Produção de mudas de maracujá amarelo em diferentes doses de substrato alternativo¹

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1 Produção de mudas de maracujá amarelo em diferentes doses de substrato alternativo¹ Eduardo Santana Aires (2), Carlos Alberto Aragão (3), Ana Maria de Oliveira Santos (4), Anne Emanuelle Flor da Silva Oliveira (5), Jéssica Bezerra de Souza (4), Anderson Rodrigues dos Santos (5) (1) Trabalho executado com recursos dos autores e do Departamento de Tecnologia e Ciências Sociais DTCS da Universidade do Estado da Bahia. Campus III-Juazeiro. (2) Engenheiro Agrônomo, Mestrando em Horticultura Irrigada, Departamento de Tecnologia e Ciências Sociais Universidade do Estado da Bahia, Juazeiro, BA, Brasil, aires-eduardo@live.com (3) Professor Pleno da Universidade do Estado da Bahia e do Mestrado em Horticultura Irrigada, Departamento de Tecnologia e Ciências Sociais Universidade do Estado da Bahia, Juazeiro, BA, Brasil. (4) Graduando em Engenharia Agronômica, Departamento de Tecnologia e Ciências Sociais Universidade do Estado da Bahia, Juazeiro, BA, Brasil. (5) Engenheiro Agrônomo. RESUMO: A etapa de produção de mudas tem papel fundamenta para a cultura do maracujazeiro, aliado a boa qualidade das sementes o substrato deve possuir boas características para garantir o melhor desenvolvimento da planta. Diante disso, objetivou-se com a presente pesquisa avaliar o efeito de diferentes doses de esterco aviário (substrato alternativo) associadas com substrato comercial para a produção de mudas de maracujá amarelo. Para isso instalou-se em casa de vegetação no Departamento de Tecnologia e Ciências Sociais -DTCS da UNEB Juazeiro, delineamento inteiramente casualizado com cinco repetições e cinco doses de substituição do Plantmax (100: 0; 75: 25; 50: 50; 25: 75; 0:100), ao final de 42 dias avaliouse as seguintes variáveis: comprimento, largura e número de folhas, altura da planta e matéria seca da folha, caule, planta inteira e raiz. Todas as variáveis estudadas foram influenciadas significativamente e suas equações foram ajustadas na forma quadrática. A inclusão de 30% de esterco aviário ao substrato comercial aumentou o comprimento, largura e número de folhas, altura da planta, e acúmulo de matéria seca da folha, planta inteira e raiz, entretanto para inclusões maiores de 50% houve morte das plantas. O substrato alternativo se mostrou eficaz para produção de mudas de maracujazeiro amarelo quando adicionado ao substrato comercial. Termos de indexação: composto orgânico, Passiflora edulis Sims, nitrogênio INTRODUÇÃO A cultura do maracujá está em franca expansão. Em 2013, a produção brasileira foi de aproximadamente 838 mil toneladas. Apesar dessa grande produção a cultura em alguns estados, tem enfrentado problemas na rentabilidade, resultado de manejo inadequado nas diversas fases fenológicas (IBGE, 2013). Dentre as várias falhas durante o processo produtivo do maracujazeiro, pode-se citar o manejo, que nem sempre é adequado à cultura em termos do controle de pragas e doenças, adubação e irrigação o que contribui para o aumento do custo de produção da cultura (Aguiar et al., 2015). A etapa de produção de mudas tem um papel fundamental, pois o maracujá tem sido propagado comercialmente via sementes, com a utilização de substrato comercial, que representa em torno de 8% do custo de implantação de um hectare da cultura. Buscam-se cada vez mais substratos alternativos, a fim de

