EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR PAULO ROBERTO VASCONCELOS, DIGNÍSSIMO PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO PARANÁ.

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1 EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR PAULO ROBERTO VASCONCELOS, DIGNÍSSIMO PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO PARANÁ. ASSUNTO: Impugnação do Edital do Concurso Público para provimento dos cargos de Analista Judiciário - Áreas de Apoio Especializado Especialidades Serviço Social e Psicologia. SINDIJUS SINDICATO DOS SERVIDORES DO PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ, pessoa jurídica de direito privado, entidade sindical de primeiro grau, CNPJ / , com endereço na Rua David Geronasso, 227, Boa Vista, Curitiba/PR, neste ato representado por seu Coordenador, Sr. José Roberto Pereira, brasileiro, casado, servidor público estadual, RG n e inscrito no CPF sob n , vêm mui respeitosamente à vossa Presença expor e requerer o que segue a respeito do Edital do Concurso Público para provimento dos cargos de Analista Judiciário - Áreas de Apoio Especializado Especialidades Serviço Social e Psicologia, conforme a seguir relatado.

2 1. DA LEGITIMIDADE ATIVA DO SINDICATO O artigo 8.º, inciso III, da Constituição Federal, investe a entidade sindical da faculdade de defender os interesses e direitos dos membros da categoria profissional. Conforme comprova através do Estatuto do requerente, no artigo 3.º, inciso I, do Estatuto Social do Sindijus, consta expressamente a autorização de seus filiados para o ingresso com ações judiciais e administrativas, legitimando os autores para propor o presente pedido: Art. 3.º São prerrogativas do Sindicato: I - representar perante as autoridades administrativas e judiciárias, em qualquer instância, os interesses gerais da categoria e os individuais e coletivos de seus filiados; Por todo o exposto, o sindicato requerente está legitimado para substituir seus filiados no presente pedido, conforme se verifica do previsto no estatuto da entidade e súmulas do STF. 2. DOS FATOS E DO DIREITO Foi publicado no site do Tribunal de Justiça o Edital nº 003/2016 do Concurso Público para os cargos de Analista Judiciário - Áreas de Apoio Especializado Especialidades Serviço Social e Psicologia, onde serão ofertadas 45 vagas, sendo 30 para Assistentes Sociais e 15 para Psicólogos e Psicólogas.

3 a) Item VI - DAS CONDIÇÕES PARA A INSCRIÇÃO, exigência 23.5, possuir Carteira Nacional de Habilitação, categoria B ou superior, válida, conforme o Código de Trânsito Brasileiro. Não consta das leis do Exercício Profissional das duas profissões que seja sua atribuição conduzir veículos para desenvolver as obrigações que a habilitação lhe impõe. Tal obrigação não está na Lei 4119, de 27 de agosto de 1962 que dispõe sobre os cursos de formação em psicologia e regulamenta a profissão de psicólogo. Da mesma forma, não há a obrigação na Lei Federal 8662 de 7 de junho de 1993 dispõe sobre a profissão de Assistente Social e dá outras providências. Da interpretação meramente literal das normas conclui-se que exigir dos profissionais a condução de veículos e/ou a utilização dos próprios veículos está em desacordo com a lei e não representa boa prática administrativa. Da mesma forma, não consta do descritivo de função tal obrigação, e se constasse seria ilegal, pois contraria os diplomas legais federais e é preciso que os profissionais tenham as condições de trabalho para bem desenvolver seu mister. Por outro lado a Administração Pública está vinculada ao princípio da legalidade. Neste sentido citemos Maria Sylvia Zanella Di Pietro : O princípio da legalidade, juntamente com o do controle da Administração pelo Poder Judiciário, nasceu com o Estado de Direito e constitui uma das principais garantias de respeito aos direitos individuais. Isto porque a lei, ao mesmo tempo em que os define, estabelece também os limites da atuação administrativa que tenha por objeto a restrição ao exercício de tais direitos em benefício da coletividade.

4 É aqui que melhor se enquadra aquela ideia de que, na relação administrativa, a vontade da Administração Pública é a que decorre da lei. Segundo o princípio da legalidade, a Administração Pública só pode fazer o que a lei permite. Celso Antônio Bandeira de Mello com muita propriedade, assim preleciona a respeito do princípio da legalidade: "Ao contrário dos particulares, os quais podem fazer tudo o que a lei não proíbe, a Administração só pode fazer o que a lei antecipadamente autorize. Donde, administrar é prover os interesses públicos assim caracterizados em lei, fazendo-o na conformidade dos meios e formas nela estabelecidos ou particularizados segundo suas disposições.". (g.n.) Hely Lopes Meirelles conclui que A eficácia de toda atividade administrativa está condicionada ao atendimento da lei. 1 Assim, se na Administração Pública só é lícito fazer o que a lei autoriza, não pode deixar de fazê-lo quando a lei obriga. Antônio Bandeira de Mello: Estão sendo violados princípios, e mais uma vez nos ensina Celso 1 In Direito administrativo brasileiro. 19. ed. Atual. São Paulo: Malheiros, p. 82.

