Estudos e produção de subsídios técnicos para a construção de uma Política Nacional de Pagamento por Serviços Ambientais.

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1 Projeto PNUD BRA/11/022 Suporte Técnico ao Processo Preparatório da Conferencia das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável Rio +20 e desenvolvimento de seus resultados Estudos e produção de subsídios técnicos para a construção de uma Política Nacional de Pagamento por Serviços Ambientais. Relatório Final 2016

2 ESTUDO Estudos e produção de subsídios técnicos para a construção de uma Política Nacional de Pagamento por Serviços APOIO Ministério do Meio Ambiente - MMA Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento - PNUD Fundação COPPETEC Instituto de Economia - Univ. Federal do Rio de Janeiro - IE/UFRJ PROJETO PNUD BRA/11/022 Suporte Técnico ao Processo Preparatório da Conferencia das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável Rio +20 e desenvolvimento de seus resultados COORDENAÇÃO Carlos Eduardo Frickmann Young VICE-COORDENAÇÃO Biancca Scarpeline de Castro EQUIPE DO GRUPO DE ECONOMIA DO MEIO AMBIENTE - GEMA IE/UFRJ Carlos Eduardo Frickmann Young, Biancca Scarpeline de Castro, Rudi Rocha de Castro, André Albuquerque Sant'Anna, Jaime Andres Erazo Moreno, Monica Buckmann, Leonardo Barcellos de Bakker, Marcio Alvarenga Junior, Vanessa Pereira, Camilla Aguiar, Luiz Tornaghi, Daniel Sander Costa, Marcos Pires Mendes, Lucas Nogueira de Almeida da Costa, Daniel Magalhães Almeida. AVISO O conteúdo apresentado neste estudo é de responsabilidade da equipe da equipe do GEMA IE-UFRJ, e não representa necessariamente a posição oficial do MMA e do PNUD sobre o tema. CITAR COMO: YOUNG, C. E. F. (coord.). Estudos e produção de subsídios técnicos para a construção de uma Política Nacional de Pagamento por Serviços. Relatório Final. Instituto de Economia, UFRJ, Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, p

3 Sumário 1. Introdução Histórico do projeto Custos associados à conservação e recuperação florestal Benefícios ambientais Conservação de carbono florestal Redução de emissões de metano (CH 4 ) por intensificação da pecuária Erosão Evitada Biodiversidade Fontes de financiamento Considerações finais Bibliografia APÊNDICE A - Curva de oferta de conservação APÊNDICE B - Benefícios Ambientais APÊNDICE C - Fontes de financiamento para PSA

4 Sumário Mapas Mapa 1 Custo de Oportunidade da Terra em R$/hectare/ano, a preços de 2013 média dos modelos propostos Mapa 2 Passivo ambiental após a revisão do Novo Código Florestal Mapa 3 Custos de recuperação florestal por hectare, manutenção para 3 anos, com densidades baixas de mudas e preço baixo (sem custos de transporte e administração), em R$ de Mapa 4 Remanescentes de ecossistemas naturais em % da área total, por município Mapa 5 Distribuição espacial do desmatamento evitado (abaixo da mediana) e residual (acima da mediana) no período Mapa 6 Preço mínimo da tonelada de CO 2.eq que induziria a manutenção dos estoques de carbono florestal, Modelo SISGEMA, R$ de Mapa 7 Distribuição espacial do desmatamento evitado (abaixo da mediana) e residual (acima da mediana) no período Mapa 8 Preço mínimo da tonelada de CO 2.eq que induziria a manutenção dos estoques de carbono florestal, Modelo baseado na plataforma Dinamica EGO, R$ de Mapa 9 Evolução Espacial da Emissão de Metano (CH 4 ) por fermentação entérica pela área do município Mapa 10 Metano evitado por hectare de área de intensificação do rebanho Mapa 11 Perda anual média de solo, em t ha 1 ano Mapa 12 Distribuição das áreas consideradas mais prioritárias em termos de urgência de ações de acordo o custo de oportunidade da terra Mapa 13 Áreas de Muito Alta e Extremamente Alta importância Biológica por custo de oportunidade (em Quartis)

5 Mapa 14 Municípios de baixo custo de oportunidade (1. e 2. Quartil) e seus respectivos remanescentes por ecorregião (%) Mapa 15 Espécies animais ameaçadas por município Mapa 16 Densidade de espécies animais ameaçadas por município (n o. de espécies/área do município, em Km 2 ) Mapa 17 Densidade de espécies animais ameaçadas em relação aos remanescentes florestais, por município (n o. de espécies ameaçadas/área de remanescentes florestais do município, em Km 2 )

6 Sumário Tabelas Tabela 1: Custos totais de recuperação florestal por bioma (cenário com preços de mudas normais, baixa densidade de mudas e pagamento de mão de obra, sem custos de transporte de insumos e sem custos de administração), preços de Tabela 2: Comparação das projeções de desmatamento nos Modelos SISGEMA e baseado na plataforma Dinamica EGO Tabela 3: Captura de carbono por restauração florestal a partir dos diferentes cenários de atendimento ao novo Código Florestal Tabela 4: Emissões de metano (em toneladas de CH 4 ) para os três cenários hipotéticos de intensificação da pecuária e seus respectivos sistemas de produção

7 Sumário Figuras Figura 1: Curva de oferta de conservação de PSA para o Brasil, em R$ por hectare/ano, preços de 2013 média dos modelos propostos Figura 2: Curva de oferta de conservação para custos de cercamento (CC) e recuperação (CR), manutenção para 3 anos, com e sem custos de transporte de insumo (CT) e administração (CA) Figura 3: Curva de oferta de conservação para custos de cercamento, custos de recuperação, manutenção para 3 anos e custos de oportunidade (COP) com e sem custos de transporte de insumo e administração Figura 4: Custos de recuperação florestal (cercamento, reintrodução de mudas nativas e pagamento de mão de obra com e sem custos de transporte de insumo e administração), em milhões de R$ de Figura 5: Estágios da transição florestal Figura 6: Cenários de projeção para as taxas de desmatamento com e sem PSA...26 Figura 7: Custo anual do PSA por valor máximo do benefício a ser pago Figura 8: Emissões de CO 2 evitadas dado um valor máximo do PSA Figura 9: Curva de oferta de carbono por redução do desmatamento (emissões que seriam evitadas em função do preço da tco 2.eq), segundo Modelo SISGEMA 29 Figura 10: Cenários de projeção para as taxas de desmatamento com e sem PSA...33 Figura 11: Custo anual do PSA por valor máximo do benefício a ser pago Figura 12: Emissões de CO 2 evitadas dado um valor máximo do PSA Figura 13: Curva de oferta de carbono por redução do desmatamento (emissões que seriam evitadas em função do preço da tco 2.eq), Modelo usando plataforma Dinamica EGO Figura 14: Relação do montante financeiro para recuperação florestal e o número de hectares, sem considerar o custo de mão de obra

8 1. Introdução Este documento apresenta o Relatório Final da Pesquisa do Projeto PNUD BRA/11/022 Suporte técnico ao Processo Preparatório da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável - RIO +20 e desenvolvimento de seus resultados - Resultado 8: Subsídios técnicos para a construção de uma Política Nacional de Pagamento por Serviços Ambientais." O Relatório apresenta, em seu corpo principal, os resultados mais importantes identificados pela pesquisa e suas implicações para as políticas públicas na área ambiental, em particular acerca dos custos de implementação de uma Política Nacional de Pagamento por Serviços Ambientais. Os apêndices ao Relatório discorrem sobre os aspectos metodológicos e discussão detalhada acerca das vantagens e desvantagens dos diferentes modelos apresentados. Em adição, contêm os dados, informações e resultados revistos,produzidos nas fases anteriores, incorporando as solicitações encaminhadas pela equipe do Ministério do Meio Ambiente após sua apreciação. Assim, nos apêndices também são detalhados os resultados relativos aos custos e benefícios da conservação ambiental, incluindo: Estimativas de custo de oportunidade da terra; Estimativas de custo de restauração florestal; Estimativas das emissões de gases de efeito estufa evitadas pela conservação florestal; Estimativas de captura de dióxido de carbono pela restauração florestal; Estimativas de redução de metano por intensificação da atividade pecuária; Estimativas de erosão do solo evitada pela conservação e restauração florestal; Indicadores de relevância da conservação da biodiversidade. O estudo inclui aindauma discussão a respeito das possíveis fontes de financiamento para PSA no Brasil, identificando as diferentes origens dos recursos e dimensionando o potencial de arrecadação associado. Para tal, foi realizada uma resenha bibliográfica sobre as iniciativas de PSAs no Brasil, apontando as legislações que se referem ao tema, os projetos que estão em andamentoe suas fontes de financiamento. Os resultados dessa discussão estão presentes de maneira sucinta neste relatório, e seu detalhamento encontra-se no apêndice. 8

9 Em adição, está sendo encaminhado à Secretaria Executiva do MMA um CD com as planilhas em Excel que compõem o Sistema de Informações Geográficas, Econômicas e Meio Ambiente (SISGEMA), desenvolvido pelo Grupo de Economia do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (GEMA IE/UFRJ), e que constituem a base de informações utilizadas neste Projeto de Pesquisa. O SISGEMA foi criado de modo que o usuário possa desenvolver análises para um conjunto específico de municípios, selecionados por bioma, Unidade da Federação,bacias hidrográficasou outro critério de escolha, bem como optar por parâmetros diferentes daqueles usados neste Relatório. Por isso, foram incorporados no CD os tutoriais e metadados das variáveis utilizadas no SISGEMA. 9

10 2. Histórico do projeto A conservação da natureza e da biodiversidade é um imperativo para a sociedade, e cabe ao estado organizar tanto o aparato de medidas de comando e controle quanto formular outras políticas voltadas à distribuição de responsabilidades entre os diversos atores envolvidos na questão. O aparato de comando e controle já se encontra satisfatoriamente consolidado no país, contando com vasta regulamentação, canais de participação e controle social, e órgãos públicos razoavelmente estruturados para desempenhar as funções de licenciamento ambiental e fiscalização do cumprimento da legislação. Da mesma forma, o país já conta com um Sistema Nacional de Unidades de Conservação, que as organiza em classes e tipos, disciplina suas possibilidades de acesso e utilização econômica, bem como as responsabilidades por sua gestão. Ainda no âmbito das unidades de conservação, o país assumiu compromissos internacionais de ampliação de áreas protegidas, e conta com respaldo estrangeiro, inclusive financeiro, para a implementação de tais compromissos. Internamente, o país tem avançado em outras frentes importantes, como a redução do desmatamento ilegal e a redução de emissões de carbono, mesmo em face do pequeno desenvolvimento do Mercado Mecanismo de Desenvolvimento Limpo MDL. Finalmente, após anos de discussão no Congresso Nacional, o novo Código Florestal estabeleceu claramente as obrigações impostas aos proprietários rurais em relação às Áreas de Proteção Permanente e às Áreas de Reserva Legal, e criou uma série de instrumentos de regularização dos déficits e comercialização dos excedentes de Reserva Legal. Estabeleceu também o Sistema Nacional de Cadastro Ambiental Rural SICAR que está sendo estruturado como uma plataforma tecnológica integradora de todas as obrigações e funcionalidades previstas no Código Florestal. A despeito de todos os avanços na política ambiental, falta agregar mecanismos que permitam o adequado compartilhamento de responsabilidades e de benefícios pelas ações e abstenções dos agentes públicos e privados no que concerne à conservação da natureza, da qualidade ambiental e dos ecossistemas. Serviços ambientais são os benefícios gerados pelos ecossistemas para a sociedade e, geralmente, podem ser agrupados em quatro categorias: sequestro e armazenamento de carbono, proteção da biodiversidade, proteção de bacias hidrográficas e proteção de belezas cênicas. 10

11 O ponto de partida para a construção de uma Política Nacional de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) é a constatação de que condutas conservacionistas revertem em benefícios para a sociedade como um todo, e, mais diretamente, para agentes que usufruem de redução de custo ou melhoria da qualidade de insumos necessários aos seus próprios processos produtivos. Atualmente, há uma discussão em voga a respeito da conveniência de se aplicar o PSA em projetos que contemplem a adicionalidade da conservação ambiental com relação ao estipulado no Código Florestal. Em outras palavras, discutem-se quais devem ser as ações de preservação e recuperação ambientaiselegíveis a receber benefícios financeiros advindos dospsas, visto que boa parte das propriedades rurais têm passivos ambientais que devem ser compulsoriamente atendidos para se adequar à legislação. O debate acadêmico em torno desse assunto é bastante rico (ver, por exemplo, Young & Bakker, 2014). Entretanto, nesse relatório não se levou em consideração tal discussão, assumindo que qualquer área, independente de sua adicionalidade, poderia receber ações de PSA. A possibilidade de utilizar o PSA como uma política governamental vem atraindo a atenção de diversos setores da sociedade, inclusive do Congresso Nacional, onde tramitam diversos projetos de lei que intentam disciplinar a matéria, muitos dos quais atribuindo ao Estado a cobrança e o pagamento por serviços ambientais. Por outro lado, já existem experiências bem sucedidas de arranjos privados em que o pagamento é livremente pactuado entre prestadores e tomadores de serviços ambientais. Nesse sentido, a tarefa de precificação reveste-se de enorme complexidade técnica e sensibilidade política e econômica, visto que impacta grupos de agentes pagadores e recebedores. A definição dos valores a serem cobrados/pagos afeta a viabilidade de implementação dessa política decisões concretas para a implementação do PSA requerem o conhecimento prévio, ainda que estimado, da dimensão financeira dos pagamentos envolvidos. Uma Política Nacional de Pagamento por Serviços Ambientais seria, em última análise, um mecanismo de intervenção no domínio econômico, construído deliberadamente para alterar o custo de oportunidade relativo dos serviços ambientais frente às outras destinações possíveis dos ativos envolvidos. Desta forma, um modelo de simulação deve conter estimativas de precificação que sejam as mais 11

12 objetivas possíveis, tanto dos serviços ambientais quanto das alternativas concorrentes. Também deve prever o montante de recursos envolvidos e avaliar, através da valoração dos ganhos esperados pela conservação dos serviços ambientais, os benefícios esperados. Assim, o objetivo deste estudo foi, precisamente, organizar subsídios necessários ao posicionamento do Ministério do Meio Ambiente em relação à Política Nacional de Pagamento por Serviços Ambientais através da elaboração de modelos de quantificação de tais serviços, vis a vis o custo de oportunidade dos usos alternativos da terra e dos recursos naturais por parte dos proprietários. Entre as atividades desenvolvidas ao longo do projeto, incluem-se: a) Organização de base de dados coletados, premissas e parâmetros utilizados na construção do modelo. b) Estimativa do custo de recuperação ambiental por hectare, por bioma em todo o território nacional (unidade de análise: municípios, quando possível, ou microrregiões, de acordo com a classificação do IBGE). c) Estimativa dos custos de oportunidade da terra por hectare, por bioma em todo o território nacional, considerado o mesmo detalhamento geográfico adotado em (b). d) A partir dos resultados obtidos em (b) e (c), identificaçãodo custo de conservação ambiental por hectare por bioma em todo o território nacional, considerado o detalhamento geográfico adotado e unidade de análise municipal. e) Proposição e descrição de um modelo de simulação de custos de equalização entre os custos levantados nos itens acima, considerados os biomas e unidades geográficas de referência. Em outras palavras, propõe-se a construção de uma curva de oferta de conservação que possibilite estimar, a partir de um determinado valor hipotético a ser pago pelo PSA, qual será a área de conservação que os proprietários rurais estarão dispostos a aceitar, bem como sua distribuição pelo território brasileiro. f) Proposição e descrição de um modelo de simulação de benefícios esperados pela conservação dos serviços ambientais carbono e água, a partir das estimativas de conservação das etapas posteriores. Ou seja, para um dado volume de conservação adicional gerado pelo PSA, o modelo deve estimar (ainda que de modo preliminar) os benefícios associados em termos de 12

13 proteção de solo, redução de emissões por conservação florestal e/ou sequestro de carbono. g) Identificação de possíveis fontes de financiamento para Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) no Brasil, verificando as diferentes possibilidades de origem dos recursos e dimensionando o potencial de arrecadação associado. Como mencionado anteriormente, esse relatório apresentaos resultados mais importantes identificados pela pesquisa. Já os apêndices ao relatório discorrem detalhadamente sobre aspectos metodológicos e os pontos apresentados acima. Deve-se ressaltar que a ênfase do estudo foi apresentar modelos de estimação que projetem custos e benefícios associados a essa iniciativa, bem como mapear experiências de PSA já em vigor no país. Não houve preocupação em especificar um modelo de cobrança ou pagamento pelos serviços ambientais, mas de construir ferramentas flexíveis para que diversos cenários alternativos possam ser estimados. Como alerta, deve-se ressaltar que os resultados da modelagem apresentadaestão sujeitos a diversas limitações metodológicas e de carências de dados. Essas restrições também são consequência do caráter pioneiro da iniciativa e evidenciama necessidade de melhoria na geração e divulgação de dados primários que extrapolem o território municipal, possibilitando a interpretação dos resultados em uma escala local. Idealmente os resultados aqui apresentadospoderão ser criticados e aperfeiçoados por estudos futuros. 13

14 3. Custos associados à conservação e recuperação florestal A primeira etapa do projeto foi estimar os custos associados à conservação e recuperação florestal, sempre em escala municipal e preços de O custo de conservação florestal foi estimado a partir de estimativas do custo de oportunidade da terra, e os custos de recuperação florestal foram baseados em estimativas de gastos necessários com cercamento, insumos e mão de obra. Não foram incluídos custos de transação, fiscalização, monitoramento e recuperação do terreno. Desse modo, os resultados apresentados devem ser vistos como componentes do custo do PSA, mas não como seu custo pleno. O custo de oportunidade da terra refere-se ao valor sacrificado pela desistência da utilização das terras em atividades agropecuárias em favor da sua conservação para a manutenção dos serviços ecossistêmicos. Isto é, trata-se da renda mínima que o proprietário rural está disposto a receber para conservar as áreas de remanescentes florestais ou regenerar vegetação nativa em sua propriedade. Em função da escassez ou má qualidade dos dados disponíveis, foram elaborados três modelos alternativos de estimação do custo de oportunidade da terra, apresentado como o valor médio (por hectare/ano) da renda agropecuária sacrificada em razão da opção pela conservação florestal: Estimação pelo lucro presumido da agricultura, pecuária e silviculturaem função dos dados do IBGE de valor da produção municipal (Modelo COT L). Estimação por extrapolação das informaçõesde preços da terra, em função do seu uso, disponíveis para um subconjunto de municípios (Modelo COT P). Estimação por modelo econométrico de definição do preço da terra (variável endógena) a partir de características físicas e de mercado (Modelo COT E). Embora todos os modelos apresentem limitações específicase metodologias diferentes, os resultados têm ordens de grandeza próximas. Como forma de distribuir erros, sugere-se que seja utilizada a média dos valores obtidos em cada modelo. Mas, de qualquer forma, o SISGEMA permite que os resultados sejam calculados a partir de cada um dos modelos específicos. 14

15 Lucro por hectare - R$/ha/ano IEI As estimativas de custo de oportunidade da terra são convergentes, com mediana entre R$ 241/ha/ano (Modelo COT - L) e R$ 458/ha/ano (Modelo COT - E). 1 A Figura 1 apresenta a Curva de Oferta de Conservação de PSA para o Brasilconsiderando, para cada município, a média dos resultados dos três modelos. O valor mediano encontrado foi de R$ 403/ha/ano. Ou seja, um hipotético PSA que pagasse até R$ 403/hectare/ano poderia compensar o custo de oportunidade em cerca de metade da áreadas propriedades rurais brasileiras. Figura 1: Curva de oferta de conservação de PSA para o Brasil, em R$ por hectare/ano, preços de 2013 média dos modelos propostos Área em hectare Fonte: Elaboração própria O Mapa 1 mostra a dispersão do custo de oportunidade da terra no país. Esse custo é mais baixonas regiões Norte e Nordeste (sobretudo no interior), e é mais alto nas regiões Sul, Sudeste e parte da Centro-Oeste. 1 Com base em cenários para taxa de juros real igual a 6% a.a. 15

16 Mapa 1 Custo de Oportunidade da Terra em R$/hectare/ano, a preços de 2013 média dos modelos propostos Fonte: Elaboração própria Para as áreas onde não há mais tendência de desmatamento por escassez de remanescentes florestais, a estimativa do custo de implementação do PSA deve levar em consideração, além do custo de oportunidade da terra, o custo de recuperação de vegetação nativa em áreas já desmatadas. A Figura 2 mostraa curva de oferta de conservação de recuperação florestal, ou seja, cumulativamente, os custos municipais médios de cercamento e recuperaçãoflorestal. O valor mediano desses custos foi de R$ por hectare, desconsiderando os custos de transporte de insumos e administração, e de R$ por hectare quando esses custos foram incluídos.os valores máximos mudaram de R$ para R$ quando considerados os custos de transporte de insumos e administração. 16

17 custos R$/ha IEI Figura 2: Curva de oferta de conservação para custos de cercamento (CC) e recuperação (CR), manutenção para 3 anos, com e sem custos de transporte de insumo(ct) e administração (CA) Área em hect CC+CR CC+CR+CT+CA Fonte: Elaboração própria Portanto, é nítido que os custos de recuperação florestal são significativamente superiores aos da conservação, indicando que evitar o desmatamento é muito mais barato do que recompor a floresta depois de destruída. Por outro lado, em um cenário futuro onde ocorram ações de recuperação florestal em larga escala, esses custos devem variar em função de: i. inclusão ou não de mão-de-obra; ii. custo das mudas, visto que um projeto em larga escala diminuiria bastante o custo unitário; iii. planejamento temporal do projeto de restauração, considerando apenas custos referentes à sua implementação, ou incluindo despesas para a sua manutenção por até três anos. Por isso, cenários alternativos foram elaborados de acordo com cada arranjo estudado.para estimar as áreas onde deve correr recuperação florestal com espécies nativas, utilizou-se as projeções de Soares-Filho et al. (2014) e dados disponíveis no servidor de mapas do Centro de Sensoriamento Remoto da UFMG, sobre déficit do Código Florestal por município. 2 Soares-Filho et al. (2014) estimam as áreas que precisariam ser recuperadas com as regras do Código Florestal (CF), incorporadas as 2 Centro de Sensoriamento Remoto. Disponível em: 17

18 mudanças feitas em 2012, para atingir os requerimentos da Reserva Legal (RL) e das Áreas de Preservação Permanente (APP), onde são inclusas as áreas de vegetação riparia e os topos de morro. Segundo estes cálculos, o Brasil precisa de aproximadamente 21 milhões de hectares em restauração florestal para atingir as novas regras do Código Florestal estabelecidas em Na presente pesquisa foramconsideradas apenas as áreas estimadas para cumprir com as regras das Reservas Legais, equivalente a 18,8 milhões de hectares (Mapa 2).Nesse caso, o maior passivo ambiental encontra-se nos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná e Pará, em função do maior desmatamento nestas regiões. Deve-se destacar que as áreas em cinza são classificadas como áreas protegidas e, por conseguinte, não são foram consideradas como áreas a serem restauradas (mesmo que eventualmente a área não seja integralmente coberta por remanescentes). Mapa 2 Passivo ambiental após a revisão do Novo Código Florestal 18

19 Fonte: Elaboração própria a partir de Soares-Filho et al (2013) O Mapa 3 mostra a distribuição espacial dos custos de recuperaçãodo déficit ambiental apresentado no Mapa 2, no cenárioque inclui custos de cercamento e manutenção por três anos, preços de mudas mais baixos (devido ao efeito de um hipotético aumento de escala de produção),mas desconsideraos custos de administração e os custos de transporte de insumos. Há uma forte heterogeneidade espacial, com custos mais baixos nas regiões Norte e Nordeste, enquanto os custos mais altos estão na região Sul e no estado de São Paulo. Mapa 3 Custos de recuperação florestal por hectare, manutenção para 3 anos, com densidades baixas de mudas e preço baixo (sem custos de transporte e administração), em R$ de Fonte: Elaboração própria A Figura 3 mostra a curva de oferta de restauração florestal quando somados os custos de restauração e oportunidade da terra, para os cenários com ou sem custos de transporte de insumos e manutenção. 19

20 Custo R$/ha IEI Figura 3: Curva de oferta de conservação para custos de cercamento, custos de recuperação, manutenção para 3 anos e custos de oportunidade (COP) com e sem custos de transportede insumo e administração Área de recuperação florestal, em ha CC+CR+COP CC+CR+CT+CA+COP Fonte: Elaboração própria Quando se inclui o custo de reintrodução de mudas nativas, além do cercamento, o custo da recuperação florestal sobe significativamente. A Figura 4 mostra que, nesse caso, a quantidade de investimento necessária para recuperaras áreas mais baratas sobe mesmo se os custos de transporte de insumos e de administração forem desconsiderados. 20

21 Tab ela1: IEI Figura 4: Custos de recuperação florestal (cercamento, reintrodução de mudas nativas e pagamento de mão de obra com e sem custos de transporte de insumo e administração), em milhões de R$ de Fonte: Elaboração própria. A tabela 1 mostra que os biomas com maior área para recuperar são Amazônia, Mata Atlântica e Cerrado. Para atingir 100% dos déficits de Reserva Legal, seriam precisos R$ 165 bilhões para cobrir os custos do primeiro ano de revegetação e de cercamento, e R$ 196 bilhões para cobrir os custos de cercamento e três anos de manutenção da revegetação. Na média para o Brasil inteiro, os custos por hectare são de R$ para um ano, e de R$ /hectare para três anos.os custos de recuperação por hectare mais baixos estão na Caatinga (R$ 6.909/ha para um ano, R$ 7.793/ha para três anos), e os mais altos na Mata Atlântica e Pantanal. Tabela 1. Custos totais de recuperação florestal por bioma (cenário com preços de mudas normais, baixa densidade de mudas e pagamento de mão de obra, sem custos de transporte de insumos e sem custos de administração), preços de Bioma Custos Totais de Restauração Florestal por Bioma Áreas a restaurar (ha) Custo Total de restauração e Cercamento - 1 ano Custo Total de Restauração e Cercamento - 3 anos Pantanal R$ ,63 R$ ,89 Pampa R$ ,09 R$ ,64 Caatinga R$ ,87 R$ ,33 Mata Atlântica R$ ,89 R$ ,00 21

22 Cerrado R$ ,14 R$ ,14 Amazônia R$ ,98 R$ ,57 Brasil R$ ,60 R$ ,56 Fonte: Elaboração própria 22

23 4. Benefícios ambientais 4.1. Conservação de carbono florestal Evitar o desmatamento é uma das formas mais baratas e rápidas para reduzir as emissões de carbono em grande escala. No Brasil, em especial, essa estratégia é eficaz, visto que grande parte das emissões atuais de gases de efeito estufa (GEE) no país continua sendo originada por desmatamento, sobretudo nos biomas Amazônia e Cerrado. Na última década o país passou por uma significativa redução das taxas de desmatamento na Amazônia Legal e, consequentemente, das emissões provenientes das mudanças no uso da terra. Este processo, iniciado em 2005, foi interrompido em 2012, ano a partir do qual se verifica o início de uma tendência de relativa estagnação das taxas de desmatamento. Este fato aponta para a necessidade de esforços adicionais, no sentido de promover e fortalecer iniciativas e políticas para a conservação florestal. Os recentes compromissos assumidos pelo Governo Federal de zerar o desmatamento até 2030 reforça ainda mais essa necessidade. Nesta seção, estimou-se o potencial de redução de emissões de carbono em razão do estabelecimento de um hipotético PSA nacional para conservação florestal. O valor máximo do pagamento foi arbitrariamente estabelecido na mediana do custo de oportunidade da terra (R$ 402,57/ha/ano). O primeiro passo da modelagem consistiu em efetuar um levantamento dos remanescentes florestais nativos ao nível local (Mapa 4). 23

24 Mapa 4 Remanescentes de ecossistemas naturais em % da área total, por município. Fonte: Elaboração própria a partir de PRODES/INPE, SOS Mata Atlântica e PMDBBS/MMA. Posteriormente, projetou-se a linha de base para o desmatamento no período (cenário business as usual). O terceiro passo consistiu em projetar as taxas de desmatamento segundo dois modelos de projeção das taxas de desmatamento:o Modelo SISGEMA e o Modelo Dinamica EGO. Por fim, dado a área de desmatamento que seria evitada, estimou-se a capacidade de conservação do carbono florestal que poderia ser induzida pelo PSA Projeção de desmatamento pelo modelo SISGEMA O modelo SISGEMA projetao desmatamento futuro pela extrapolação da linha de tendência dos remanescentes florestais, para cada município brasileiro. O formato dessa linha de tendência é, por hipótese, descrito pelo inverso de uma função exponencial, parametrizada para cada município. Por causa dessa forma funcional, as projeções apontam para uma redução assintótica das taxas de desmatamento ao longo 24

25 do período , o que é compatível com a teoria da transição florestal (Figura 5). Figura 5: Estágios da transição florestal Fonte: adaptado de Angelsen (2008) Deve-se ressaltar que o modelo trabalha com valores agregados por município. Dessa forma, não considera a distinção entre desmatamento ilegal e supressão de vegetação nativa permitida pela legislação. Futuros estudos poderão caracterizar melhor essa diferença, especialmente após a disponibilização das informações do Sistema Nacional de Cadastro Rural (SICAR). De acordo com o modelo SISGEMA, o desmatamento acumulado no período superaria os 20,5 milhões de hectares, dos quais o Cerrado responderia por mais de 14 milhões de hectares. Supondo um PSA pagando no máximo o valor da mediana do custo de oportunidade da terra (R$ 402,57/ha/ano), seria possível reduzir o desmatamento em 83% no período; isto é, seria possível reduzir a perda de remanescentes florestais em mais de 17 milhões de hectares (Figura 6). 25

26 R$/ha/ano Desmatamento (ha) Desmatamento acumulado (ha) IEI Figura 6: Cenários de projeção para as taxas de desmatamento com e sem PSA Desm. Evitado ( acumulado) Sem PSA Com PSA Fonte: elaboração própria O custo dessa política seria de aproximadamente R$ 3,3 bilhões de reais anuais. Essa cifra corresponde ao pagamento do PSA, calculado pelo custo de oportunidade da terra das áreas para as quais foram projetadas perdas de remanescentes florestais.ou seja, revela o custo de conservar terras privadas florestadas que sofrem ameça de desmatamento no período (Figura 7). Também é assumido que após 2030 não ocorrerá mais desmatamento líquido e, portanto, a conservação das florestas nessas áreas será permanente. Figura 7: Custo anual do PSA por valor máximo do benefício a ser pago R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ 800 R$ 600 R$ 400 R$ 200 R$ 0 R$ 0 R$ 1 R$ 2 R$ 3 R$ 4 R$ 5 Custo total anual (em bilhões) 26

27 Fonte: elaboração própria. Como o custo de oportunidade da terra é desigualmente distribuído no país, o efeito de um hipotético PSA pagando o valor máximo de R$ 402,57/ha/ano seria fortemente concentrado no Norte e Nordeste do país (Mapa 5). Ou seja, o PSA seria muito pouco eficaz para reduzir o desmatamento na Mata Atlântica, onde os custos de oportunidade da terra nos municípios em geral superam o valor máximo anual do benefício que seria pago por hectare. Por outro lado, na Amazônia e Caatinga, mais de 96% dos desmatamentos projetados seriam evitados. O Cerrado também apresentaria um alto percentual de abatimento do desmatamento, explicado, sobremaneira, pelo baixo custo de oportunidade da parcela mais ao norte deste bioma. Em parcelas mais centrais e ao sul, a política seria pouco funcional, diante da alta lucratividade da terra nestas localidades, inclusive para a produção intensiva de grãos para exportação. Mapa 5 Distribuição espacial do desmatamento evitado (abaixo da mediana) e residual (acima da mediana) no período Fonte: elaboração própria 27

28 R$/ha/ano IEI A redução do desmatamento em 17 milhões de hectares resultaria na conservação de mais de 4,77 bilhões de toneladas de carbono florestal entre 2016 e 2030, sendo que a Amazônia e o Cerrado responderiam conjuntamente por mais de 92% desse total (Figura 8). Figura 8: Emissões de CO 2 evitadas dado um valor máximo do PSA R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ 500 R$ GtCO 2 eq acumuladas Fonte: elaboração própria É evidente que, ao focar o PSA nas áreas de menor custo de oportunidade da terra, uma parcela significativa das emissões evitadas adviria das áreas onde a conservação é mais barata. Este padrão é claramente reforçado para Amazônia, em função de sua alta densidade de tonelada de carbono por hectare. Mas na Caatinga e Cerrado, que têm densidade de carbono bem mais baixa, a redução projetada de emissões por hectare seria bem menor. Contudo, o potencial de redução de emissões do Cerrado em termos agregados é bastante significativo porque, no modelo SISGEMA, as projeções de áreas a serem desmatadassão maiores (11 milhões de hectares). Cruzando as informações referentes às emissões que seriam evitadas com o custo de oportunidade da terra, é possível calcular qual deveria ser o preço mínimo da tco 2. eq para induzir a conservação florestal; isto é, o preço da tonelada de carbono que seria capaz de cobrir inteiramente os custos de oportunidade da terra em uma dada localidade. A Figura 9apresenta a curva de oferta de carbono por redução 28

