A ONU e o combate ao terrorismo
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- Thalita da Cunha Flores
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1 A ONU e o combate ao terrorismo Resenha Segurança Igor Andrade Vidal Barbosa 28 de maio de 2006
2 A ONU e o combate ao terrorismo Resenha Segurança Igor Andrade Vidal Barbosa 28 de maio de 2006 As ações da Organização das Nações Unidas relativas ao terrorismo datam de 1972 e ganharam novo fôlego após os atentados de 11 de setembro de Ao revelar, há pouco menos de um mês, o relatório Unindo contra o terrorismo: recomendações para uma estratégia global contra-terrorista, o Secretário-Geral das Nações Unidas, Kofi Annan, buscou dar mais um passo na tentativa de se combater o terrorismo internacional. L ançado no dia 2 de maio de 2006, o relatório do Secretário-Geral das Nações Unidas, Kofi Annan, intitulado Unindo contra o terrorismo: recomendações para uma estratégia global contra-terrorista 1 busca desenvolver idéias já propostas em 2005 e avalia o progresso da Organização das Nações Unidas (ONU) na sua luta contra o terrorismo. A ONU e o Terrorismo A atuação da ONU em relação ao terrorismo não é um fato recente. De acordo com a própria Organização, as primeiras resoluções da Assembléia Geral e do Conselho de Segurança da ONU referentes ao terrorismo datam de 1972 e 1989, respectivamente. Os atentados de 11 de setembro de 2001, porém, deram novos rumos às ações da ONU. No final de setembro de 2001, criou-se o Counter-Terrorism Committe (CTC, sigla em inglês), responsável por monitorar a implementação da resolução 1373 do Conselho de Segurança (CS) e fortalecer a capacidade dos Estados de combaterem o terrorismo. 2 A referida resolução obriga os Estados a punirem indivíduos que apóiam atividades terroristas, a negarem apoio financeiro e logístico aos terroristas e a compartilharem informações a respeito de grupos que estejam planejando ataques terroristas. Em 2002, o Al-Qaida and Taliban Sanctions Committee, comitê criado em 1999 para supervisionar as sanções impostas ao Talibã e a Al-Qaeda 3, teve suas funções expandidas devido ao enrijecimento das sanções 4. Em março de 2004, criou-se o Counter- Terrorism Committe Executive Directorate (CTED, sigla em ingles). O CTED foi criado com a função inicial de revitalizar o trabalho do CTC ao prover aconselhamento especializado, facilitar a assistência técnica relativa a medidas de combate ao terrorismo e promover uma maior cooperação e coordenação entre os diferentes órgãos da ONU e entre as diversas organizações regionais e intergovernamentais. Em abril do mesmo ano, criou-se o comitê Tal comitê tem o 1 Uniting against terrorism: recommendations for a global counter-terrorism strategy 2 O CTC foi criado pela mesma resolução As sanções foram impostas na resolução 1267 do Conselho de Segurança. 4 O enrijecimento das sanções ocorreu na resolução 1390 do Conselho de Segurança
3 2 objetivo de monitorar a implementação da resolução 1540 do CS. Essa resolução visa, principalmente, a restringir o acesso dos terroristas a armas biológicas, químicas e nucleares. Em março de 2005, um ano após os atentados em Madri que feriram e mataram mais de 1600 pessoas, Kofi Annan lançou o relatório In Larger Freedom: towards development, security, and human rights for all. Neste documento, Annan esboça o que ele considera ser os cincos pilares do combate ao terrorismo: dissuadir pessoas de apoiarem ou utilizarem-se do terrorismo; negar aos terroristas os meios para se realizar um ataque; impedir que Estados apóiem o terrorismo; reforçar a capacidade dos Estados de combater o terrorismo; e defender os direitos humanos. Em setembro de 2005, durante a sexagésima sessão da Assembléia Geral da ONU também chamada de Cúpula Mundial de 2005 os Estados membros da ONU condenaram o terrorismo em todas as suas formas e manifestações. Além disso, apoiaram os cinco pilares defendidos pelo Secretário-Geral e pediram para que este desenvolvesse propostas para fortalecer o papel da Organização no combate ao terrorismo. Foi devido a este pedido que Annan elaborou, com assistência do Counter- Terrorism Implementation Task Force - força tarefa criada em 2005 para ajudar na coordenação das ações da ONU relativas ao terrorismo o relatório Unindo contra o terrorismo. Adicionalmente, uma série de resoluções condenando ações terroristas específicas foram adotadas pelo CS e pela Assembléia Geral desde Unindo Contra o Terrorismo Considerado pela ONU como a primeira estratégia contra-terrorista abrangente o relatório Unindo contra o terrorismo baseia-se nos cinco pilares de combate ao terrorismo defendido por Kofi Annan. Antes de entrar em cada tópico, porém, Annan ressalta o fato de que a defesa aos direitos humanos constitui um aspecto essencial nesta luta na medida em que os terroristas desrespeitam os direitos humanos de cada uma de suas vítimas. 1- Dissuadir pessoas de apoiarem ou utilizarem-se do terrorismo O enquadramento do terrorismo como ato inaceitável e o combate às condições que favorecem o surgimento do terrorismo devem ser a base das ações da ONU para se dissuadir pessoas de apoiarem ou utilizarem-se desse meio. Em primeiro lugar, os Estados e a sociedade civil devem deixar claro que o terrorismo, mesmo aquele com pretensões nacionalistas, não pode ser justificado. Tal atitude buscaria diminuir a base de apoio dos terroristas ao enfatizar, principalmente, as conseqüências negativas do terrorismo suas vítimas e seus impactos econômicos e sociais. Em segundo lugar, deve-se atuar nas causas profundas do terrorismo. Dentro destas estariam a difusão de ideologias extremistas que desumanizam suas vítimas; conflitos locais e regionais violentos; ambientes em que os direitos civis não são respeitados e existem abusos aos direitos humanos; e locais em que há discriminação religiosa ou étnica, exclusão política e marginalização socioeconômica. 2- Negar aos terroristas os meios para se realizar um ataque Para que se impeça que os terroristas venham a adquirir os meios para se realizar um ataque, sete pontos devem ser considerados: (i) o acesso ao apoio financeiro; (ii) o acesso a armas, incluindo armas de destruição em massa 5 ; (iii) a comunicação entre terroristas; (iv) o 5 Armas biológicas, químicas e nucleares.
4 3 recrutamento de novos terroristas; (v) a movimentação internacional dos terroristas; (vi) o acesso a possíveis alvos; (vii) e a obtenção do desejado impacto e visibilidade dos ataques. O Secretário- Geral afirma que ações têm sido tomadas em consideração a estes sete pontos, mas que os resultados desejados, especialmente em relação à comunicação entre os terroristas e à proteção de possíveis alvos, ainda não foram obtidos. 3- Impedir que Estados apóiem o terrorismo De acordo com o relatório, o melhor modo de impedir que Estados apóiem o terrorismo é o monitoramento da implementação das resoluções da Assembléia Geral e do CS e também o fortalecimento da autoridade do CS para lidar com o terrorismo e para identificar Estados que dão apoio ou que não têm a capacidade de atuar contra o terrorismo. 4- Reforçar a capacidade dos Estados de combater o terrorismo O fortalecimento da capacidade dos Estados de lidar com os terroristas é apresentado como uma das peças fundamentais do relatório. Os terroristas exploram fraquezas, tanto em países em desenvolvimento quanto em países desenvolvidos, para obter fundos, organizar, equipar e treinar seus recrutas, realizar ataques e se esconder. Os esforços nesse sentido devem se focar na: (i) promoção do mando da lei, do respeito aos direitos humanos e de sistemas jurídicos efetivos; (ii) difusão da tolerância religiosa e cultural através do apoio à qualidade educacional; (iii) supressão ao financiamento do terrorismo; (iv) segurança dos meios de transporte, que muitas vezes são possíveis alvos; (v) utilização da internet para se obter informações sobre os terroristas; (vi) proteção a possíveis alvos; (vii) resposta dada a um ataque que utilize armas convencionais ou não convencionais; (viii) e na capacidade de impedir que terroristas venham a adquirir armas de destruição em massa. Além disso, a ONU deve prover a assistência técnica para que os Estados possam efetivamente fortalecer suas capacidades e também deve promover uma maior coerência entre as suas atividades contra-terroristas ao possibilitar uma maior troca de informações entre suas agências e institucionalizar o Counter-Terrorism Implementation Task Force. 