5 violar um princípio muito é mais grave que transigir uma norma. A desatenção ao princípio implica ofensa não apenas a um específico mandamento obrigatório, mas a todo o sistema de comandos 2. O Estatuto da Criança e do Adolescente, por sua vez, determina nos artigo 150 e 151 que as equipes devem ser multidisciplinares para cumprir integralmente sua responsabilidade, portanto, as condições devem ser adequadas, inclusive com motoristas e veículos em quantidade e qualidade suficientes. Art Cabe ao Poder Judiciário, na elaboração de sua proposta orçamentária, prever recursos para manutenção de equipe interprofissional, destinada a assessorar a Justiça da Infância e da Juventude. Art Compete à equipe interprofissional dentre outras atribuições que lhe forem reservadas pela legislação local, fornecer subsídios por escrito, mediante laudos, ou verbalmente, na audiência, e bem assim desenvolver trabalhos de aconselhamento, orientação, encaminhamento, prevenção e outros, tudo sob a imediata subordinação à autoridade judiciária, assegurada a livre manifestação do ponto de vista técnico. 2 MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Direito Administrativo. 3 ed. São Paulo: Malheiros, 1995, p. 230.

6 Cumpre-nos ainda salientar que existe um SEI de nº _ onde o SINDIJUS PR questiona tal exigência aos profissionais e pede providências, no entanto esse pedido encontra-se parado no DGRH desde Outubro de Cumpre ainda declarar que as entidades requerentes entendem a importância e urgência da realização de Concurso Público para atender a demanda processual existentes nas unidades judiciárias. No entanto isso não justifica extrapolar a legislação existente. Conforme foi até aqui exaustivamente exposto, não há previsão legal para impor aos ANALISTAS e TÉCNICOS ESPECIALIZADOS EM INFÂNCIA E JUVENTUDE que realizem também o trabalho de motoristas de veículos do Estado para desenvolver as atividades próprias do cargo junto ao Tribunal de Justiça do Paraná. Pelo mesmo fundamento é ilegal qualquer edital de concurso público que exija habilitação para dirigir para os cargos de analistas nas áreas de Serviço Social e Psicologia. Portanto, se estiver ocorrendo estudos para fazer constar a exigência de carteira de habilitação para dirigir no edital do Concurso Público para analistas, esta exigência deve ser afastada, pois contraria as leis federais do exercício profissional. b) Item XV - DAS EXIGÊNCIAS PARA A NOMEAÇÃO E POSSE, 109. Vagas que, porventura, vierem a surgir durante a validade do certame, podem ser preenchidas por meio de procedimento de relotação e/ou não serem providas pelo presente concurso público. É imprescindível a retirada do termo ou do item descrito, pois dá forma como está as vagas que surgirem durante a validade do concurso e que

7 não forem preenchidas pelo procedimento de relotação podem não ser preenchidas pelo concurso público. Havendo concurso válido as vagas que surgirem devem ser preenchidas. Reza o Estatuto dos Funcionários do Poder Judiciário: Art. 8. A investidura em cargo público de provimento efetivo depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão que são de livre nomeação e exoneração. Reconhecendo que havia se tornado em um mero mecanismo de apadrinhamento a investidura em cargos públicos sem a realização de concurso, o legislador constituinte fez constar no corpo da Constituição da República Federativa do Brasil, promulgada em 1988, o art. 37, II, abaixo transcrito, que exige a aprovação em concurso público para a investidura em cargo ou emprego público. Art. 37. A administração pública federal direta, indireta ou fundacional, de qualquer dos Poderes da União, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e, também, ao seguinte:

8 I os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei; II a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração; Considerando relatório no portal da transparência no site do Tribunal de Justiça do Paraná, existem 195 vagas abertas para o cargo de Analista Judiciário. Faltam Analistas da área Judiciária e também Psicólogos, Assistentes Sociais e Pedagogos, sem estes profissionais não há como viabilizar as equipes multidisciplinares. Ressalte-se que há ainda uma demanda específica das equipes multidisciplinares, que é determinação do CNJ que o Tribunal forme essas equipes com psicólogos, assistentes sociais e pedagogos, no entanto esses profissionais são em número muito inferior ao necessário para instalação das equipes. Diante da importância deste concurso não se pode permitir que o edital restringe sua amplitude. DOS PEDIDOS Por todo exposto requer: 1) A alteração do edital do concurso público para retirar a exigência de carteira de habilitação dos candidatos aos cargos de analistas nas áreas de atividade em questão;

9 2) Alteração do edital para que retire o termo ou Item XV - DAS EXIGÊNCIAS PARA A NOMEAÇÃO E POSSE, 109. Nestes Termos, Pede deferimento. Curitiba, 06 de Dezembro de 2016.