29 R$/tCO2eq IEI do desmatamento, ou seja, o volume de emissões que seriam evitadas em função do preço da tco 2.eq. Os resultados mostram que, ao preço de R$ 23,30 por tco 2. eq, seria possível equiparar o custo de oportunidade de até 17 milhões de hectares de remanescentes florestais que seriam desmatados na ausência de um PSA. Alternativamente, com um preço de R$ 50,00 por tco 2. eq, a área de conservação florestal induzida superaria os 20,5 milhões de hectares, eliminando praticamente todo o desmatamento projetado para o período Figura 9: Curva de oferta de carbono por redução do desmatamento (emissões que seriam evitadas em função do preço da tco 2.eq), segundo Modelo SISGEMA R$ 50 R$ 45 R$ 40 R$ 35 R$ 30 R$ 25 R$ 20 R$ 15 R$ 10 R$ 5 R$ desmatamento evitado (ha) Fonte: Elaboração própria. O Mapa 6 retrata a distribuição espacial do preço mínimo da tco 2.eqpotencialmente capaz de induzir a conservação florestal. Na Amazônia, onde o custo de oportunidade da terra tende a ser mais baixo e a densidade de carbono tende a ser elevada, a conservação poderia ser induzida com um baixo preço da tco 2.eq. Contudo, em parcelas significativas do Cerrado e Mata Atlântica, o preço a ser pago pela emissão evitada de carbono tem que ser bem maior para compensar o custo de oportunidade da terra. 29

30 Mapa 6 Preço mínimo da tonelada de CO 2.eq que induziria a manutenção dos estoques de carbono florestal, Modelo SISGEMA, R$ de 2013 Fonte: elaboração própria Caso o PSA fosse pensado a partir de orçamentos limitados, fixados em R$ 1 bilhão ou R$ 2 bilhões anuais, seria possível reduzir o desmatamento em 8,4 milhões de hectares e 12,96 milhões de hectares, respectivamente. A quantidade de carbono florestal (CO 2 ) que seria conservado nesses casos iria de 2,4 bilhões de toneladasa3,7 bilhões de toneladas, respectivamente. Um ponto importante a ressaltar é que os exercícios foram efetuados assumindo-se que o proprietário rural receberia o valor pleno (100%) do custo de oportunidade da terra como compensação pela expectativa de perda de produção com a conservação florestal. Essa opção metodológica foi adotada para simplificar as hipóteses do modelo, mas não se trata de uma proposta de política de implementação 30

31 do PSA. Nesse aspecto, sugere-se que seja utilizada a proposta de Young & Bakker (2014) de metodologia de cálculo do valor a ser pago ao proprietário rural. Essa metodologia, já adotada na prática pelo Projeto Oásis, propõe um valor básico por hectare de floresta conservada, a ser estabelecido como fração (por exemplo, 25%) do custo mais baixo de oportunidade da terra na região - usualmente o arrendamento para pastagem. Esse valor pode ser aumentado em função da caracterização da oferta de serviços ambientais (qualidade e proteção à biodiversidade e aos recursos hídricos) ou práticas agrícolas sustentáveis nas áreas de produção. Ou seja, o valor a ser pago à propriedade varia de acordo com a qualidade da conservação ambiental e das práticas agropecuárias adotadas Projeções de desmatamento pelo modelo baseado na Dinamica EGO ODinamica EGO(EGO é uma sigla para a expressão Ambiente para Objetos Geoprocessáveis, em inglês) é uma plataforma desenvolvida na UFMG, que permite a modelagem de alteração, no tempo e no espaço, das mudanças no uso da terra e outras variáveis ambientais. Dessa maneira, permite que sejam desenvolvidos algoritmos para simulações espaciais, incluindo funções de transição e de calibração e métodos de validação. A partir dessa plataforma, através da análise de correlação entre as trajetórias passadas de variáveis selecionadas, pode-se estimar probabilidades de desmatamento distribuídas na área de estudo, dando suporte às simulações de mudança futura no uso da terra (Mas et. al, 2014; Soares-Filho et al., 2009). Com essa ferramenta, foi possível elaborar um modelo de previsão da expansão das áreas de desmatamento para o período desejado. É importante frisar que a plataforma Dinamica EGO é fortemente dependente do período de base para a análise no caso, os anos de 2002 e Contudo, como houve grande variação estrutural no comportamento do desmatamento após esse período, com significativa redução do desmatamento na Amazônia e expansão no Cerrado, as projeções baseadas na plataforma Dinamica EGO diferem muito das obtidas pelo modelo SISGEMA: como um todo, o desmatamento projetado baseado na plataforma Dinamica EGO é muito maior do que o projetado pelo SISGEMA, e o observado nos anos mais recentes. Espacialmente, a principal diferença é a projetação de um desmatamento muito maior na Amazônia e bem menor no Cerrado. 31

32 Tab ela2: IEI Novamente percebe-se discrepância com os dados observados para o período recente. Por essa razão, recomenda-se que os resultados obtidos pelo Modelo SISGEMA sejam adotados como melhor aproximação, e que os resultados obtidos usando a plataforma Dinamica EGO sejam percebidos como um limite máximo, que possivelmente projeta o desmatamento que teria ocorrido se as medidas de governança adotadas desde a metade da década de 2000 não tivessem sido implementadas (Tabela 2). Tabela 2. Comparação das projeções de desmatamento nos Modelos SISGEMA e baseado na plataforma Dinamica EGO Bioma Área acumulada Dinamica EGO Bioma Projeção exponencial Diferença em proporção Amazônia Amazôni ,3 a Caatinga Caatinga ,4 Cerrado Cerrado ,2 Pampa Pampa ,6 Pantanal Pantanal ,9 Mata Atlântica MataAtlâ ntica ,3 Fonte: Elaboração própria Como no modelo SISGEMA,a simulação baseada na plataforma Dinamica EGO não distingue desmatamento ilegal e supressão de vegetação nativa permitida pela legislação. A disponibilização das informações georreferenciadas do SICAR no futuro permitirão que esse tipo de caracterização seja feita na modelagem, mas no momento não há elementos disponíveis para tal. As projeções do modelo usando a plataformadinamica EGOapontaram para um desmatamento de 44,1 milhões de hectares no período Caso fosse implementado um PSA pagando a importância máxima de R$ 402/ha/ano, seria possível reduzir essa área em 38,1 milhões de hectares. 32

33 R$ 0 R$ 2 R$ 4 R$ 6 R$ 8 R$ 10 R$/ha/ano hectares Desmatamento acumulado (ha) IEI Figura 10: Cenários de projeção para as taxas de desmatamento com e sem PSA , , , , , , , , , , , , , , ,0 - Desmatamento evitado acumulado Sem PSA Com PSA Fonte: elaboração própria O custo associado a esta política seria de R$ 7.5 bilhões por ano (Figura 11). R$ R$ R$ R$ R$ R$ Figura 11: R$ 800 R$ 600 R$ 400 R$ 200 R$ 0 Custo anual do PSA por valor máximo do benefício a ser pago Custo total anual (em bilhões) Fonte: elaboração própria Alternativamente, para eliminar todo o desmatamento projetado no período (44.1 milhões de hectares) seriam demandados recursos na ordem de R$ 10,5 bilhões anuais. O Mapa 7 mostra que um hipotético PSA para reduzir o desmatamento teria alta efetividade na Amazônia e em menor escala na Caatinga. No Cerrado, o PSA seria mais efetivo na parcela mais ao norte do bioma, e menos efetivo na região de produção intensiva de grãos para exportação. Já na Mata Atlântica a efetividade seria baixa por causa do elevado custo de oportunidade da terra. 33

34 Mapa 7 Distribuição espacial do desmatamento evitado (abaixo da mediana) e residual (acima da mediana) no período Fonte: elaboração própria A Figura 12 relaciona o valor do benefício do PSA com a quantidade de carbono que seria evitada por conservação florestal. Pagando até R$ 402,57/ha/ano mais de 14,83 bilhões de toneladas de carbono deixariam de ser emitidas por desmatamento entre 2016 e Deste montante, cerca de 11,13 bilhões de tco 2. eq resultariam das áreas que seriam conservadas no bioma Amazônia. 34

35 R$/ha/ano IEI Figura 12: Emissões de CO 2 evitadas dado um valor máximo do PSA R$2.000 R$1.800 R$1.600 R$1.400 R$1.200 R$1.000 R$800 R$600 R$400 R$200 R$ tco2eq acumuladas (em bilhões) Fonte: elaboração própria A divergência na quantidade de carbono florestal que seria conservado segundo os dois modelos é o reflexo de dois fatores: (i) o desmatamento projetado segundo o modelo usando a plataforma Dinamica EGO é muito superior àquele estimado pelo modelo SISGEMA; (ii) o desmatamento usando a plataforma Dinamica EGO está mais concentrado em zonas de custo de oportunidade mais baixo. A curva de oferta de carbono por redução do desmatamento (emissões que seriam evitadas em função do preço da tco 2.eq), segundo o Dinamica EGO (Figura 13) evidencia esses fatores. Enquanto o preço mínimo da tonelada de carbono necessário para induzir a conservação florestal de 17 milhões de hectares no modelo SISGEMAseria de aproximadamente R$ 23,00 por tco 2. eq, no DinamicaEGOesse preço deveria ser de R$ 5,14 por tco 2. eq. Ainda, segundo o Dinamica EGO ao preço de R$ 20,14 por tco 2.eq seria possível equiparar o lucro da agropecuária dos municípios de custo de oportunidade da terra mais baixos, principalmente na Amazônia. A área evitada de desmatamento nesse caso atingiria os 38,1 milhões de hectares. 35

36 R$/tCO2eq IEI Figura 13: Curva de oferta de carbono por redução do desmatamento (emissões que seriam evitadas em função do preço da tco 2.eq), Modelo usando plataforma Dinamica EGO R$ 50 R$ 45 R$ 40 R$ 35 R$ 30 R$ 25 R$ 20 R$ 15 R$ 10 R$ 5 R$ desmatamento evitado (ha) Fonte: elaboração própria A distribuição espacial dos preços implícitos para a tonelada de carbono equivalente no modelo Dinamica EGOsegue o mesmo padrão encontrado no modelo anterior. Novamente, a Amazônia desponta como uma possibilidade barata de conservação, onde o preço mínimo da tco 2 necessário para equiparar os rendimentos por hectare da agropecuária chega a ser em média 10 vezes menor do que nas áreas do país onde a terra é mais cara (Pampa e Mata Atlântica). Mapa 8 Preço mínimo da tonelada de CO 2.eq que induziria a manutenção dos estoques de carbono florestal, Modelo baseado na plataforma Dinamica EGO, R$ de

37 Fonte: elaboração própria Alternativamente, pensando o PSA a partir de orçamentos limitados, com o total de recursos financeiros da ordem de R$ 1 bilhão ou R$ 2 bilhões anuais, seria possível reduzir o desmatamento em 10,12 milhões de hectares e de 16,66 milhões de hectares, respectivamente. Mediante a conservação dessas áreas, os benefícios ambientais em termos abatimento de emissões chegaria a 3,8 bilhões de tco 2, para o orçamento de R$ 1 bilhão anuais, e 6,52 bilhões de tco2, para um PSA orçado em R$ 2 bilhões por ano Comparação dos modelos de Projeção de Desmatamento com o modelo Globiom O Globiom (GLObal BIOsphereManagement model) é um modelo de análise de baixo para cima (bottom-up) de equilíbrio parcial, que tem seu foco em setores relacionados ao uso da terra, como agricultura, florestas e biocombustíveis (Câmara 37

38 et al, 2015) 3. O modelo GLOBIOM calculou um desmatamento acumulado de 447 milhões de hectares até 2030 (10% a mais que a projeção empregando o modelo DinamicaEGO). O GLOBIOM projetou um desmatamento no bioma Cerrado de 173 milhões de hectares, 41% a mais que o modelo DinamicaEGO. Por sua vez, Amazônia foi o segundo bioma, com 109 milhões de hectares acumuladas desmatadas até 2030, 20% a menos que a projeção do modelo Dinamica EGO. Para o bioma Mata Atlântica, os resultados com as duas metodologias foram muito próximos: 93 milhões de hectares, no GLOBIOM e 86 milhões de hectares desmatadas na metodologia Dinamica EGO. Segundo o SISGEMA, o total de desmatamento acumulado até 2030 seria de cerca de 480 milhões de hectares para Brasil, enquanto o GLOBIOM projeta aproximadamente 460 milhões de hectares (diferença de 4%). No ano 2030, a projeção de estoques totais de remanescentes florestais no cenário SISGEMA e de florestas maduras no Modelo GLOBIOM são muito similares, em torno de 400 milhões de hectares no cenário bussines as usual. Ou seja. o SISGEMA apresenta uma afinidade bem maior com o GLOBIOM do que com o Dinamica EGO. Esses resultados evidenciam que a modelagem SISGEMA apresenta a vantagem de possuir maior aderência às tendências recentes de evolução do desmatamento. Por essa razão, recomenda-se ao usuário que utilize as projeções de desmatamento futuro obtidas pelo SISGEMA Restauração Florestal em áreas com déficit ambiental A vegetação secundária em estágio de recuperação possui uma capacidade de captura de carbono significativa que também deve ser avaliada como benefício por um eventual Programa Nacional de Pagamento por Serviços Ambientais. Como cenário de base para estimar a necessidade de recuperação florestal,estimou-se as necessidades de recuperação florestal a partir das exigências do Novo Código Florestal e as diferentes taxas de regeneração de florestas nativas no Brasil. A partir desses valores, e considerando as estimativas de densidade de carbono na vegetação nativa, pode-se estimar o potencial de carbono capturado devido à recuperação de florestas nativas. 3 O modelo foi ajustado para Brasil, com 5 cenários (Business as usual (BAU), Código Florestal, Código Florestal sem Cota de Reserva Ambiental, Código Florestal sem anistia de pequenos produtores e Código Florestal com Cotas só para terras agrícolas) 38

39 Foram elaborados quatro cenários hipotéticos de atendimento ao déficit ambiental, em função do nível de recuperação para cumprimento do Novo Código Florestal: recuperação do déficit de Reserva Legal em 25%, 50%, 75% e 100%. Os resultados, expressos em toneladas de carbono, são apresentados na Tabela 3. Tabela 3. Captura de carbonopor restauração florestal a partirdos diferentes cenários de atendimento ao novo Código Florestal Carbono capturado com recuperação florestal (tc) % de 25% 50% 75% 100% atendimento Média por município Total Fonte: Elaboração própria Por fim, pode-se cruzar tais informações com as obtidas sobre custo de oportunidade da terra, fazendo dois cenários.o primeiro é apresentado na Figura 14como uma estimativa do montante financeiro para recuperação florestal e o número de hectares, sem considerar o custo de mão de obra,e considerando os preços de mercado atuais para as mudas. Figura 14: Relação do montante financeiro para recuperação florestal e o número de hectares, sem considerar o custo de mão de obra Fonte: Elaboração própria 39

40 Observa-se que, caso houvesse um programa de recuperação florestal com recursos da ordem de R$ 5 bilhões, seriam recuperados perto de 1,3 milhão de hectares para o cenários com custos de cercamento e custos de revegetação e manutenção para 3 anos, e de 1,4 milhão de hectares para um ano. Quando considerados somente os custos de cercamento (CR), para 1 ano e para 3 anos, a área para recuperação florestal se aproxima de 3 milhões de hectares. Com a inclusão do custo de mão de obra,os mesmos R$ 5 bilhões/ano seriam suficientes para restaurar entre 0,9 milhãoe 1,9 milhão de hectares. Como conclusão, fica evidente que o gasto necessário para evitar o desmatamento por unidade de área conservada é significativamente inferior ao gasto necessário para recuperar aquelas áreas com déficit ambiental, sobretudo por conta dos altos custos de revegetação e mão de obra. Por essa razão, programas de PSA voltados para a recuperação de áreas já desmatadas, como é o caso da Mata Atlântica, exigem valores de pagamento aos proprietários e custos de implementação muito mais caros do que os voltados à conservação florestal. 4.2.Redução de emissões de metano (CH 4 ) por intensificação da pecuária A queda das taxas de desmatamento em meados da década de 2000 e o aumento do efetivo bovino transformaram o setor agropecuário em um dos principais emissores de gases causadores do efeito estufa.para o ano 2010, as emissões de metano representaram 63% das emissões totais da agropecuária e 22% das emissões totais do Brasil. As emissões desse setor são dominadas pelas emissões de metano da fermentação entérica do gado bovino, que é a única de emissão de GEE da pecuária tratada neste estudo. Haja vista as técnicas rudimentares, características da pecuária brasileira, e o alto poder de aquecimento do metano na atmosfera, o potencial de geração de benefícios pela introdução de melhores práticas de manejo pecuário são significativos. Por isso, foi elaborada uma metodologia para estimar a redução de emissões de metano de origem bovina, supondo que ocorresse um PSA que induzisse a intensificação da pecuária bovina. A distribuição espacial do metano bovino emitido acompanha o padrão de crescimento desigual do rebanho bovino entre as regiões brasileiras, com predominância da região norte nesse processo. No período entre 2000 e 2013,ocorreu 40

41 um claro deslocamento das emissões por fermentação entérica. As áreas mais escuras do Mapa9 apontam as regiões que mais emitem metano porfermentação entérica. Mapa 9 Evolução Espacial da Emissão de Metano (CH 4 ) por fermentação entérica pela área do município Fonte: Elaboração própria Para o cálculo dos benefícios de uma possível intensificação da pecuária a partir da implementação de um projeto de PSA fez-se necessário a construção de um cenário alternativo àquele que vigora atualmente. Desta forma, o presente estudo estimou o efeito que a intensificação do efetivo bovino pode ter na emissão de metano, a partir da diferença entre os sistemas de produção extensiva/tradicional e intensiva/confinamento. Para o rebanho bovino à margem do sistema de confinamento,em 2013,foram feitas as seguintes as simulações sobre a intensificação da pecuária ainda não confinada: a. Intensificação de 10% do efetivo bovino não confinado nos municípios em 10 anos, com intensificação de 1% a cada ano durante este período; b. Intensificação de 20% do efetivo bovino não confinado nos municípios em 10 anos, com intensificação de 2% a cada ano durante este período; c. Intensificação de 30% do efetivo bovino não confinado nos municípios em 10 anos, com intensificação de 3% a cada ano durante este período. 41

42 Tab ela3: IEI Os resultados obtidos para metano evitado pela intensificação apontaram para uma redução de até 6,302 Gg de CH 4, referentes à um cenário de intensificação de 30% da pecuária (Tabela 4). Vale dizer que uma intensificação de 30% do rebanho resultaria na redução de 35% das emissões de metano da fermentação entérica. Tabela 4.Emissões de metano (em toneladas de CH 4 ) para os três cenários hipotéticos de intensificação da pecuária e seus respectivos sistemas de produção Metano emitido (ton CH 4 ) pelos cenários caso fossem mantidos em sistema tradicional Metano emitido pelos cenários caso fossem transformados em confinado/intensivo Diferença de metano emitido pelos cenários (Tradicional - Intensivo) Fonte: Elaboração própria. Intensificação de 10% do rebanho Intensificação de 20% do rebanho Intensificação de 30% do rebanho 6.068, , , , , , , , ,164 O Mapa 10 mostra a distribuição das áreas com maior potencial de redução de emissões de metano caso ocorresse a intensificação da criação pecuária no Brasil. Fica claro que existe grande potencial nas áreas de maior adensamento da pecuária, com destaque para boa parte do Cerrado e o Arco do Desmatamento na Amazônia. 42

43 Mapa 10 Metano evitado por hectare de área de intensificação do rebanho Fonte: Elaboração Própria 4.3. Erosão Evitada A estimativa de erosão do solo por recuperação ou conservação florestal foi obtida a partir da aplicação da Equação Universal de Perdas de Solo (EUPS ou em inglês: Universal Soil Loss Equation - USLE) a características do território brasileiro. A USLE é constituída pelos principais fatores que causam a erosão do solo hídrica: erosividade da chuva, erodibilidade do solo, comprimento e grau do declive, fatores de uso e manejo do solo,e prática conservacionista. O Mapa 11, calculado através da Calculadora Raster do software QGIS, mostra a perda estimada de solo em t ha -1 ano

44 Mapa 11 Perda anual média de solo, em t ha 1 ano 1 Fonte: Elaboração própria Percebe-se, principalmente na região Sudeste, onde grande parte da área é montanhosa e apresenta alto nível de desmatamento, que o efeito da erosão é significativamente grande, enquanto na região Norte, no bioma amazônico, a forte presença da cobertura vegetal ameniza o impacto erosivo. O valor médio de erosão para todo o Brasil foi de 8,7 t ha -1 ano -1. Conhecer as áreas mais propensas a sofrer erosão é relevante, pois um hipotético PSA pode ser utilizado para minimizar tal ocorrência. Assim, seria possível priorizar áreas onde os benefícios fossem consideráveis, podendo ser revertidos em menores custos com tratamento de água e menos desastres ambientais, mesmo que o custo do pagamento direto aos produtoresseja mais elevado, como na região sudeste. 44

45 4.4. Biodiversidade Outro tema tratado foi a identificação de áreas de maior relevância para a conservação de biodiversidade. Para tal foram utilizadastrês metodologias de priorização de áreas para a conservação da biodiversidade: 1. Áreas Prioritárias para a Conservação: Utilização Sustentável e Repartição de Benefícios da Biodiversidade Brasileira, identificadas pelo Projeto de Conservação e Utilização Sustentável da Diversidade Biológica Brasileira (PROBIO), e incorporadas pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA, 2007); 2. Prioridade de Conservação das Ecorregiões Terrestres, elaborada pelo Laboratório de Biogeografia da Conservação (UFG) em parceira com o Instituto Life (Instituto LIFE et al. 2015); 3. Índices SISGEMA do número de espécies animais ameaçadas de extinção por municípios, fazendo uso de dados georreferenciados de espécies ameaçadas, providos pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). As áreas prioritárias para a conservação segundo o MMA foram identificadas segundo dois critérios: (i) importância biológica para biodiversidade, a partir da insubstituibilidade, a representatividade e a vulnerabilidade da área estudada; e (ii) urgência para implementação das ações sugeridas, que considera, além da importância biológica, os graus de estabilidade e ameaça, e as oportunidades de uso sustentável. O Mapa 12 mostra a distribuição das áreas consideradas mais prioritárias em termos de urgência de ações (Prioridade Muito Alta e Extremamente Alta) de acordo o custo de oportunidade da terra: o primeiro quartil (q1) agrega os 25% municípios de custo de oportunidade da terra mais baixo, o segundo quartil (q2) agrupa os próximos 25% municípios com custo de oportunidade da terra medianos,e assim sucessivamente. 45

46 Mapa 12 Distribuição das áreas consideradas mais prioritárias em termos de urgência de ações de acordo o custo de oportunidade da terra Fonte: Elaboração própria O Mapa 13 apresenta a mesma análise, mas segundo o critério de Importância Biológica. Os resultados mostram que as áreas prioritárias para a conservação da biodiversidade nas Regiões Sudeste e Sul, e nos biomas Mata Atlântica e Pampa, têm custos de oportunidade consideravelmente maiores do que as áreas prioritárias no Norte e Nordeste, ou Amazônia e Caatinga, ficando a Região Centro-Oeste e os biomas Cerrado e Pantanal em situação intermediária. 46

47 Mapa 13 Áreas de Muito Alta e Extremamente Alta importância Biológica por custo de oportunidade (em Quartis) Fonte: Elaboração Própria Na metodologia de Prioridade de Conservação das Ecorregiões Terrestres (Instituto LIFE et al. 2015),a ameaça à conservação é considerada como inversamente proporcional ao percentual de remanescentes protegidos. O Brasil é dividido em quarenta e cinco ecorregiões, com um índice que pode oscilar entre um valor máximo 100% (quando todos os remanescentes estão integralmente protegidos) e mínimo de 0% (nenhum remanescente). O Mapa 14 apresenta as áreas de custo de oportunidade mais baratos (1º e 2º quartis) categorizadas segundo o índice de ameaça. Percebe-se que as terras mais baratas tendem a apresentar o maior percentual de remanescente, concentrando-se nos Biomas Amazônia, Caatinga e Pantanal, indicando que um hipotético PSA nessas áreas seria menos custoso. Por outro lado, existe um conjunto importante de áreas de alta prioridade (baixo remanescente) localizadas nos biomas Mata Atlântica (Corredores Norte e Central) e Cerrado. 47

48 Mapa 14 Municípios de baixo custo de oportunidade (1. e 2. Quartil) e seus respectivos remanescentes por ecorregião (%) Fonte: Elaboração Própria com base em dados LIFE&UFG. Um terceiro índice foi construído a partir de dados primários fornecidos pelo Instituto Chico Mendes de Conservação (ICMBio) de identificação de espécies ameaçadas, classificados de acordo com escala de critérios da Lista Vermelha da União Internacional pela Conservação da Natureza (IUCN), correspondendo às seguintes categorias: vulneráveis (VU), criticamente ameaçadas (CR), em perigo (EM), extintas (EX),e extinta na natureza (EW). O Índice de Espécies Animais Ameaçadas foi construído agrupando-se por município as observações, correspondentes a 956 espécies. Esse índice considera o número total de espécies ameaçadas observadas em cada município por exemplo, o valor seis é atribuído aos municípios onde foram observadas seis espécies inclusas na lista, independente da frequência com que cada espécie foi identificada (ou seja, se o animal foi visto uma ou mais vezes no município). O Mapa 15 mostra o resultado, destacando Amazônia e Mata Atlântica como os biomas com a maior presença de espécies ameaçadas. 48

49 Mapa 15 Espécies animais ameaçadas por município, com base em dados do ICMBio Fonte: Elaboração própria, com base em dados do ICMBio. Nos resultados apresentados no Mapa 15 existe um viés associado ao tamanho do município municípios com maior território têm maior probabilidade de avistamento de uma espécie do que municípios de menor tamanho, mas localizados na mesma região. Por isso, uma forma alternativa de apresentar o resultado é dividindo o número de espécies ameaçadas observadas pela área do município. O Mapa 16 apresenta os resultados encontrados, com destaque para a Mata Atlântica. A razão disso é porque esse bioma apresenta a maior concentração (54%) de observações de espécies ameaçadas. A Amazônia é o segundo mais expressivo, com 18% das observações, mas que ficam diluídos pela grande extensão territorial de seus municípios. É importante destacar também um viés geográfico devido à maior concentração de estudos feitos na Mata Atlântica em relação aos outros biomas. 49

50 Mapa 16 Densidade de espécies animais ameaçadaspor município (n o. de espécies/área do município, em Km 2 ), com base em dados do ICMBio Fonte: Elaboração própria, com base em dados do ICMBio Outra maneira de lidar com o viés da área do município é dividir o número de espécies ameaçadas observadas no município pela área de remanescentes florestais estimado para o mesmo município (Mapa 17). A ideia por trás desse exercício é supor que há correlação da densidade de espécies animais com a área de remanescente florestal. Mapa 17 Densidade de espécies animais ameaçadas em relação aos remanescentes florestais, por município (n o. de espécies ameaçadas/área de remanescentes florestais do município, em Km 2 ), com base em dados do ICMBio 50

51 Fonte: Elaboração própria, com base em dados do ICMBio O mapa de espécies ameaçadas pela área de remanescente reforça o resultado do índice anterior. A Mata Atlântica se destaca como bioma mais ameaçado, em função da escassa vegetação remanescente. Já o bioma Amazônia aparece como menos ameaçada devido ao alto percentual de remanescente. Os diferentes modelos apresentados nesta seção podem ser utilizados pelo gestor para definir prioridades de implementação de um PSA com vistas a proteger ou recuperar áreas em função de sua relevância para biodiversidade. Essasprioridades podem ser combinadas com outros parâmetros de decisão, como menor custo de oportunidade de terra, maior densidade de carbono e potencial de erosão. Também é possível fazer a seleção dentro de um bioma ou Unidade da Federação para se escolher onde um possível PSA seria mais efetivo para os objetivos da política ambiental. 51

52 5. Fontes de financiamento O objetivo deste item é discutiras possíveis fontes de financiamento para Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) no Brasil, identificando diferentes possibilidades de origem dos recursos e dimensionando o potencial de arrecadação associado. Essa análise é construída a partir das experiências concretas que vêm ocorrendo a nível subnacional. Assim, em primeiro lugar, foram identificados os Estados que atualmente possuem leis que versam sobre PSA. Essas leis foram analisadas e equiparadas, com vistas a conhecer, principalmente, as fontes de financiamento apontadas. Em segundo lugar, foram identificados os Estados onde essas leis engendram projetos de PSA. Cada um dos projetos foi pesquisado e todos foram comparados. A comparação desses projetos buscou dimensionar os montantes aplicados em cada estado e os benefícios estabelecidos, destacando aqueles que estão sendo mais bem sucedidos em captar recursos e desenvolver ações de PSA. Foram também investigados projetos municipais de PSA. Sabe-se que existem várias inciativas locais, promovidas pelo poder público ou pela sociedade civil que, utilizando os pagamentos por serviços ambientas, têm o objetivo de preservar o meio ambiente. Essas iniciativas possuem arranjos institucionais distintos, dado as peculiaridades e necessidades de cada região. Mas considerando que o número de municípios (5570) é muito mais amplo e diverso do que estados (27, incluindo o Distrito Federal), o estudo concentrou-se em dois programas que têm se destacado e difundido sua metodologia por várias cidades: Oásis, da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza (FGBPN), e Produtor de Água, da Agência Nacional de Água (ANA). Esses programas já estão em prática há 10 anos, sendo aprimorados e disseminados em todas as regiões do país. No caso do Oásis são 09 iniciativas que estão em distintas fases de implementação, enquanto os projetos engendrados pela ANA chegam atualmente a 38 municípios. Com essa análise foi possível vislumbrar as principais fontes de financiamento para Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) no Brasil, sendo que a partir da experiência mais promissora foi realizado um exercício de simulação dimensionando o potencial de arrecadação nacional, para o caso de sua utilização. Foram identificadas 15 (quinze) leis estaduais que versavam especificamente sobre a instituição de políticas e programas de Pagamento por Serviços Ambientais 52

53 (PSA). Elas foram promulgadas no Acre, Amazonas, Bahia, Paraíba, Espírito Santo, Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Paraná. Os estados que possuem leis sobre PSA regulamentam de forma distinta os tipos de recursos que financiam os seus programas, sendo que apenas os Estados de Santa Catarina 4 e Paraíba 5 possuem fundos específicos para PSA. Já os Estados do Acre, Amazonas, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia e Paraná utilizam outros fundos para o financiamento desses programas e projetos. As fontes de recursos identificadas com maior frequência nas leis estaduais são recursos orçamentários do Estado e doações. Outras formas identificadas de financiamento são: multas por infração de legislação ambiental; cobrança pelo uso da água; recursos decorrentes de acordos, contratos, convênios não especificados; Taxa de Fiscalização Ambiental; recursos provenientes dos royalties de petróleo; compensação pela utilização dos recursos naturais; recursos de acordos bilaterais ou multilaterais; investimentos privados; rendimentos de aplicação financeira; créditos de carbono; recursos provenientes de controle de poluição veicular; empréstimos; recursos oriundos de pagamentos por produtos, serviços ambientais; receitas das unidades de conservação; dentre outros tipos de fontes não especificadas. Através da análise das leis estaduais que versam sore PSA foi possível verificar que os Estados possuem várias fontes de financiamento. Isso é muito promissor, pois quanto mais fontes de financiamento, maior a possibilidade de obter recursos para garantir os programas. Dentre os Estados analisados, Rio de Janeiro e Santa Catarina possuem a maior diversidade de fontes de financiamento. A abrangência das legislações estaduais fez com que fosse necessário pesquisar e analisar os projetos até então executados por esses entes federativos. Sete estados com lei de PSA já possuem programas ou projetos em andamento:acre, Amazonas, Espírito Santo, Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Santa Catarina. Essas iniciativassão recentes (a primeira é de 2008),mas o número de estados com ações de PSA deve aumentar ao longo do tempo. A maioria dos programas paga o proprietário/produtor em função da área envolvida. Dentre os projetos analisados, o valor mínimo pago por hectare ao ano é R$ 10,00 (PSA de conservação florestal no Rio de Janeiro) e o valor máximo é de R$ 4 Lei Nº de 19 de Janeiro de Lei Nº de 25 de novembro de

