Formiga, Sabino de Freitas AO EGRÉGIO CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) RELATOR(A)

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Luiz Henrique Padilha Sanches
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1 AO EGRÉGIO CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) RELATOR(A) PEDIDO DE PROVIDÊNCIAS C/C PEDIDO DE LIMINAR ASSUNTO: RESOLUÇÃO CNJ Nº 75/2009, QUE DISPÕE SOBRE OS CONCURSOS PÚBLICOS PARA INGRESSO NA MAGISTRATURA. DESATENDIMETO AO DISPOSTO NO ART. 105, PARÁGRAFO ÚNICO, INC. I, DA CR/88: PRETERIÇÃO DA ESCOLA NACIONAL DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO DE MAGISTRADOS, E, REFLEXAMENTE, DAS ESCOLAS NACIONAL, REGIONAIS E ESTADUAIS DE MAGISTRATURA. REQUER SEJA ALTERADA A REFERIDA RESOLUÇÃO. REQUER LIMINAR NO SENTIDO DE SUSPENDER A VIGÊNCIA DA NORMA ORA IMPUGNADA. A ASSOCIAÇÃO DOS MAGISTRADOS BRASILEIROS ( AMB ), associação civil sem fins lucrativos, inscrita no CNPJ sob o nº / , representativa dos interesses da magistratura em âmbito nacional (estatuto social anexo), com sede no SCN, Quadra 2, Bloco D, Torre B, Sala 1.302, Shopping Liberty Mall, Brasília-DF, CEP , vem, por seus advogados (doc. j.), formular pedido de providências c/c pedido de medida liminar (artigos 98 e 99 do RICNJ) perante esse egrégio Conselho Nacional de Justiça ( CNJ ), e o faz pelas razões de fato e de direito adiante expostas. 1

2 LEGITIMIDADE ATIVA: ENTIDADE REPRESENTATIVA DA MAGISTRATURA EM ÂMBITO NACIONAL. MATÉRIA COMPATÍVEL COM OS OBJETIVOS ASSOCIATIVOS. INTERESSE INSTITUCIONAL E ASSOCIATIVO NOS CONCURSOS PÚBLICOS DE SELEÇÃO, INGRESSO E TAMBÉM NA FORMAÇÃO DOS MEMBROS DO PODER JUDICIÁRIO. 1. A AMB é uma entidade civil que tem como filiados, aproximadamente, 14 mil juízes em todo o Brasil. Congrega, ainda, 36 associações regionais, sendo 27 de juízes estaduais, 7 de juízes trabalhistas e 2 de militares. 2. Fundada em 1949, a AMB tem como principais objetivos a defesa da magistratura, a sua aproximação com a sociedade e a participação nos grandes debates nacionais, no que se refere à defesa da ordem democrática e republicana, bem como dos valores fundamentais do Estado Democrático de Direito. 3. Compõe, ainda, a estrutura da AMB a Escola Nacional de Magistratura ( ENM ), que, com cerca de 50 anos de existência, desempenha o papel de orientadora da atuação das demais Escolas da Magistratura no País, além de oferecer cursos de especialização e aperfeiçoamento cultural, jurídico e humanístico, no Brasil e no exterior. 4. A ENM é entidade que busca o aprimoramento dos sistemas de seleção e formação de magistrados e exerce sua função aliada aos tribunais e outros órgãos e instituições do Poder Judiciário. 5. Daí decorre que o tema tratado neste pedido de providências necessidade de participação da Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados nos concursos públicos para ingresso na carreira da magistratura (art. 105, parágrafo 2

3 único, I, da CR/88) afigura-se como de amplo interesse institucional e associativo, uma vez que busca aprimorar tanto a gestão como a forma de ingresso e formação de membros do Poder Judiciário. DOS FATOS DESATENDIMENTO AO ART. 105, PARÁGRAFO ÚNICO, I, DA CR/88. PRETERIÇÃO DA ESCOLA NACIONAL DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO DE MAGISTRADOS ( ENFAM ) DOS CONCURSOS DE INGRESSO NA CARREIRA. 6. No dia 12 de maio do corrente ano, esse e. CNJ editou a Resolução nº 75, que dispõe sobre os concursos públicos para ingresso na carreira da magistratura em todos os ramos do Poder Judiciário Nacional. 7. É de todo louvável a iniciativa do Conselho no sentido de regulamentar tema de tal relevância, que, seguramente, há de contribuir com o aprimoramento do Poder Judiciário. 8. Dentre os pontos positivos desta nova disposição normativa, podem-se destacar os seguintes: pacificação de pontos recorrentemente submetidos à impugnação administrativa e judicial, uniformização de regras gerais e estabelecimento de requisitos mínimos aplicáveis aos concursos, reserva de vagas a candidatos portadores de deficiência, maior sindicabilidade das decisões das bancas examinadoras e maior transparência no certame como um todo. 9. Entretanto, a AMB vem, pelo presente, suscitar um possível conflito da Resolução com o texto Constitucional. Isso porque a norma recém editada, ao eliminar o curso de formação como etapa obrigatória do concurso público para 3

