PRODUÇÃO DE MUDAS DE CAFEEIRO EM TUBETES UTILIZANDO SUBSTRATOS CONSTITUÍDOS POR CASCA DE ARROZ CARBONIZADA E CASCA DE CAFÉ COMPOSTADA

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1 PRODUÇÃO DE MUDAS DE CAFEEIRO EM TUBETES UTILIZANDO SUBSTRATOS CONSTITUÍDOS POR CASCA DE ARROZ CARBONIZADA E CASCA DE CAFÉ COMPOSTADA CARVALHO, MYCHELLE 1 ; VALLONE, HAROLDO SILVA 2 ; DIAS, FÁBIO PEREIRA 2 ; GUIMARÃES, RUBENS JOSÉ 3 ; COELHO, JÚLIA HELENA PEREIRA 3. 1 Mestranda / UFLA Dep. Agricultura Lavras, MG: mcarvalho78@uol.com.br - Bolsista CAPES RESUMO O objetivo deste trabalho foi verificar a viabilidade agronômica da utilização de substratos constituídos por casca de arroz carbonizada e composto orgânico de casca de café para a produção de mudas de cafeeiro em tubetes. O experimento foi instalado no Setor de Cafeicultura da UFLA, no período de agosto a dezembro de O delineamento experimental utilizado foi blocos casualizados (DBC) com 4 repetições, 6 tratamentos e 24 parcelas. Os tratamentos constaram de cinco proporções de casca de arroz carbonizada (CAC) em relação ao composto de casca de café (CCC): (100% de CAC/0% de CCC; 75% de CAC/25% de CCC; 50% de CAC/50% de CCC; 25% de CAC/75% de CCC e 0% de CAC/100% de CCC), além de um tratamento adicional padrão, como testemunha. Os recipientes utilizados foram tubetes de polietileno com capacidade de 120 ml. As características avaliadas foram: altura da muda; diâmetro do caule; área foliar; massa seca do sistema radicular e massa seca da parte aérea. Os resultados obtidos permitem concluir que o substrato constituído por 65% de casca de arroz carbonizada + 35% de substrato comercial (Plantmax) proporciona melhor desenvolvimento às mudas de cafeeiro em comparação aos substratos constituídos por casca de arroz carbonizada e composto orgânico de casca de café. Palavras chave: Mudas de cafeeiro, substrato, casca de arroz carbonizada, composto orgânico. 2 Universidade Federal de Lavras Bolsista CNPq 3 Universidade Federal de Lavras 71

2 INTRODUÇÃO Nos últimos anos várias pesquisas têm sido realizadas buscando a recomendação de novos componentes e diferentes constituições de substratos para produção de mudas. Como substrato entende-se o produto usado em substituição ao solo, para a produção vegetal (Kämpf, 2000). Os substratos podem ser formados por diferentes matériasprimas de origem mineral, orgânica ou sintética, de um só material, ou diversos materiais em mistura. Os materiais orgânicos mais usados são a turfa, casca de árvores picadas e compostadas, fibras vegetais, etc. As principais substâncias minerais são a vermiculita, perlita, espuma fenólica e lã de rocha. A finalidade mais importante de um substrato é produzir uma planta (ou muda) de alta qualidade, em menor tempo e a baixo custo (Abreu et al., 2002). Para a produção de mudas de cafeeiro em tubetes, utiliza-se substrato comercial constituído de casca de Pinus moída, compostada e enriquecida com nutrientes. Apenas o substrato, sem considerar a fertilização corresponde por 38% do custo de produção das mudas (Guimarães, et al. 1998). A casca de arroz carbonizada vem sendo estudada e recomendada para composição de substratos, devido a várias características importantes que apresenta. Vallone (2003), estudando a substituição de substrato comercial (constituído por casca de pinus processada e enriquecida, vermiculita e turfa processada e enriquecida) por casca de arroz carbonizada na produção de mudas de cafeeiro, observou que o substrato que proporcionou maior desenvolvimento das mudas foi composto por cerca de 60 a 70% de casca de arroz carbonizada e 30 a 40% de substrato comercial. Outro material muito estudado atualmente e que se apresenta como uma alternativa promissora para composição de substratos é o composto orgânico. Segundo Kiehl (1998), trata-se do material preparado a partir de restos vegetais e animais através do processo denominado compostagem. Diante disso, o objetivo deste trabalho foi verificar a viabilidade agronômica da utilização de substratos constituídos por casca de arroz carbonizada e composto orgânico de casca de café para a produção de mudas de cafeeiro em tubetes. 72