5- Defender os direitos humanos na luta contra o terrorismo Como já apresentado anteriormente, Annan coloca a defesa dos direitos humanos como um dos pilares essenciais de sua estratégia contra-terrorista. Com isso, o Secretário-Geral enfatiza não somente o fato de que os terroristas violam os direitos humanos, mas também que, da mesma forma, qualquer ação contra-terrorista não os deve violar. Kofi Annan termina seu relatório dizendo que os Estados devem, o mais cedo possível, concluir uma convenção abrangente sobre o terrorismo internacional. Possíveis Efeitos O relatório Unindo contra o terrorismo apresenta várias idéias e ações que poderão, se aplicadas, ser eficientes na luta contra o terrorismo. De acordo com Eugenio Diniz, autor de Relações Internacionais e membro do conselho acadêmico do Conjuntura Internacional, o combate ao terrorismo deve visar à neutralização e ao desbaratamento dos grupos terroristas. Enquanto não for possível desbaratar tais grupos, deve-se buscar frustrar as intenções destes neutralizá-los. O relatório do Secretário- Geral foca de maneira desigual nos pontos traçados por Diniz. Busca-se desbaratar tais grupos por meio, principalmente, da
5 4 redução da base de apoio dos terroristas, do reforço à capacidade dos Estados de lidar com tais grupos, da maior restrição aos meios para que se realize um ataque 6, e da maior punição a Estados que dêem refúgio a grupos terroristas. A neutralização, por sua vez, pode, de acordo com Diniz, ocorrer de duas maneiras. Em primeiro lugar, ao se impedir que atentados ocorram. Tal atitude demanda um grande investimento em inteligência e certamente poderá gerar bons resultados, mas, considerando a enorme dificuldade de se antecipar toda atividade terrorista, dificilmente todos os ataques serão prevenidos. Em segundo lugar, há a possibilidade de se absorver os danos, até certo ponto, e não ceder a qualquer demanda terrorista. Quando os danos provocados já não podem mais ser suportados, a reação política não deve se dar nos termos do grupo terrorista. O Unindo contra o terrorismo trata brevemente da primeira maneira de se frustrar as intenções dos grupos terroristas. As discussões acerca deste tópico se limitam a dizer, de forma superficial, que a internet, os fluxos de dinheiro e o comércio de documentos ilegais devem ser monitorados sempre tendo em mente o direito à privacidade. O relatório, adicionalmente, trata de forma insatisfatória a segunda maneira de neutralização. Nada é dito em relação à absorção social e política dos danos provocados e não há nenhuma referência à idéia crucial de que reações e mudanças políticas não devem se dar nos termos do grupo terrorista. O relatório se limita a dizer que, em caso de um ataque, a resposta de um Estado deve buscar salvar o maior número de vidas possível. Dessa maneira, a estratégia global contraterrorista proposta por Kofi Annan parece dar especial consideração ao combate a longo prazo do terrorismo o desbaratamento de grupos terroristas, mas não dá suficiente atenção à medidas de curto prazo ou seja, à neutralização destes grupos. Referência DINIZ, Eugenio. Compreendendo o Fenômeno do Terrorismo In: BRIGAGÃO, Clóvis; PROENÇA JR; Domício (Orgs). Paz e Terrorismo: textos do Seminário.ed.São Paulo : Editora Hucitec, 2004, p Sites: Al-Qaida and Taliban Sanctions Committee ees/1267template.htm BBC NEWS UK CNN. Com International Comitê ee1540/index.html Counter-Terrorism Committee In larger Freedom: towards development, security, and human rights for all ntents.htm United Nations UN action against terrorism UN News Centre 6 Tais meios seriam o equipamento, recrutamento, e treinamento dos terroristas
6 5 United Nations General Assembly 60th Session United Nations Security Council Uniting against terrorism: recommendations for a global counterterrorism strategy rorism/ Palavras Chaves: Terrorismo, ONU, Kofi, Annan, Conselho, Segurança, Assembléia Geral, Guerra, Igor, Andrade, Vidal, Barbosa.
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