54 2.866,24 (PSA de restauração no Espirito Santo). Ao todo, com os programas estaduais foram preservados ou restaurados mais de 76 mil hectares. Contudo,no Acre e Amazonas, as iniciativas pagampor produtor ou família envolvida,com valores entre R$ 500,00 e R$ 600,00 ao ano, independentemente do número de hectares. Isso se deve a características geográficas e socioeconômicas da Amazôniaque impelem para o pagamento às famílias que protegem os serviços ambientais, inclusive asresidentes de Unidades de Conservação que admitem o uso sustentável dos recursos, conciliando a presença humana nas áreas protegidas. No que se refere à gestão dos programas, em geral, os custos de monitoramento e fiscalização das áreas são altos, até mais caros que o pagamento direto aos provedores dos serviços ambientais. Isso porque todos os anos, antes do pagamento referente ao número de hectares preservados ou restaurados, os funcionários do governo precisam fiscalizar se as atividades acordadas foram realizadas. O monitoramento e fiscalização são custosos, sendo necessário contabilizar o valor do transporte até as propriedades, o tempo para a entrega e registro dos documentos, o trâmite burocráticopara a validação dos resultados, além da relação institucional entre os diferentes órgãos envolvidos no programa. Ademais todos os programas exigem a elaboração de projetos de recuperação ou manutenção das áreas que participarão dos mesmos, o que demanda um grande volume de recursos com assistência técnica. Isso porque, como os programas em geral buscam privilegiar a participação dos agricultores familiares que possuem poucos recursos para a construção dos projetos, é necessária a interferência de técnicos, pagos pelo poder público,que possam auxiliá-los. Os programas municipais de PSA têm sido replicados rapidamente, e contam com o apoio de diferentes atores. Em função da grande diversidade de casos, optouse em focar nas iniciativas Oásis e Produtor de Água, que envolvem o maior número de municípios. Tanto o Oásis quanto o produtores de água trabalham com a proposta de parcerias e possuem uma metodologia de estabelecimento dos pagamentos ambientais relativamente simples. Essas metodologias se baseiam na utilização do custo de oportunidade da terra para estabelecer um valor básico da remuneração. Contudo, no caso da ANA, a fórmula está centrada nas alterações do uso do solo, enquanto a fórmula do Oásis utiliza critérios de qualificação ambiental, dando pesos e importâncias diferenciadas para aspectos distintos das áreas selecionadas. 54

55 Esses programas também enfrentam problemas, como a dificuldade de estabelecer as parcerias; a fragilidade dos acordos com o poder público municipal; a resistência de setores que consideram os pagamentos pelos serviços ambientais como uma forma de privatizar a natureza; entre outros. Apesar disso, a maioria dos projetos municipais mencionados está em funcionamento e, como os projetos estaduais, contam com diferentes fontes de financiamento, sendo a principal a cobrança pelo uso da água. Pelo exposto, afere-se que existem diferentes formas de financiar um projeto de PSA, mas poucos têm garantia de continuidade e frequência na disponibilização dos recursos. Recursos oriundos de doações e acordos multilaterais são contribuições interessantes, mas não são fontes orçamentárias estáveis porque variam conforme os interesses e possibilidades dos doadores, podendo variar muito em frequência e constância. Por outro lado, é bastante frequente apontar recursos orçamentários ordinários dos entes federativos como base de todas as ações de preservação e recuperação do meio ambiente do poder executivo. Contudo, no Brasil, é possível verificar que não há avanço nas dotações orçamentárias para a gestão ambiental, ocorrendo em vários casos declínio dessas dotações em termos relativos. Deve-se enfatizar igualmente que os recursos orçamentários públicos são alterados conforme a situação econômica e as prioridades estabelecidas pelos gestores públicos, o que pode prejudicar o andamento dos programas. Mecanismos alternativos de financiamento têm sido buscados, como por exemplo recursos provenientes dos royalties de petróleo e gás. No caso do Espirito Santo, esses recursos foram usados para a ampliação da política de PSA no estado. Contudo, como o recebimento de royalties oscila junto com a variação dos preços de petróleo e gás, essa fonte também se torna instável. O Espirito Santo vem sentindo as consequências dessa situação: a queda do preço do petróleo em 2014 e 2015tornou difícil manter o pagamento em dia das parcelas para os beneficiários do PSA. É possível mencionar também as taxas e multas por infração ambiental. A utilização das multas para bancar os programas de PSA é prevista em oito estados e um município (daqueles estudados). Porém, nos projetos não foi identificado se e como esses recursos são utilizados. Não foram encontradas informações sobre o encaminhamento dos pagamentos das multas para os fundos indicados, nem sobre a transferência desses montantes dos fundos para os pagamentos por serviços 55

56 ambientais. Por outro lado, é temerário utilizar multas por infrações ambientais como base de financiamento do PSA, tanto pelo motivo desta decorrer de uma irregularidade ambiental ou dano ambiental,como pela variabilidade da periodicidade do pagamento efetivo da mesma. Isso porque os autuados pela multa ambiental podem discutir judicialmente a anulação da multa ou do valor arbitrado pelos órgãos ambientais competentes. Com isso, acaba sendo variável a periodicidade de quitação das multas ambientais junto aos cofres públicos, o que é um fator preocupante quando os programas de PSA dependem desse recurso para seu financiamento. Alguns projetos municipais têm se utilizado dos recursos provenientes de Termos de Ajustamento de Conduta para financiar o PSA. Mas esses recursos são finitos após o TAC assinado, o poder público recebe o montante que depois de utilizado, se encerra. A despeito dessa finitude dos recursos, sua conversão para implementar sistemas de PSA é, pelo menos, uma solução inicial, apesar de transitória, para o incentivo dessas experiências. Taxas de Fiscalização Ambiental são mencionadas em algumas legislações estaduais e municipais de PSA,mas não foram vislumbradas nos projetos estudados. Entretanto, considera-se que a cobrança de uma taxa ambiental, não necessariamente de fiscalização, seja um meio eficiente de levantar fundos para as políticas e projetos de PSA. Nessas propostas o usuário paga diretamente pelo uso do serviço, gerando uma identificação entre o pagamento e o consumo, diminuindo a resistência ao desembolso e reduzindo o problema de custear os programas. Um mecanismo de financiamentovigente que segue o mesmo preceito, mas através da figura de preço público, é a cobrança pelo uso da água. A utilização desse recurso é prevista por estados e municípios. Porém, dentre os estados, está ativa apenas no Rio de Janeiro. Dentre os municípios, várias experiências têm sido realizadas a partir da cobrança pelo uso da água, seja pela determinação do Comitê de Bacia ou através da companhia de fornecimento de água. Essas experiências têm tido continuidade e êxito em proteger os recursos hídricos, através da proteção de florestas e boas práticas de utilização do solo, portanto, sua iniciativa deve ser constantemente acompanhada e, se possível replicada, em outros projetos.aliás, acredita-se que além dos custos, esses projetos de PSA também geram benefícios à própria sociedade que precisam ser contabilizados. No caso da água, esses benefícios se referem principalmente à redução nas despesas com seu tratamento. 56

57 Dessas iniciativas, destaca-se o caso de Tangará da Serra (MT) por explicitamente estabelecer no boleto de cobrança da água um valor para financiamento do PSA. Sugere-se que os modelos de financiamento de PSAdo Rio de Janeiro e Tangará da Serrasejam replicados no futuro, não apenas por terem uma fonte de recursos estável, mas porque estabelecem a conexão direta entre os pagadores a sociedade, que tem o abastecimento garantido e redução nos custos totais de captação e tratamento -, e os protetores proprietários rurais que se beneficiam pelo pagamento da floresta em pé. A grande dificuldade para a generalização da cobrança pelo uso da água é a articulação institucional dos órgãos envolvidos com a gestão e consumo dos recursos hídricos (comitês de bacia,companhias de abastecimento de água e tratamento de esgoto, poder público, sociedade civil, etc.). Entretanto, as experiências como as dos programas Oásis e Produtor de Água, mostram a viabilidade desse tipo de iniciativa se a articulação ocorrer desde os primeiros estágios do processo. Pelo exposto, afere-se que existem diferentes formas de financiar um projeto de PSA, mas poucos têm garantia de continuidade e frequência na disponibilização dos recursos. O modelo de cobrança parece ser a maneira mais viável para garantir um programa de PSA nacional capaz de ter continuidade, e por essa razão, foi realizado um exercício para verificar o quanto seria angariado de recursos ao se utilizar a cobrança pelo uso da água. O exercício apontou que R$ 718 milhões anuais poderiam ser arrecadados para o PSA caso fosse estabelecido um encargo de 1,5% que recaísse sobre as contas de água e esgoto de todas as bacias hidrográficas. Se essa cobrança adicional fosse de 2,1%, poderia se obter um bilhão de reais anuais para PSA no país como um todo. Considerando os resultados de outras etapas da pesquisa, o financiamento de R$ 1 bilhão anual para o PSA poderia evitar o desmatamento de uma área de até 8,4 milhões de hectares, evitando um máximo de emissão de 2,9 bilhões de toneladas de CO 2, e a erosão de até 118 milhões de toneladas de solo por ano. Alternativamente, estima-se que com R$ 1 bilhão anualpode-se restaurar 363 mil hectares de florestas, que equivalem a 2,1% da área de déficit de Reserva Legal,capturando 125 milhões toneladas de CO 2,e evitando a erosão de até 3,7 milhões de toneladas por ano de solo. 57

58 6. Considerações finais O objeto do presente estudo foi elaborarum modelo de estimação, em escala nacional, dos custos de conservação de áreas de vegetação nativa, tanto para evitar o desmatamento quanto para recuperação florestal. Esses resultados, disponibilizados por município, foram posteriormente contrastados com serviços ambientais esperados dessa conservação, em termos de captura ou redução na emissão de gases de efeito estufa, erosão evitada e relevância para a conservação da biodiversidade. Nesse sentido, foi disponibilizado para o MMA um sistema de informações - SISGEMA -, que permite estabelecer áreas prioritárias para o estabelecimento de sistemas de PSA que minimizem o custo de oportunidade ou de recuperação florestal, combinado com critérios associados aos serviços ambientais considerados. Além dos resultados apresentados nesse Relatório e seus Apêndices, o SISGEMA permite que o usuário elabore análises para conjuntos específicos de municípios, selecionados por bioma, Unidade da Federação ou outro critério de escolha, bem como optar por parâmetros diferentes daqueles usados neste Relatório. Também foi efetuada uma extensiva revisão da literatura e legislação disponível sobre sistemas de PSA já estabelecidos no Brasil nas esferas estadual e municipal. A despeito de todos os avanços identificados nas experiências já implementadas, os sistemas de PSA ora vigentes ainda ocupam uma área relativamente pequena do território nacional. Isso indica que até o momento existe uma carência de mecanismos que permitam o adequado compartilhamento de responsabilidades e de benefícios pelas ações e abstenções dos agentes públicos e privados no que concerne à conservação da natureza, da qualidade ambiental e dos ecossistemas. Nesse contexto, fica evidente a importância de estabelecer uma Política Nacional de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA). A lógica do PSA é estimular condutas privadas de conservação que revertam em benefícios para a sociedade. Um grande avanço que poderá facilitar a implementação de uma estratégia nacional de PSA é a consolidação do novo Código Florestal e do Sistema Nacional de Cadastro Ambiental Rural (SICAR), pois possibilitam novas estratégias e instrumentos de regularização das obrigações mínimas impostas pela legislação (déficits) e comercialização dos excedentes de Reserva Legal. Uma Política Nacional de PSA, a ser estabelecida por legislação específica (ora em debate no Congresso Nacional),deve ser vigorosa para induzir a expansão 58

59 em larga escala de práticas de conservação e recuperação florestal, mas não deve ser restritiva ao ponto de inibir as iniciativas subnacionais. O conhecimento e consideração de características regionais e locais, levando em conta a grande heterogeneidade territorial brasileira, são fundamentais para uma política nacional sobre o tema. Por isso, o desenvolvimento de modelos desagregados espacialmente, como o SISGEMSA, é fundamental para simular e antecipar os possíveis efeitos de diferentes desenhos de política. As estimativas de custos e benefícios de um eventual sistema de PSA e a identificação de possíveis fontes de financiamento para implementá-lo, principais contribuições do presente estudo, constituem subsídio importante para a apresentação de propostas de políticas destinadas à adoção de um PSA nacional mais eficiente. Mas também é necessário discutir outras questões relacionadas à sua implementação, que não foram objeto do escopo do presente trabalho, mas que merecem atenção para estudos futuros, como por exemplo, a tributação do serviço ambiental, a necessidade da adicionalidade em relação à legislação ambiental, a competência e responsabilidade de cada agente envolvido com a política, entre outras questões. Uma das questões mencionadas, mas ainda pouco explorada refere-se ao custo de gestão, fiscalização e monitoramento dos programas que podem ser bastante altos. Um equívoco comum é considerar apenas os custos diretos custo de oportunidade da terra e, quando é o caso, custos de recuperação florestal -, ignorando-se que é necessário acompanhar, monitorar e prover assistência técnica aos proprietários envolvidos. Essa temática deve ser mais aprofundada em investigações futuras. De qualquer forma, neste estudo foram identificadas as fontes de financiamento e estimativas realistas do potencial de recursos necessários para a ampliação da política. No que se refere ao financiamento por crédito de Carbono, foi mostrado que ações visando à redução do desmatamento têm a capacidade de evitar um alto volume emissões a um custo econômico (em R$/tonelada de CO 2 ) muito baixo. Porém, essas ações se concentrariam em áreas onde os estoques de remanescentes florestais nativos ainda são bastante altos, em especial na Amazônia. Caso a ênfase seja recuperar vegetação nativa, os custos por tonelada de CO 2 são significativamente maiores, e a Caatinga surge com destaque. Contudo, a implementação de sistemas de PSA financiados por créditos de carbono ou outros mecanismos relacionados a ações globais para mitigação de gases de efeito estufa 59

60 dependem da disposição dos países desenvolvidos injetarem recursos financeiros significativos para bancar tais ações. Embora o Acordo de Paris, em 2015, tenha restabelecido a crença de que algum tipo de mecanismo financeiro global venha a ser estabelecido nesse sentido, a experiência prévia com o Protocolo de Kyoto e outros mecanismos de transferência de recursos foi bastante frustrante. Assim, a adoção de políticas nacionais para PSA devem contar, nesse momento, com fontes domésticas de recursos. Nesse sentido, surge com destaque a cobrança pelo uso da água como fonte para o financiamento de uma política nacional de pagamento por serviços ambientais.recomenda-se, para tal fim, que seja acelerada a cobrança pelo uso da água, e que parte das receitas obtidas seja utilizada para financiar a manutenção ou recuperação de vegetação nativa. A grande vantagem desse mecanismo é não depender de fontes externas ao país e nem de acordos internacionais sobre o tema, que têm avançado muito lentamente sem grandes efeitos práticos. Além disso, é uma fonte estável de recursos, independente de orçamento público, e que vincula diretamente o usuário como pagador e o protetor de florestas como fornecedor do serviço ambiental.no entanto, existem dificuldades institucionais para o estabelecimento dessa cobrança, pois envolve decisão de diferentes atores, como governo do estado, municípios, comitês de bacias e organizações não governamentais. De acordo com as experiências já realizadas, essas dificuldades devem ser enfrentadas antes mesmo de se iniciarem os pagamentos por serviços ambientais, pois é necessário firmar as parcerias com diferentes atores, estabelecendo suas funções nos projetos.a esse despeito, a cobrança pelo uso da água é uma ótima opção, pois é umafonte estável de recursose existem experiências bastante avançadas de PSA baseados na conservação de recursos hídricos. Sem a estabilidade dos recursos a chance de comportamento especulativo é imensa, colocando em risco os projetos de PSA. O modelo que tem se mostradoexitoso é a discriminação no preço da água de uma parcela vinculada ao pagamento por serviços ambientais, a ser destinada explicitamente para projetos de manutenção ou recuperação de áreas florestadas que sejam relevantes para os corpos hídricos da bacia em questão. As recentes crises de abastecimento vivenciadas no país mostram a importância que a proteção aos corpos hídricos traz à população como um todo, inclusive nos grandes centros urbanos. 60

61 No que diz respeito ao valor a ser estabelecido para que o pagamento seja efetuado ao proprietário rural ou seja, quanto o protetor de florestas deve receber -, sugere-se que seja adotado o modelo proposto por Young & Bakker (2014) e já incorporado com sucesso na metodologia do Projeto Oásis e em vias de implementação no Programa Corredores Ecológicos, do Estado de Santa Catarina. A lógica dessa metodologia é pagar ao proprietário rural em função da área de conservação florestal a partir de um valor básico mínimo, em R$/hectare, usualmente calculado por fração do preço do arrendamento da terra na região para pecuária. A partir de características específicas da área conservada (sua importância para a conservação de recursos hídricos e biodiversidade) e de práticas agrícolas adotadas na propriedade, são estabelecidas notas que premiam as propriedades rurais que apresentam melhor desempenho nesses quesitos, e o valor a ser recebido por hectare conservado é aumentado. A consideração da importância da conservação florestal para evitar a erosão, conforme demonstrado no estudo, pode ser um desses elementos objetivos para alterar o valor a ser recebido pelo proprietário: projetos de conservação ou recuperação florestal em áreas críticas de erosão prestam um serviço ambiental maior, do ponto de vista de proteção do solo, e por isso devem receber uma premiação maior. Do mesmo modo, a introdução de critérios de relevância para a conservação da biodiversidade, também examinados nessa pesquisa, deve afetar o valor do pagamento: proteger áreas de maior relevância para a conservação da biodiversidade deve receber maior prioridade. A incorporação de informações do Cadastro Ambiental Rural,ainda em fase de implementação, possibilitará exercícios de simulação mais focados e precisos. A utilização de informações do Sistema Nacional de Cadastro Ambiental Rural (SICAR) possibilita a parametrização de sistemas de PSA que sejam custo-eficientes. As informações disponibilizadas pelo SISGEMA, tanto em termos de custos econômicos quanto em relação aos serviços ambientais associados à conservação, podem ser cruzadas com dados agregados pelo SICAR para fazer simulações de mecanismos como o mercado de cotas ambientais. Por exemplo, a melhor compreensão dos custos envolvidos em um PSA em associação com informações do SICAR (déficits e superávits de Reserva Legal) permite selecionar as áreas de menor custo de oportunidade da terra que deverão concentrar as ações de compensação. Também permite estabelecer prioridades vinculadas às metas de conservação dos 61

62 serviços ambientais considerados: impacto na concentração de gases de efeito estufa, proteção do solo e conservação de biodiversidade. Por fim, é crucial a integração dos sistemas de informações referentes ao PSA, como o SICAR, com outros conjuntos de estatísticas. Ficou claro neste relatório que o estabelecimento de um PSA nacional depende fortemente do conhecimento das especificidades locais, sobretudo, no que diz respeito aos custos associados. Nesse sentido, para que se estabeleça uma política eficiente, é fundamental aprofundar e integrar os sistemas de informação relacionados ao tema. Destaca-se a necessidade de integrar as bases de dados de natureza ambiental, como o SICAR, com sistemas de estatísticas econômicos: Estatísticas de produção agropecuária do IBGE (Pesquisa Pecuária Municipal, Pesquisa Agrícola Municipal, Pesquisa de Extração Vegetal e Silvicultura e ao futuro Censo Agropecuário) Base nacional de preços da terra (vale lembrar que a Receita Federal recebe, para fins de cálculo do Imposto Territorial Rural, informações municipais de Valor da Terra Nua). Por fim, deve-se chamar atenção que o custo de oportunidade do produtor rural varia de acordo com o valor do arrendamento da terra. Esse, por sua vez, depende do preço da terra e da taxa de juros. Tendo em vista que o preço da terra depende dos ganhos associados à sua utilização, uma política de PSA, para ser bem sucedida, deve considerar a variação nos preços agropecuários e na taxa de juros. Assim, é necessário, no estabelecimento de um PSA, que se leve em consideração esse fator no momento de definição dos valores a serem pagos. 62

63 7. Bibliografia Agência Nacional de Águas - ANA. Disponível em: < Acesso em 18 de janeiro de Agência Nacional de Águas. Cobrança pelo Uso de Recursos Hídricos de domínio da União na Bacia Hidrográfica do Rio Verde Grande. s/d. Disponível em: x Agência Nacional de Águas. Cobrança pelo Uso de Recursos Hídricos de domínio da União na Bacia Hidrográfica do Rio Doce. s/d. Disponível em: spx Agência Nacional de Águas. Cobrança pelo Uso de Recursos Hídricos de domínio da União na Bacia do São Francisco. s/d. Disponível em: x Agência Nacional de Águas. Cobrança pelo Uso de Recursos Hídricos de domínio da União na Bacia PCJ. s/d. Disponível em: px Agência Nacional de Águas. Cobrança pelo Uso de Recursos Hídricos de domínio da União na Bacia Paraíba do Sul. s/d. Disponível em: px ALARCON, Gisele Garcia. É pagando que se preserva? Limitações e oportunidades do pagamento por serviços ambientais como instrumento de conservação de Recursos florestais no corredor ecológico Chapecó, Santa Catarina. Tese de doutorado. Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, ALBUQUERQUE, J.(2013) Erosividade das chuvas na bacia hidrográfica do rio Apeú, região nordeste do Estado do Pará. Tese apresentada à Faculdade de Ciências 63

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92 Tais Forte Garms, membro do Centro de Projetos de Uso Sustentável DDS/CBRN da Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo em Informações oferecidas por telefone em 20/01/2016. Shigueko T. Ishiy, Coordenadora do Subcomponente Gestão de Ecossistemas Santa Catarina Rural FATMA. Informações obtidas por , em 05/02/

93 APÊNDICE A: CURVA DE OFERTA DE CONSERVAÇÃO 1. Custo de oportunidade da terra O custo de oportunidade da terra refere-se ao valor sacrificado (em termos monetários) pela desistência da utilização das terras em atividades agropecuárias em favor da sua conservação para a manutenção dos serviços ecossistêmicos. Isto é, trata-se da renda mínima que o proprietário rural está disposto a receber para conservar as áreas de remanescentes florestais ou regenerar vegetação nativa em sua propriedade (Young & Bakker, 2015). Há, portanto, um caráter voluntário intrínseco aos programas de Pagamentos por Serviços Ambientais (PSA), diferentemente do que se observa para as políticas de comando e controle. Se a transferência de recursos aos proprietários de terra em contrapartida da produção dos serviços ecossistêmicos for pelo menos igual ao custo de oportunidade, pode-se garantir que, do ponto de vista do interesse privado, tais agentes estarão indiferentes entre conservar suas propriedades ou converte-las para o uso agropecuário. Deste modo, não é o bem-estar privado que justifica a adoção dos programas de PSA, mas sim os ganhos de bem-estar coletivo em função da manutenção dos bens e serviços ambientais, sabendo que a disponibilidade dos mesmos é capaz de impactar a utilidade e função de produção dos agentes econômicos. Este capítulo apresenta modelos alternativos de estimação do custo de oportunidade da terra, elaborados com intuito de calcular o valor médio (por hectare) da renda agropecuária sacrificada em razão da conservação. Foram propostos três modelos distintos, e a escolha pela utilização de diversas metodologias reside no fato de que os dados disponíveis para o cálculo do custo de oportunidade da terra ainda são escassos no Brasil. Dados referentes ao preço da terra, ao valor de arrendamento de propriedades, à rentabilidade de diversas culturas agrícolas, bem como para a silvicultura e pecuária, apresentam uma série de limitações, incluindo baixa amostragem, descontinuidade da série histórica, má estimação ou mesmo a inexistência de informações para uma grande parcela do território nacional. Nesse sentido, as metodologias alternativas, além de revelarem formas distintas de estimação do custo de oportunidade da terra sem perder a sua dimensão técnica de renda sacrificada -, remetem à necessidade de contornar as supracitadas limitações na base de dados, sem se valer da utilização de hipóteses restritivas ou irreais. 93

94 O custo de oportunidade foi calculado em escala municipal para o ano de 2013, o ano mais recente para o qual foi possível contar com a disponibilidade de dados necessários aos exercícios de estimação para as três modelos aqui propostos. As bases de dados e os resultados dos modelos são apresentados nas próximas subseções, onde se busca revelar vantagens e desvantagens no uso de cada uma das metodologias alternativas. A primeira subseção apresenta o custo de oportunidade da terra por meio da estimação do lucro de três atividades econômicas concorrentes desenvolvidas no solo (silvicultura, pecuária e agricultura) 1. A conveniência de se manter os resultados desagregados provém do significativo diferencial de rentabilidade entre as três atividades econômicas acima listadas, tendo em vista o impacto direto que este fato tem sobre as áreas prioritárias à conservação. Como mostrado mais adiante, as áreas mais baratas para a adoção de projetos de Pagamentos por Serviços Ambientais encontram-se nas regiões Norte e Nordeste, notadamente aquelas ocupadas pela pecuária extensiva. Ao confrontar essa informação com os resultados do capítulo de benefícios ambientais, nota-se que a região Norte se sobressai ao Nordeste numa abordagem de custo-benefício da conservação. A segunda subseção apresenta a estimação do custo de oportunidade da terra baseado em um modelo econométrico que estima preços da terra a partir de determinadas características físicas e de mercado presentes na localidade onde essas propriedades se encontram. A terceira subseção apresenta o modelo de estimação do custo de oportunidade da terra por extrapolação de preços observados no mercado fundiário. Nos modelos econométrico e por extrapolação tomou-se o preço da terra como variável de partida para se chegar ao valor do arrendamento da terra, que, em termos contábeis, expressa o valor do lucro das atividades ali empregadas. É importante frisar que os resultados das estimativas segundo os modelos alternativos são bastante convergentes, e problemas específicos em cada uma delas pode explicar, em boa medida, a divergência encontrada para a renda da terra em algumas 1 Deve-se ressaltar que existem outras formas alternativas de uso da terra, notadamente uso residencial e industrial, mas não existem elementos suficientes para trabalhar com essas formas alternativas de uso em escala nacional, conforme requerido por esse exercício. Outro elemento não trabalhado por esse estudo é o custo de oportunidade das unidades de conservação públicas já estabelecidas. Embora o conceito de custo de oportunidade também seja aplicável a esse caso, considera-se que foge ao objetivo geral do estudo, que é a determinação dos custos e benefícios de implementação de sistemas de PSA em áreas privadas no Brasil. 94

95 regiões em relação às demais estimativas. Os resultados mostrados neste capítulo evidenciam essa convergência e, ao mesmo tempo, a base de dados SISGEMA permite ao usuário estimar os custos de oportunidade pela alternativa de sua escolha Modelo de Custo de Oportunidade da Terra baseado na Estimação do Lucro (Modelo COT L) A estimação do custo de oportunidade da terra baseada na estimação do lucro das atividades agropecuárias nos municípios brasileiros foi realizada em duas etapas. Na primeira, estimou-se, para cada município, o lucro por hectare de terra proveniente de cada um de três usos concorrentes à conservação: lavoura, pecuária e silvicultura. O fluxo de renda associado a cada um desses usos provém da lavoura (temporária e permanente), da pecuária (em grande medida proveniente da pecuária de corte) e da silvicultura (florestas plantadas). Na segunda etapa estimou-se o custo de oportunidade da terra por município pelo somatório do lucro dessas atividades que seria supostamente sacrificado em razão da decisão da conservação florestal, ponderado pela área utilizada em cada uma das atividades produtivas mencionadas. Dada a natureza distinta das atividades de lavoura, pecuária e silvicultura, metodologias específicas foram elaboradas para cada uma delas, inclusive porque foram encontradas restrições peculiares a cada uso, referentes à disponibilidade de dados. A principal vantagem destas metodologias é partir, fundamentalmente, de dados oficiais, disponibilizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), sobre o qual não pesam questionamentos em relação à credibilidade da fonte, além de merecer destaque o tamanho da amostra através do qual as estatísticas são produzidas. Contudo, foram encontradas diversas limitações, apresentadas no decorrer da descrição metodológica. Esta subseção se divide em cinco tópicos. O primeiro detalha a metodologia utilizada para a estimação do lucro anual por hectare da lavoura, suas limitações e os resultados para os municípios brasileiros. As duas partições seguintes têm a mesma estrutura e realizam a análise para pecuária e silvicultura, respectivamente. Na sequência, apresentam-se então as estimativas para o lucro médio anual por hectare para os municípios brasileiros, resultado da média ponderada dos lucros provenientes da lavoura, pecuária e silvicultura. A última parte desta subseção se ocupa das considerações finais do modelo de custo de oportunidade da terra a partir de estimação do lucro (doravante, COT-L), onde 95

96 se destaca, em particular, a seguinte: observa-se nos resultados que o lucro anual médio por hectare é em geral relativamente baixo no Brasil a mediana da distribuição por municípios é de R$243, valores de 2013, último ponto da série de dados. Este é supostamente o custo de oportunidade da terra por hectare do município mediano brasileiro. Ou seja, observa-se em pelo menos metade dos municípios brasileiros um custo de oportunidade menor ou igual a R$243 por hectare/ano. Importante mencionar que o valor desta mediana reflete um valor ainda mais baixo para a mediana do lucro por hectare da pecuária por ano - de apenas R$182 por hectare/ano. Como a pecuária é a atividade que ocupa a maior proporção da área agropecuária no país, a maior parte da área a ser considerada em um PSA nacional deve ser a de pecuária extensiva de baixa produtividade. Isso quer dizer que (i) um PSA nacional se concentraria basicamente em áreas de pecuária, com pouco efeito redutor de áreas de lavoura, e por essa razão sem consequências significativas para a produção de produtos vegetais; (ii) o efeito sobre a produção de carne também seria pequeno, visto que a produtividade das áreas consideradas é muito baixa; e (iii) a perda de emprego na pecuária extensiva seria igualmente muito baixa, já que é pouco empregadora (possivelmente um PSA nacional geraria mais empregos nas ações de conservação do que seria perdido na pecuária extensiva, o que deve ser tratado em estudo posterior). O levantamento de experiências de PSA no Brasil, apresentado no capítulo sobre fontes de financiamento, mostra que a grande maioria dos projetos efetivamente implementados paga valores em torno das medianas acima referidas (R$ 182 a R$243/hectare/ano) indicando a aderência empírica desse resultado. Por outro lado, também fica evidente que existe uma grande heterogeneidade regional nos resultados. Em termos de biomas, é nítido que o custo de oportunidade da terra é maior na Mata Atlântica que nos demais biomas. Como nesse bioma a demanda por recuperação de vegetação nativa, que requer custos adicionais, é muito maior do que a de conservação de remanescentes florestais (que não requer tais custos), o custo total por hectare de um PSA na Mata Atlântica deverá ser maior do que em outros biomas. É importante também mencionar que as margens de lucro na agropecuária (e, portanto, o próprio custo de oportunidade da terra) são fortemente correlacionadas com o ciclo de preços das commodities agrícolas. Dessa forma, existe um componente dinâmico relevante e que deve ser levado em consideração ao longo do tempo. Em momentos de crescimento de preços, as margens de lucro tendem a aumentar, e assim também aumenta o valor daquilo que seria perdido em termos monetários pela 96

97 desistência da utilização das terras em atividades agropecuárias por hectare de terra conservada. Neste relatório a análise é realizada para o ano de 2013, um período de preços relativamente altos de commodities agrícolas. Logo, os resultados encontrados podem estar associados a um momento de auge do ciclo de preços de commodities, e que os resultados para o custo de oportunidade da terra podem ser alterados em um cenário de queda de preços, como no período mais recente Estimativas para a Lavoura Esta subseção está dividida em duas partes. A primeira apresenta e discute a metodologia para a estimação do custo de oportunidade da terra, inclusive suas limitações e razões para sua eleição. Na segunda parte apresentam-se os resultados estimados Metodologia Para o caso específico da lavoura, a estratégia consistiu na estimação de um lucro da atividade agrícola aproximado por hectare/ano cultivado para cada município brasileiro. Neste caso, o lucro anual por hectare deve refletir o valor daquilo que seria perdido, em termos monetários, pela desistência da utilização das terras em atividades de lavoura por hectare de terra a ser conservado. Como originalmente proposto no relatório anterior (Produto 2), a estimativa do lucro por hectare/ano de lavoura foi alcançada pela multiplicação do valor de produção agrícola por uma margem de lucro, determinada exogenamente. A equação 1, a seguir, apresenta os detalhes. Equação 01. π L m = (α c m VP c m ) a m c c (1) A m L L Onde π m refere-se ao lucro anual médio de lavoura por hectare no município m. Este lucro é estimado como um somatório dos valores de produção por hectare/ano das diversas culturas c presentes no município m (VP c m ) multiplicados pelas respectivas rentabilidades específicas de cada cultura (margens de lucro α c m ), ponderado pela proporção da área que cada cultura ocupa (a c m ) na área de lavoura total do município (A L m ). 97

98 Para estimar tanto as áreas de lavoura como os valores de produção, utilizaramse os dados da Pesquisa Agrícola Municipal (PAM/IBGE) para o ano de 2013, o mais recente disponível. Para cada cultura e município, calculou-se então a razão entre valor da produção total e área total cultivada para a estimação dos termos VP c m. 2 Dentro do componente de lavoura, faz-se necessário considerar a possibilidade de ocorrência de mais de uma safra por ano em uma dada localidade. Embora os dados referentes à margem de lucro das culturas não façam qualquer referência sobre a possibilidade de múltiplas safras, seus efeitos não foram desconsiderados na elaboração do presente relatório, tendo estes sido capturados pela variável área plantada, obtida junto ao IBGE. Para algumas culturas, como milho, batata, amendoim e feijão, foi possível encontrar dados na PAM sobre área cultivada discriminada por safra. Para as demais culturas, entretanto, ainda que os dados de área não tenham sido discriminados, as várias safras foram igualmente contabilizadas e apresentadas na forma de um valor sobreaditivo (áreas agrícolas que ao serem somadas com as áreas de pastagem do Censo Agropecuário de 2006 extravasam a área total do município). Originalmente, foi proposta a restrição da estimação da equação (1) a um conjunto limitado de culturas que fossem relevantes para cada região e para as quais existissem dados sobre rentabilidade em nível local 3. No entanto, estas informações sobre rentabilidade se mostraram também escassas, disponíveis apenas para poucas culturas e para um número muito limitado de localidades. Ademais, estratégias alternativas para o cálculo de margens de rentabilidade não se mostraram bemsucedidas. A Tabela 1, a seguir, ilustra este ponto. 2 Importante mencionar que, especificamente com relação às Regiões Norte e Nordeste, optou-se pela aplicação de um ajuste no cálculo das áreas de lavoura, pecuária e silvicultura. Nestas regiões foi comum observar valores de produção muito altos associados a áreas de produção extremamente reduzidas. Isso pode ocorrer devido a erros de mensuração nas áreas em regiões de fronteira agrícola e onde direitos de propriedade são mal definidos. A derivação do ajuste é detalhada no final desta subseção. 3 Também foi proposto originalmente adicionar à equação (1) um termo que refletisse o rendimento proveniente da valorização futura da terra no caso em que esta já estivesse convertida para o uso em lavouras em comparação ao cenário em que estivesse ainda com cobertura de matas. Este termo foi omitido da análise final devido a duas restrições. Em primeiro lugar, definitivamente não existe disponibilidade de dados confiáveis e em nível local para o preço da terra da lavoura versus de matas. Em segundo lugar, não é claro como deverá ocorrer a valorização deste diferencial ao longo do tempo. Prosseguir com esse tipo de análise só seria possível se um número bastante alto de suposições e outros procedimentos ad hoc fossem introduzidos na estimativa, o que iria contaminar os resultados (parte significativa dos resultados seria influenciado fortemente por suposições sem possibilidade de verificação sobre sua acurácia). 98

