Parecer AJ nº 383/ Trata-se de consulta formulada pela I. Chefia de Gabinete por solicitação do Excelentíssimo Defensor Público-Geral.
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- Rodrigo Salvado Casqueira
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1 Processo Nº 4276/2014 Interessado: Defensoria Pública Assunto: Consulta da Chefia de Gabinete sobre a possibilidade de atribuição de gratificação mensal a título de representação (GR), art. 135, III, da Lei /68, ao Diretor e Assessor da EDEPE. Parecer. Gratificação de representação (art. 135, III do Estatuto dos Servidores Púbicos de São Paulo). Concessão ao Defensor Público Diretor da EDEPE e ao(s) Defensor(es) Público(s) assistentes da Direção. Possibilidade. Parecer AJ nº 383/ Trata-se de consulta formulada pela I. Chefia de Gabinete por solicitação do Excelentíssimo Defensor Público-Geral. 2. A consulta foi realizada para saber sobre a possibilidade de atribuição de gratificação mensal a título de representação, prevista no art. 135, III, da Lei nº /68, ao Diretor e ao Defensor Público Assistente da Escola da Defensoria Pública EDEPE. o Defensor Público-Geral em sua tomada de decisão. 3. Pois bem, passo a me manifestar a fim de instruir Lei nº /68 nos seguintes termos, verbis: 4. A gratificação de representação é veiculada pela
2 Lei n /68: Artigo Poderá ser concedida gratificação ao funcionário: III - a título de representação, quando em função de gabinete, missão ou estudo fora do Estado ou designação para função de confiança do Governador; 5. A utilização desta gratificação pela Defensoria Pública é possibilitada pelos artigos 243 e 11, inciso VIII, das Disposições Transitórias, da Lei Complementar estadual 988/06, verbis: LC n 988/06: Artigo 243 Aplicam-se, subsidiariamente, aos membros da Defensoria Pública do Estado as disposições da Lei nº , de 28 de outubro de 1968 Estatuto dos Funcionários Públicos Civis do Estado, e da Lei Complementar nº 180, de 12 de maio de Disposições Transitórias Artigo 11 - São asseguradas aos membros da Defensoria Pública do Estado as seguintes vantagens pecuniárias: (...) VIII - outras previstas em lei. 6. Fácil perceber a legalidade da utilização da gratificação de representação (GR) pela Instituição, diante da previsão expressa de aplicação subsidiária da Lei nº /68 aos membros da Defensoria Pública que, por sua vez, tem asseguradas eventuais vantagens pecuniárias previstas em quaisquer leis que possam se lhes aplicar. 7. Importante esclarecer que o artigo 135, inciso III, da Lei nº /68 previu três modalidades de representação que possibilitam a gratificação, a saber: representação por função de gabinete, representação por missão ou estudo fora do Estado e representação por função de confiança 1. A resposta à consulta depende do enquadramento das atividades do Diretor e do Defensor Público assistente da EDEPE em uma destas modalidades de representação que podem ser gratificadas, o que passaremos a analisar.
3 8. O Diretor e o Defensor Assistente da EDEPE não exercem função de confiança do Defensor Público-Geral, não constando do rol do artigo 89 da Lei 988/ Com efeito, o Diretor da EDEPE é indicado ao Defensor Público-Geral pelo Conselho Superior da Defensoria Pública, nos termos do artigo 31, VI, da Lei Complementar estadual 988/06. Já o Defensor Público assistente é indicado pelo Diretor da EDEPE com posterior homologação pelo Conselho Superior da Defensoria Pública (artigo 15, 1, do Ato DPG de 7/11/2006 Regimento Interno da EDEPE). Desta forma, incabível a gratificação de representação por função de confiança. 10. De outro lado, o Diretor e o Defensor Público assistente da EDEPE desempenham suas atribuições no Estado de São Paulo e não fora dele, ao menos no que se refere ao desempenho ordinário de suas atribuições, afastando, também, a possibilidade de perceberem gratificação de representação por missão ou estudo fora do Estado. Observo que sequer é necessário investigar se exercem atividades de estudo ou missão, bastando para afastar a gratificação o fato de não ser fora do Estado. 11. A gratificação de representação por função de gabinete, terceira e última modalidade, exige que o gratificado exerça atividade comumente praticada no centro decisório da Instituição, isto é, na Administração Superior 2. E é aqui que se enquadram o Diretor e o Defensor Público assistente da EDEPE. Vejamos. 12. Nos termos do artigo 10 da Lei Complementar estadual 988/06, a Defensoria Pública do Estado compreende quatro grandes grupos de órgãos: órgãos de Administração Superior, órgãos de Administração, órgãos de Execução e de Atuação e órgãos Auxiliares. 2 Ampliamos, neste ponto, entendimento anterior desta expressado no parecer AJ nº 19/2013, que fazia referência ao exercício de função na Administração Superior, nos termos do artigo 11 da Lei Complementar estadual 988/06.