3 MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi instalado no Setor de Cafeicultura do Departamento de Agricultura da Universidade Federal de Lavras UFLA, localizada no sul do Estado de Minas Gerais, no período de agosto a dezembro de O delineamento experimental utilizado foi blocos casualizados (DBC) 4 repetições, 6 tratamentos e 24 parcelas. A parcela foi composta por 13 tubetes sendo 5 úteis. Os tratamentos constaram de 5 proporções de casca de arroz carbonizada (CAC) em relação ao composto de casca de café (CCC): (100% de CAC/0% de CCC; 75% de CAC/25% de CCC; 50% de CAC/50% de CCC; 25% de CAC/75% de CCC e 0% de CAC/100% de CCC), além de um tratamento adicional padrão, como testemunha. O composto orgânico foi produzido a partir de uma mistura de 80% de casca de café crua e 20% de esterco bovino, fermentado por de 90 dias. O substrato utilizado como testemunha foi constituído de 65% de casca de arroz carbonizada + 35% de substrato comercial (Plantmax) de acordo com Vallone (2003). No preparo dos substratos, utilizou-se uma peneira com malha de 1,5 cm e em seguida misturou-se os dois componentes nas diferentes proporções, adicionando o fertilizante de liberação lenta (450 gramas m -3 de substrato). Em seguida procederam-se a homogeneização dos substratos e o enchimento dos tubetes. O transplantio foi feito quando as plântulas se encontravam no estádio de palito de fósforo. Os recipientes utilizados foram tubetes de polietileno com capacidade de 120 ml. A cultivar utilizada foi a Acaiá Cerrado, MG O experimento foi encerrado quando todas as parcelas apresentavam pelo menos quatro pares de folhas verdadeiras. As características avaliadas foram: a) altura da muda em centímetros; b) diâmetro do caule, na região do colo em milímetros; c) área foliar em centímetros quadrados por planta, estimado a partir da metodologia proposta por Huerta (1962); d) massa seca do sistema radicular e e) massa seca da parte aérea, em gramas por parcela de cinco plantas. Na análise estatística dos dados, primeiramente foi feito o estudo de regressão entre as proporções dos dois componentes dos substratos e em seguida, um estudo de contrastes entre a média da regressão e a média do tratamento adicional. 73

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO Nas Tabelas 1 e 2 são apresentados, respectivamente, os coeficientes para os componentes do contraste (Teste de Sheffé) e as estimativas, erros-padrão e teste F para os contrastes aplicados a cada variável. TABELA 1: Coeficientes para os componentes do contraste (Teste de Sheffé): Tratamentos Coeficientes 100% Casca de arroz carbonizada -1 75% Casca de arroz + 25% Composto orgânico -1 50% Casca de arroz + 50% Composto orgânico -1 25% Casca de arroz + 75% Composto orgânico % Composto orgânico de casca de café -1 Testemunha +5 Obs. Valores dos coeficientes positivos foram divididos por 5 e os negativos por 5 TABELA 2: Estimativas, erros-padrão e teste F para os contrastes aplicados à cada variável: Variáveis Analisadas Estimativa Erro Padrão Pr > F Altura Área Foliar Diâmetro MSPA MSSR 3, , , , , , , , , , ,000 0,000 0,020 0,364 0,015 Observa-se que o estudo de contraste entre a média da regressão e a média do tratamento adicional foi significativo para as características: altura, área foliar, diâmetro e massa seca do sistema radicular, sendo que em todos estes casos o tratamento adicional apresentou médias superiores às apresentadas pela regressão. Para a característica massa seca da parte aérea o contraste se apresentou não significativo, indicando não haver diferenças entre as médias obtidas na regressão e a média obtida no tratamento adicional. Este resultado indica que a utilização de substratos compostos por casca de arroz carbonizada e composto orgânico de casca de café e esterco bovino proporcionam mudas menos desenvolvidas que quando se utiliza um substrato recomendado para a produção de mudas de cafeeiro. Embora os tratamentos da regressão terem sido inferiores à testemunha, procedeu-se ao estudo de regressão para as proporções de casca de arroz carbonizada e 74