99 Tabela 1: Estimativas de Custos de Produção e Lucro Anual por Hectare Valores por hectare, em R$ de 2011 Soja Milho Cana-de Açúcar Algodão Média Fonte de Dados Painel A - Custos por Cultura Custo fixo Conab, Regiões Selecionadas Custo operacional (CO) Conab, Regiões Selecionadas Remuneração capital Conab, Regiões Selecionadas Remuneração terra Conab, Regiões Selecionadas Custo total (CT) Conab, Regiões Selecionadas Painel B - Lucros por Cultura Valor da produção (VP) PAM/IBGE Lucro Total (VP - CT) Elaboração própria Lucro (VP - CO) Elaboração própria VP / (VP - CO) 0,35-0,44 0,14-0,41-0,09 Margem Agrianual/FNP 0,35 0,08-0,24 0,22 Agrianual/FNP Painel C - Diferentes Margens para Cálculo de Lucro/Ha na Lavoura Média de margens, Agrianual/FNP EOB/VA 0,19 0,22 Agrianual/FNP Contas Nacionais 2011/Agropecuária Fonte: Elaboração própria. O Painel A apresenta estimativas de custos de produção por hectare/ano para quatro culturas relevantes soja, milho, cana-de-açúcar e algodão. Os cálculos baseiamse em médias por cultura, sobre estimativas de custos por hectare/ano, feitas pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para regiões selecionadas no ano de No custo operacional incluem-se não apenas os custos fixos e despesas com custeio (mão de obra, sementes, fertilizantes e defensivos), mas também as despesas financeiras, com juros e seguro. No custo total inclui-se, adicionalmente, remuneração de fatores terra e capital. 99

100 No Painel B, calculou-se o valor de produção anual por hectare, média entre municípios, também para 2011, com base nos dados da PAM/IBGE. As diferenças entre valor de produção e custo total (ou operacional) por hectare/ano resultam nos lucros anuais por hectare. É interessante observar que as margens de lucro são bastante negativas para milho e algodão, e positivas para soja e cana. Verifica-se que essas margens tendem a ser muito mais baixas (com exceção da soja) ao serem comparadas com as margens divulgadas pelo Agrianual/FNP 4 por cultura. Isso ocorre devido ao fato das estimativas sobre custos e margens de lucro no Brasil serem baseadas em culturas e regiões de alta produtividade. Naturalmente, o produtor mediano não opera com uma estrutura de custos tão complexa, ou tampouco obtém produtividade tão alta. Como consequência, não foi possível aplicar as estimativas para margens de lucros encontradas na literatura especializada para todo o país. Por outro lado, pode-se assumir que o produtor mediano opera sob uma taxa de rentabilidade mediana do setor. Como proxy para esta margem, foram utilizadas as estimativas do Sistema de Contas Nacionais de 2011, o último disponível, para calcular a razão entre o excedente operacional bruto e o valor adicionado pelo setor agropecuário. De acordo com as Contas Nacionais de 2011, esta margem foi de 19%. Interessante notar que esta taxa é próxima da margem média calculada entre culturas a partir do Agrianual/FNP (22%). A implicação disso para a equação (1) consiste na substituição de margens de lucro c regionalizadas e por cultura α m por uma margem agregada para todo o setor, igual a 19%. A partir do momento em que se aplica uma mesma margem de lucro para todo o setor, permite-se que as estimativas da função lucro por hectare/ano variem de modo diretamente proporcional à produtividade local, o que por sua vez está diretamente relacionada ao preço e ao custo de oportunidade da terra. Em geral, áreas de lavoura de alta produtividade estariam fora do alcance de incentivos para conservação via esquemas de PSA. Por este motivo, a escolha de uma taxa de rentabilidade média a partir do Sistema de Contas Nacionais seria adequada. Na próxima seção são apresentadas as estimativas de lucro anual médio por hectare baseadas na equação (1) acima, calculadas sobre uma margem de 19%, comum a todos os municípios e culturas Estimativas Para a Lavoura 4 Anuário da Agricultura Brasileira da Informa Economics FNP. 100

101 Esta seção apresenta estimativas de lucro da lavoura por hectare no ano de A Tabela 2 exibe algumas estatísticas descritivas, calculadas com base nos dados dos 5570 municípios brasileiros. Tabela 2: Estatísticas Descritivas para a Lavoura Observações Média Desvio-padrão Min Max Lucro por hectare/ano Área total utilizada em hectares Proporção da área total utilizada ,30 0, Lucro por hectare/ano, distribuição p10 p25 p50 p75 p Fonte: Elaboração própria. Verifica-se que, em média, a área ocupada por lavouras é de 30% da área total utilizada pela agropecuária nos municípios brasileiros. O lucro anual médio por hectare de lavoura é de R$627, embora a dispersão seja grande. Observou-se que 25% dos municípios têm lucro anual por hectare na lavoura abaixo de R$156, enquanto em outros 25% o lucro foi estimado acima de R$819 por hectare/ano. O Mapa 1, a seguir, apresenta a distribuição do lucro anual médio da lavoura por hectare entre os municípios brasileiros. 101

102 Mapa 1: Lucro Anual da Lavoura em R$ por hectare/ano, preços de 2013, Modelo COT - L Fonte: Elaboração Própria Observa-se que o lucro por hectare/ano tende a ser relativamente alto nas regiões Sul e Sudeste, extensa parte do cerrado e nas partes mais setentrionais da Amazônia, justamente no que é chamado de Arco do desmatamento. Esses resultados são compatíveis com as expectativas de encontrar valores mais elevados nessas regiões, e menor custo de oportunidade no interior das regiões Norte e Nordeste. Na Figura 1, a seguir, apresenta-se a curva de custo de oferta de conservação estimado pelo custo de oportunidade da terra de lavoura: de forma crescente para cada nível de lucro da terra, é calculado o somatório da área de lavoura cuja rentabilidade seria equalizado por um eventual PSA. Observa-se que para valores de lucro por hectare/ano em R$243 (a mediana do lucro por hectare/ano relativo a todos os usos da terra, como detalhado à frente), a curva de oferta de conservação de terras de lavoura atinge um patamar de 9,7 milhões de hectares. 102

103 Lucro por hectare - R$/ha/ano IEI Figura 1: Curva de oferta de conservação para PSA na Lavoura em R$ por hectare/ano, preços de 2013 (Modelo COT L) Área em hectares Fonte: Elaboração própria Estimativas para a Pecuária O cálculo do custo de oportunidade associado às áreas de pastagem originalmente proposto no projeto de pesquisa seria feito a partir da estimação da taxa de lotação, partindo de informações sobre o efetivo bovino e área de pastagem para o conjunto dos municípios brasileiros. Todavia, o andamento do projeto revelou a necessidade de se alterar a metodologia elaborada a priori. O aspecto central responsável por promover tal mudança foi a existência de uma enorme quantidade de municípios para os quais os respectivos efetivos bovinos contavam com áreas de pastagem praticamente inexistentes, sobretudo nas Regiões Norte e Nordeste. Como consequência, as taxas de lotação municipais (cabeças de gado por hectare) assumiram valores significativamente altos, em completo desalinho com a realidade documentada sobre a pecuária no país, principalmente na porção amazônica e no sertão nordestino. Esse problema está pautado pelas limitações da mensuração da área de pastagem no Brasil. Ademais, inexiste uma série histórica fundada em informações coletadas e disponibilizadas anualmente. Como se sabe, as informações oficiais sobre o uso da terra são disponibilizadas apenas para os anos censitários, de modo que, na melhor das 103

104 hipóteses, as informações sobre áreas de pastagem são fornecidas a cada década pelo IBGE. Mas mesmo os dados censitários revelam valores questionáveis, como taxas de lotação ou lucro anual por hectare extremamente altos em municípios amazônicos, distantes de uma rede de infraestrutura efetiva de escoamento da produção. A possível razão para isso é que, nesses municípios mais distantes ou de menor relevância para a produção comercial, as áreas de pastagens identificadas pelas estatísticas são muito inferiores às áreas onde, de fato, os animais pastam como são criados soltos podem estar avançando em capoeiras, áreas abandonadas, etc. Ante a incapacidade de se estimar uma taxa de lotação confiável para cada um dos municípios brasileiros partindo das séries históricas de efetivo bovino e de área de pastagem, esta última anualizada pela Pesquisa Pecuária Municipal (PPM-IBGE), optou-se pelo caminho inverso. Não identificando maiores problemas na série histórica do rebanho bovino municipal, buscou-se na literatura correlata valores consolidados para a taxa de lotação. Dessa forma, a taxa de lotação passou a ser determinada exogenamente (embora esta tenha sido fruto de alguns ajustes, como anualização e municipalização) e a área de pastagem de cada município brasileiro foi estimada endogenamente. Para o cálculo do custo de oportunidade da terra, partiu-se de informações coletadas por estudos como Dias-Filho (2014), Soares-Filho et al. (2015) e Margulis (2004) sobre a taxa de lotação média da pecuária no Brasil, grandes regiões e unidades da federação, além de informações contidas no censo agropecuário de Em nenhum dos estudos mencionados a taxa de lotação é apresentada na forma de série histórica, e, tampouco, as informações se apresentam em escala municipal. Deste modo, fez-se necessário compor a série para depois municipalizá-la. Os dados sobre taxa de lotação utilizados nesse relatório fazem referência aos anos de 1996 e 2006, ambos censitários, além do ano de Outras informações sobre taxas de lotação foram apresentadas sem referência clara ao ano ou localidade às quais se referiam. Estes dados foram descartados no processo de municipalização e composição da série histórica, embora tenham servido para testar a aderência do cálculo realizado no presente relatório. A composição da série histórica foi feita através do cálculo da variação anual média para a taxa de lotação das pastagens, sendo que se partiu das informações censitárias para os anos de 1996 e

105 Sabendo que em 1996 a taxa de lotação das pastagens no Brasil era de 0,86 cabeças de gado por hectare, e que em 2006 seu valor atingiu a marca de 1,08, depreende-se que, no período, a relação cabeça por hectare cresceu a uma taxa aproximada de 1,023 ao ano. No caso, assume-se como hipótese que a lotação do rebanho cresce de forma homogênea no tempo em todas as regiões do país, tal qual expresso na Tabela 3, abaixo. Tabela 3: Taxa de lotação para o Brasil e Grandes Regiões (cabeças por hectare) Taxa de Lotação - Cabeça por Hectare NORTE 1,00 1,02 1,04 1,07 1,09 1,12 1,14 1,17 1,20 1,22 1,25 1,28 1,31 1,34 NORDESTE 0,67 0,69 0,70 0,72 0,74 0,75 0,77 0,79 0,81 0,83 0,85 0,86 0,88 0,90 SUDESTE 0,97 0,99 1,01 1,03 1,06 1,08 1,11 1,13 1,16 1,19 1,21 1,24 1,27 1,30 SUL 1,19 1,21 1,24 1,27 1,30 1,33 1,36 1,39 1,42 1,46 1,49 1,53 1,56 1,60 CENTRO-OESTE 0,98 1,00 1,03 1,05 1,08 1,10 1,13 1,15 1,18 1,20 1,23 1,26 1,29 1,32 BRASIL 0,94 0,96 0,99 1,01 1,03 1,06 1,08 1,10 1,13 1,16 1,18 1,21 1,24 1,27 Fonte: Elaboração própria segundo os dados do Censo Agropecuário de (2006) e Dias-Filho (2014). Informação mais detalhada sobre a densidade do rebanho por área foi encontrada em Soares-Filho et al. (2015), de onde foi possível dispor de valores para os estados amazônicos para o ano de Esses valores serviram de parâmetro para a estimação da série da taxa de lotação das unidades da federação pertencentes à região administrativa da Amazônia Legal, tendo sido igualmente extrapolados a uma taxa de 1,023 ao ano para atender o período de análise estabelecido nesse relatório. A municipalização dessas taxas de lotação estaduais ou regionais foi feita por meio da utilização da composição do rebanho bovino municipal, informação obtida junto ao Censo Agropecuário de Como cada município dispõe de uma composição específica de rebanho (participações relativas de bois, vacas, novilhos, novilhas, bezerros e bezerras), as taxas regionais/ estaduais de lotação passaram a refletir, pelo menos em parte, critérios municipais. Como as informações são censitárias, partiu-se da premissa de que a composição do rebanho se manteve razoavelmente constante ao longo do período, haja vista a ausência de dados para os 105

106 demais anos da série. Esta hipótese, embora simplificadora, é compatível com a ideia de uma relação cabeça por hectare crescendo a taxas anuais constantes. O procedimento acima não foi realizado apenas em função da necessidade de se aproximar as taxas regionais e estaduais de uma realidade municipal, mas também em razão da necessidade de se encontrar um fator de equivalência entre cabeça de bovino e unidade animal (medida que expressa 450kg de peso vivo). Com vistas a tal fim, procedeu-se ao cálculo do peso médio do animal por município, em que a composição do rebanho serviu como matriz de ponderação para o peso médio do gado brasileiro. O peso médio do animal foi calculado a partir da pesquisa trimestral do abate de animais, que fornece informações sobre o peso médio da carcaça dos animais vitimados por categoria (bois, vacas, novilhos, novilhas, bezerros, bezerras, vitelos e vitelas). Sabendo que o rendimento da carcaça no país encontra-se próxima de 50% do peso do animal vivo, o peso do gado brasileiro foi obtido ao se multiplicar o peso do animal vitimado por dois. Essas informações trimestrais foram anualizadas e posteriormente ponderadas pela composição do rebanho de cada município. Antes de prosseguir no cálculo da taxa de lotação municipal, expressa em unidades animais, foi necessária uma correção, dado o diferencial inter-regional de produtividade da pecuária brasileira. Não é razoável supor que a pecuária no sul do país gere um gado médio com o mesmo peso que um gado amazônico, ou nordestino, dado que a capacidade de suporte da pastagem é diferente, bem como a estrutura de produção, sendo a pecuária no sul mais confinada do que a aquela que se localiza na fronteira agrícola. Esta relação fica evidente na Tabela 4, abaixo, em que é possível perceber que o grande problema da pecuária na Amazônia passa a descolar da taxa de lotação medida de cabeça por hectare para se focar no peso médio do gado produzido. De fato, o Norte do país possui atualmente a segunda maior taxa de lotação dentre as grandes regiões brasileiras, contudo, o peso médio do seu gado só fica à frente do gado nordestino, valendo aproximadamente 237kg (0,5271 x 450KG). Tabela 4: Taxa de Lotação para o ano de 2011 e produtividade relativa por animal UA/HA CA/HA FATOR NORTE 0,5271 1,28 82% NORDESTE 0,5104 0,86 80% SUDESTE 0,7047 1,24 110% SUL 0,9646 1,53 151% 106

107 CENTRO-OESTE 0,6489 1,26 101% BRASIL 0,6402 1,21 100% Fonte: Elaboração própria segundo dados do Censo Agropecuário (2006), DIEESE (2011), Dias-Filho (2014). Tendo sido feitas as devidas correções, multiplicou-se a matriz de peso médio do animal por município por uma taxa de lotação (cabeça/hectare) estadual, de modo a se obter o peso do animal vivo suportado em um hectare de pastagem para cada um dos municípios brasileiros. Como o peso médio do gado brasileiro é expresso em unidades animais, o resultado do cálculo aplicado nesta etapa conduziu a obtenção de uma taxa de lotação municipal medida igualmente em unidades animais. Por fim, o lucro anual por hectare foi encontrado ao se multiplicar a taxa de lotação municipal (UA/Ha) por uma lucratividade média por unidade animal5 (ANUALPEC, 2013), expressa na Tabela 5. Essa lucratividade média foi calculada levando-se em consideração a porcentagem da produção bovina obtida por meio de sistemas intensivos, semi-intensivos e extensivos, dados retirados de Soares-Filho et al.( 2015). Tabela 5: Sistema de produção e lucratividade anual média da pecuária (R$/Ha) Sistema de Produção e Rentabilidade Amazonas Pará Rondônia Roraima Tocantins Amapá Maranhão Mato Grosso Acre Brasil Intensiva 0,12 0,01 0,10 0,11 0,16 0,16 0,15 0,45 0,05 0,18 Semi-Intensiva 0,16 0,98 0,21 0,17 0,22 0,22 0,22 0,25 0,18 0,20 Extensiva 0,72 0,00 0,70 0,72 0,62 0,62 0,62 0,31 0,78 0,61 Rentabilidade (R$/HA) 145,00 166,12 145,32 144,61 148,67 148,81 148,50 163,32 141,90 181,09 Fonte: Elaboração própria segundo dados da FNP (2014) e Soares-Filho et al. (2015). A Tabela 6 apresenta algumas estatísticas descritivas, calculadas com base nos dados dos 5570 municípios brasileiros. Em média, a área ocupada por pastagens é de 5 Deve-se atentar para o fato de que a taxa de lucro por cabeça animal fornecida pela FNP (ANUALPEC, 2013) é calculada em função de uma taxa de abate para a região de referência. Isto é, em uma dada taxa de lucro por unidade animal contabilizam-se as receitas obtidas dos animais abatidos e os custos de produção referentes à totalidade do rebanho. 107

108 66% da área total utilizada pela agropecuária nos municípios brasileiros. Verifica-se que o lucro anual médio por hectare de pecuária é de R$166. Embora a dispersão seja grande, a pecuária adotada no país é de baixa lucratividade. Observou-se que 25% dos municípios têm lucro por hectare/ano na pecuária abaixo de R$44, enquanto em outros 25% o lucro foi estimado acima de R$211 por hectare/ano. Tabela 6: Estatísticas Descritivas para a Pecuária Observações Média Desvio-padrão Min Max Lucro por hectare/ano (R$) Área total utilizada em hectares Proporção da área total utilizada ,66 0, Lucro por hectare/ano, distribuição p10 p25 p50 p75 p90 R$ por ha/ano Fonte: Elaboração própria. O Mapa 2, abaixo, apresenta a distribuição geográfica do lucro por hectare/ano das áreas de pastagem no Brasil. Nota-se que a rentabilidade média da pecuária no Brasil é bastante heterogênea, acompanhando o diferencial de produtividade da pecuária medido em termos do peso médio do animal por região. A baixa lotação medida em unidade animal por hectare é hoje um dos principais condicionantes da baixa lucratividade da pecuária na região de fronteira. No interior do Nordeste, a lucratividade também é baixa, reflexo das condições climáticas desfavoráveis à criação bovina. Por outro lado, no sudeste do Pará, região que constitui importante vetor de expansão da bovinocultura, a lucratividade média é relativamente mais alta. 108

109 Mapa 2: Lucro Anual da Pecuária em R$ por hectare/ano, preços de 2013, Modelo COT L Fonte: Elaboração própria Via de regra, não é apenas na fronteira agrícola que a lucratividade da pecuária se encontra em níveis baixos. Com base nos resultados, esta é uma realidade nacional, argumento que se suporta pelo fato do lucro anual médio por hectare no país ser de R$166. A partir das informações sobre lucro médio da pecuária, é possível inferir uma curva de oferta de terras para pagamento por serviços ambientais no Brasil referente a pastagens. Ao preço de R$243 por hectare/ano (mediana do lucro anual por hectare quando se considera todos os usos da terra) é possível equiparar os rendimentos de 155 milhões de hectares de pastagens. Efetivamente, para que essas áreas retornem à sua ocupação original, é necessário que se contabilizem também os custos de recuperação florestal. Embora as despesas com a recuperação estejam sendo desconsideradas até este ponto, chama atenção o fato de que a conversão de matas em pasto tem sido motivada historicamente por uma taxa de lucro anual muito baixa por hectare. 109

110 Lucro por hectare - R$/ha/ano IEI Novamente percebe-se que tanto os valores para a mediana (R$ 166/ha) quanto para o percentil mais alto (R$ 243/ha) estão na faixa de valores identificados em projetos de PSA já implementados no país. Isso significa que as áreas ocupadas pela pecuária, especialmente quando extensiva e de baixa produtividade, devem ser prioritárias na elaboração em um PSA nacional. Figura 2: Curva de oferta de terras para PSA na Pecuária em R$ por 400 hectare/ano, preços de 2013 (Modelo COT L) Área em hectares Fonte: Elaboração própria. Algumas considerações podem ser traçadas a partir desses resultados. É possível propor que um PSA nacional se concentre em áreas de pecuária, o que resultaria em pouco efeito redutor de áreas de lavoura e baixas consequências para a produção agrícola. Essa proposta, proveniente de indicativos previamente demonstrados, é oposta ao argumento usualmente empregado de que a implementação da legislação florestal resultaria em retração na oferta de alimentos (e, especulativamente, com efeitos inflacionários). Concentrando-se em áreas de pecuária de baixa produtividade, mesmo os efeitos sobre a produção de carne não seriam consideráveis, visto que a produção comercial em larga escala, que abastece o grosso do mercado interno e quase todas as exportações, adota práticas muito mais eficientes em termos de uso da terra. 110

111 Outro aspecto é que os eventuais efeitos de perda de emprego seriam muito pequenos, se é que existiriam, pois a pecuária extensiva caracteriza-se por empregar muito pouca mão de obra. Aliás, é possível supor que a implementação de um sistema de PSA nacional geraria mais empregos nas ações de conservação (que são mais demandantes de trabalho) do que seria perdido na pecuária extensiva. Esse tema foge ao escopo do presente trabalho, mas deveria ser tratado em estudo posterior (consequências socioeconômicas da implementação do PSA). Por outro lado, se o critério de alocação de áreas for restrito ao preço mais baixo da terra, também fica evidente que existiria uma grande concentração das ações de conservação na Amazônia e na Região Nordeste (mais especificamente, na caatinga). É nítido que o custo de oportunidade da terra em um PSA na Mata Atlântica será mais caro do que nos demais biomas. Como nesse bioma a demanda por recuperação de vegetação nativa, que requer custos adicionais, é muito maior do que a de conservação de remanescentes florestais (que não requer tais custos), o custo total por hectare de um PSA na Mata Atlântica deverá ser bem maior do que em outros biomas. Por isso, a introdução de critérios qualitativos para a definição de metas de áreas prioritárias para a implementação de PSA deve levar em consideração outros critérios além do custo. Mais adiante, o presente relatório apresenta estimativas sobre benefícios ambientais da implementação de um PSA Nacional por critérios diferentes: gases de efeito estufa (captura ou emissões evitadas), conservação do solo (erosão evitada) e relevância para a conservação da biodiversidade, e mostra que a distribuição espacial desses benefícios é bastante diferenciada das áreas mais baratas Estimativas para a Silvicultura Essa seção detalha o método de estimação do custo de oportunidade da terra associado à atividade de silvicultura. Nesse sentido, a finalidade é obter um valor estimado de lucro anual por hectare decorrente da silvicultura, por município Nota Sobre a Temporalidade do Investimento em Floresta A decisão de investimento em floresta plantada em geral, eucalipto e pinus envolve um horizonte temporal de maturação relativamente longo, em torno de sete 111

112 anos (Bacha, 2008) 6. Diante disso, a maneira mais apropriada de se estimar o custo de oportunidade da terra destinada à silvicultura seria por meio da análise do fluxo de recursos ao longo do tempo. A literatura de análise econômica de projetos florestais utiliza uma série de métodos distintos, que têm por base a análise a partir do Valor Presente Líquido (Silva & Fontes, 2005). A fim de uma análise desse tipo, seria necessário ter conhecimento do estágio de maturação de cada projeto de floresta plantada no país, bem como suas características específicas no que diz respeito a parâmetros como produtividade, taxa de desconto, horizonte temporal e custos 7. Diante da impossibilidade de seguir por esse caminho metodológico, optou-se por um método mais simples, conforme descrito na subseção a seguir Metodologia de Estimação do Custo de Oportunidade para Silvicultura Para a estimação do custo de oportunidade da terra associado à silvicultura, foram verificadas dificuldades relacionadas à disponibilidade de dados necessários ao cálculo. Em primeiro lugar, só há dados municipais de área de floresta plantada por município nos Censos Agropecuários, e o último censo data de Porém, a Associação Brasileira de Produtores de Florestas Plantadas divulga, em bases anuais, a área de floresta plantada, tanto para eucalipto quanto para pinus, por unidade da federação. Assim, assumindo que a participação de cada município no total da área ocupada por florestas permaneceu constante dentro de cada estado, é possível criar uma série temporal, que contempla os anos entre 2004 e 2012, de área de florestas plantadas por município. No que diz respeito ao lucro por município, a Pesquisa Produção da Extração Vegetal e Silvicultura (PEVS), divulgada pelo IBGE, apresenta o valor bruto da produção por tipo de produto, para cada município produtor 8. No entanto, não há informações sobre os lucros ou rentabilidade da silvicultura nessa pesquisa. Assim, optou-se por uma relação lucro/valor bruto da produção de 40%, baseado em pesquisa 6 Bacha (2008) argumenta que no Brasil, o tempo necessário para a primeira colheita é de sete anos, ao passo que em outros países, varia entre 7 e 45 anos. Além disso, a produtividade em termos de m3/ha/ano é muito superior no país. 7 Ou, alternativamente, seria necessário se ter uma média por de cada uma dessas variáveis para se montar projetos típicos por município. 8 Vale notar que, ao considerar o Valor Bruto da Produção, como base para o cálculo do lucro por hectare, implicitamente, assume-se que apenas os projetos de investimento já em fase de maturação geram lucros. Infelizmente, dado o nível de detalhamento das informações, não é possível uma estimação para todo o país com base em um método que leve em conta o horizonte temporal dos projetos. 112

113 sobre o setor (Motta et. al., 2010; Pratti, 2010). O cálculo do lucro anual por hectare pode ser descrito a partir da equação 2, a seguir: Equação 02. Π m = α. VP m A m (2) Onde o termo Π m refere-se ao lucro anual por hectare no município m. O parâmetro α refere-se à relação lucro/valor bruto da produção, e aqui será 40%. Por fim, os termos VP m e A m referem-se, respectivamente, ao valor da produção de carvão vegetal, madeira em tora e lenha de eucalipto e pinus no município; e área de floresta plantada de eucalipto e pinus no município. Como o horizonte de investimento em floresta plantada envolve prazos mais longos, optou-se por definir o custo de oportunidade do setor a partir da equação 3: Equação 03. Custo de Oportunidade m = t Π mt 9 (3) Ou seja, para a silvicultura, foi feita a opção de considerar a média do lucro anual por hectare, a preços constantes, observado entre 2004 e Com isso, é possível suavizar eventuais discrepâncias resultantes de projetos em estágios distintos de maturidade Estimativas para a Silvicultura A Tabela 7 apresenta estatísticas descritivas de lucro anual por hectare e área de florestas plantadas de eucalipto e pinus, em 2012, calculadas com base nos dados dos 5570 municípios brasileiros. Em média, a área ocupada por florestas plantadas é de 3% da área total utilizada pela agropecuária nos municípios brasileiros. Verifica-se que o lucro anual médio por hectare de silvicultura é de R$ Observa-se que em mais 50% dos municípios não há florestas plantadas e, portanto, o lucro é zero. Tabela 7: Estatísticas Descritivas para a Silvicultura Observações Média Desvio-padrão Min Max 113

114 Lucro por hectare/ano Área total utilizada em hectares Proporção da área total utilizada ,03 0, Lucro por hectare/ano, distribuição p10 p25 p50 p75 p90 R$/ ha/ ano Fonte: Elaboração própria. O Mapa 3, abaixo, ilustra a distribuição do custo de oportunidade da terra para a silvicultura. É possível identificar no mapa os municípios de acordo com o intervalo de valores de custo de oportunidade para um programa de pagamento por serviços ambientais. Mapa 3: Lucro Anual da Silvicultura em R$ por hectare/ano, preços de 2013, Modelo COT - L Fonte: Elaboração própria Como se pode observar, a silvicultura concentra-se nas regiões sul e sudeste, com expansão também na região centro-oeste. Na região Norte, há poucos municípios 114

115 Lucro por hectare - R$/ha/ano IEI com silvicultura, porém com rentabilidade relativamente alta. Já na região nordeste, há poucos municípios com florestas plantadas, com alguma concentração no sul da Bahia e região central do Maranhão. A partir dos dados de lucro por hectare/ano e da área ocupada por florestas plantadas em cada município, é possível construir uma curva de oferta de terra para PSA. Assim, podem-se identificar os municípios onde seria mais barato abrir mão de floresta plantada para regeneração de mata nativa. A Figura 3 a seguir apresenta essa curva de oferta para silvicultura. Figura 3: Curva de oferta de PSA para Silvicultura em R$ por hectare/ano, preços de 2013 (Modelo COT L) Fonte: Elaboração própria Área em hectares Pode-se observar que ao custo de R$243 por hectare/ano é possível reduzir a área de silvicultura em 1,7 milhões de hectares, ou 28% da área total de floresta plantada no país Custo de Oportunidade da Terra no Brasil A tabela 8, abaixo, apresenta as estatísticas descritivas consolidadas dos custos de oportunidade de terra para lavoura, pecuária e silvicultura no Brasil. O painel superior da tabela 8 consolida os lucros por hectare/ano e áreas utilizadas em cada uma 115

116 das atividades mencionadas. Observa-se que o maior lucro anual médio por hectare estimado é o de silvicultura, embora esta atividade ocupe apenas 3% da área agropecuária. Neste sentido, embora a silvicultura possa influenciar a lucratividade média do setor em localidades específicas, não é suficientemente predominante no país a ponto de afetar a lucratividade média nacional. Em segundo lugar, observa-se que o lucro anual médio da lavoura por hectare é de R$627, enquanto a atividade ocupa em média 30% da área total utilizada no setor agropecuário. Por fim, observa-se que o lucro anual médio por hectare para a pecuária é o mais baixo: R$166. O painel inferior da Tabela 8 consolida o lucro médio por hectare/ano levando em conta a lucratividade de cada uma das três atividades e suas respectivas áreas. Com o objetivo de estimar um único custo de oportunidade da terra para cada município, calculou-se a média do lucro por hectare/ano entre as três atividades, ponderada pela área utilizada em cada uma delas. O último painel da Tabela 8 apresenta estatísticas descritivas para os 5570 municípios brasileiros. Em primeiro lugar, encontra-se um lucro anual médio por hectare de R$328. Esta média, no entanto, é acima da mediana, de apenas R$243. Observa-se também que o percentil 25 é de apenas R$68 por hectare/ano, enquanto que o percentil 75 é de R$464 por hectare/ano. Tabela 8: Estatísticas Descritivas Consolidadas, Modelo COT-L Lucro em R$ por hectare/ano Observações Média Desviopadrão Lavoura Pecuária Silvicultura Min Max Área total utilizada em hectares Lavoura Pecuária Silvicultura Proporção da área total utilizada Lavoura ,30 0, Pecuária ,66 0, Silvicultura ,03 0,

117 Lucro/ha/ano médio por município Fonte: Elaboração própria. p10 p25 p50 p75 p O Mapa 4 abaixo descreve a distribuição do lucro anual médio por hectare no país. Observa-se que o resultado naturalmente reflete, em grande medida, uma combinação entre os pesos de lavoura e pecuária nas diversas regiões brasileiras. Por um lado, como esperado, o custo de oportunidade da terra é relativamente mais alto nas regiões sul e sudeste. Destacam-se também a área central do Mato Grosso, Goiás, oeste da Bahia e Maranhão, o Vale do São Francisco, na região Nordeste, e pontos isolados da região Norte. Mapa 4: Lucro Anual Médio da Agropecuária em R$ por hectare/ano, preços de 2013, Modelo COT - L Fonte: Elaboração própria Por fim, a Figura 4 apresenta a curva de oferta de PSA consolidada para o Brasil, levando em conta lucros por hectare/ano e áreas utilizadas pelas atividades 117

