Como não se sabe ao certo quem é o réu da ação, poderá ser deferida pelo juiz a citação por edital. É importante dizer que às vezes, em algumas ações, não se tem a identificação do réu, mas a citação pessoa é possível. Imagine o exemplo de uma pessoa que tem seu imóvel invadido por alguém. O invasor não é identificado, mas é possível que ele seja citado pessoalmente. Com isso, é correto dizer que a citação por edital só poderá ocorrer quando a citação por mandado for impossível ou inviável. II- o citando se encontra em local incerto, inacessível ou ignorado. É a hipótese em que não é possível localizar o réu. Conforme explica o professor Marcus Vinicius, o juiz só deferirá a citação por edital quando o citando tenha sido procurado, sem êxito, em todos os endereços constantes dos autos, e quando houverem sido esgotadas as possibilidades de localizá-lo. Ela há de ser sempre excepcional, e, antes de deferi-la, o juiz deve avaliar se não há alguma maneira de conseguir que a citação seja feita por carta ou por oficial de justiça. DICA: existem hipóteses em que a lei determina que a citação seja feita por edital. Exemplo: usucapião. O edital deve ser publicado: na internet no site do Tribunal na plataforma de editais do Conselho Nacional de Justiça Prof. Sergio Alfieri 13

15 Trecho de doutrina: o juiz fixará o prazo do edital, que pode variar entre 20 e 60 dias, a contar da publicação. Se houver mais de uma, o prazo correrá da primeira. Vencido o prazo do edital, a partir do primeiro dia útil subsequente fluirá o prazo de resposta do réu, salvo disposição em sentido diverso. (Marcus Vinicius Rios Gonçalves). e) citação por meio eletrônico: a Lei /2006 regula o processo eletrônico. Dentro do processo digital, segundo o art. 9º dessa lei, todas as citações serão feitas por meio eletrônico. Acontece que é pressuposto da citação por meio eletrônico que o réu seja credenciado pelo Poder Judiciário, constando seu numa espécie de cadastro. Na prática isso acaba gerando uma série de transtornos porque no geral as pessoas não possuem esse cadastro. Também torna inviável a citação por meio eletrônico os casos em que a pessoa simplesmente não possui endereço eletrônico. Com base nisso, a lei autoriza que não sendo possível a citação por meio eletrônico, ela seja feita do modo convencional. OBS: as pessoas jurídicas, tanto públicas como privadas, exceção feita às microempresas e empresas de pequeno porte, deverão ser citadas preferencialmente pelo meio eletrônico. Também é necessário que as pessoas jurídicas possuam um cadastro junto ao sistema de processos em autos eletrônicos. Os artigos e do CPC deram um prazo para as pessoas jurídicas realizarem esse cadastro. No caso das pessoas públicas, o prazo é de 30 dias, contados da entrada em vigor do novo Código de Processo Civil. Para as pessoas privadas, o prazo é de 30 dias, contados da data de inscrição do ato constitutivo. Efeitos produzidos pela citação válida: - Triangularização da relação processual - Induzimento de litispendência - Tornar litigiosa a coisa - Constituição do devedor em mora Intimação: consiste no ato pelo qual se dá ciência a alguém dos atos e dos termos do processo (art. 269 CPC). A intimação se difere da citação pelos seguintes motivos: Prof. Sergio Alfieri 14

16 Trecho de doutrina: As intimações, em suma, são dirigidas ao advogado para a prática de atos que exijam capacidade postulatória; e são dirigidas às partes, quando há determinação judicial para que elas, pessoalmente, façam ou deixem de fazer algo (Marcus Vinicius). Prof. Sergio Alfieri 15