4 13. À exceção dos órgãos de Execução e Atuação, que exercem atividade fim, os Defensores Públicos que eventualmente exerçam atividade de direção e coordenação dos demais órgãos podem, em princípio, exercer função de gabinete, desde que integrem o centro decisório da Instituição, considerando suas diversas atribuições. 14. Pois bem, nesta estrutura, a EDEPE constitui órgão Auxiliar (LC 988/06, art. 56) ao lado, por exemplo, da Coordenadoria Geral de Administração (CGA), Coordenadoria de Comunicação Social (CCS) e Coordenadoria de Tecnologia da Informação (CTI). 15. Enquanto órgão, a EDEPE não possui personalidade jurídica própria e no exercício de suas atribuições expressa a vontade da Instituição a que pertence, a Defensoria Pública do Estado de São Paulo. Sobre o conceito e as características dos órgãos, Hely Lopes Meirelles escreveu precioso e elucidativo trabalho entranhado em sua conhecida obra Direito Administrativo Brasileiro, da qual transcrevo pequeno trecho, in verbis: Como parte das entidades que integram, os órgãos são meros instrumentos de ação dessas pessoas jurídicas, preordenados ao desempenho das funções que lhes forem atribuídas pelas normas de sua constituição e funcionamento. Para a eficiente realização de suas funções cada órgão é investido de determinada competência, redistribuída entre seus cargos, com a correspondente parcela de poder necessária ao exercício funcional de seus agentes. 3 (grifei) 16. Nesta trilha, é correto afirmar que é a Defensoria Pública quem exerce as atribuições fixadas no artigo 58 da Lei Complementar 988/06, e o faz através de seu órgão EDEPE. Também é correto afirmar que a EDEPE é órgão superior 4 em relação aos assuntos de sua competência específica, pois detém o poder de direção, controle, planejamento, decisão e comando sobre os mesmos, nos termos do próprio artigo 58, já mencionado. 3 4ª ed. São Paulo: Malheiros, p De acordo com classificação largamente utilizada pela doutrina administrativista. Ver, por todos: DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 27ª ed. São Paulo: Atlas, p. 593.
5 17. Isto fica claro quando analisamos algumas atribuições específicas da EDEPE, que as desenvolve sob a direção e o comando do Diretor e do Defensor Público assistente. O Ato DPG de 07/11/2006, em seu artigo 10, dispõe ser atribuição do Diretor da EDEPE, verbis: Artigo 10. Compete ao Diretor: I - dirigir, administrar e representar a EDEPE; II - zelar pelo cumprimento da legislação em vigor; III - atribuir funções ao Corpo Técnico e demais servidores lotados na EDEPE; IV - decidir sobre a criação, transformação e extinção de cursos; V - supervisionar o gerenciamento do uso dos recursos orçamentários e financeiros da EDEPE, autorizando, nos limites de suas atribuições legais, os respectivos pagamentos; VI - exercer o poder disciplinar; VII - assinar títulos e certificados expedidos pela EDEPE; VIII - propor ao Conselho a instituição de núcleos de estudos ou de atividades específicas, inclusive no interior; IX - nomear coordenador de núcleos de estudos ou de atividades específicas, inclusive no interior; X - apresentar, ao ensejo das reuniões ordinárias do Conselho, relatório das atividades da EDEPE; XI - firmar contratos, convênios, acordos e ajustes; XII - cumprir e fazer cumprir a legislação em vigor e este Regimento; XIII - publicar, mensalmente, os demonstrativos das receitas e despesas gravadas nos recursos da EDEPE; XIV acompanhar e avaliar a qualidade das atividades executadas pelos Defensores Públicos em estágio probatório, enviando relatórios individuais ao Conselho Superior; XV instituir Comissão Editorial, Serviço de Biblioteca e Documentação e Serviço de Divulgação no âmbito das atividades da EDEPE; XVI - desempenhar outras atividades não especificadas neste Regimento, mas inerentes à função, de acordo com a legislação vigente. 18. É de se notar que no exercício de suas atribuições, o Diretor e o Defensor Público assistente da EDEPE matem relações com outros órgãos internos da Instituição e representam a Defensoria Pública em relações com terceiros (contratações, p. ex.), o que é típica função da Administração Superior ou, para utilizar termo sinônimo, de gabinete.
6 19. Os atos relacionados no artigo transcrito são típicos de gestão e comumente praticados por representantes de órgãos superiores da administração. Revelam exercício de função de gabinete, independentemente de qualquer subordinação expressa da EDEPE à Defensoria Pública-Geral. 20. Por ser órgão superior em relação aos assuntos de sua competência específica, por ter como atribuição atos típicos de gestão praticados por órgãos superiores de administração e por representar a Instituição em relações com terceiros, entendo que as atividades do Diretor e do Defensor Público assistente podem ser gratificadas pela representação por função de gabinete. 21. Lembro, por fim, que a gratificação de representação por função de gabinete não pode ser somada a outra que possua a mesma causa. Não pode o Defensor Público em razão do mesmo motivo (exercício de função na EDEPE, p. ex.) receber duas gratificações (GR e gratificação pelo exercício de atividade em condição especial de dificuldade decorrente da natureza do serviço, p. ex.). É o meu parecer, sub censura. São Paulo, 15 de agosto de Pedro Pereira dos Santos Peres Defensor Público Coordenador da
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