118 Lucro por hectare IEI agropecuárias no país lavoura, pecuária e silvicultura. Pode-se observar que a um custo de R$243 por hectare/ano 9, o que equivale à mediana do lucro por hectare/ano na distribuição entre municípios brasileiros, seria possível reduzir a área utilizada no setor agropecuário em cerca de 130 milhões de hectares, ou aproximadamente metade (52%) da área utilizada conjuntamente pelas atividades de lavoura, pecuária e silvicultura no país. Esse resultado revela o peso de uma pecuária extensiva, de baixa lucratividade, e que ocupa cerca de dois terços da área utilizada no setor agropecuário. Figura 4: Curva de oferta de conservação para PSA no Brasil em R$ por hectare/ano, preços de 2013 Consolidada (Modelo COT L) Fonte: Elaboração própria. Área em hectares 9 Como visto mais adiante, outro indicador para expressar o custo de oportunidade da terra consiste no valor do arrendamento da propriedade, que nada mais é do que o valor mínimo exigido pelo proprietário para transferir o direito ao uso deste ativo para outros agentes. O Instituto de Economia Agrícola do Estado de São Paulo (IEA-SP), por exemplo, dispõe de informações sobre o valor do arrendamento de propriedades rurais para um conjunto de municípios, coletadas por meio de seus Escritórios de Desenvolvimento Rural. Ao proceder ao cálculo da mediana do valor do arrendamento da terra para o ano de 2013, chegou-se a quantia de aproximadamente R$ 771,00, contra o valor de R$ R$852,00 referente à mediana do lucro anual por hectare no estado de São Paulo para aquele mesmo ano. Embora os valores não sejam idênticos, a proximidade (a ordem de grandeza) entre estas cifras é interessante, na medida em que revela a aderência dos resultados deste relatório com os valores que são realmente pagos aos proprietários rurais por arrendatários. 118

119 Considerações finais a respeito do Modelo COT - L Este item apresentou e discutiu um modelo de estimação para o custo de oportunidade da terra para os municípios brasileiros. O custo de oportunidade da terra refere-se ao valor daquilo que seria perdido em termos monetários pela desistência da utilização das terras em atividades agropecuárias em prol da conservação. A estimação deste custo para os municípios brasileiros foi realizada em duas etapas. Na primeira delas, estimou-se, para cada município, o lucro anual por hectare de terra proveniente de cada um de três usos da terra concorrentes à conservação: lavoura, pecuária e silvicultura. Na segunda etapa estimou-se então o custo de oportunidade da terra por município como o somatório do lucro perdido com essas atividades em razão da conservação, ponderado pela área utilizada por cada um destes usos. Dentre os principais resultados encontrados, destacam-se: a) O lucro médio por hectare/ano é em geral relativamente baixo no Brasil em comparação com o obtido nas áreas de maior produtividade a mediana da distribuição por municípios é de R$243, valores de Este é supostamente o custo de oportunidade da terra, por hectare/ano, do município mediano brasileiro. Ou seja, observa-se em pelo menos metade dos municípios brasileiros um custo de oportunidade menor ou igual a R$243 por hectare/ano. Esse valor é plenamente compatível com os valores encontrados para pagamentos aos proprietários em PSAs já implementados no Brasil (detalhados no capítulo 4). b) O valor desta mediana reflete em grande medida um valor ainda mais baixo para a mediana do lucro anual por hectare da pecuária, de apenas R$182, atividade que ocupa a maior proporção da área agropecuária no Brasil. Ao estimar a curva de oferta de terras para conservação no país, a partir da relação entre lucro anual por hectare médio e área acumulada, observou-se que a um custo de R$243 por hectare/ano seria possível reduzir a área utilizada no setor agropecuário em cerca de 130 milhões de hectares, ou aproximadamente metade (52%) da área utilizada conjuntamente pelas atividades de lavoura, pecuária e silvicultura no país. Isso equivaleria a aproximadamente R$31 bilhões de reais anualmente. c) Existe grande heterogeneidade regional. Municípios com alta lucratividade e, portanto, alto custo de oportunidade da terra, concentram-se nas regiões sul e sudeste. Observam-se também municípios de alta lucratividade agrícola no Centro-Oeste, oeste da Bahia e do Maranhão, e Vale do São Francisco, no Nordeste. 119

120 As margens de lucro na agropecuária (e, portanto, o próprio custo de oportunidade da terra) são fortemente correlacionadas com o ciclo de preços das commodities agrícolas. Dessa forma, existe um componente dinâmico relevante e que deve ser levado em consideração ao longo do tempo. Em momentos de crescimento de preços, as margens de lucro tendem a aumentar, e assim também aumenta o valor daquilo que seria perdido em termos monetários pela desistência da utilização das terras em atividades agropecuárias por hectare de terra conservada. Neste relatório realizamos a análise para o ano de 2013, um período de preços de commodities agrícolas relativamente altos. Logo, os resultados encontrados devem ser interpretados como um limite superior para o custo de oportunidade da terra em um cenário de queda futura de preços, movimento que se observa recentemente na conjuntura internacional Metodologia de Correção para Áreas das Regiões Norte e Nordeste no Modelo COT L O procedimento apresentado nesta seção adotou o lucro por hectare/ano proveniente da pecuária, agricultura e silvicultura como medida do rendimento que se sacrifica quando o dono da terra opta pela conservação das áreas de matas e florestas de sua propriedade em desistência de sua conversão em pasto, lavoura ou floresta plantada. A estimação dessa variável para cada um dos municípios brasileiros esbarrou numa série de dificuldades em razão da escassez, da periodicidade e qualidade dos dados necessários ao referido exercício. De antemão, destaca-se a quantidade reduzida de informações sobre a taxa de lucratividade dessas atividades em escala municipal. Por isso, os dados de lucratividade utilizados inicialmente referiam-se geralmente às médias estaduais ou regionais, desconsiderando que dentro dessas fronteiras existem realidades bastante distintas no que tange as estruturas de custos, comercialização e outros aspectos da produção. As informações de área de lavoura, silvicultura e pecuária, obtidas junto ao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) também se mostraram problemáticas, quase sempre subestimadas, para localidades específicas do país, notadamente para as áreas remotas da Amazônia, bem como da Caatinga e parte do Cerrado nordestinos. Em decorrência das limitações na base de dados, algumas distorções foram geradas, ora superestimando os valores de lucro anual por hectare, ora distribuindo espacialmente os lucros de forma equivocada, apontando maiores retornos por hectare para alguns municípios localizados no interior da Amazônia ou no Nordeste brasileiro. 120

121 A razão disso recai sobre a subestimativa sistemática das áreas de lavoura e pastagens desses municípios: devido a sua produtividade muito baixa, essas áreas são muitas vezes ignoradas pelas estatísticas oficiais. Essas distorções concentraram-se em alguns municípios dessas regiões, de modo que no restante do país a metodologia apontou para resultados bastante coerentes e condizentes com os valores esperados, com médias e medianas do lucro por hectare/ano próximas do que se tem documentado na literatura, ademais de uma boa distribuição espacial desses valores. Nesse sentido, fez-se necessária a elaboração de um ajuste que fosse capaz de corrigir os outliers nas áreas onde foram identificados os problemas. A solução encontrada para corrigir a estimação das áreas utilizadas nas atividades agropecuárias passou pela multiplicação do resultado final por um fator de correção, para o caso específico dos municípios das regiões Norte e Nordeste, em três passos. No primeiro deles, estimaram-se as áreas de lavouras, pecuária e silvicultura de acordo com as metodologias detalhadas nas seções 2.1.1, 2.1.2, e 2.1.3, respectivamente. A partir disso, agregou-se a área total destas atividades em cada município a partir da soma das partes. Calculou-se também a proporção da área utilizada em cada município em cada um destes usos alternativos. No segundo passo, estimou-se, para cada município das regiões Norte e Nordeste, uma área residual baseada na diferença entre a área do município e o somatório das áreas de florestas, unidades de conservação, terras indígenas, zonas urbanas, e espelhos d agua. Essa área residual é, por suposição, livre para ser aproveitada agricolamente (para lavoura, pastagens ou silvicultura) nessas regiões. No terceiro passo, aplicaram-se sobre essa área residual as proporções estimadas no primeiro passo, de modo a corrigir as áreas de lavoura, pecuária e silvicultura no Norte e Nordeste através de um fator de ajuste. As taxas de lucro por hectare/ano para o Norte e Nordeste foram então estimadas após o ajuste das áreas utilizadas em cada atividade e município, onde se levou em consideração a área residual municipal para o cálculo da área total utilizada no setor Modelo de custo de oportunidade da terra baseado na extrapolação de preços observados no mercado (Modelo COT - P) Na primeira parte do relatório, o lucro foi escolhido como variável chave para o cálculo do custo de oportunidade da terra. Entretanto, pôde-se perceber que o processo 121

122 de estimação do lucro por hectare esbarrou em uma série de limitações em função da disponibilidade de dados, de onde se depreende algumas interferências sobre o resultado final, evidenciados anteriormente. Uma alternativa ao exercício proposto na primeira parte é dada pela possibilidade de se estimar o custo de oportunidade da terra por meio do valor dos contratos de arrendamento. Em termos econômicos, o arrendamento e o lucro da terra são conceitos intercambiáveis, dado que ambos refletem a remuneração da terra enquanto fator de produção. A diferença, de fato, é que o lucro pode ser empregado em uma gama maior de situações, enquanto o arrendamento trata apenas de situações onde o proprietário transfere o direito ao uso da terra a outro agente. A natureza das dificuldades encontradas ao longo desse exercício estatístico é rigorosamente a mesma daquela que se apresentou na primeira subseção do presente capítulo. A falta de dados em escala municipal e a descontinuidade das séries históricas impuseram grandes desafios à obtenção dos resultados, com o agravante de que a disponibilidade de informações sobre o mercado de arrendamento de terras é ainda mais precária em parte pelo baixo dinamismo desse mercado no Brasil (PLATA & REYDON, 2006). Por esta razão, optou-se estimar o valor do arrendamento em função do preço observado da terra (Modelo COT P), assumindo uma proporcionalidade entre essas duas estatísticas. A devida conversão do preço da terra em valor do arrendamento foi obtida por meio da utilização de taxas reais de juros. De modo simples, é possível afirmar que o preço de um ativo equivale à perpetuidade de seu fluxo de rendimento 10 descontado para o valor presente, tal qual evidenciado na equação (4), abaixo: Equação 04. p = q i (4) Onde q é o fluxo de renda obtido pelo ativo no caso específico, o valor obtido pelo arrendamento da terra e i é a taxa de juros real. Assim, tomando o log natural e resolvendo para o preço de arrendamento, tem-se que: 10 Este seria seu valor de longo prazo, livre de flutuações decorrentes de especulação com o valor do ativo. 122

123 dez/00 jul/01 fev/02 set/02 abr/03 nov/03 jun/04 jan/05 ago/05 mar/06 out/06 mai/07 dez/07 jul/08 fev/09 set/09 abr/10 nov/10 jun/11 jan/12 ago/12 mar/13 out/13 mai/14 dez/14 jul/15 IEI Equação 05. ln q = ln p + ln i (5) Como parâmetro para os juros reais de longo prazo foram sugeridas taxas dentro do intervalo de 4% a 9%. A escolha desses valores não foi arbitrária. O intervalo abrange os valores mínimos e máximos da razão arrendamento preço da terra no período , de acordo com os dados da IBRE-FGV, tal qual revela a tabela 9. Mais além, cabe ressaltar que desde o primeiro trimestre de 2009 a taxa real de juros, medida pela diferença entre o CDI e o IPCA vem assumindo valores anuais médios próximos do intervalo de 4% e 6%, com exceção do período que vai de maio de 2012 a dezembro de 2013 (Figura 5). Tabela 9: Razão Arrendamento/Preço da Terra, período Tipo de Terra * 2006 Lavoura 0, , , , , , ,06097 Pastagem 0, , , , , , ,0577 Fonte: Elaboração própria segundo os dados da FGV *Valor estimado pela média de 2004 e Figura 5: Taxa Real de Juros (CDI-IPCA) período Fonte: Elaboração própria segundo dados do IBGE e do Banco Central. 123

124 As estatísticas descritivas foram calculadas para diversos patamares de taxas de juros, mas os resultados aqui apresentados referem-se ao caso da taxa de juros igual a 6% ao ano. Entende-se que esse patamar reflete um cenário de normalidade, especialmente por estar razoavelmente próximo dos valores médios nas séries históricas de juros reais, quando observados para o último decênio, e dos valores assumidos pela razão arrendamento/preço no final da série histórica acima apresentada. Os dados referentes ao preço da terra foram obtidos juntos ao Anualpec (2013) e Agrianual (2014), ambas as publicações de autoria da Informa Economics (FNP). A base contida nas referidas publicações foram formadas pela coleta de dados referentes à venda de propriedades rurais junto a corretores imobiliários. Desta forma, o valor contido nos Anuários reflete o valor de mercado de fato, não sendo fruto de estimação, mas da transação entre vendedores e compradores. A grande vantagem de se utilizar esses dados é que as cifras sinalizam a real disposição a pagar e a receber dos agentes que transacionam no mercado de terras. Para compradores, o montante pago no momento da aquisição da terra reflete, grosso modo, o valor presente do somatório das rendas esperadas ao longo da vida útil desse ativo. Na perspectiva dos vendedores, trata-se da quantia mínima de moeda que exigem receber para se desfazerem do direito que possuem de usufruir dessas rendas ao longo do tempo. (KEYNES, 1936; REYDON, 1992; YOUNG, 1997; ALVARENGA JR., 2014). As informações fornecidas pelos dois anuários estatísticos acima (ANUALPEC e AGRIANUAL) encontram-se majoritariamente expressas em nível microrregional. Desta forma, um dos maiores desafios encontrados no presente modelo de estimação do custo de oportunidade da terra consistiu em transformar uma base de dados microrregional em um conjunto de informações em escala municipal. O processo de municipalização das informações contidas no Anualpec (2013) e Agrianual (2014) seguiu a metodologia presente nos estudos de Young et al. (2007); Queiroz (2008) e Alvarenga Jr (2014). Ainda que para alguns municípios brasileiros os preços para os tipos de terra catalogados pela FNP (mata, pastagem e terra agrícola) estejam disponíveis em ANUALPEC (2013) e AGRIANUAL (2014), para a grande maioria estas informações apresentam algum grau de incompletude. Isto é, para a grande maioria dos municípios brasileiros ou inexiste informação sobre o preço de um determinado tipo de terra, ou 124

125 simplesmente inexiste qualquer dado referente ao preço das propriedades transacionadas naquelas localidades. Para os municípios com falta de dados para áreas de mata, foi utilizado o menor preço disponível para a terra naquela localidade. No caso de falta de informações sobre o preço das áreas de pastagem, foi tomada a média entre o preço da mata e o preço da terra agrícola. Por fim, em caso de inexistência de dados referente ao preço de terras agrícolas, tomou-se o maior valor da terra no município. No caso extremo, em que inexistiam informações de preços para quaisquer tipos de terra, tomou-se para esse município o valor das médias estaduais para as áreas de mata, pastagem e terra agrícola. Uma vez em posse de uma base municipal, o passo seguinte foi multiplicar o preço da terra pelo parâmetro referente à taxa de juros real, de modo a chegar ao valor do arrendamento de um hectare em cada município brasileiro para cada um dos tipos de terra (mata, pastagem, terra agrícola). Por fim, para se chegar a um valor médio por hectare arrendado, coube multiplicar o resultado acima pelo peso relativo dos diferentes tipos de terra em cada município brasileiro dados estes obtidos junto ao Censo Agropecuário (IBGE). Ou seja, optou-se uma média ponderada do valor do arrendamento da terra, tal qual expressa na equação abaixo: Equação 06 A i = (A mi. Y si ) + (A pi. Y pi ) + (A ti. Y ai ) (6) Onde: A i = valor do arrendamento de um hectare de terra no município i; A mi = valor do arrendamento da mata no município i; A pi = Valor do arrendamento do pasto no município i; A ti = Valor do arrendamento da terra agrícola no município i; Y si = fração da área do município i ocupado por remanescente florestal; Y si = fração da área do município i ocupado por pastagens Y si = fração da área do município i ocupado pela agricultura. A tabela 10, abaixo, apresenta os resultados da estimação do custo de oportunidade da terra segundo o modelo de preços de mercado. Tendo o parâmetro para a taxa de juros sido fixado em 6% - valor que expressa a condição de normalidade, 125

126 nota-se que a média do valor dos contratos de arrendamento nos municípios brasileiros encontra-se abaixo dos R$ 435,00 por hectare/ano. Adicionalmente, o modelo de preços exógenos revela que 50% dos municípios brasileiros possui um custo de oportunidade menor que R$ 323,60 por hectare/ano, valor que se encontra dentro da fronteira de pagamentos nos casos de PSA efetivamente implementados no Brasil. Tabela 10: Custo de Oportunidade da Terra em 2013 (R$/Ha) Estatística 4% 5% 6% 7% 8% 9% Média 289,42 361,78 434,14 506,49 578,85 651,20 Mediana 215,74 269,67 323,60 377,54 431,47 485,41 Fonte: Elaboração própria Os valores para referentes ao custo de oportunidade da terra aqui tratados como valor do arrendamento estão heterogeneamente distribuídos pelo território nacional, tal qual revela o mapa As condições técnicas e de mercado que determinam os baixos retornos esperados na região amazônica e no sertão nordestino, acabam por jogar o foco dos projetos de PSA para essas frações do território nacional, em especial para as áreas de floresta amazônica, onde os benefícios provenientes da conservação tendem a ser elevados (ver capítulo 3). 11 A relativa homogeneidade de valores observada na região norte se deve fundamentalmente ao baixo número de observações sobre o preço da terra em escala municipal nessa localidade, agravados ainda pela grande extensão dos municípios nessa porção do território nacional. Esses dois fatores em conjunto acabaram contribuindo para o padrão monocromático observado na região, sendo tão mais evidente quanto menor for a quantidade de dados em escala municipal, e quanto maior for o tamanho dos municípios em uma dada unidade da federação (vide o caso do Amazonas). 126

127 Mapa 5: Custo de arrendamento da terra em R$ por hectare/ano, preços de 2013, Modelo COT - P Fonte: elaboração própria Além de atentar para a significativa heterogeneidade na distribuição espacial de valores, convém chamar a atenção de que o custo de oferta de conservação em uma parcela significativa do território nacional é relativamente baixo (Figura 6). Os resultados da estimação feita nesta seção revelaram que com aproximadamente R$100,00 por hectare/ano seria possível equiparar o lucro da terra (valor do arrendamento) em cerca de 40 milhões de hectares. Com R$ 200,00 hectare/ano seria possível equiparar os rendimentos agropecuários recebidos em cerca de 92,5 milhões de hectares. 127

128 Lucro por hectare - R$/ha/ano IEI Figura 6: Curva de oferta de conservação para PSA no Brasil em R$ por hectare/ano, preços de 2013 (Modelo COT P) Área em Hectare Fonte: Elaboração própria 1.2. Modelo de estimação do custo de oportunidade da terra baseado em modelo econométrico do preço da terra (Modelo COT E) Esta subseção apresenta o terceiro e último modelo para a estimação do custo de oportunidade da terra, baseado em análise de regressão que tem por variável explicada o preço da terra (Modelo COT E). O exercício de estimação parte de informações referentes ao Valor da Terra Nua (VTN) para os estados do Paraná e Santa Catarina com a finalidade de estimar a sensibilidade do preço da terra em relação a um conjunto de características presentes nos municípios onde essas propriedades se encontram. Uma vez obtida a regressão para esses estados, pôde-se os mesmos parâmetros para estimar o preço da terra para os municípios das demais unidades da federação 12. Os estados do Paraná e Santa Catarina publicam estimativas de VTN anuais, por município e para distintos tipos de terra. No Paraná, a Secretaria de Estado de 12 Apenas SP é uma exceção. Para esse estado, há informações sobre preço da terra, porém não ao nível municipal, mas sim com uma agregação um pouco maior. O Instituto de Economia Agrícola de São Paulo disponibiliza informações por Escritórios de Desenvolvimento Regional, que, em média, agrupam 8 municípios por EDR. 128

129 Agricultura e Abastecimento (SEAB/PR) divulga valores municipais de preço de venda da terra desde 2005, para quatro classes de terra: mecanizada, mecanizável, não mecanizável e inapropriada 13. Em Santa Catarina, a Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (EPAGRI/SC) é a responsável pelos cálculos de VTN nos municípios do estado. A EPAGRI, por sua vez, classifica as terras catarinenses em sete tipos: várzea sistematizada; várzea não sistematizada; terra de primeira; terra de segunda; terra de terceira; campo nativo e servidão florestal. Em vista das divergências presentes na classificação dos tipos de terra no Paraná e em Santa Catarina, a Tabela 11, a seguir, apresenta uma proposta de equivalências entre as duas metodologias de agrupamento. Tabela 11: Equivalências entre tipos de Terra para os estados do PR e SC Classificação SC Classificação PR Várzea Sistematizada Várzea Não Sistematizada Terra de Primeira Terra de Segunda Terra de Terceira Campo Nativo Servidão Florestal Fonte: Elaboração própria Mecanizada Mecanizável Mecanizável Não Mecanizável Inaproveitável Inaproveitável Inaproveitável Para se obter uma extrapolação dos dados de SC e PR para o resto do país, estimou-se um modelo econométrico que leva em consideração um grupo de variáveis relevantes para a formação do preço da terra agrícola. As variáveis, calculadas em nível municipal, utilizadas foram: potencial agrícola médio; declividade média; altitude média; média e desvio-padrão da precipitação do período ; média e desvio-padrão da temperatura do período ; número de tratores em 2013; crédito rural em 2013; densidade de rodovias (km/km2); custo de transporte até a capital mais próxima e custo de transporte até São Paulo. Assim, foram utilizadas variáveis geográficas que impactam a produtividade da terra, variáveis relativas à intensidade de capital utilizado (tratores e crédito rural) e 13 Ver para uma definição detalhada das classes de terra agrícolas. 129

130 variáveis relativas ao acesso a mercados (densidade de rodovias e custo de transporte até a capital mais próxima e até São Paulo 14 ). O modelo foi estimado a partir da equação 07, para preços da terra de 2013: Equação 07. ln (preço) i = β 0 + β 1 X i + ε i Onde o (logaritmo do) preço de venda da terra no município i depende de um vetor de variáveis X e do termo de erro do modelo, aqui representado por. A tabela 12 apresenta os resultados do modelo estimado para cada uma das quatro classes de terra dos municípios de SC e PR. Tabela 12: Resultados e Parâmetros do Modelo de Preços Endógenos para os estados do PR e SC (1) (2) (3) (4) VARIÁVEIS terra mecanizada terra mecanizavel terra nao mecanizavel terra inapropriada potencial_agricola 0.122*** 0.075*** 0.097*** 0.098*** (0.014) (0.022) (0.017) (0.024) Declividade (0.008) (0.008) (0.009) (0.011) Altitude *** *** *** *** (0.000) (0.000) (0.000) (0.000) precipitacao_media 0.001*** 0.001*** 0.001*** 0.001*** (0.000) (0.000) (0.000) (0.000) precipitacao_desv_pad *** 0.001** *** (0.001) (0.000) (0.000) (0.001) temperatura_media *** ** (0.018) (0.021) (0.021) (0.027) temperatura_desv_pad ** ** (0.236) (0.255) (0.271) (0.318) Trator 0.001** 0.002*** 0.003*** 0.003*** (0.001) (0.001) (0.001) (0.001) log_cred 0.071*** 0.050*** 0.052*** 0.053** (0.015) (0.016) (0.018) (0.021) densidade_rodovias 1.225*** 0.866** 1.214*** (0.372) (0.360) (0.347) (0.458) log_custo_cap 1.135*** (0.386) (0.589) (0.697) (0.621) custo_cap *** (0.037) (0.057) (0.065) (0.061) log_custo_sp 7.285** *** 6.646* (2.849) (4.624) (3.887) (4.175) custo_sp ** ** (0.223) (0.358) (0.304) (0.331) Constant ** ** As variáveis de custo de transporte são estimadas na sua forma quadrática, de modo a captar efeitos não lineares sobre o preço da terra. 130

131 (8.606) (14.141) (11.517) (12.432) Observations R-squared Nota: Erros-padrão robustos em parêntesis. Os resultados foram estimados a partir de uma cross-section de municípios de SC e PR, para o ano de *** p<0.01, ** p<0.05, * p<0.1 A partir dos coeficientes estimados e das características dos demais municípios brasileiros, o modelo foi aplicado para todo o Brasil, para cada uma das quatro classes (mecanizada, mecanizável, não mecanizável e inaproveitável). O Mapa 6 apresenta os preços (em logaritmo natural) estimados para terras mecanizadas. Apenas PR, SC e SP contêm os preços efetivamente observados. Mapa 6: Preços da terra em R$ por hectare, preços de 2013, Modelo COT - E Fonte: Elaboração própria. Esse modelo possui a vantagem adicional de apresentar maior variação entre municípios. Há algumas situações onde os resultados encontrados fogem ao esperado, notadamente no elevado preço da terra no Norte do Pará e litoral do Amapá. Isso se deve possivelmente à influência de variáveis de natureza geográfica (altitude, 131

132 Lucro por hectare - R$/ha/ano IEI declividade e precipitação), mas, como um todo, os resultados vão ao encontro do esperado e convergem com os valores dos modelos anteriores. Os dados acima fazem referência ao preço de venda da terra. Para se chegar a uma expressão do valor dos contratos de arrendamento, novamente recorreram-se as taxas de juros reais, cujos valores foram definidos anteriormente pelos critérios já mencionados. A média da distribuição apontou para um valor de R$ 621,37 por hectare/ ano, enquanto o custo de oportunidade mediano foi de R$ 458,31 por hectare para o ano de Tabela 13: Custo de Oportunidade da Terra em 2013 (R$/Ha) Estatística 4% 5% 6% 7% 8% 9% Média 414,25 517,81 621,37 724,93 828,49 932,06 Mediana 305,54 381,93 458,31 534,70 611,08 687,47 Fonte: Elaboração própria A Figura 7 sintetiza o custo de oferta de conservação pelo custo de oportunidade da terra, segundo o modelo COT - E. O valor da mediana (R$ 458,31 por hectare/ano) é superior ao obtido nas demais estimativas (R$ 243 no Modelo COT L, e R$ 324 no Modelo COT E), mas ainda sim possui ordem de grandeza dentro dos limites dos valores pagos em PSAs implementados no Brasil. Figura 7: Curva de Oferta de PSA consolidada para o Brasil, em R$ por hectare/ano, preços de 2013 (Modelo COT E) Área em Hectare Fonte: Elaboração própria 132

133 Considerações sobre os Diferentes Modelos de Estimação de Custos de Oportunidade da Terra Esta seção do relatório se ocupou em apresentar três modelos distintos para estimar o custo de oportunidade da terra; um fundamentado na estimação do lucro por hectare, e os demais apoiados nos dados referentes ao preço da terra no Brasil. Cada uma das metodologias apresentou uma série de limitações devido à qualidade e disponibilidade dos dados sobre os quais se debruçaram os três exercícios propostos. Como as informações sobre lucratividade das atividades agropecuárias e sobre o mercado de terra são escassas no país, torna-se inviável precisar qual metodologia se aproxima mais da realidade. Assim sendo, cada uma das metodologias se apresenta meramente como alternativa às demais, sem pretensão de se impor como a solução mais acertada. Os resultados apontaram um custo de oportunidade mediano entre R$ 241,32 e R$ 458,31 (Tabela 14), dada uma taxa de juros real fixada em 6% ao ano. Dentro deste intervalo, caso fosse efetivado um PSA remunerando os valores acima mencionados como compensação pelo custo de oportunidade da terra. a área conservada iria de 103 milhões de hectares a 130 milhões de hectares 15. Tabela 14: Análise de sensibilidade: variação dos valores médios e medianos dos diferentes modelos de custo de oportunidade da terra (R$/ha/ano) em função da variação da taxa de juros Estatística TRJLP Modelo Modelo COT Modelo COT Média COT - L P - E (3 Modelos) 4% 289,42 414,25 346,02 5% 361,78 517,81 405,05 Média 6% 434,14 621,37 463,57 326,35 7% 506,49 724,93 523,12 8% 578,85 828,49 582,15 9% 651,20 932,06 641,19 4% 215,74 305,54 299,22 Mediana 5% 241,32 269,67 381,93 351,89 6% 323,60 458,31 402,57 15 Inicialmente, a taxa de juros foi fixada em 6% em razão dos valores médios da relação arrendamento/preço da terra e da taxa de juros real. Caso o parâmetro fosse escolhido apenas em função da trajetória da taxa real de juros no ultimo decênio, o patamar mais adequado seria o de 5%. Nota-se, nesse caso, uma proximidade maior entre os resultados dos diferentes modelos. A trajetória declinante da razão arrendamento/preço exposta na tabela 14 também aponta para a possibilidade de se operar com uma taxa anual mais baixa, próxima dos 5% ao ano. Todavia, como a série histórica sobre o arrendamento foi interrompida em 2006, julgou-se prudente assumir um parâmetro mais conservador, mesmo sabendo que o período que vai de 2006 a 2013 foi marcado por taxas de juros mais baixas.. 133

134 Lucro por hectare - R$/ha/ano IEI % 377,54 534,70 453,99 8% 431,47 611,08 505,57 9% 485,41 687,47 554,60 Fonte: Elaboração própria Ademais de se pensar em intervalos de custo de oportunidade, outra possibilidade é dada pela consolidação de uma média dos resultados dos três modelos propostos. Dado que não há razão, a priori, para afirmar a superioridade de um método em relação aos demais, o uso da média aritmética dos valores encontrados por município tem a vantagem de diluir eventuais erros e valores extremos. Assim, os valores de referência do custo de oportunidade da terra usados na comparação com os benefícios (conservação de serviços ambientais) são os da média aritmética dos resultados obtidos em cada modelo. Porém, está sendo entregue junto com esse relatório um conjunto de planilhas que permite reestimar os valores a partir da especificação desejada pelo usuário (ou seja, o usuário pode optar em trabalhar com o resultado do modelo de sua escolha). Nesse caso, nota-se que o valor mediano para o custo de oportunidade da terra em 2013 foi da ordem de R$ 402,57 por hectare/ano, novamente para uma taxa de juros real fixada em 6% anuais (Figura 8). Figura 8: Curva de oferta de conservação de PSA para o Brasil, em R$ por hectare/ano, preços de 2013 média dos modelos propostos Área em hectare Fonte: Elaboração própria 134

135 1.3.Custo de recuperação florestal Para as áreas onde não há mais tendência de desmatamento por escassez dos remanescentes florestais, a estimativa do custo de implementação do PSA deve levar em consideração, além do custo de oportunidade da terra, o custo de recuperação ou recuperação de vegetação nativa em áreas já desmatadas. Esta seção desenvolve um modelo de estimação dos custos de recuperação florestal para o território nacional Metodologia, Fontes de Informação e Variáveis Foi efetuado um levantamento da bibliografia sobre os custos referentes ao cercamento do terreno, sem semear árvores, e recuperação com espécies florestais diversas. Os passos metodológicos foram os seguintes: a) Revisão de informação secundária e estudos técnicos por bioma para identificação de quantidades por hectare ou por muda para as atividades de cercamento e recuperação. b) Definição de uma estrutura de quantidades básicas por hectare ou por muda diferenciada para cada um dos biomas brasileiros, para cercamento e recuperação. c) Identificação de bases de dados (estaduais ou municipais) com preços dos insumos empregados na estrutura de quantidades básicas. d) Criação de uma base de dados sobre custos de cercamento e recuperação, por hectare por município. e) Geração de uma planilha de consulta que permite variação de alguns preços e quantidades, para geração de diferentes cenários. Com essas informações foi possível estabelecer a seguinte equação para os custos de cercamento das áreas em recuperação florestal: Equação 08. n CC k = [( i=1 PI ij QI i ) + PM j QM] QCm (8) Onde: 135

136 CC k é o custo de cercamento no município k por hectare em recuperação PI ij é o preço estadual do insumo i, no estado j QI são as quantidades do insumos empregados no cercamento, por quilômetro linear PM j é o preço da mão de obra no estado j QM é a quantidade de mão de obra empregada para o cercamento por quilômetro linear QC m é um fator que mostra a quantidade de quilômetros lineares de cerca a empregar por cada hectare de área em recuperação Os custos de recuperação são apresentados na equação 09: Equação 09 CRk = CL + CE +CM 2 + CM 3 (9) Onde: CL é custo de limpeza do terreno CE são os custos de estabelecimento das mudas CM 2 é custo de manutenção no ano 2 CM 3 é custo de manutenção no ano 3. A equação 09 pode ser reordenada segundo as quantidades e preços empregados em cada fase da seguinte forma: Equação 10. CR k = (QIL ib *PI ij + QML b *PM j ) + (QIE ib * PI j * QA b + QME b PM j *QA b )+ (QI im2b PI ij QA b + QM m2b PMj*QA b )+ (QM m3b PMj*QA b ) (10) Onde: CR k são os custos de recuperação por hectare no município k QIL ib é a quantidade de insumo i a empregar por hectare, para o bioma b, durante limpeza da área a recuperar PI ij é o preço do insumo i no estado j 136