2 diminuir a soma dessa operação. A finalidade do substrato é fornecer condições ideais para germinação das sementes e desenvolvimento das raízes, devendo possuir propriedades como a relação entre as características de aeração e drenagem, a adequação nos valores de ph e salinidade, a baixa densidade, importante para diminuir os custos de transporte; a ausência de propágulos de doenças, pragas e plantas daninhas, e a homogeneidade, disponibilidade e manutenção da qualidade do material, ou seja, uma combinação de características físicas e químicas que promovam respectivamente a retenção de umidade e disponibilidade de água e nutrientes, de modo que atenda às necessidades da planta (Cunha et al., 2006). Diversos materiais são utilizados como substratos para a produção de mudas, como: areia, vermiculita, composto de lixo urbano, esterco, bagaço de cana-de-açúcar, casca de amendoim, cascas de arroz carbonizada e pínus, bagaço de coco, serragem, entre outros. O aproveitamento da casca do coco, do esterco e do bagaço de cana surge como boa alternativa por ser um produto renovável e ecologicamente correto (Fernandes et al., 2006). A cama de aves, composta de biomassa vegetal (principalmente serragem e maravalha de madeira) e dejetos de aves, é um adubo orgânico abundante no Sul do Brasil, pois a avicultura de corte é intensa na região, e apresenta baixo custo. Além de servir como fertilizante, a cama de aviário pode substituir parcialmente como componente físico, o substrato necessário para a produção de mudas (Brugnara et al., 2015). Além de ser produzido na própria propriedade e ter acesso relativamente fácil. Existem relatos na literatura de maior crescimento de mudas de maracujazeiro-amarelo com dose de cama de frango de até 40% em mistura com solo (David et al., 2008). Porém, a cama de aviário possui altos níveis de nutrientes, por isso grandes quantidades desse substrato alternativo podem diminuir o crescimento e desenvolvimento das mudas devido a elevação da salinidade do composto. Diante do exposto, o presente estudo tem como objetivo avaliar o efeito de diferentes doses de esterco aviário (substrato alternativo) associadas com substrato comercial para a produção de mudas de maracujá amarelo. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido e desenvolvido em casa de vegetação, com sombreamento de 50%, localizado no Departamento de Tecnologia e Ciências Sociais (DTCS) na Universidade do Estado da Bahia, Campus III Juazeiro-BA, no período de abril a julho de A média de temperatura anual é 23,6 ºC, umidade relativa do ar é de 61,7%, precipitação anual de 455 mm, evaporação tanque Classe A de 1800 mm e com insolação anual de 11 horas/dia. O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, com cinco repetições, sendo os tratamentos compostos por cinco níveis de substituição do Plantmax (100: 0; 75: 25; 50: 50; 25: 75; 0:100) pelo esterco aviário, a composição química dos substratos está disposta na tabela 1. Tabela 1. Composição dos substratos alternativos utilizados na produção de mudas de maracujá, Juazeiro- BA (2014) Substratos N P K Ca Mg S C/N M.O ph g/kg (H20) 1: 2,5 Plantmax 4,90 1,47 7,00 12,50 120,0 2,80 34/1 285,0 6,2 Esterco aviário 85,80 16,23 23,50 96,50 95,00 4,30 4/1 630,0 7,2 As sementes foram coletadas de frutos de maracujá amarelo (Passiflora edulis Sims.) da região, onde passaram por processo de limpeza que consistiu de lavagem e retirada de impurezas e armazenamento em geladeira antes da semeadura. O substrato alternativo, esterco de frango de postura, foi doado pelo IF- Sertão Petrolina-Zona Rural, e passou por tratamento prévio antes do preparo da mistura, onde foi peneirados em uma peneira de quatro milímetros para uniformização do tamanho de partícula. Logo após, com o auxílio

3 de uma balança, foram pesados cada elemento necessário para a formulação do substrato desejado, nas proporções volumétricas: 1) Plantmax (100%) 2) Plantmax (75%) + Substrato alternativo (25%) 3) Plantmax (50%) + Substrato alternativo (50%) 4) Plantmax (25%) + Substrato alternativo (75%) 5) Substrato alternativo (100%) Após a mistura dos materiais, eles foram distribuídos em tubetes de 290 cm 3. A semeadura foi feita com duas sementes por recipiente e quando as mudas atingiram uma altura de 3 centímetros foi feito o desbaste, mantendo uma planta por tubete. A irrigação foi realizada por sistema de microaspersão automática, irrigando-se três vezes ao dia, com o intuito de manter os substratos próximos a capacidade de campo. As mudas foram avaliadas aos 42 dias após a semeadura, analisando as seguintes variáveis: Peso da matéria seca da folha, do caule, raiz e planta inteira; Além das características estruturais: Comprimento largura da folha, número de folhas, altura da planta. A parte aérea (folha e caule) e o sistema radicular foram secos em estufa de circulação forçada a 65ºC, por 72 horas até atingirem peso constante, para determinação do valor do peso da matéria seca. Os dados foram analisados por meio de análise de variância (P<0,05) e, quando significativos (P<0,05) foram submetidas a regressão polinomial, com o auxílio do programa para microcomputadores WINSTAT do Departamento de Estatística da Universidade Federal de Pelotas UFPEL-RS. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os valores obtidos para as características estruturais, comprimento da folha (Comp_Flh), largura da folha (Larg_Flh), número de folhas (Nº_Flh), e altura da planta ( ALT), além da matéria seca da planta inteira, folha, caule e raiz das mudas de maracujá submetidas a diferentes doses de substrato alternativo ( esterco aviário) dispostos na Tabela 2, com seus respectivos ajustes de equações, coeficiente de determinação (r²), valores máximos obtidos (Ymáx) a partir da melhor dose a ser aplicada (Xmáx), e incremento (%) da variável a partir da comparação com a testemunha quando aplicado a melhor dose. Tabela 2. Dados médios de comprimento, largura e número de folhas, altura da planta, matéria seca da planta inteira, folha, caule e raiz de mudas de maracujá amarelo sob diferentes concentrações de substrato alternativo (esterco aviário), Juazeiro-BA (2014) Variáveis analisadas Tratamentos Equações ajustadas R 2 Xmáx Ymáx Incremento (%) Comprimento folha (cm) 1,69 8,14 3,36 0,00 0,00 Ŷ=3, ,08493X - 0,001311X2 0,5 32,4 4,6 177,12 Largura da Folha (cm) 1,21 4,58 1,86 0,00 0,00 Ŷ= 2,09 + 0,0392X - 0,000672X2 0,5 29,1 2,6 119,97 Número de folhas 4,8 7,6 3,6 0,00 0,00 Ŷ= 5,8971-0,009371X - 0, X2 0,7 7,8 5,8 22,09 Altura da Planta (cm) 5,3 15 7,26 0,00 0,00 Ŷ= 7, ,1139X - 0,002163X2 0,5 26,3 9,4 77,86 MS Planta Inteira 0,029 0,23 0,048 0,00 0,00 (g/planta) Ŷ= 0,0816-0,00188X - 0, X2 0,3 30,9 0,1 281,60 MS Folha (g/planta) 0,019 0,21 0,042 0,00 0,00 Y=¹ 0,8 32,7 0,09 422,62 MS Caule (g/planta) 0,01 0,02 0,006 0,00 0,00 Ŷ= ² 0,6 8,3 0,01 33,90 MS Raiz (g/planta) 0,039 0,192 0,054 0,00 0,00 Ŷ= 0, ,001365X-, X2 0,43 27,6 0,01 158,46 ¹Ŷ= 0, ,001902X - 0, X 2 ; ² Ŷ= 0, , X - 0, X 2