4 ingresso na magistratura, parece ter feito tábula rasa do art. 105, parágrafo único, I, da Constituição da República Federativa, que assim dispõe: Parágrafo único - Funcionarão junto ao Superior Tribunal de Justiça: (redação dada pela EC nº45/04) I - a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados, cabendo-lhe, dentre outras funções, regulamentar os cursos oficiais para o ingresso e promoção na carreira; (incluído pela EC nº45/04) 10. É em razão deste mandamento que foi instituída a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados ( ENFAM ), por meio da Resolução nº 03, de 30 de novembro de 2006, do Superior Tribunal de Justiça ( STJ ). 11. Esta resolução trouxe a previsão de que seria atribuição da ENFAM definir as diretrizes básicas e os requisitos mínimos para a realização dos concursos públicos de ingresso na magistratura estadual e federal, inclusive regulamentar a realização de exames psicotécnicos (destacamos, art. 2º, inciso VIII, acrescentado pela Resolução STJ nº 05/2008). 12. Há, ainda, a Resolução nº 01, de 17 de setembro de 2007, também do STJ, que dispõe sobre o curso de formação para ingresso na magistratura. 13. O seu artigo 1º estatui que [o] curso de formação para ingresso na carreira da magistratura constitui etapa final do concurso para seleção de magistrados, e o seu artigo 2º 4

5 estabelece que [a] execução do curso cabe aos Tribunais Regionais Federais e aos Tribunais de Justiça por intermédio das respectivas escolas da magistratura. 14. Assim, é de se observar que a legitimidade da ENFAM decorre de mandamento expresso e taxativo do poder constituinte derivado, que atribuiu à Escola a função de regulamentar os cursos oficiais para ingresso na carreira, o que, de forma alguma, deve ser encarado como algo que diminua ou limite as altas funções de planejamento e administração superior do Poder Judiciário atribuídas ao CNJ. 15. A questão sustentada pela AMB, antes, revela inafastável preocupação com a boa governança do Judiciário. É que a simples supressão desta etapa (curso de formação inicial credenciado pela ENFAM) do concurso, para além do conflito com a já citada norma constitucional, pode levar a um desprestígio da ENFAM, criada na alçada do STJ com o objetivo específico de regulamentar a matéria agora tratada na Resolução nº Por estas razões, requer seja revisto e acrescentado o curso credenciado pela ENFAM como etapa final obrigatória do concurso. ATIVIDADE JURÍDICA: CURSOS DE PÓS-GRADUAÇÃO MINISTRADOS NO ÂMBITO DAS ESCOLAS ESTADUAIS E REGIONAIS DE MAGISTRATURA. 17. No que tange à prática jurídica, a Resolução nº 75 passou ao largo de realidades sociais locais de vários estados que possuem Escolas de Magistratura com sólidas estruturas que 5

6 preparam o bacharel acadêmico de forma integral, com vistas a melhor prepará-lo para futuras atribuições no âmbito da magistratura. 18. As atividades desenvolvidas nessas Escolas de Magistratura possibilitam que se eleve o nível dos candidatos de forma muito mais acentuada do que, por exemplo, o nobre exercício de atividade advocatícia comprovada por meio de apenas 05 (cinco) atos anuais (art. 59, II, da Resolução nº 75). 19. Deve-se ressaltar que os cursos ministrados pelas Escolas exigem dedicação integral dos alunos, que estão impedidos de exercerem, ao mesmo tempo, outras atividades. Além do mais, são apresentadas aos alunos matérias como deontologia do magistrado, ética e hermenêutica jurídica, acrescidas de atividades judiciárias em sentido estrito, como a prática de atos judiciais (despachos, sentenças e presidência de audiência em juizados especiais), todas sujeitas a avaliação e presença obrigatória, atos estes acompanhados e orientados por magistrados. 20. Daí porque a AMB requer seja revista a Resolução, também nesse tocante, no sentido de se reconhecer os cursos de pósgraduação ministrados no âmbito das Escolas de Magistratura como atividade jurídica, para efeito de avaliação nos concursos públicos para a Magistratura, desde que possuam carga horária mínima de 360 h/a e incluam em seu programa as disciplinas previstas no item anterior. CONCLUSÃO 21. Pelo exposto, respeitosamente, requer a AMB que este e. CNJ, no exercício de suas funções constitucionais de planejamento e gestão do Poder Judiciário: 6

7 a) Suspenda liminarmente a vigência e eficácia da Resolução nº 75/2009; b) No mérito, que a mencionada Resolução seja adequada ao art. 150, parágrafo único, I, da Constituição da República Federativa, no sentido de incluir o curso de formação credenciado pela ENFAM como etapa obrigatória dos concursos para a magistratura Federal e Estadual; e, c) Seja incluído no art. 59 da referida Resolução dispositivo que assegure a aprovação em cursos regulares ministrados pelas Escolas de Magistratura, com carga horária mínima de 360 (trezentos e sessenta) horas-aula, como tempo de atividade jurídica. Termos em que, pede deferimento. Brasília-DF, 09 de junho de Annibal Sabino de Freitas Rodrigo Formiga Sabino de Freitas OAB/MG nº OAB/DF nº Documentos anexos: 1. Procuração 2. Estatuto da AMB e Ata de Posse 3. Resolução STJ nº 03/ Resolução STJ nº 05/ Resolução STJ nº 01/ Informativo sobre a ENFAM extraído do sítio do STJ 7

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