137 QML b é a quantidade de mão de obra por hectare para o bioma b, na limpeza da área a recuperar QIE ib é a quantidade de insumo i por muda, para o bioma b, a empregar durante o estabelecimento QA b é a quantidade de mudas por hectare para o bioma b QME b é a quantidade de mão de obra por muda para o bioma b, para o estabelecimento. PM j é o preço de mão de obra no estado j QI im2b é a quantidade do insumo i por muda, na manutenção do segundo ano, para o bioma b. QM m2b é a quantidade de mão de obra por muda, na manutenção do segundo ano, para o bioma b QM m3b é a quantidade de mão de obra por muda, na manutenção do terceiro ano, para o bioma b Dentro da planilha de cálculo foram incorporados dois custos adicionais, tanto para os custos de cercamento como para os custos de recuperação. Primeiro, o custo de transporte de insumos até o local de trabalho foi calculado como uma porcentagem dos custos dos insumos e foi somado aos custos totais (o valor de referência de este custo e 15%). Segundo, foi incorporado um custo de administração do projeto, que foi somado aos custos totais anteriores, que já incluem os custos de transporte (o valor de referência de este custo e 10%). A revisão de informação secundária e estudos técnicos identificou onze estudos para determinar os insumos empregados com maior frequência para a recuperação da vegetação nativa e as quantidades desses insumos por hectare. Principalmente foram procuradas informações sobre mão-de-obra agrícola, fertilizantes, agroquímicos e quantidade de mudas. Para os custos de cercamento foram identificados cinco estudos com quantidades e preços de uso dos seguintes insumos: mourões, esticadores, arame, lascas e mão de obra. Os estudos com informação relevante foram: De Andrade (2012), Plaster et al. (2008), Cury & Carvalho Jr. (2011), Silva, Cavalcante & De Araújo (2011). A Tabela 15 identifica os trabalhos sobre recuperação com espécies nativas em diferentes biomas brasileiros. 137

138 Mão de obra Maquinário Mudas Sementes Arame Lascas /estacas Mourões/ esticadores Agroquímico s Adubo químico /orgânico Condicionado r de solo IEI Fonte Tabela 15: Referência de custos de recuperação a cobertura vegetal por bioma Insumos Bioma Cury e Carvalho (2011) Amazônia x x x x x x x x x Plaster et al. (2008) Amazônia x x x x x x TNC (2013) Amazônia x x x x x x Junior et al (2008) Amazônia x x Deprá et al (2009) Mata Atlântica x x x x Rodigheri, H. R. (2000) Mata Atlântica x x x x x De Andrade, T. (2012) Mata Atlântica x x x x x x x Silva, Cavalcante e De Cerrado x x x x x x Araújo (2011) MMA (n.d.) Cerrado x x x x x x x x x Corrêa e Ferreira (2007) Cerrado x Silveira e Coelho (2008). Cerrado x x x x x x Fonte: Elaboração própria. Além das informações sobre os insumos mais empregados para a recuperação da vegetação nativa e as quantidades desses insumos por hectare, foram consultados doze estudos sobre as espécies florestais que são recomendadas para a recuperação nos diferentes biomas brasileiros. Os estudos encontrados com as sugestões das diferentes espécies florestais, discriminados por biomas são apresentados na tabela 16. Tabela 16: Fontes consultadas para custos de insumos agrícolas e mão de obra. Bioma Fonte Espécies Mata Atlântica Mata Atlântica Nave, Rodrigues, e Brancalion (2012) Rodrigues, Brancalion e Isernhagen (2009) Madeira inicial, média, final, complementar Madeira inicial, média, final, complementar Mata Atlântica De Andrade (2012) Conforme terreno: árido, semiárido, úmido, subsumido Mata Atlântica Castro, Mello, e Poester (2012) Pioneiras, secundárias, climáticas Mata Atlântica Noffs, Galli, e Gonçalves (2000) Pioneiras, definitivas 138

139 Mata Atlântica Moraes et al. (2013) Pioneiras, secundárias iniciais, secundárias tardias, clímaxes; Floresta de Baixada, Floresta Serrana, Floresta Estacional Amazônia TNC (2013) Recobrimento, diversidade, intolerante à sombra, intolerante à sombra, potencial comercial Cerrado Corrêa e Ferreira (2007) Pioneira, secundária, clímax, heliófita. Mata Mesofítica, Mata de Galeria, Cerrado, Cerradão, campos, Brejo. % de sobrevivência Caatinga, Mata Atlântica, Amazônia Cerqueira e Carvalho (2007) Pioneiras, não pioneiras, raramente inundados, inundados periodicamente. Pampa Tatsch (2011) Pioneiras, secundárias Fonte: Elaboração própria. Após estimar a quantidade por hectare de mudas recomendadas para a recuperação dos diferentes biomas brasileiros por espécie florestal, foram identificados os preços atuais para insumos agrícolas, como fertilizantes, herbicidas, inseticidas e praguicidas. Também foram consultados alguns fornecedores de mudas para recuperação de áreas florestais com o objetivo de conhecer não apenas os valores das mudas, mas igualmente os custos de mão de obra para as atividades de recuperação. As informações sobre os insumos têm diferentes níveis de agregação: alguns têm abrangência nacional, outros têm abrangência estadual, e muito poucos com abrangência municipal, como se pode observar na Tabela 17. Tabela 17: Fontes consultadas para custos de insumos agrícolas e mão de obra. Dado Fonte Abrangência Unidade de Medida Preço fertilizantes IEA-SP (2015) Municipal (para todo estado de São Paulo) R$/kg Preço fertilizantes Epagri-SC (2015) Estadual (Santa Catarina) R$/kg Preço fertilizantes SAA-PR (2015) Estadual (Paraná) R$/kg Preço fertilizantes CONAB (2015) Estadual (BA, CE, DF, ES, GO, MA, MG, R$/kg MS, MT, PI, RO, RS, TO) Preço fertilizantes BN (2015) Nacional R$/kg Preço herbicidas IEA-SP (2015) Municipal (para todo estado de São Paulo) R$/kg ou R$*/l Preço herbicidas Epagri-SC (2015) Estadual (Santa Catarina) R$/kg ou R$*/l Preço herbicidas SAA-PR (2015) Estadual (Paraná) R$/kg ou R$*/l Preço herbicidas CONAB (2015) Estadual (BA, DF, ES, GO, MA, MG, MS, R$/kg ou R$*/l MT, RO, RS, TO) Preço herbicidas BN (2015) Nacional R$/kg ou R$*/l Preço inseticidas IEA-SP (2015) Municipal (para todo estado de São Paulo) R$/kg ou R$*/l Preço inseticidas Epagri-SC (2015) Estadual (Santa Catarina) R$/kg ou R$*/l Preço inseticidas SAA-PR (2015) Estadual (Paraná) R$/kg ou R$*/l 139

140 Preço inseticidas CONAB (2015) Estadual (BA, DF, ES, GO, MA, MG, MS, R$/kg ou R$*/l MT, RO, RS, TO) Preço inseticidas BN (2015) Nacional R$/kg ou R$*/l Preço fungicidas IEA-SP (2015) Municipal (para todo estado de São Paulo) R$/kg ou R$*/l Preço fungicidas Epagri-SC (2015) Estadual (Santa Catarina) R$/kg ou R$*/l Preço fungicidas SAA-PR (2015) Estadual (Paraná) R$/kg ou R$*/l Preço fungicidas CONAB (2015) Estadual (BA, DF, ES, GO, MA, MG, MS, R$/kg ou R$*/l MT, RO, RS, TO) Preço fungicidas BN (2015) Nacional R$/kg ou R$*/l Preço mão de obra IEA-SP (2015) Municipal (para todo estado de São Paulo) R$/mês agrícola Preço mão de obra Epagri-SC (2015) Estadual (Santa Catarina) R$/mês agrícola Preço mão de obra SAA-PR (2015) Estadual (Paraná) R$/mês agrícola Preço mudas IEA-SP (2015) Municipal (para todo estado de São Paulo) R$/muda Preço mudas Epagri-SC (2015) Estadual (Santa Catarina) R$/muda Preço mudas SAA-PR (2015) Estadual (Paraná) R$/muda Preço mudas IBF (2015) Nacional R$/muda Preço mudas Fruticultura Viçosa (2015) Nacional R$/muda Fonte: Elaboração própria. Apenas em dois casos (São Paulo e Santa Catarina) foi possível obter informações para custos de insumos agrícolas e mão de obra ao nível municipal. Nos outros casos, existem informações estaduais, contudo, tem-se em consideração que os dados obtidos refletiram as varações entre os diferentes estados. Os preços das mudas tiveram variações importantes a partir da fonte de informações coletadas e algumas fontes possuíam tanto o preço para o atacado quanto para o varejo 16. Na base SISGEMA, que acompanha este relatório, é possível encontrar as diferentes tabelas de custos de recuperação das florestas dos estudos mencionados na Tabela 17, e uma lista das espécies sugeridas para o reflorestamento. Depois de levantadas as informações para as quantidades por hectare dos insumos e seus respectivos preços, foi possível construir as matrizes de custos de recuperação por bioma, estado e município, segundo os melhores dados disponíveis. Por ausência de informações municipais, as bases de preços foram consolidadas a nível estadual, enquanto os custos foram gerados a nível municipal. 16 O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) tem um registro de empresas produtoras de mudas. O MAPA disponibiliza uma lista de todas as empresas registradas no Brasil, mas, só fornece o nome da empresa e um telefone de contato, por tanto não foi possível contatar as empresas adicionais. A lista de empresas registradas pelo MAPA está disponível No CD que acompanha este relatório. 140

141 Outro elemento que foi considerado dentro da estrutura de custos de recuperação ambiental é a declividade do terreno. Segundo as estimativas de Depra et al. (2009) para Santa Catarina, a declividade é um fator chave pois a quantidade de mudas a empregar nas áreas que tinham previamente vegetação herbácea é proporcional à declividade. Acolhendo essa proposta, foi feita uma estimativa de densidade alta (declividade maior que 25%) e baixa (declividade inferior a 25%) para os diferentes biomas do Brasil. Tabela 18: Número de mudas por hectare para diferentes tipos de declividade, por biomas no Brasil. Biomas Sistema Baixa densidade (declividade <25%) Alta densidades (declividade > 25%) Fonte: Elaboração própria. Amazônia Pampa, Mata Atlântica Pantanal, Caatinga, Cerrado A Tabela 18 mostra que as densidades de mudas por hectare podem variar de até em baixa densidade, e de até em alta densidade. As análises foram feitas com a densidade pela declividade média dos municípios brasileiros. Trata-se de uma aproximação necessária para a escala nacional do exercício proposto; para áreas menores, é preciso realizar ajustes nas densidades de plantio segundo as necessidades e características da área a recuperar Resultados Após a análise das informações secundárias sobre os custos de cercamento, foi possível estabelecer os seguintes custos de referência por hectare: Tabela 19: Custo de cercamento por quilômetro, R$ de Quantidade / Custo por Custo total Insumos Unidade Observações Km unidade (R$) (R$) Mourões/esticador 6 Unidade Cada 166 metros 52,12 312,70 Estacas/lascas 250 Unidade Cada 4 metros 13, ,78 Arame 4000 M 4 fios 0, ,17 Grampos 2 Kg 7,53 15,06 Subtotal 5.812,71 141

142 Mão de obra 14,75 Diárias Media Br. 42,45 626,14 Custo total médio 6.438,85 Fonte: Cálculo dos autores com base em informação secundária e dados IBGE para mão de obra. Os maiores custos do cercamento têm relação com o preço das estacas. Para este exercício foi empregado o menor preço das mesmas, sendo este relacionado com materiais provenientes de espécies florestais não nativas, como o eucalipto. O preço das espécies florestais nativas foi muito maior devido a sua escassez e altos preços pagos para outras atividades comerciais. O preço da mão de obra no Brasil foi calculado com base no valor do rendimento médio mensal de homens de 15 anos ou mais anos de idade, na área rural, a nível estadual, segundo os dados do IBGE. Esses dados mostram que existem diferenças importantes entre os preços médios pagos para o cercamento ao longo das diferentes regiões do Brasil, como consequência dos diferentes preços pagos aos principais insumos empregados. Tabela 20: Rendimento médio mensal, homens maiores de 15 anos, na zona rural, para Brasil e grandes regiões, Região (R$) Fonte: IBGE (2015) Brasil 849 Norte 717 Nordeste 535 Sudeste Sul Centro-Oeste A tabela 20 mostra que os maiores pagamentos para a mão de obra no setor rural, encontram-se na região Sul, e os mais baixos na região Nordeste. Em 2013, os valores pagos na região Sul foram 2,5 vezes maiores que aqueles pagos na região Nordeste, e 1,8 vezes maiores que na região Norte. Portanto, os custos de cercamento das áreas de interesse para recuperação florestal tiveram diferenças segundo os preços dos insumos empregados e o preço da mão de obra. As seguintes suposições foram necessárias para estimar os custos de cercamento. Primeiro, a área de cercamento foi calculada como uma parte da área total de interesse 142

143 para conservação. Para estimá-la, supôs-se que um hectare para conservação tem uma largura de 30 m e comprimento de 333 m, ou seja, são necessários 333 metros de cerca por hectare. Os valores de remuneração da mão de obra estaduais são válidos a nível municipal, e as quantidades de insumos empregadas são iguais em todo o território Brasileiro. Assim, é possível estimar custos de cercamento entre R$ e R$ por hectare. O valor médio foi de R$ 2.185, e a variabilidade dos dados foi baixa, pois no intervalor de preços R$ e R$ 2.284, é possível encontrar 90% de todos os valores municipais estimados para o Brasil 17. Adicionalmente, se considerados custos de transporte de insumos e os custos de administração, os valores oscilam entre R$ R$ 2.981, com média de R$ Analisando os valores médios, a incorporação de custos de transporte e administração incrementaram os custos de cercamento em 28,5%. O Mapa 7 ilustra os diferentes valores municipais de custos de cercamento sem incluir custos de transporte e administração. Os maiores custos estão nas regiões Sul, Centro Oeste e parte do Sudeste, enquanto os menores valores ocorrem no Nordeste e Norte. 17 O desvio padrão dos de custos de cercamento por hectare foi de R$99,3. 143

144 Mapa 7: Custos de cercamento por hectare (exclusive custos de transporte de insumos e de administração), R$ /ha, preços de 2013 Fonte: Elaboração própria. A variação do preço das mudas foi também considerado para quantificação dos custos das atividades de recuperação florestal. Uma primeira fonte de dados analisados foi o Instituto Brasileiro de Florestas (IBF, 2015). Aqueles dados foram classificados segundo o grupo ecológico entre espécies: clímax, pioneiras, secundárias iniciais e secundárias tardias. Também foi gerada uma classificação para espécies exóticas e nativas. A Tabela 21 apresenta os resultados das análises de preço para os diferentes tipos de mudas. Tabela 21: Preços de mudas, atacado, varejo e por classe sucessional. Nativa, Exótica Grupo Ecológico Média do preço varejo, R$ de 2013 Média do preço atacado, R$ de 2013 % de mix de mudas Preço ponderado, R$ de 2013 Exótica ND 75,88 3,55 15% 0,53 Nativa Clímax 9,96 3,39 25% 0,85 Pioneira 10,20 2,20 20% 0,44 144

145 Secundária Inicial 9,85 2,47 15% 0,37 Secundária Tardia 13,54 6,46 25% 1,62 Média 23,89 3,61 100% 3,81 Fonte: Elaboração própria com base em IBF (2015). O preço das mudas exóticas encontrado foi maior que o preço das nativas, o que não é um resultado trivial, pois usualmente as espécies exóticas têm custos de produção menores. Outro fator importante é a diferença entre os preços de venda no atacado e no varejo. Com a compra de mudas no atacado é possível ter reduções de custos entre 50% e 90%. Essas diferenças são muito importantes, pois a quantidade de mudas vai determinar a quantidade de insumos requeridos no processo de recuperação florestal. Outro ponto de destaque é o mix de mudas desejado, segundo a proporção de grupos ecológicos. No atacado, as espécies do tipo clímax e secundárias tardias têm um preço superior que às espécies pioneiras e secundárias iniciais. Caso seja estabelecido um mix de espécies segundo a proposta na Tabela 21, o custo médio total seria de R$ 3,8 por muda, que comparado com outros custos reportados na literatura pode considerar-se alto. As espécies exóticas foram consideradas na proposta de recuperação florestal pois essas espécies tem crescimento rápido e, portanto, ajudam a gerar condições para outras espécies, como as secundárias e as de clímax. Um segundo ponto tem relação com a possibilidade de geração de renda para os proprietários das terras, numa visão de uso sustentável dos recursos, tanto florestais como não florestais. Isso também pode acontecer com algumas espécies nativas, que podem gerar diferentes tipos de renda a partir de frutos, sementes, entre outros. Neste estudo, não foram avaliados estes benefícios. Outra estimativa de custos de mudas pode ser derivada de Silva et al. (2015), a partir de informações de viveiros produtores de mudas no Brasil (Tabela 22). Tabela 22: Custo das mudas, preços de atacado e varejo por região. Região Custo das mudas (Reais) Média % CV Número de Viveiros Média Varejo % CV Preço das mudas (R$ de 2013) Número de Viveiros Média Atacado % CV Número de Viveiros 145

146 Norte 1,57 109, ,34 55, ,23 65,92 16 Nordeste 1,47 67, ,75 80, ,49 77,84 17 Sudeste 1,21 74, ,62 72, ,80 73,41 65 Sul 1,64 161, ,42 178, ,20 121,75 25 Centro- Oeste 2,53 99, ,40 85, ,92 91,95 23 Total 1,55 114, ,37 160, ,33 96, Fonte: Silva et al. (2015) Os dados de Silva et al. (2015) mostram uma diferença entre as compras no atacado e no varejo. As compras no atacado tiveram, novamente, uma redução significativa dos custos para os processos de recuperação. A diferença entre as regiões é significativa, com custos maiores nas regiões Sul e Centro-Oeste, e menores no Sudeste. Isso indica a importância de economias de escala: a região com maior concentração de viveiros mostra o menor preço por muda. Silva et al. (2015) mostram que as margens de lucro na produção de mudas foram, na média, de 118% nas vendas no atacado e de 17% nas vendas no varejo. Isso pode mostrar o potencial da promoção da produção de mudas para redução de custos, caso sejam produzidas nos próprios projetos de reflorestamento ou para reduzir os preços de venda pela maior oferta. A quantidade de viveiros nos diferentes municípios do Brasil (Mapa 8) contribui para explicar a diferença de custos de recuperação florestal. Segundo o estudo de Silva et al. (2015), existe uma concentração de viveiros no bioma Mata Atlântica (125 no total), enquanto outros biomas como Caatinga (18 viveiros) e Pampa (11) tiveram valores muito baixos ou inexistentes como foi o caso do bioma Pantanal. Em áreas com poucos viveiros como Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás, os custos de recuperação florestal (com preço alto das mudas, incluindo mão de obra, e para 3 anos) eram muito maiores, por conta da reduzida oferta de mudas. 146

147 Mapa 8: Localização dos viveiros da pesquisa realizada pelo IPEA. Fonte: Silva et al (2015). A partir da estrutura de custos apresentada nos diferentes estudos, foi possível identificar custos médios de recuperação segundo os diferentes biomas (Tabela 23). Tabela 23: Quantidades de insumos por hectare, empregadas na recuperação, para diferentes biomas brasileiros. Quantidades de insumos usado na recuperação Biomas Fase Etapas dos serviços Produto Amazônia Mata Atlântica Pampa Pantanal Caatinga Cerrado Por ha Por ha Por ha Por ha Por ha Por ha Motorrocadeira costal (Hh) 20,000 20,000 20,000 20,000 20,000 20,000 Limpeza Glifosato (l) 2,750 3,500 3,500 3,125 3,125 3,125 Mão-de-obra glifosato (Hh) 12,000 12,000 12,000 12,000 12,000 12,000 Combate à formigas Mão-de-obra (Hh) 3,453 11,996 11,996 11,107 11,107 11,107 Formicida (Kg) 0,839 2,916 2,916 2,700 2,700 2,700 Capina /rocada manual Mão-de-obra (Hh) 40,000 53,333 53,333 46,667 46,667 46,667 Coveamento Mão-de-obra (Hh) 66,165 74,911 74,911 62,776 62,776 62,776 Mão-de-obra (Hh) 11,579 17,592 17,592 14,086 14,086 14,086 Fertilizante (Kg) 175, , ,833 90,706 90,706 90,706 Implantação Esterco (Kg) 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 Adubação Base Fosfato de rocha (kg) 56, , , , , ,698 Micronutrientes (Kg) 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 Cal (Kg) 144, , , , , ,400 Mão de obra calagem (Hh) 8,271 9,800 9,800 7,847 7,847 7,847 Plantio Mão de obra (Hh) 40,869 59,405 59,405 47,566 47,566 47,566 Mudas 1406, , , , , ,000 Replantio Mão de obra (Hh) 1,659 2,454 2,454 1,969 1,969 1,

148 Adubação de cobertura Mudas 141, , , , , ,000 Mão de obra (Hh) 6,752 8,000 8,000 6,406 6,406 6,406 kg 70,300 83,300 83,300 66,700 66,700 66,700 Manutenção 2 ano Manutenção 3 ano Total Coroamento Mão de obra (Hh) 41,353 74,480 74,480 59,638 59,638 59,638 Mão de obra (Hh) 13,498 15,994 15,994 12,806 12,806 12,806 Combate à formigas Formicida (kg) 2,812 3,332 3,332 2,668 2,668 2,668 Coroamento Mão de obra (Hh) 41,353 74,480 74,480 59,638 59,638 59,638 Coroamento Mão de obra (Hh) 41,353 74,480 74,480 59,638 59,638 59,638 Coroamento Mão de obra (Hh) 41,353 74,480 74,480 59,638 59,638 59,638 Mão de obra para 1 ano (Hh) 210, , , , , ,425 Mão de obra para 3 anos (Hh) 389, , , , , ,782 Total mudas 1547, , , , , ,000 Fonte: Elaboração própria Um dos fatores que tem influência na quantidade de mudas a empregar é a declividade. Para áreas com mais de 45, ou com um percentual maior que 25%, foi selecionada uma densidade alta de árvores, entre 2200 e 2500 mudas por hectare dependendo do bioma. Para densidades baixas, foram encontrados valores que vão desde 1300 até 1600 mudas por hectare. Essa diferença entre biomas resulta em diferentes cenários de custos de recuperação florestal para densidades altas e baixas de mudas por hectare. Nos arquivos em Excel encaminhados em anexo (SISGEMA) é possível mudar a densidade de mudas, para diferentes cenários de recuperação florestal. Os preços dos insumos empregados na recuperação (fertilizantes, formicidas, etc.) foram obtidos dados da CONAB (2015), e ajustados para preços de 2013, empregado o deflator implícito do PIB do IBGE (Tabela 24). Tabela 24: Preços de diferentes insumos para recuperação (R$ 2013). Estado Sigla Glifosato (R$/l) Formicida (Sulfuramida) (R$/kg) Fertilizante (R$/kg) Triple fosfato (R$/kg) Cal dolomita (R$/ha) Acre AC 20,82 9,05 1,13 0,68 0,07 Alagoas AL 33,23 9,05 1,25 1,31 0,24 Amazonas AM 20,82 9,05 2,15 0,68 0,32 Amapá AP 18,11 9,05 2,15 0,68 0,32 Bahia BA 33,23 9,05 1,13 0,68 0,07 Ceara CE 33,23 9,05 1,25 1,31 0,36 Distrito Federal DF 18,11 10,41 1,18 1,02 0,08 Espirito Santo ES 22,64 11,27 1,18 1,02 0,08 Goiás GO 11,77 10,41 1,21 0,82 0,09 Maranhão MA 18,11 9,05 1,25 0,71 0,09 Minas Gerais MG 13,43 10,41 1,05 0,79 0,09 148

149 Mato Grosso do MS 11,77 9,05 1,31 1,11 0,13 Sul Mato Grosso MT 15,25 9,05 1,28 1,11 0,08 Para PA 18,11 9,05 1,21 0,82 0,09 Paraíba PB 33,23 9,05 1,25 0,71 0,09 Pernambuco PE 33,23 9,05 1,25 0,71 0,09 Piauí PI 33,23 9,05 1,25 1,31 0,24 Paraná PR 11,27 9,05 1,21 0,82 0,09 Rio de Janeiro RJ 12,40 10,41 1,18 1,02 0,08 Rio Grande do RN 33,23 9,05 1,25 0,71 0,09 Norte Rondônia RO 20,82 9,05 2,15 0,68 0,32 Roraima RR 20,82 9,05 2,15 0,68 0,32 Rio Grande do RS 13,67 10,41 1,23 1,33 0,11 Sul Santa Catarina SC 14,32 10,41 1,23 1,33 0,11 Sergipe SE 33,23 9,05 1,25 1,31 0,24 São Paulo SP 12,40 10,41 1,18 1,02 0,08 Tocantins TO 18,11 10,41 1,21 0,82 0,09 Fonte: Elaboração própria com base em CONAB (2015). A variação dos preços dos insumos para recuperação florestal a nível estadual também foi considerável. No caso do calcário dolomítico, os preços por quilo mostraram diferenças de 448%, e no caso dos herbicidas (glifosato) a diferença foi de até 195%. Essas diferenças estiveram relacionadas com a distância para as áreas de produção, quantidades ofertadas, taxa de câmbio, sazonalidade da produção e da demanda, entre outros. Um fator que pode incrementar os custos de recuperação florestal são os pagamentos para a mão de obra. Para as análises feitas, foram considerados dois cenários: no primeiro, só considerando os custos de estabelecimento, incluindo custos de insumos e pagamento de mão de obra (custos para um ano); no segundo, são considerados tanto os custos de estabelecimento como custos por duas manutenções (custos para três anos), principalmente o coroamento e o combate à formiga. Os custos de mão de obra têm um incremento importante quando consideradas as atividades de manutenção das áreas em recuperação. Os cenários gerados para os diferentes custos de recuperação foram: a) alta e baixa densidade de mudas, com variações entre biomas; b) preço de varejo das mudas, tomado de Silva et al. (2015), que têm variações por região, e outro com um preço hipotético mais baixo para todos os municípios, supondo um custo por muda de R$ 0,8; 149

150 c) com custos totais incluindo ou não o pagamento de mão de obra, supondo que aquele item é coberto pelo proprietário das áreas identificadas para recuperação. A justificativa para o cenário que não inclui custos de mão de obra supõe que, quando o processo de recuperação florestal é negociado junto ao proprietário rural, é possível oferecer uma parceria na qual o proprietário recebe os insumos e, em troca, fornece a mão de obra. Além de gear uma redução dos custos de cercamento e recuperação florestal, isso geraria um maior comprometimento do proprietário na permanência das atividades ao longo prazo. No Mapa 9 é possível observar que os custos de recuperação variam entre R$ e R$ reais por hectare, com média de R$ 7.770/ha. Os municípios de custos maiores estão localizados no Centro-Oeste, Sul e parte de São Paulo. Os maiores custos nesses estados tiveram relação com os custos da mão de obra e, principalmente, o custo das mudas. Por sua vez, as áreas com menor custo estão no Norte, Nordeste e parte de Minas Gerais. Mapa 9: Custos de recuperação por hectare, manutenção para 3 anos, com densidades baixas de mudas e preço normal. 150

151 Fonte: Elaboração própria. Uma redução nos preços das mudas altera a distribuição espacial dos custos de recuperação recuperação (Mapa 10). Os custos por hectare mudam para um mínimo perto de R$ 2.969,00 um máximo de R$ 8.151,00 e uma média de R$ 5.820,00. Os municípios do Nordeste baixam os seus custos, e são as áreas com menor custo de recuperação recuperação por hectare. Os municípios do Centro-Oeste têm uma redução de custos, mas ainda permanecem na média dos custos para o Brasil todo. Os municípios da região Sul e parte de São Paulo continuam apresentando os maiores valores de custos de recuperação. Mapa 10: Custos de recuperação por hectare, manutenção para 3 anos, com densidades baixas de mudas e preço baixo (sem custos de transporte e administração), em R$ de Fonte: Elaboração própria O Mapa 11 apresenta os resultados quando a mão de obra é provida pelo proprietário das áreas para recuperação (custo não incluído no custo total de 151

152 recuperação). Nesse caso, o custo mais alto é no Centro-Oeste, e caem bastante os custos nas regiões Sul e Sudeste. Mapa 11: Custos de recuperação por hectare, manutenção para 3 anos, com densidades baixas de mudas, preço normal e mão de obra zero (sem custos de transporte e administração), em R$ de Fonte: Elaboração própria. O Mapa 12 apresenta estimativas de custos com preços baixos para mudas e excluindo custos de mão de obra. Percebe-se uma redução significativa dos custos de recuperação, mas as regiões Sul e Sudeste ainda apresentam os custos mais altos no país. Nesse cenário, que apresenta os custos mais baixos entre todas as possíveis variações, os custos oscilam entre R$ e R$ por hectare, e uma média de R$ Mapa 12: Custos de recuperação por hectare, para 3 anos, com densidades baixas de mudas, preço baixo e mão de obra zero (sem custos de transporte e administração), em R$ de

153 Fonte: Elaboração própria. Cabe mais uma vez a ressalva que os valores apresentados neste relatório devem ser vistos como uma primeira aproximação dos valores efetivos. A revisão de literatura mostrou que a construção da cerca depende também das diferentes atividades produtivas que aquela área tem perto. Por exemplo, em áreas onde têm cria de animais menores, a quantidade de fios precisa ser maior, para ter efetividade no controle da entrada dos animais. A disponibilidade de diferentes tipos de postes também gera mudanças nos custos, pois existem postes mais baratos, mas menos duráveis que outros mais caros, segundo o tipo de madeira empregada. 153

154 custos R$/ha IEI Figura 9: Curva de oferta de conservação para custos de cercamento e recuperação, manutenção para 3 anos, com e sem custos de transporte e administração, em R$ de Área em ha CC+CR CC+CR+CT+CA Fonte: Cálculos próprios. A Figura 9 mostra que os custos médios de cercamento e recuperação florestal foram de R$ por hectare, desconsiderando os custos de transporte e administração. Quando considerados estes últimos, a média foi de R$ por hectare. Os valores máximos mudaram de R$ para R$ quando considerados os custos de transporte de insumos e administração. Nas análises feitas as mudanças do custo de mão de obra (inclusão e exclusão) e custo das mudas (preços baixos e preços de mercado) resultaram em alterações nos custos de cercamento e recuperação por hectare, bem como na sua distribuição espacial nos municípios brasileiros. Os estudos correlatos não incluem custos de transporte, de insumos ou custos de administração. A inclusão desses custos pode acarretar em incrementos de até 20% nos custos totais. Também, os custos variaram segundo as mudanças nos período de duração do projeto, podendo incluir apenas custos de estabelecimento (custos para um ano) ou considerar os custos de manutenção (até 3 anos). 154

155 Simulação de necessidade de recuperação florestal Um exercício foi efetuado para estimar os custos de recuperação florestal do passivo ambiental brasileiro, segundo os dados de Soares-Filho et al. (2014) e dados disponíveis no servidor de mapas do Centro de Sensoriamento Remoto da UFMG, sobre déficit do Código Florestal por município. 18 Soares-Filho et al. (2014) estimam as áreas que precisariam ser recuperadas com as regras do Código Florestal (CF), incorporadas as mudanças feitas em 2012, para atingir os requerimentos da Reserva Legal (RL) e das Áreas de Preservação Permanente (APP), onde são inclusas as áreas de vegetação riparia e os topos de morro. Segundo estes cálculos, o Brasil precisa aproximadamente de 21 milhões de hectares em recuperação florestal para atingir as novas regras do CF estabelecidas em Para este trabalho foi empregada apenas a área estimada para cumprir com as regras da RL, equivalente a 18,8 milhões de hectares (Mapa 13). Mapa 13: Passivo ambiental após a revisão do Novo Código Florestal Fonte: Elaboração própria a partir de Soares-Filho et al (2013) 18 Centro de Sensoriamento Remoto. Disponível em: 155

156 O Mapa 13 mostra que o maior passivo ambiental encontra-se nos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná e Pará, em função do maior desmatamento nestas regiões. Deve-se destacar que as áreas em cinza são classificadas como áreas protegidas e, por conseguinte, não são foram consideradas como áreas a serem restauradas (mesmo que eventualmente a área não seja integralmente coberta por remanescentes). Entretanto, deve-se destacar, conforme argumentam Soares-Filho et al. (2014), que algumas diferenças em relação à nova legislação florestal mudaram significativamente o cumprimento das regras, com destaque para o art. nº 67, no qual se estabelece que, para propriedades de tamanho até quatro módulos fiscais, a Reserva Legal será constituída com a área ocupada com a vegetação nativa existente em 22 de julho de 2008 (Brasil, 2012). O estudo de Soares-Filho et al (2014) apresenta valores próximos ao de outros estudos como Sparovek et al (2010), que estima o déficit ambiental para o atendimento ao Código Florestal no que tange à reserva legal. A Tabela 25 apresenta uma comparação entre os dois estudos, com valores próximos a 20 Mha (milhões de hectares) de déficit ambiental no país. (2010) Tabela 25: Comparação das estimativas de Soares-Filho et al (2014) e Sparovek et al (2010) de déficit ambiental (em hectares) para o atendimento ao Código Florestal brasileiro Soares-Filho et al (2013) Sparovek et al (2010) ha déficit. CF ha déficit. CF Diferença Amazônia % Caatinga % Cerrado % Mata Atlântica % Pampa % Pantanal Fonte: Elaboração própria a partir de Soares-Filho et al (2014) e Sparovak et al O conceito do que seja recuperação florestal com espécies nativas é bastante polêmico, indo desde a visão de que basta o cercamento da área e interromper ações antrópicas, como queimadas, para que a natureza dê conta do recado, até posições 156