4 Através das análises de variância verificou-se que para as características observadas tanto estruturais quanto as de matéria seca, houve efeito significativo da dose utilizada, e ajuste quadrático para todas as variáveis. Observou-se que adição de esterco aviário em altas concentrações não é recomendada, por isso nas doses superiores a 50% houve morte das plantas. A presença excessiva desse substrato com ph elevado e alta concentração de nitrogênio pode ter inibido a absorção de nutrientes resultando em um baixo crescimento ou até morte das plantas. Na produção de moranga e pepino (Blum et al., 2003) e na formação de mudas de hortelã (Paulus et al., 2011) a presença de esterco de aviário, não propiciaram resultados satisfatórios, semelhante ao presente trabalho quando adicionado em altas doses. Quando aplicada a derivação das equações obtidas, observou-se que quando adicionado cerca de 30% desse material ao substrato comercial obteve-se mudas com maior comprimento e largura e número de folhas, como também altura da planta e matéria seca da raiz, folha e planta inteira, resultando em mudas mais vigorosas. É possível que esses incrementos estejam associados ao fornecimento de nitrogênio, pelo esterco aviário, para as plantas. A presença de nitrogênio contribui para o aumento da produtividade das culturas por promover a expansão foliar e o acúmulo de massa (Marschner, 2011), aspectos que influenciam diretamente nos processos fisiológicos da planta, pois as folhas são as estruturas responsáveis pela captação de energia solar e produção de matéria orgânica através da fotossíntese (Moreira et al, 2006). Analisando as variáveis de produção de matéria seca da planta inteira, folha e caule observa-se efeito significativo para o substrato alternativo esterco aviário. Brugnara et al., (2015) trabalhando com adição de cama aviária em substratos para produção de mudas de maracujá notou que a adição desse substrato alternativo no comercial em doses superiores a 24,17% reduzia a quantidade de matéria seca da parte área das plantas, resultado semelhante ao da presente pesquisa onde a adição de 30% de esterco aviário provoca o declínio no acúmulo de matéria seca. Substratos comercias são amplamente utilizados para formação de mudas pela agricultura, mesmo que apresentem resultados satisfatórios para formação de mudas a sua substituição por alternativos podem tornar o custo de produção menor. Alves et al. (2012) relatam que para plantas de Crateva tapia L. a utilização desse substrato não proporcionou crescimento radicular adequado. Dutra et al. (2011) relatam que para a produção de mudas de Copaíba o substrato comercial apresentou resultados inferiores para massa seca foliar, massa seca total e relação massa seca foliar, comparados às proporções de vermiculita e casca de arroz carbonizado, no trabalho deste autor foram observadas médias de 0,35 e 1,25 g.g-1 para as variáveis massa seca foliar e massa seca total respectivamente quando utilizou substrato comercial, enquanto utilizando vermiculita e casca de arroz carbonizada na proporção 70:30 os valores foram elevados para 0,45 e 2,00 g.g -1. Portanto, a substituição do substrato comercial por um alternativo é uma opção viável para o produtor por ser de fácil manuseio e apresentar baixo custo principalmente para pequenos e médios produtores que possuem uma cadeia diversificada de produção que vai da hortícola a animal, utilizando rejeitos e maximizando a produtividade. CONCLUSÕES A substituição do substrato comercial plantmax por esterco aviário em 30%, proporciona maior comprimento, largura e número de folhas e incrementos no acúmulo de matéria seca da folha, planta inteira e raiz.

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