27/08/2014. Ética e o Projeto Emancipatório. Prof. Me. Maurício Dias. Ética e o Projeto Emancipatório

Transcrição

1 Prof. Me. Maurício Dias Segundo Vinagre (2010), os valores morais balizam ou são as referências que parametrizam as escolhas e o agir dos sujeitos em seu cotidiano. Sob o capitalismo, a alienação do sujeito em relação a si, ao outro e ao trabalho é uma condição e uma consequência, não tendo o indivíduo total domínio sobre suas necessidades e sobre sua vontade. À medida que o sujeito se interroga sobre a razão dos valores, ele passa ao terreno da ética e pode ser capaz de desocultar o cotidiano, desnaturalizando o que é dado como imutável. (CHAUI, apud VINAGRE, 2011, p. 107) 1

2 A ética é parte da filosofia responsável pela investigação dos princípios que motivam, distorcem, disciplinam ou orientam o comportamento humano. A moral, denominada como pertencente ao domínio do espírito do homem, denota bons costumes, boa conduta, segundo os preceitos socialmente estabelecidos pela sociedade ou por determinado grupo social. Ética Interna ao indivíduo, resultado de suas convicções, inclinação do indivíduo para o que é bom para si e para o conjunto dos seres humanos e o mundo. Moral Externa ao indivíduo, norma externa (as leis), estabelecida objetivamente como o que é correto e errado. Sigo porque quero Sigo porque preciso Vinagre (2010) adverte que é fundamental, no estudo da ética, estabelecer a relação existente entre ética e moral, cuja concepção tem como base o ser humano, em que: moral e ética se plasmam nas relações concretas cotidianas e constituem o campo da práxis social. Meditar sobre a moral, a ética e os direitos humanos implica observar e situá-los na sociedade capitalista. 2

3 A liberdade é uma categoria central da ética, pela qual o ser social, enquanto sujeito ativo, dotado de vontade e consciência, pode fazer escolhas diante de possibilidades dadas. O indivíduo social é tido como sujeito ativo do movimento real da sociedade sujeito concreto, vivo, pertencente às classes e aos grupos sociais que a compõem. Na visão marxista, Vinagre (2011) coloca duas categorias-chave no debate da ética e dos direitos humanos: Emancipação política. Emancipação humana. A emancipação política diz respeito à possibilidade de satisfação de parte ou de grande parte das necessidades particulares das classes e de grupos presentes na sociedade. A emancipação humana refere-se à plena realização dos indivíduos sociais, o que requer autonomia e liberdade. A emancipação política é viável no contexto da sociedade capitalista. A emancipação humana só se realiza plenamente com a liquidação do capitalismo. 3

4 Parte 2 Vinagre (2010) se refere às chamadas políticas afirmativas compensatórias, que são voltadas para grupos em situação desigual e de desvantagem histórica como forma de reparar ou minimizar danos causados pela estrutura socioeconômica da sociedade capitalista, vão à defesa da efetivação do princípio a cada um de acordo com sua necessidade. Assim, verificam-se as demandas postas nas categorias profissionais com atuação voltadas às refrações da questão social, como é o caso dos assistentes sociais que são chamados a dar respostas às demandas das mais diversas expressões da questão social em sua intervenção profissional. 4

5 Considerando que trata-se de uma intervenção situada em vários momentos históricos, Vinagre (2011) assevera que as ações foram parametrizadas por fundamentos teóricos, valores ético-morais e projetos societários voltados para a manutenção do capitalismo ou, a partir da influência da tradição marxista, para a sua transformação. O Serviço Social tem, como marcos para o rompimento dos pressupostos conservadores e com a ética da neutralidade: III Congresso Brasileiro de Assistentes Sociais de Código de Ética de 1986 e de 1993, que vigora até hoje. Lei 8.662, de 1993, que regulamenta a profissão do Assistente Social. Essas diretrizes deram subsídio às diretrizes curriculares para o curso de Serviço Social, publicadas pelo MEC e em vigor atualmente. Os documentos destacados foram fundamentais para o Serviço Social, pois propiciaram a partir dos anos 1990 a construção do chamado projeto éticopolítico profissional. 5

6 Para compreender o Projeto Ético-Político do Serviço Social, é necessário, primeiramente, compreender a emancipação humana que requer autonomia e liberdade dos sujeitos sociais. Assim, o exercício profissional do assistente social, com base no projeto ético-político profissional, deve ter compromisso com a defesa intransigente de todos os direitos humanos, da justiça social, da democracia e da liberdade e deve ser isento de qualquer tipo de discriminação e preconceito. Agora é sua vez 6

7 Desafio I Qual a vinculação da moral, da ética e dos direitos humanos ao campo da práxis social? Resposta Desafio I Desafio II Vinagre (2011) aponta que o projeto de radicalidade democrática apontado no Projeto Ético-Político Profissional do Serviço Social e no código de ética de 1993 implica a defesa intransigente de todos os direitos humanos. Descreva as necessidades que derivam dessa afirmação na visão da autora. 7

8 Resposta Desafio II Desafio III Vinagre (2011) coloca duas categoriaschave no debate da ética e dos direitos humanos: emancipação política e emancipação humana. Descreva a concepção sobre essas duas categorias. Resposta Desafio III 8

9 Desafio IV O que se torna necessário compreender no Projeto Ético-Político Profissional do Serviço Social? Resposta Desafio IV Finalizando 9

10 Estudar a ética, os direitos humanos e o projeto profissional emancipatório é fundamental para nortear o exercício profissional do Assistente Social. A ética, a partir de uma concepção marxista, é um momento da práxis e, portanto, sua compreensão é fundamental no processo de transformação das relações humanas. Nessa perspectiva, insere-se o Projeto Ético-Político do Serviço Social por se apresentar como uma importante ferramenta na busca por uma real humanização da sociedade. A ética deve ser entendida como uma instância fundamental do processo de transformação das relações humanas, no sentido da sua real humanização. Ela se realiza na relação livre entre o indivíduo e a sociedade, através da qual este pode ir adquirindo consciência de si mesmo como ser genérico e desocultar valores desumanizados disseminados na vida social, no contexto do capitalismo. (VINAGRE, 2011, p. 110) 10

11 O debate da ética e do projeto emancipatório corresponde a uma árdua tarefa, uma vez que é atuada em uma sociedade capitalista, em que os direitos humanos constituem-se em direitos conquistados coletivamente, o que, entretanto, ainda não é privilégio de todos. 11