157 muito mais exigentes, nas quais é necessário recuperar a estrutura do solo e reintroduzir as espécies originais que foram extintas da paisagem. É claro que a primeira visão de recuperação implica custos muito menores do que a segunda, e por isso o equacionamento do custo total necessário para a plena recuperação florestal depende de qual visão for adotada. Assumindo a visão mais simplificadora de que basta o isolamento das áreas a serem recuperadas, e com base na projeção de déficit de Soares-Filho et al (2014) para identificar a área de recuperação florestal, foram estimados os custos de cercamento, incluindo ou excluindo os custos de transporte de insumos (CT) e os custos de administração (CA). A Figura 10 ordena, de forma crescente, as estimativas de custo, por município, para atender a meta de recuperação florestal. Figura 10: Custos acumulados de cercamento e área acumulada a reflorestar por ordem de custos de oportunidade médios por hectare (Cenário com preços de mudas normais, baixa densidade de mudas e pagamento de mão de obra), em R$ Milhões de Fonte: Elaboração própria A Figura 10 mostra que, para atingir 25% da área estimada para recuperação florestal (aproximadamente 4,7 /milhões de hectares), ordenadas a partir das áreas de custo de oportunidade e recuperação mais baixas, seria necessário cerca de R$

158 bilhões, desconsiderados os custos de transporte e administrativos. Para atingir a meta total de reflorestar todos os 18,8 milhões de hectares de déficit ambiental, seriam necessários R$ 41,4 bilhões, equivalente à média de R$ por hectare. Quando considerados os custos de transporte (calculados como 15% do valor dos custos dos insumos), e os custos administrativos (10% adicional do valor total), o custo de recuperação dos 25% de área mais barato seria de R$ 12.9 bilhões, com um custo médio de R$ por hectare. A inclusão de custos de administração e de transporte incrementariam os custos em 28%, com relação aos custos iniciais. Por outro lado, quando se inclui o custo de reintrodução de mudas nativas, além do cercamento, o custo da recuperação florestal sobe significativamente. A Figura 11 mostra que, nesse caso, a quantidade de investimento necessária para atingir 25% das áreas totais a reflorestar (aproximadamente 5,1 milhões de hectares) sobe para R$ 45 bilhões de reais, mesmo se os custos de transporte de insumos e de administração sejam desconsiderados. Quando os custos de transporte, de insumos e administração são incluídos, o custo total para recuperar 25% da área total é ainda maior, atingindo R$ 55,7 milhões. 158

159 Figura 11: Custos acumulados de cercamento e área acumulada a reflorestar por ordem de custos de oportunidade médios por hectare (Cenário com preços de mudas normais, baixa densidade de mudas e pagamento de mão de obra com e sem custos de transporte e administração), em R$ Milhões de Fonte: Elaboração própria. A tabela 26 mostra que os biomas com maior área para recuperar são Amazônia, Mata Atlântica e Cerrada. Para atingir 100% dos requerimentos de déficit de Reserva Legal, seriam precisos R$ 165 bilhões para cobrir os custos do primeiro ano de recuperação e de cercamento, e R$ 196 bilhões para cobrir os custos de cercamento e três anos de recuperação, incluindo manutenção das áreas. Na média para o Brasil inteiro, os custos por hectare são de R$ para um ano, e de R$ /hectare para três anos. Os custos de recuperação por hectares mais baixos estão na Caatinga (R$ 6.909/ha para um ano, R$ 7.793/ha para três anos). Tabela 26: Custos totais de recuperação florestal por bioma. (cenário com preços de mudas normais, baixa densidade de mudas, pagamento de mão de obra, sem custos de transporte de insumos, sem custos de administração), preços de Bioma Áreas a recuperar (ha) Custo Total de recuperação e Cercamento - 1 ano Custo Total de Recuperação e Cercamento - 3 anos 159

160 Pantanal R$ ,63 R$ ,89 Pampa R$ ,09 R$ ,64 Caatinga R$ ,87 R$ ,33 Mata Atlântica R$ ,89 R$ ,00 Cerrado R$ ,14 R$ ,14 Amazônia R$ ,98 R$ ,57 Brasil R$ ,60 R$ ,56 Fonte: Elaboração própria A tabela 27 mostra os custos de cercamento e recuperação por Unidade da Federação (UF), para um ano e três anos. As UFs com maior área de déficit florestal são Mato Grosso, São Paulo e Mato Grosso do Sul, e os de menor déficit são Amapá, Distrito Federal e Roraima. Os estados que tiveram custos mais baixos por hectare para um ano são Acre (R$ 6.726), Tocantins (R$ 6.747), Ceará (R$ 6.798) e Pará (R$ 6.847). Em contraste, há estados com alto déficit florestal e altos custos por hectare, como por exemplo, São Paulo (R$ 8.593/ha para um ano), Rio de Janeiro (R$ 7.833/ha para um ano) e Espirito Santo (R$ 7.904/ha para um ano). Tabela 27: Custos totais de recuperação florestal por unidade federal (cenário com preços de mudas normais, baixa densidade de mudas, pagamento de mão de obra, sem custos de transporte de insumos, sem custos de administração), preços de Custos Totais de Recuperação Florestal por UF UF Áreas a recuperar (ha) Custo Total de recuperação e Cercamento - 1 ano Custo Total de recuperação e Cercamento - 3 anos AP R$ ,98 R$ ,99 DF R$ ,78 R$ ,01 RR R$ ,06 R$ ,92 PI R$ ,45 R$ ,62 PB R$ ,67 R$ ,25 RN R$ ,25 R$ ,64 SE R$ ,23 R$ ,02 AC R$ ,98 R$ ,33 CE R$ ,41 R$ ,35 PE R$ ,83 R$ ,73 AL R$ ,85 R$ ,31 SC R$ ,67 R$ ,62 RJ R$ ,64 R$ ,77 AM R$ ,59 R$ ,48 ES R$ ,66 R$ ,69 160

161 RO R$ ,74 R$ ,18 RS R$ ,80 R$ ,38 TO R$ ,69 R$ ,78 GO R$ ,89 R$ ,17 BA R$ ,77 R$ ,50 MA R$ ,14 R$ ,49 MG R$ ,56 R$ ,15 PA R$ ,46 R$ ,59 PR R$ ,67 R$ ,17 MS R$ ,02 R$ ,96 SP R$ ,45 R$ ,64 MT R$ ,36 R$ ,82 Brasil R$ ,60 R$ ,56 Fonte: Elaboração própria Por fim, deve-se comparar as estimativas elaboradas pelo presente relatório com outros estudos elaborados para estimar custos de recuperação florestal no Brasil. A Tabela 28 mostra uma comparação dos custos do presente estudo (GEMA) em relação a outros estudos prévios sobre o tema: os valores médio, máximo e mínimo dos resultados aqui apresentados (GEMA) estão próximos aos dos demais estudos. Os maiores custos de recuperação foram estimados para a Bahia (Cunha et al., 2011) e Cerrado (Correa e Ferreira, 2007), empregando espécies gramíneas e lenhosas na recuperação de áreas mineradas. Os menores custos foram estimados para o Cerrado (Correa & Ferreira, 2007) e para Mata Atlântica (Nave, Rodriguez & Brancaloni, 2012), empregando espécies frutíferas e madeireiras. Tabela 28: Comparação custos de recuperação (sem inclusão de custos de transporte de insumos ou custos de administração) para diferentes estados do Brasil e cálculos de este estudo (reais de 2013) 19. Fonte Projeto Implantação (R$/ha) Manutenção (R$/ha/ano) MÉDIA R$ 7.359,03 R$ 2.122,63 Estudos alternativos Máximo R$ ,54 R$ 6.920,63 Mínimo R$ 706,85 R$ 346,03 GEMA MÉDIA R$ 5.135,89 19 Para calcular os valores médios e extremos dos cenários gerados no GEMA, foi empregado o valor máximo dos máximos municipais, o valor médio das medias municipais e o valor mínimo dos mínimos municipais, para identificar o rango da totalidade das projeções. 161

162 Cunha et al. (2011) Nave, Rodrigues e Brancalion (2012) Máximo R$ ,93 Mínimo R$ 1.919,52 Banco de Carbono (Brasil) R$ 8.074,07 R$ 1.153,44 Mapa dos Sonhos do Pontal do Paranapanema (SP) R$ 5.767,19 R$ 2.076,19 Plantando Água (SP) R$ 5.767,19 R$ 2.076,19 Neutralização de Emissões de Carbono (SP, MG) R$ 9.227,51 R$ 2.479,89 Com Café (CE) SAF R$ 4.729,10 R$ 346,03 EcoCitrus (RS) SAF R$ 2.508,73 Carbono, Biodiversidade e Comunidade (Monte Pascoal, BA) R$ ,58 R$ 6.920,63 Projeto FlorestaViva (BA) R$ ,26 Brasil MataViva (GO) R$ 1.203,04 Carbono, Biodiversidade e Renda (Pontal do Paranapanema, SP) R$ 5.767,19 R$ 2.076,19 Reflorestamento das Bordas dos Reservatórios da AES Tietê (SP) R$ ,82 Programa Desmatamento Evitado R$ 576,72 Recomposição da Paisagem e SAFs (Café com Floresta - SP) R$ 1.061,16 Média Geral R$ 5.478,83 R$ 1.561,76 Fazenda Santa Maria (Espécies Madeireiras + Frutíferas) R$ 741,41 Fazenda São Luiz (Espécies Madeireiras) R$ 773,44 Adequação Ambiental e Agrícola de Propriedades Rurais Paragominas, Município Verde R$ 786,47 R$ 1.310,79 Júnior et al. (2008) produção castanha-do-pará x paricá x taxi-branco R$ 3.918,93 preço mínimo R$ 706,85 Corrêa e Ferreira (2007). preço máximo R$ ,54 Plaster et al. (2008) Fazenda Maringá, MT R$ 3.077,81 Rodrigues, Brancalion e Isernhagen (2009) R$ ,23 R$ 2.771,08 Schindler e Saporta (2010) dados da AES Tietê R$ ,78 recuperação completa - preço mínimo R$ ,44 recuperação completa - preço máximo R$ ,65 Noffs, Galli e Gonçalves solo ocupado por atividades agropecuárias - mín R$ 5.952,05 (2000) solo ocupado por atividades agropecuárias - máx R$ 8.533,46 Moraes et al (2013) Plantio de espécies nativas RJ R$ 2.130,00 R$ 3.830,00 Fonte: Elaboração própria É importante ter em conta que esses estudos foram realizados para áreas especificas do Brasil, e isso explica a sua variabilidade de valores para custos de recuperação e manutenção. Outro fator de variabilidade dos custos tem relação com a complexidade das atividades realizadas. Quando propostas atividade simples de adequação, é possível ter custos baixos (como proposto por Nave, Rodriguez & Brancolini, 2012), mas quando as propostas procuram ter uma recuperação total das 162

163 áreas (como proposto por Noffs, Gali & Gonçalves, 2000), os custos podem ser muito maiores Considerações sobre Custo de recuperação florestal Os mapas e gráficos anteriores mostram que os custos das mudas tem um peso importante nos custos de recuperação. Logo, é importante identificar mecanismos para poder reduzir custos nos processos de aquisição ou incentivar processos de geração de mudas pelos próprios projetos ou ainda incrementar o número de empresas produtoras de mudas em áreas de interesse para recuperação. Já os custos de mão de obra têm uma influência importante nos custos totais, quando consideradas as atividades de manutenção. Por isso, é essencial estabelecer esquemas para compartilhar tais custos com os proprietários de áreas identificadas como prioritárias para os processos de recuperação. Quando considerados em conjunto, os custos de cercamento e os custos de recuperação mostram a necessidade de investimentos altos. Sendo assim, faz-se necessária a identificação de estratégias para reduzir aqueles custos e atingir uma maior quantidade de área para recuperação. Por fim, fica evidente que um PSA de recuperação florestal deve também incluir os custos de oportunidade da terra, discutidos na seção anterior deste capítulo. Isto significa que o custo de recuperar florestas, depois de destruídas, é muito mais alto do que os destinados a evitar o desmatamento. Como diz o ditado, prevenir é melhor que remediar Integração de custo de oportunidade e custos de recuperação florestal Nesta subseção será apresentado o resultado consolidado dos custos de oportunidade e de recuperação florestal. Os valores para o custo de oportunidade remetem a média dos três modelos apresentados nas subseções 2.1, 2.2 e 2.3 do presente relatório. Já para os custos de reflorestamento, estes compreendem a soma do custo de cercamento e recuperação, com uma estrutura de gastos distribuída em três anos (um ano de implementação do projeto e dois anos de manutenção). Em termos contábeis, os resultados apresentados nessa seção revelam o custo de produção de bens e serviços ecossistêmicos em localidades onde não existe tendência de desmatamento em virtude da escassez de remanescentes florestais. Ao comparar os 163

164 resultados desta seção com os valores dos benefícios gerados, a ser apresentado no capítulo 3, pode-se decidir qual estratégia para o uso da terra é preferível do ponto da geração de valor (e do bem-estar coletivo). Se os custos de se recuperar a floresta, adicionados do custo de oportunidade da terra, forem inferiores ao valor dos benefícios ecossistêmicos em uma dada localidade, então a decisão mais adequada seria a recuperação dessa área e o seu posterior emprego em atividades de conservação. O Mapa 14 sintetiza os resultados integrados dos custos de oportunidade e recuperação florestal, revelando um caráter significativamente assimétrico para as possibilidades de conservação no país. As diferenças inter-regionais de valores foram expressivas, de modo que as zonas mais baratas para a conservação, isto é, semiárido nordestino e frações do território Amazônico (borda amazônica do Maranhão, noroeste do Pará e Acre), apresentaram um custo total cerca de 4,5 vezes menor do que aquele observado nas regiões Sul e Sudeste. Mapa 14: Custos de oportunidade por hectare somados com custos de cercamento e recuperação florestal por hectare. ($R de 2013). Fonte: Elaboração própria 164

165 custos R$/ha IEI A Figura 12 mostra as curvas acumuladas para cada uma de essas variáveis e uma curva conjunta que é a somatória das duas anteriores, considerando todos os custos: custos de cercamento (CC) custos de recuperação florestal (CR), custos de oportunidade (COP), custos de transporte de insumos (CT) e custos de administração. Se desconsiderados os custos de transporte e de administração, a média foi R$ por hectare. Quando considerados estes custos, a média foi de R$ Para atingir 10 milhões de hectares foi calculado um custo máximo de R$ 7260 por hectare, desconsiderando custos de transporte e administração, e de R$ 8.620, quando considerados estes custos. Figura 12: Curva de oferta de conservação para custos de cercamento, custos de recuperação para 3 anos e custos de oportunidade com e sem custos de transporte e administração Área em ha CC+CR+COP CC+CR+CT+CA+CO Fonte: Elaboração própria A integração dos custos de oportunidade e de recuperação amplia as possibilidades de uma política de pagamentos por serviços ambientais, na medida em que auxilia o processo de adequação ao Código Florestal. Os resultados aqui apresentados fornecem uma primeira aproximação dos custos de se eliminar os déficits de reserva legal nos municípios brasileiros. 165

166 Reais acumulados IEI A Figura 13 mostra que o custo total de se reduzir 25% do déficit de reserva legal (4,7 milhões de hectares) é da ordem de R$ 36,8 bilhões. Com cerca de R$ 71,9 bilhões seria possível reduzir este déficit pela metade (equivalente a 9,3 milhões de hectares). Nota-se ainda que a estratégia mais barata para garantir a manutenção dos serviços ambientais é a conservação das áreas de floresta e matas nativas. Evitar a conversão de novas áreas significaria uma economia de bilhões de reais a serem gastos com a recuperação florestal. Figura 13: Custos de oportunidade e custos de cercamento com recuperação acumulados, em R$ de 2013 $ $ $ $ $ $ $ $ $ hectares acumuladas Custo de oportunidade Custo cerca+rec 3 anos Custo de oportunidade + cerca+rec 3 anos Fonte: Elaboração própria Por fim, o Mapa 15 revela os custos totais acumulados por município para cumprir com os percentuais mínimos de Reserva Legal segundo o novo Código Florestal. Com R$ 20 bilhões, seria possível reduzir o déficit em um total de 2,8 bilhões de hectares. Essas áreas encontram-se localizadas em municípios pertencentes aos estados Amazonas, Roraima, Acre, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco e Bahia. Para valores entre R$ 80 bilhões e R$ 100 bilhões, foi possível incluir municípios nos estados Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais e Rio de Janeiro, reduzindo o déficit de reserva legal em 10,3 bilhões de hectares e 12,4 milhões de hectares, respectivamente. 166

167 Mapa 15: Custos totais (cercamento, recuperação florestal e custos de oportunidade) acumulados por município, para atingir o déficit de Reserva Legal. Em milhões de reais de Fonte: Elaboração própria 167

168 APÊNDICE B: BENEFÍCIOS AMBIENTAIS Neste apêndice são apresentados a metodologia e os resultados do modelo de cálculo dos benefícios ambientais da conservação florestal que poderia ser resultante de um PSA nacional. Os seguintes benefícios são considerados: a) Emissões evitadas e captura de gases de efeito estufa (GEE): i. Emissões de carbono evitadas por ações de conservação florestal que resultem em prevenção do desmatamento; ii. Emissões de metano evitadas pela intensificação da pecuária; iii. Captura de CO 2 pela incorporação de nova biomassa em áreas degradadas anteriormente por atividades produtivas através da recuperação florestal em áreas de déficit ambiental. b) Erosão do solo evitada pela conservação florestal e pela recuperação florestal. c) Áreas prioritárias para a conservação da biodiversidade Nas seções subsequentes são apresentadas tanto as metodologias de cada componente, como também seus respectivos resultados. Entende-se que existem limitações metodológicas importantes, tanto pela falta de informações e metodologias específicas de estimação dos benefícios da conservação de serviços ambientais quanto pela escala nacional do exercício. Portanto, os resultados apresentados devem ser vistos como uma primeira aproximação, e estudos posteriores devem ser feitos para detalhar e, possivelmente, corrigir os procedimentos aqui adotados. Contudo, é importante frisar que, mesmo diante dessas limitações, trata-se de um grande avanço na estimativa dos benefícios da conservação de serviços ecossistêmicos associados à proteção ou recuperação de florestas induzidas por um sistema de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA), fornecendo relevantes subsídios para a formulação de políticas de conservação florestal. Além disso, a importância da conservação dos serviços ambientais vai além dos elementos vistos acima. O Brasil possui a maior extensão de florestas tropicais do mundo, sendo importante na manutenção do equilíbrio ambiental em escalas regional e global, não só devido às emissões de gases de efeito estufa, proteção do solo e biodiversidade, mas também ao controle de chuvas, polinização, provisão de alimentos, dentre outros serviços ambientais (MEA, 2005). Todos esses serviços também deveriam ser considerados junto com as estimativas apresentadas neste relatório, mas infelizmente 168

169 não existem ainda ferramentas capazes de fazer avaliações na escala pretendida neste estudo. 2.1 Conservação de carbono florestal e captura de gases de efeito estufa de gases de efeito estufa (GEE) O Brasil reduziu significativamente a sua emissão total de GEE entre 1990 e 2010, principalmente pela redução de emissões causadas por desmatamento (Tabela 29). Tabela 29: Emissões de gases de efeito estufa no Brasil por setores, Setores Variação Gg CO 2 eq Energia ,5% 21,4% Processos Industriais ,6% 5,3% Agropecuária ,8% 5,2% Florestas ,1% -76,1% Resíduos ,9% 16,4% TOTAL ,3% -38,7% Fonte: MCTI SEPED CGMC (2013) Contudo, na década de 2010, ocorreu uma relativa estagnação dos níveis de desmatamento (Figura 11), que permanecem ainda em patamar relativamente alto. Isso indica que ainda há muito que fazer em termos de controle do desmatamento, especialmente considerando a meta assumida pelo Governo Federal de diminuir as emissões de gases de efeito estufa em 37% até 2025 e em 43% até 2030, tendo 2005 como ano-base, conforme anunciado pela presidente Dilma Rousseff na Cúpula das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, em setembro de 2015 (Agência Brasil, 2015). 169

170 Milhões de tco2eq (GWP) IEI Figura 13: Emissões totais de GEE por mudança no uso da terra, Brasil, , Milhões de tco 2 eq Alterações de Uso do Solo Calagem Queima de residuos Fonte: SEEG, Existe forte concentração das emissões por mudanças de uso da terra (desmatamento) em apenas dois biomas: Amazônia, onde ocorreram 50% do total desse tipo emissões em 2010, e Cerrado, com 39% do total (Tabela 30). Tabela 30: Emissões de GEE pelas Mudanças de uso da terra e florestas em Brasil Gg CO 2 eq. SETOR Variação Gg CO 2 eq Mudança do Uso da Terra e Florestas ,1% -76,1% Mudança do Uso da Terra ,3% -76,8% Bioma Amazônia ,7% -83,2% Bioma Cerrado ,6% -60,8% Bioma Mata Atlântica ,7% -276,9% Bioma Caatinga ,1% -53,0% Bioma Pantanal ,0% -79,6% Bioma Pampa ,7% Calagem ,5% 39,5% Fonte: MCTI; Secretaria de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento SEPED; Coordenação Geral de Mudanças Globais de Clima CGMC,

171 Se, por um lado, as emissões por desmatamento reduziram, por outro, as emissões do setor agropecuário cresceram significativamente: 23,8% entre 1995/2005, e 5,2% entre 2005/2010 (Tabela 29). A Figura 14 mostra a evolução recente das emissões de GEE por setor. Figura 14: Emissões de GEE em Brasil por setor , MtCO 2 eq. Fonte: SEEG, 2016b. Dentro do setor agropecuário, ganha destaque as emissões de metano (CH 4 ) oriundas da pecuária por fermentação entérica: os dados da Tabela 31 indicam que apenas esse componente foi responsável por 56,4% do total das emissões da agropecuária em Além disso, as emissões de solos agrícolas por animais em pastagens corresponderam por 15,7% das emissões agropecuárias. Ou seja, de longe, a pecuária é a principal responsável por emissões de GEE no setor agrícola, e desenvolver técnicas de intensificação da criação que resultem em menos emissões por animal podem trazer grandes reduções nas emissões de GEE brasileiras. 171

172 Tabela 31: Emissões de GEE do setor agrícola brasileiro por principais atividades em Gg CO 2 eq. SETOR Variação Gg CO 2 eq AGROPECUÁRIA ,8% 5,2% Fermentação Entérica ,2% 2,2% Manejo de Dejetos de Animais ,5% 11,1% Solos Agrícolas ,9% 8,8% Emissões Diretas ,7% 8,9% Animais em Pastagem ,8% 1,8% Fertilizantes Sintéticos ,0% 29,7% Aplicação de adubo ,1% 13,2% Resíduos Agrícolas ,8% 35,6% Solos Orgânicos ,0% 13,8% Emissões Indiretas ,2% 8,6% Disposição Atmosférica ,2% 6,6% Fertilizantes Sintéticos ,0% 29,7% Adubo Animal ,5% 3,5% Lixiviação ,2% 9,1% Fertilizantes Sintéticos ,0% 29,7% Adubo Animal ,5% 3,5% Cultura de Arroz ,7% -1,7% Queima de Cana e Algodão ,5% 35,8% Fonte: MCTI; Secretaria de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento SEPED; Coordenação Geral de Mudanças Globais de Clima CGMC, Outro tema de extrema relevância é o potencial de captura de carbono por recuperação florestal. A Presidente Rousseff assumiu a meta de reflorestar 12 milhões de hectares e recuperar 15 milhões de hectares de pastagens degradadas até Isso indica que a recuperação florestal de áreas degradadas ou de baixa produtividade também traz grande potencial de redução da contribuição brasileira na concentração de GEE na atmosfera. Por outro lado, diversos estudos (IPCC, 2014; MCKINSEY, 2009) sugerem que essas alternativas podem reduzir emissões de GEE de forma bastante custo-eficiente. As próximas subseções analisam alternativas nesses setores, relacionados com a agricultura, pecuária e manejo florestal (desmatamento e reflorestamento), que podem 172

173 ser estimulados por um PSA nacional e conseguir reduções de emissões ou captura de GEE com custos baixos de redução Potencial de redução de emissões por conservação florestal O potencial de redução de emissões de carbono por conservação florestal referese à estimativa de emissões de gases de efeito estufa (GEE), notadamente dióxido de carbono (CO 2 ), que deixariam de ser lançadas na atmosfera em função do estabelecimento de um PSA nacional. Esse componente é também conhecido na literatura como Redução das Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal (REDD) 20, e está associado a atividades de conservação florestal. Evitar o desmatamento, promovendo atividades de conservação florestal, é uma das formas mais baratas e rápidas para reduzir as emissões de carbono em grande escala. No Brasil, em especial, essa estratégia é eficaz, visto que grande parte das emissões atuais de gases de efeito estufa no país ainda continua sendo originada por desmatamento, sobretudo nos biomas Amazônia e Cerrado. Estudo do Ministério do Meio Ambiente (MMA 2012b) identificou a conservação florestal como um instrumento que pode estabelecer políticas e incentivos para reduzir o desmatamento e a degradação florestal, reconhecendo a importância da conservação e manejo florestais, bem como aumento dos estoques de carbono florestal. Para tal, as ações de conservação florestal devem ter seus efeitos medidos, verificados, quantificados e demonstrados a partir de ao menos uma dessas atividades (UNFCCC, 2007): i. Reduzir as emissões do desmatamento; ii. Reduzir as emissões de degradação; iii. Preservar os estoques de carbono; iv. Permitir o manejo florestal sustentável; v. Aumentar os estoques de carbono. Estabelecer um PSA para conservação florestal, contudo, exige estabelecer uma linha de base para a projeção de desmatamento, visto que não seria correto supor que toda e qualquer área de floresta seria hipoteticamente convertida para uso agropecuário. 20 REDD+ (Redução de Emissões de Desmatamento e Degradação Florestal) é um conjunto de políticas e incentivos positivos para a redução das emissões provenientes de desmatamento e degradação florestal, e incremento de estoques de carbono florestal (incluindo conservação e manejo florestal sustentável) em países em desenvolvimento (UNFCCC, 2007). 173

174 Ou seja, o pagamento não deve ser efetuado para qualquer área de remanescente florestal, mas apenas para a área que supostamente sofreria a tendência de desmatamento. Desta forma, o primeiro passo da modelagem consistiu na identificação dos remanescentes florestais nativos ao nível local (Mapa 16). 21 Mapa 16: Remanescentes de ecossistemas naturais em % da área total, por município. Fonte: Elaboração própria a partir de PRODES/INPE, SOS Mata Atlântica e PMDBBS/MMA. Neste estudo, os remanescentes florestais foram obtidos a partir de informações sobre o desmatamento anual em cada bioma. Foi utilizada a base de dados do Projeto 21 Uma forma alternativa de entender o Mapa 16 é percebê-lo como a distribuição do desmatamento acumulado em cada região do Brasil. Como é fartamente apresentado na literatura, o desmatamento distribui-se de forma bastante desigual entre os diferentes biomas. A Mata Atlântica apresenta a pior performance, seguida pela parte meridional do Cerrado. Amazônia e Pantanal apresentam as maiores percentagens de remanescentes de ecossistemas. O Mapa 16 também mostra as desigualdades internas aos biomas. O exemplo mais evidente é a situação do Cerrado, onde o desmatamento está fortemente concentrado na parte Sul/Sudoeste, em contraste com áreas ainda extensas de remanescentes nas porções Norte/Nordeste. Também fica evidente que o desmatamento é muito mais presente no Arco do Desmatamento do que no resto da Amazônia. Mesmo na Mata Atlântica percebe-se diferenças significativas, com as áreas de relevo mais acentuado apresentando maiores taxas de remanescentes florestais. 174

175 de Monitoramento do Desmatamento nos Biomas Brasileiros por Satélite - PMDBBS (MMA) -, que define os remanescentes florestais e/ou taxas médias de desmatamento para todos os municípios do Brasil separados por bioma. As informações do bioma amazônico são oriundas do sistema PRODES, organizado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) (INPE, 2014). O segundo passo consistiu em estimar uma linha de base (LB) para avaliar qual seria o desmatamento potencial e onde ele ocorreria. Como linhas de base foram propostas duas projeções alternativas: uma projeção assintótica em zero do desmatamento (modelo SISGEMA) e uma projeção com base no software de modelagem espacial e ambiental Dinamica EGO. Uma vez em posse das projeções espaciais de desmatamento, é possível estimar o quanto seria possível reduzir em área desmatada em função de um PSA para conservação florestal. O potencial de redução do desmatamento depende do valor por hectare pago pelo PSA. Esse valor foi estabelecido arbitrariamente na mediana do custo de oportunidade da terra. Deste modo, a questão que será respondida mais adiante é: dadas as projeções de desmatamento, qual seria a redução da área desmatada mediante ao pagamento por serviços ambientais no valor de R$ 402,57/ha/ano? O cruzamento das informações referentes à área desmatada e ao custo de oportunidade da terra também permite estimar o custo de se zerar o desmatamento dentro dos prazos estabelecidos recentemente pelo Governo Federal. Isto é, quais seriam os custos totais de: (i) zerar o desmatamento no bioma Amazônia até 2020; (ii) de zerar o desmatamento nos demais biomas até Os resultados desse exercício também serão apresentados no Anexo 2.1 desta seção. Vale notar que os dois exercícios propostos seguem lógicas inversas. No primeiro caso, optou-se por fixar o valor do PSA (na mediana do custo de oportunidade) e calcular o potencial de redução de desmatamento associado. No segundo, optou-se por fixar a quantidade de desmatamento a ser reduzida para então calcular o custo total (somatório dos custos de oportunidade) desta ação. Por fim, a partir do cálculo da redução do desmatamento, foi possível estimar a emissão de carbono que seria evitada em função da implementação de um PSA para conservação florestal. O valor total do benefício, medido em termos de toneladas de carbono, foi obtido segundo a equação 11, a seguir: 175

176 Equação 11. E = D * A Onde: E = Redução de carbono emitido por conservação florestal (em toneladas de carbono); D = Densidade de carbono acima do solo (em toneladas de carbono/hectare) (MCT, 2010); A = Redução da área desmatada dado o estabelecimento de um PSA (em hectares); A densidade de carbono acima do solo foi obtida a partir do estudo da Fundação de Ciência, Aplicações e Tecnologias Espaciais FUNCATE (MCT, 2010). O potencial de desmatamento evitado é calculado por bioma, em toneladas de carbono Projeção de Desmatamento no Modelo SISGEMA Metodologia Para calcular o total de emissões que seriam evitados por conservação florestal, fez-se necessária a construção de dois cenários hipotéticos: (i) um cenário business as usual, revelando a trajetória de desmatamento tendencial (na ausência de um PSA); (ii) um cenário desejável, estimando a trajetória das taxas de desmatamento em um contexto marcado pela presença de um PSA. A literatura apresenta diferentes métodos para a projeção do desmatamento em diferentes biomas do país e para o Brasil como um todo (Cunha et al, 2015; Lima, 2014, WWF, 2014; Yanai et al, 2012; FAS, 2013). Nesta subseção, optou-se por um modelo obtido pela inversa da função exponencial, cujas projeções apontaram para uma redução assintótica das taxas de desmatamento ao longo do período A escolha desse modelo reside na sua aparente compatibilidade com a teoria da transição florestal 22 (figura 15). 22 Ao que parece, os biomas brasileiros estão localizados entre o 2º e o 3º estágios da transição florestal, intervalo onde a curva de cobertura florestal apresenta um comportamento claramente assintótico. 176

177 Figura 15: Estágios da transição florestal Fonte: adaptado de Angelsen (2008) Resultados da projeção SISGEMA As projeções de desmatamento consolidadas para o Brasil, estimadas a partir do modelo SISGEMA, apesar de apresentarem uma tendência declinante do desmatamento, revelam uma perda estimada de remanescentes florestais da ordem de 1,18 milhões de hectares em 2030 (figura 16). No período , a perda de remanescentes florestais superaria os 20 milhões de hectares. 177

178 Desmatamento (ha) Desmatamento acumulado (ha) IEI Figura 16: sem PSA Cenários de projeção para as taxas de desmatamento com e Desm. Evitado ( acumulado) Sem PSA Com PSA Fonte: elaboração própria Este cenário se contrapõe aos compromissos firmados recentemente pelo Governo Federal de zerar o desmatamento em todos os biomas brasileiros até o ano de 2030, em que pese o prazo ainda mais exíguo para o bioma Amazônia 23. A diferença entre a trajetória projetada para as taxas de desmatamento e a que seria necessária para atender aos compromissos firmados revela a insuficiência dos atuais instrumentos em operação, de onde se depreende a possibilidade de preencher tais lacunas por meio de uma política nacional de pagamentos por serviços ambientais voltados à conservação florestal. Alternativamente ao cenário business as usual, supôs-se um PSA pagando o valor máximo equivalente à mediana do custo de oportunidade da terra (R$ 402,57/ha/ano), isto é, focando os esforços da política nos dois quartis onde a conservação florestal seria mais barata. Os resultados mostraram que mediante ao pagamento desse valor, seria possível reduzir o desmatamento total no período em aproximadamente 17 milhões de hectares, o que equivale a 82,74% do desmatamento projetado (vide figura 16). 23 Neste bioma, o prazo para zerar o desmatamento foi estabelecido em