5 composto orgânico de casca de café, verificando resultado significativo para as características área foliar, diâmetro e massa seca do sistema radicular. Na Figura 1 é apresentado o estudo de regressão para área foliar de mudas de cafeeiro para as proporções de casca de arroz carbonizada e composto orgânico de casca de café. Observa-se que o melhor desempenho ocorreu com aproximadamente 21% de Área Foliar (cm 2 ) y = -0,0054x 2 + 0,2272x + 150,99 R 2 = 0, % Casca de arroz carbonizada casca de arroz carbonizada e 79% de composto orgânico. FIGURA 1: Regressão para área foliar de mudas de cafeeiro, em cm 2 por planta, em função da % de casca de arroz carbonizada presente no substrato. UFLA, Lavras, MG, O diâmetro médio das mudas de cafeeiro apresentou regressão significativa, sendo que, à medida em que se aumenta a proporção de casca de arroz carbonizada, o diâmetro apresenta tendência linear de crescimento (Figura 2). Diâmetro (mm) 3,2 3,1 3,0 y = 0,0041x + 2,689 R 2 = 0,8423 2,9 2,8 2,7 2, % Casca de Arroz carbonizada FIGURA 2: Regressão para diâmetro de mudas de cafeeiro, em milímetro por planta, em função da % de casca de arroz carbonizada presente no substrato. UFLA, Lavras, MG, Para a característica massa seca do sistema radicular, as médias apresentaram uma distribuição quadrática, alcançando o valor máximo com a proporção de 81% de 75

6 casca de arroz carbonizada e 19% de composto orgânico (Figura 3). Este resultado concorda com os obtidos por Vallone (2003), que atribuiu este maior crescimento ao maior espaço de aeração proporcionado pela casca de arroz carbonizada MSSR (g) y = x x R 2 = % Casca de arroz carbonizada FIGURA 3: Regressão para massa seca do sistema radicular de mudas de cafeeiro, em gramas por planta, em função da % de casca de arroz carbonizada presente no substrato. UFLA, Lavras, MG, Estes resultados inconsistentes apresentados pelo estudo da regressão pode ser explicado pelo fato de que os substratos preparados com composto orgânico apresentaram granulometria heterogênea devido ao fato da utilização de uma peneira com malha inadequada. Sugere-se a utilização de uma peneira com malha mais estreita visando a obtenção de um substrato mais homogêneo. CONCLUSÃO O substrato constituído por 65% de casca de arroz carbonizada + 35% de substrato comercial (Plantmax) proporciona melhor desenvolvimento às mudas de cafeeiro em comparação aos substratos constituídos por casca de arroz carbonizada e composto orgânico de casca de café. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABREU, M. F. de; ABREU, C. A. de; BATAGLIA, O. C. Uso da análise química na avaliação da qualidade de substratos e componentes. In: FURLANI, A. M. C.; et al. Caracterização, manejo e qualidade de substratos para produção de plantas. Campinas: Instituto Agronômico, p Documentos IAC,

7 GUIMARÃES, P. T. G.; ANDRADE NETO, A. de; BELLINI JUNIOR, O.; ADÃO, W. A.; SILVA, E. M. da Produção de mudas de cafeeiro em tubetes. Informe Agropecuário. Belo Horizonte: EPAMIG. v. 19, n. 193, p , HUERTA, S. A. Comparación de métodos de laboratório y de campo, para medir el área foliar del cafeto. Cenicafé, Caldas, v. 13, n. 1, p , ene./mar KÄMPF, A. N. Seleção de materiais para uso como substrato. In: KÄMPF, A. N. & FERMINO, M. H. Substratos para plantas: A base da produção vegetal em recipientes. Porto Alegre: Genesis, p KIEHL, E. J. Manual de compostagem: maturação e qualidade do composto. Piracicaba: E. J. Kiehl, 1998, 171p. VALLONE, H. S. Produção de mudas de cafeeiro (Coffea arabica L.) em tubetes com polímero hidroretentor, diferentes substratos e adubações. Lavras: UFLA, p. (Dissertação de mestrado) 77