179 R$/ha/ano IEI É possível estimar o valor anual da política em função do custo de oportunidade da terra das áreas que seriam desmatadas entre 2016 e 2030 (Figura 17). Nota-se que custo de um PSA de até R$ 402,57/ha/ano seria de aproximadamente R$ 3,3 bilhões de reais anuais. Essa cifra consiste no pagamento das áreas para as quais foram projetadas perdas de remanescentes florestais e revela o custo de se evitar hoje um desmatamento que poderia ocorrer em qualquer ponto do tempo, deste momento até Figura 17: Distribuição anual dos custos do PSA R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ 800 R$ 600 R$ 400 R$ 200 R$ 0 R$ 0 R$ 1 R$ 2 R$ 3 R$ 4 R$ 5 Custo total anual (em bilhões) Fonte: elaboração própria. A eficácia de um PSA pagando o valor máximo de R$ /ha/ano é bastante desigual em termos espaciais. Isto se deve às diferenças regionais nos custos de oportunidade da terra. No mapa 17 é possível ver qual seria a região de êxito da política. Fundamentalmente, se desenhada nesses termos, o PSA seria ineficaz para reduzir o desmatamento nos biomas Pampa e Mata Atlântica, onde os custos de oportunidade dos municípios ali localizados excedem, em sua grande maioria, o valor máximo anual do benefício que seria pago por hectare. Enquanto no bioma Amazônia e Caatinga mais de 96% dos desmatamentos acumulados no período seriam evitados, na Mata Atlântica e no Pampa não mais que 3,06% e 2,55%, respectivamente, deixariam de ocorrer. O Cerrado também apresentaria um alto percentual de abatimento do desmatamento, explicado, sobremaneira, pelo baixo custo de oportunidade da parcela mais ao norte deste bioma. Em parcelas mais centrais e ao sul, a política seria pouco funcional, diante 179

180 da alta lucratividade da terra nestas localidades, geralmente empregada para a produção intensiva de grãos para exportação. Mapa 17: Distribuição espacial do desmatamento evitado (abaixo da mediana) e residual (acima da mediana) no período Fonte: elaboração própria O potencial de conservação do carbono florestal dessa política é significativo. O hipotético cenário em que 17 milhões de hectares deixariam de ser desmatados conduziria a uma situação em que 4,77 bilhões de toneladas de CO 2 deixariam de ser emitidas na atmosfera entre (Figura 18). Deste total, a Amazônia e o Cerrado responderiam conjuntamente por mais de 92%. É evidente que, ao focar o PSA nos dois primeiros quartis da distribuição do custo de oportunidade da terra, uma parcela significativa das emissões que seriam evitadas adviria das áreas onde a conservação é mais barata. Este padrão é claramente reforçado para Amazônia, em função da alta densidade de tonelada de carbono por hectare nesse bioma, justamente o inverso do que se verificaria para a Caatinga. A participação do Cerrado, por sua vez seria justificada muito mais pela extensão da área de desmatamento que seria evitada nesse bioma (11 milhões de hectares), do que propriamente em função de sua densidade de carbono por hectare. 180

181 R$/ha/ano IEI Figura 18: Distribuição quantílica dos custos do PSA e emissões de CO 2 evitadas R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ 500 R$ GtCO 2 eq acumuladas Fonte: elaboração própria A quantidade de emissões seria evitada varia de acordo com a extensão da área que seria conservada, e esta última é função do custo de oportunidade da terra. De tal sorte, é possível relacionar estas três grandezas, ainda que de forma indireta. A Figura 19 revela o preço da tonelada do CO 2 capaz de igualar o custo de oportunidade da terra de uma determinada área. Em outros termos, trata-se de uma curva de oferta de REDD ou, ainda, de uma curva de custo de abatimento 24. Por meio desta, é possível notar que com um preço de aproximadamente R$ 23,30 por tco 2 seria possível gerar um volume de recursos capaz de eliminar o desmatamento nos dois primeiros quartis do custo de oportunidade da terra entre 2016 e Alternativamente, com um preço de R$ 50,00 por tco 2 eq., seria possível zerar praticamente todo o desmatamento projetado nesse período. 24 Terminologia usada em Borner et al. (2010). 181

182 R$/tCO2eq IEI Figura 19: Curva de custo de abatimento de emissões potenciais de desmatamento R$ 50 R$ 45 R$ 40 R$ 35 R$ 30 R$ 25 R$ 20 R$ 15 R$ 10 R$ 5 R$ desmatamento evitado (ha) Fonte: Elaboração própria O Mapa 18 retrata o preço mínimo da tco2eq capaz de induzir a conservação florestal. Isto é, revela o preço por tonelada capaz de equiparar o valor presente líquido do custo de oportunidade da terra no período A distribuição de valores no mapa está fortemente relacionada com dois fatores: (i) (ii) a densidade de carbono acima do solo (tco/ha); o custo de oportunidade da terra. Na Amazônia, como o custo de oportunidade da terra tende a ser mais baixo e a densidade de carbono tende a ser elevada, a conservação poderia ser induzida com um baixo preço da tco2eq. Esta realidade não se aplica ao Pampa e a parcelas significativas do Cerrado e Mata Atlântica. No Cerrado, as regiões produtoras de grão apresentam um elevado custo de oportunidade da terra, em que pese o fato da densidade de carbono desse bioma ser, em média, quase metade da densidade observada no bioma Amazônia. 182

183 Mapa 18: Custo de Oportunidade do REDD em áreas ameaçadas por Desmatamento Fonte: Elaboração própria A Tabela 32 apresenta os resultados resumidos dos custos e benefícios de um PSA nacional pelo modelo SISGEMA. Por meio desta, é possível ver a contribuição desigual dos biomas no tocante as emissões que seriam evitadas, bem como o custo associado às políticas necessárias para a conservação do carbono florestal. Como se pode notar, a relação entre custo e benefício do PSA é virtuosa na Amazônia, de modo que em um contexto de recursos orçamentários limitados, torna-se provável e até mesmo desejável, do ponto de vista da eficiência econômica que o foco de um PSA nacional para conservação florestal recaia sobre esse bioma. 183

184 Tabela 32: Resumo dos resultados para um PSA focado nos dois quartis mais baratos Modelo SISGEMA VARIÁVEL AMAZÔNIA CAATINGA CERRADO MATA ATLÂNTICA PAMPA PANTANAL BRASIL Desmatamento projetado (ha) Desmatamento evitado acumulado (ha) , , ,68 344, , , Desmatamento residual acumulado (ha) Porcentual de abatimento (%) 96,1% 99,7% 77,8% 3,1% 2,6% 84,6% 82,7% Custo total anual do PSA R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ tco2eq evitadas Fonte: elaboração própria Projeções de desmatamento pelo modelo Dinamica EGO Metodologia Na presente subseção, apresenta-se um modelo alternativo de projeção de desmatamento para cada bioma brasileiro a partir de um modelo econômico e ambiental de expansão de desmatamento, segundo a proposta por Soares-Filho, Cerqueira e Pennachi (2002) e Soares-Filho et al. (2006). Para executá-lo empregou-se o software de modelagem espacial e ambiental Dinamica EGO. O Dinamica EGO é uma plataforma de simulação espacial para dinâmicas da paisagem. Este software emprega o modelo de autômatos celulares, 25 para trabalhar em diferentes escalas e gerar regras de mudança segundo as características das células vizinhas. Também incorpora retornos espaciais (feedback) junto como um programa de simulações de múltiplas etapas, para calcular probabilidades de transição ao longo do tempo (Soares-Filho, Cerqueira e Pennachi 2002). Segundo Mas et al. (2014), os diferentes modelos de mudança de uso de solo e cobertura, seguem em geral três passos: calibragem, simulação e avaliação. A Figura 20 identifica as etapas no processo de modelagem de mudanças de uso e cobertura da terra. 25 Um autômato celular é um modelo discreto que consiste em uma rede de células que podem tomar diferentes valores segundo algumas regras definidas. Por exemplo, uma célula catalogada como floresta passaria para um valor de não floresta no caso de se identificar mudança de uso do solo, segundo um padrão determinado. 184

185 Figura 20: Diagrama de fluxo dos procedimentos gerais empregados na modelagem de Mudanças de Uso e Cobertura da Terra (LUCC). 26 Fonte: Mas et al. (2014) Para Soares-Filho et al. (2009), o processo de simulação de mudanças pode ser resumido em 10 dez passos, descritos na Figura Os retângulos indicam um processo, e os paralelogramos indicam entrada e saída de insumos desde os processos. 185

186 Figura 21: Dez passos do modelo de simulação de mudanças no uso e cobertura da terra. Fonte: Soares Filho et al. (2009) O processo inicia com a identificação de um mapa de uso e cobertura da terra para um período inicial (t 0 ) e para um período posterior (t 1 ). Comparando esses mapas é possível identificar o quanto tem variado o uso de solo na paisagem escolhida em num período de tempo. Essas variações, dispostas em forma de matriz (matriz de transição), servem como base para as projeções futuras. Alternativamente, outra forma de calcular a matriz de transição é empregar os coeficientes de uma regressão econométrica contendo o conjunto de variáveis explicativas e determinar as taxas de mudança entre tipos de uso de solo numa paisagem ao longo do tempo. Na fase que Mas et al. (2014) identificam como calibragem, é possível identificar quais são as variáveis que vão ser incluídas nas análises dos pesos de evidência. Para fazê-lo, primeiro faz-se uma análise de correlação das variáveis para excluir aquelas que tenham uma alta correlação. Segundo, é calculado o quanto cada variável contribui na probabilidade de mudança de uso do solo (peso de evidência). Exemplos de variáveis calculadas com essa metodologia são: distância de estradas, distância de rios, distância de cidades ou centros povoados, altitude, declividade, entre outras. Esses pesos são ajustados para cada variável segundo um intervalo de valores determinado, e posteriormente são analisados em conjunto para gerar um mapa de probabilidade. O mapa de probabilidade indica os locais com maior probabilidade de ocorrer desmatamento futuro. 186

187 Conhecendo como a probabilidade de desmatamento foi distribuída na área de estudo, pode-se iniciar a etapa de simulação (Mas et. al, 2014). Nessa etapa empregaram-se as variáveis físicas e socioeconômicas escolhidas nessa mesma área, gerando primeiro um mapa de desmatamento para o período t 0 e projetando a dinâmica de desmatamento até o período t 1. Depois, foi feita a validação, onde identificou-se a similaridade entre o mapa t 1 simulado e o t 1 observado para identificar a acurácia (fase de avaliação, segundo Mas et al., 2014). O software Dinamica EGO emprega um análise de ajuste de similaridade dos mapas simulado e observado a partir de análises em diferentes janelas ou grupos de pixels. Assim, se o mesmo número de células de mudança é encontrado dentro da janela, o ajuste terá valor de 1, não importando suas localizações (Soares-Filho et al., 2009). Para o exercício em questão, isso foi feito empregando grupos cada vez maiores de pixels, o que representa uma análise em uma janela de resolução menor - o tamanho da janela deve ser selecionado empregando uma função de decaimento constante. Realizada a análise de similaridade, foi possível rodar de novo o modelo incluindo a expansão das áreas de desmatamento no mapa (empregando o functor expander ) ou a formação de novas áreas de desmatamento (empregando o functor patcher ). Finalmente, foi possível gerar uma projeção de desmatamento até o ano desejado. As análises feitas empregaram como base os anos 2002 e 2008, para os períodos t 0 e t 1. Após a revisão de informação secundária para determinantes do desmatamento nos biomas brasileiros, foram encontradas as referências bibliográficas que identificaram diferentes variáveis relacionadas com as taxas de desmatamento, e a metodologia empregada para realizar as análises. Essas informações estão resumidas na Tabela 33. Tabela 33: Relação de variáveis explicativas do desmatamento nos biomas brasileiros. Autor Ano Bioma Metodologia Variável Independente Fonte LIMA, T. C Cerrado Modelagem Econométrica e Modelagem Espacial de desmatamento utilizando software Dinamica EGO. Lavoura Temporária IBGE 187

188 LIMA, T. C Cerrado LIMA, T. C Cerrado LIMA, T. C Cerrado LIMA, T. C Cerrado LIMA, T. C Cerrado CASTRO, M. C Cerrado CASTRO, M. C Cerrado CASTRO, M. C Cerrado CASTRO, M. C Cerrado CASTRO, M. C Cerrado CASTRO, M. C Cerrado CASTRO, M. C Cerrado CASTRO, M. C Cerrado CASTRO, M. C Cerrado FERREIRA et al Cerrado Modelagem Econométrica e Modelagem Espacial de desmatamento utilizando software Dinamica EGO. Modelagem Econométrica e Modelagem Espacial de desmatamento utilizando software Dinamica EGO. Modelagem Econométrica e Modelagem Espacial de desmatamento utilizando software Dinamica EGO. Modelagem Econométrica e Modelagem Espacial de desmatamento utilizando software Dinamica EGO. Modelagem Econométrica e Modelagem Espacial de desmatamento utilizando software Dinamica EGO. Calculo da correlação das variáveis com o desmatamento ocorrido no estado de Goiás. Calculo da correlação das variáveis com o desmatamento ocorrido no estado de Goiás. Calculo da correlação das variáveis com o desmatamento ocorrido no estado de Goiás. Calculo da correlação das variáveis com o desmatamento ocorrido no estado de Goiás. Calculo da correlação das variáveis com o desmatamento ocorrido no estado de Goiás. Calculo da correlação das variáveis com o desmatamento ocorrido no estado de Goiás. Calculo da correlação das variáveis com o desmatamento ocorrido no estado de Goiás. Calculo da correlação das variáveis com o desmatamento ocorrido no estado de Goiás. Calculo da correlação das variáveis com o desmatamento ocorrido no estado de Goiás. Análise do desmatamento em Goiás com relação ao incremento agrícola Declividade Atração Urbana Distância a desmatamentos Distancia a Vegetação nativa Efetivo Bovino Lavoura Temporária Efetivo Bovino PIB da agropecuária municipal Lavoura Permanente Área Desmatada Crescimento Econômico acumulado Índice de Gini Área do Bioma no Município Área de remanescente Incremento Agrícola Calculado com QGIS e Dinamica EGO Calculado com QGIS e Dinamica EGO SIAD/MODIS SIAD/MODIS IBGE IBGE IBGE IBGE IBGE IBGE/IMB(GO)/PMDBBS/SBF(MMA) IBGE/IMB(GO)/PMDBBS/SBF(MMA) IBGE/IMB(GO)/PMDBBS/SBF(MMA) IBGE/IMB(GO)/PMDBBS/SBF(MMA) IBGE/IMB(GO)/PMDBBS/SBF(MMA) IBGE 188

189 Brasil. Ministério do Meio Ambiente Subsídios para a elaboração do plano de ação para a prevenção 2011 Caatinga MMA e controle do desmatamento na Caatinga / Ministério do Meio Ambiente. - Brasília, Bioma pampa: ambiente x sociedade / organizado por Anabela Silveira de Oliveira pecuária, sivilcutura 2012 Pampa Deble, Leonardo (celulose), etc Deble et al (2012) Paz Deble e Ana Lucia Stefani Leão. Bagé: Ediurcamp, p Ministério do Meio Ambiente. Monitoramento do desmatamento pecuária, lavoura de nos bioma 2009 Pampa arroz e sivilcutura brasileiros por (eucalipto) satélite. MMA (2011) Monitoramento do bioma Pampa , Orengo, R. Bioma ameaçado Soja, celulose e : desmatamento 2010 Pampa pecuária do Pampa chega Orengo (2010) a 54%, Ministério do Meio Ambiente. Monitoramento do desmatamento Pecuária, projetos de nos bioma infraestrutura brasileiros por 2009 Pantanal (hidrelétricas, hidrovias satélite. e mineração) Monitoramento MMA (2011) do bioma Pantanal , Melo, J. O que é determinante da fronteira agrícola mato-grossense no período 2001/2007: produção agrícola ou pecuária, Pantanal Soja, pecuária Melo (2009) 189

190 Instituto Humanitas Unisinos - IHU. Pantanal: um bioma ameaçado pelo desmatamento. Entrevista especial com Viviane Moreira, SOS Mata Atlântica. Divulgados novos dados sobre a situação da Mata Atlântica Critical Ecosystem Partnership Fund, ATLANTIC FOREST BIODIVERSITY HOTSPOT Widescreen Arkive. Atlantic forest fact file The Nature Conservancy. The Atlantic Forest harbors a range of biological diversity similar to that of the Amazon Pantanal Mata Atlântica Mata Atlântica Mata Atlântica Mata Atlântica soja, arroz, pecuária, hidrelétrica IHU (2012) carvão vegetal, soja SOS Mata Atlântica (2013) silvicultura (eucalipto), cacau, carvão, pecuária eucalipto, pinho, soja, construção de estradas e lenha. lenha ilegal, pastagem, agricultura, expansão de áreas urbanas SOS Mata Atlântica Wildscreen Arkive The Nature Conservancy Fonte: Elaboração própria Os dados espaciais e socioeconômicos por município que foram identificadas como relevantes, assim como suas fontes, estão listadas nas tabelas 34 e 35. Tabela 34: Dados espaciais relevantes para modelagem de desmatamento no bioma Cerrado. Variável Fonte Estradas (Pavimentadas e não LAPIG/DNIT, CSR pavimentadas) Desmatamento Histórico INPE, PMDBBS, etc Hidrovia DNIT Altimetria UFGM Declividade Calculo GEMA base UFMG 190

191 Tipos de solo Tipos de Vegetação Núcleos populacionais Áreas protegidas e indígenas Déficit hídrico Fonte: Elaboração própria EMBRAPASOLOS RADAM/IBGE, MMA IBGE IBGE escala 250 mil, ICMBio LAPIG Tabela 35: Dados socioeconômicos relevantes para modelagem de desmatamento no bioma Cerrado. Nome da Variável Ano Unidade Fonte Variável Codibge Código do município IBGE share_am Participação da área do MMA, i3geo município no Bioma Amazônia share_caa Participação da área do MMA, i3geo município no Bioma Caatinga share_cer Participação da área do MMA, i3geo município no Bioma Cerrado share_mtl Participação da área do MMA, i3geo município no Bioma Mata Atlântica share_pam Participação da área do MMA, i3geo município no Bioma Pampa share_pat Participação da área do MMA, i3geo município no Bioma Pantanal Amun Área do Município Hectare GEMA-UFRJ, Qgis bov92, bov 94, bov02, Efetivo Bovino 1992, 1994, Cabeças IBGE, Pesquisa Pecuária Municipal bov , 2008 apas94_fun, Área de Pastagem 1994, Hectare FUNCATE apas02_fun 2002 apas02_fun Área de Pastagem 2002 Hectare FUNCATE apas02, Área de Pastagem 2002, Hectare IBGE, Pesquisa apas08 PIB94, PIB02, PIB08 PIBAG94, PIBAG02, PIBAG08 atem92, atem02, atem08 AreaSoja95, Areasoja02, AreaSoja Agrícola Municipal PIB Municipal 1994 R$ IBGE VAB na Agropecuária 1994, 2002, 2008 Área de Cultura Temporária 1992, 2002, 2008 Área plantada de soja 1995, 2002, 2008 R$ IBGE, Pesquisa Pecuária Municipal Hectare Hectare IBGE, Pesquisa Agrícola Municipal IBGE, Pesquisa Agrícola Municipal Areacana95, Área plantada de cana-de- 1995, Hectare IBGE, Pesquisa 191

192 Areacana02, açúcar 2002, Agrícola Municipal Areacana Aremi95, Área plantada de milho 1995, Hectare IBGE, Pesquisa Areani02, 2002, Agrícola Municipal Areami Pop94, População Municipal 1994, Pessoas Censo Demográfico Pop02, 2002, Pop PopRu94, População Municipal Rural 1994 Pessoas IBGE PopRu02, PopRu08 rem94 Remanescente Florestal 1994 Hectare FUNCATE rem02, Remanescente Florestal 2002, Hectare PMDDBS rem08, remo 2008, Fonte: Elaboração própria As informações espaciais foram transformadas em formato raster (imagem) com uma resolução de 250 metros para cada pixel. Por tanto cada pixel tem uma medida de m2, ou 6,25 hectares. Para realizar a calibragem do modelo foram empregados os dados do Programa de Monitoramento dos Biomas Brasileiros por Satélite (PMDBBS) para os anos 2002 e 2008, sendo essas duas informações tomadas como os mapas para t0 e t1. Os dados de áreas de remanescente e áreas antrópicas ou desmatadas nos anos 2002 e 2008 para Brasil são apresentados no Mapa 19, e para o bioma Cerrado, escolhido para rodar o protótipo do modelo, no Mapa

193 Mapa 19: Áreas de remanescente florestal, Brasil, 2008 Fonte: Elaboração própria, com base em dados do PMDBBS. Mapa 20: Áreas de remanescentes florestais e áreas desmatadas, Cerrado, 2002/2008 Fonte: Elaboração própria, com base em dados do PMDBBS. 193

194 Os valores de transição entre áreas de remanescentes naturais para áreas antropizadas, desmatadas ou não floresta para todo o período (single step) e anualizadas (multiple step) são apresentados na Tabela 36. Tabela 36: Taxas de transição entre remanescente e áreas antropizadas nos biomas brasileiros entre 2002 e Bioma Taxa anual (single) Taxa total período (multple) Amazônia 0.47% 2.81% Caatinga 0.60% 3.52% Cerrado 1.23% 7.16% Pampa 0.51% 3.05% Pantanal 0.55% 3.24% Mata Atlântica 0.18% 1.06% Fonte: Elaboração própria Na média, a taxa de transformação de áreas de remanescente para áreas antropizadas, usada para estimar desmatamento, foi de 3,47% considerando todo o período 2002/2008 para todos os biomas, com uma média anual de 0,59%. O bioma que apresentou as maiores taxas totais e anuais foi o Cerrado, entanto o bioma Mata Atlântica apresentou as taxas mais baixas. O passo seguinte foi analisar a correlação entre cada uma das variáveis explicativas físicas para identificar possíveis correlações, e excluir aquelas que tiveram um alto valor de correlação. Esse exercício foi feito para cada um dos biomas brasileiros, e a Tabela 37 apresenta um exemplo de análises de correlação de variáveis para o bioma Cerrado. Tabela 37: Análises de correlação de variáveis espaciais para a modelagem de desmatamento no bioma Cerrado. Trasition From* Trasition To* First_Variable* Second_Variable* Joint_Uncertainty 1 2 area_prot/layer_0 fator_r/layer_ area_prot/layer_0 tipo_solo/layer_ altimetria/layer_0 area_prot/layer_ area_prot/layer_0 d_hidro/layer_ area_prot/layer_0 d_nao_pav/layer_ fator_r/layer_0 tipo_solo/layer_ area_prot/layer_0 d_cidades/distance_to_

195 1 2 altimetria/layer_0 tipo_solo/layer_ area_prot/layer_0 d_desm/distance_to_ d_nao_pav/layer_0 tipo_solo/layer_ area_prot/layer_0 d_pav/layer_ area_prot/layer_0 d_outr_loc/layer_ d_hidro/layer_0 tipo_solo/layer_ altimetria/layer_0 fator_r/layer_ d_cidades/distance_to_1 tipo_solo/layer_ d_desm/distance_to_2 tipo_solo/layer_ d_cidades/distance_to_1 d_nao_pav/layer_ altimetria/layer_0 d_hidro/layer_ d_cidades/distance_to_1 d_pav/layer_ declividade/layer_0 fator_r/layer_ d_hidro/layer_0 d_nao_pav/layer_ d_nao_pav/layer_0 fator_r/layer_ altimetria/layer_0 d_cidades/distance_to_ declividade/layer_0 tipo_solo/layer_ altimetria/layer_0 d_desm/distance_to_ d_desm/distance_to_2 d_nao_pav/layer_ altimetria/layer_0 d_nao_pav/layer_ d_cidades/distance_to_1 d_desm/distance_to_ d_pav/layer_0 tipo_solo/layer_ d_cidades/distance_to_1 fator_r/layer_ d_outr_loc/layer_0 tipo_solo/layer_ altimetria/layer_0 d_pav/layer_ area_prot/layer_0 declividade/layer_ Fonte: Elaboração própria As varáveis que apresentaram uma incerteza conjunta superior a 15% foram consideradas com alta correlação, e portanto foi preciso retirá-las do conjunto das variáveis que permitem a localização espacial das áreas desmatadas. Por exemplo, as variáveis tipo de solo e áreas protegidas, assinaladas em vermelho, foram retiradas da simulação pois apresentaram alta correlação com outras variáveis (joint uncertainty maior que 15%). Após a seleção das variáveis que não tiveram alta correlação com as outras variáveis explicativas, foi realizado o processo de ajuste dos intervalos de pesos no processo de localização espacial das quantidades de desmatamento já quantificadas a partir das taxas anuais de desmatamento. 195

196 Por exemplo, no bioma Cerrado, à medida que as cidades se aproximam de áreas de remanescentes florestais, aumenta seu peso na explicação do desmatamento. Analogamente, conforme as áreas de remanescente ficam mais distantes das cidades, o peso dessa distância na probabilidade de desmatamento vai decrescendo. O peso dessa variável na explicação do desmatamento vai, portanto, decrescendo. Assim, quanto mais longe dos centros urbanos, a probabilidade de desmatamento diminui. Após a calibragem dos intervalos das variáveis físicas explicativas, e dos pesos de evidência dos mesmos, para cada um dos biomas, foi calculado um mapa de probabilidade de desmatamento, que basicamente mostra em conjunto a probabilidade de desmatamento quando todas as variáveis espaciais são consideradas. A simulação de desmatamento entre 2002 e 2008 gerou, assim, os mapas de probabilidade de desmatamento por bioma. Mapa 21: Probabilidade de desmatamento no Cerrado Fonte: Elaboração própria 196

197 Mapa 22: Probabilidade de desmatamento na Catinga Fonte: Elaboração própria Mapa 23: Probabilidade de desmatamento na Amazônia Fonte: Elaboração própria 197

198 Mapa 24: Probabilidade de desmatamento na Mata Atlântica Fonte: Elaboração própria Mapa 25: Probabilidade de desmatamento no Pantanal Fonte: Elaboração própria 198

199 Mapa 26: Probabilidade de desmatamento no Pampa Fonte: Elaboração própria Probabilidade de desmatamento no Brasil por biomas Fonte: Elaboração própria 199

200 As áreas em vermelho indicam onde probabilidade de desmatamento é maior, e as áreas em azul mostram áreas com baixa probabilidade, segundo os pesos de evidência das diferentes variáveis físicas analisadas. Para todos os biomas, existe uma relação alta entre a probabilidade de desmatamento e a distância até os remanescentes florestais, sendo que a distância aos rios e às estradas tem um peso importante no caso da Amazônia. Posteriormente gerou-se a simulação de desmatamento até 2008 a fim de se contrastar com o desmatamento efetivamente ocorrido. O Mapa 27 mostra a comparação dos resultados para o bioma Cerrado entre o desmatamento observado até 2008 e o desmatamento projetado pelo modelo para o mesmo período. Mapa 27: Desmatamento observado até 2008 e desmatamento simulado até 2008 empregando Dinâmica Ego. Fonte: Elaboração própria A análise de similaridade gera uma estatística para identificar a acurácia da variável projetada (no caso, o desmatamento) em relação ao valor efetivo. O procedimento é dividir as áreas em janelas de pixels de mesmo tamanho e compará-las no cenário projetado e no cenário observado, de forma a detectar o quanto os pixels identificados como área desmatada coincide em ambos cenários. Os valores de similaridade entre o desmatamento observado e simulado até 2008 por bioma são apresentados nas figuras e aquele simulado até 2008 estão nas Figuras 22 a

201 Figura 22: Similaridade máxima e mínima entre mapa de desmatamento em 2008 e mapa projetado de desmatamento em 2008 no bioma Amazônia. Fonte: Elaboração própria Figura 23: Similaridade máxima e mínima entre mapa de desmatamento em 2008 e mapa projetado de desmatamento em 2008 no bioma Caatinga. Fonte: Elaboração própria 201

202 Figura 24: Similaridade máxima e mínima entre mapa de desmatamento em 2008 e mapa projetado de desmatamento em 2008 no bioma Cerrado Fonte: Elaboração própria Figura 25: Similaridade máxima e mínima entre mapa de desmatamento em 2008 e mapa projetado de desmatamento em 2008 no bioma Pampa Fonte: Elaboração própria 202

203 Figura 26: Similaridade máxima e mínima entre mapa de desmatamento em 2008 e mapa projetado de desmatamento em 2008 no bioma Pantanal Fonte: Elaboração Própria. Figura 27: Similaridade máxima e mínima entre mapa de desmatamento em 2008 e mapa projetado de desmatamento em 2008 no bioma Mata Atlântica Fonte: Elaboração própria Para o bioma Amazônia, a similaridade teve um máximo de 70% entre o mapa real e mapa projetado em No bioma Caatinga foram de 68% e Cerrado, 60%. As percentagens mais baixas foram na Mata Atlântica, com 36%, e Pampa, com 45%. 27 Para compreender melhor o conceito de similaridade, o exemplo do bioma Amazônia mostra que, se é analisada uma janela de 5 pixels, a similaridade máxima está perto de 50% (ou seja, metade das mudanças projetadas correspondem com as mudanças observadas). Se a janela de análise sobre para 11 pixels, a 203

204 hectares IEI O próximo passo foi estender a projeção do desmatamento até 2030, utilizando os parâmetros estimados pelo modelo calibrado para o desmatamento até A Figura 28 mostra os resultados agregados das projeções de desmatamento em cada bioma. Figura 28: Projeção de desmatamento nos biomas brasileiros , empregando Dinâmica Ego. Hectares Amazônia Cerrado Caatinga Pantanal Mata Atlântica Pampa Fonte: Elaboração própria Resultados do Modelo Dinamica EGO As projeções do modelo Dinamica EGO apontaram para um desmatamento de 44,1 milhões de hectares no período Novamente, o cenário se revelou incompatível com os compromissos recentes assumidos pelo Governo no tocante ao fim do desmatamento. A construção de um cenário alternativo hipotético, marcado pela presença de PSA, aponta para uma capacidade de redução significativa da perda de remanescentes florestais e, por conseguinte, das emissões por desmatamento. Por meio da importância máxima de R$ 402,57/ha/ano, seria possível evitar o desmatamento de em aproximadamente 38,1 milhões de hectares (Figura 29). similaridade máxima aumenta para 70% (o modelo simulado captura 70% das mudanças no modelo observado). 204

205 R$ 0 R$ 2 R$ 4 R$ 6 R$ 8 R$ 10 R$/ha/ano hectares IEI Figura 29: Comportamento das taxas de desmatamento com e sem PSA Desmatamento sem PSA Desmatamento com PSA Fonte: Elaboração própria A figura 30 revela o custo anual da política em função do valor máximo do benefício pago pelo PSA (R$/ha/ano). Tal qual se verifica, o custo anual de um PSA direcionado aos dois primeiros quartis do custo de oportunidade da terra seria de aproximadamente R$ 7,5 bilhões, a preços de Alternativamente, o custo de eliminar todo o desmatamento nos próximos 15 anos seria de R$ 10,5 bilhões anuais. Figura 30: Custo anual do PSA por valor máximo do benefício a ser pago R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ 800 R$ 600 R$ 400 R$ 200 R$ 0 Custo total anual (em bilhões) Fonte: Elaboração própria A efetividade de um PSA de conservação florestal pagando a mediana do custo de oportunidade da terra no modelo Dinamica EGO foi de 86,5%. O percentual mais 205

206 elevado atesta para o fato de que, não apenas o desmatamento projetado pelo segundo modelo é maior, como também a sua distribuição espacial encontra-se mais concentrada em áreas onde o custo de oportunidade da terra é mais barato. Novamente, esse fato reflete as diferenças inter-regionais dos custos de oportunidade da terra. O PSA com o valor máximo de R$ 402,57/ha/ano seria ineficaz para reduzir o desmatamento no bioma Pampa, e teria baixa efetividade sobre a Mata Atlântica (Mapa 28). No Cerrado, o PSA seria mais efetivo na parcela mais ao norte do bioma, afastado da região de produção intensiva de grãos para exportação. Na Amazônia, e a capacidade de abatimento do desmatamento seria bastante elevada (94,4%), em que pese o fato da área da perda projetada de remanescente florestais seja significativamente maior segundo o modelo Dinamica EGO do que no SISGEMA (Tabela 38). Mapa 28: Distribuição espacial do desmatamento evitado (abaixo da mediana) e residual (acima da mediana) no período Fonte: elaboração própria Tabela 38: Custos e Benefícios de um PSA focado nos dois primeiros quartis do custo de oportunidade da terra. 206

207 R$/ha/ano IEI VARIÁVEL AMAZONIA PAMPA CAATINGA CERRADO MATA ATLÂNTICA PANTANAL BRASIL Desmatamento projetado (ha) Desmatamento evitado acumulado (ha) Desmatamento residual acumulado (ha) Porcentual de abatimento (%) 94,4% 0,1% 99,7% 78,5% 54,2% 67,8% 86,5% Custo anual do PSA R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ tco2eq evitadas Fonte: Elaboração própria As divergências nas projeções para Amazônia também se verificam para a extensão da área que seria conservada em função da implementação de um PSA. No modelo SISGEMA, o desmatamento hipoteticamente evitado na Amazônia seria de 2,65 milhões de hectares, contra 20,14 milhões de hectares no modelo Dinamica EGO. A quantidade significativamente maior de desmatamento que seria evitado nos dois modelos rebate em uma capacidade de abatimento das emissões de gases causadores do efeito estufa por conservação florestal da ordem de 10 bilhões de tco 2 eq. A Figura 31 relaciona o valor do benefício do PSA com a quantidade de carbono que seria evitada por conservação florestal. Pagando até R$ 402,57/ha/ano mais de 14,83 bilhões de toneladas de carbono deixariam de ser emitidas por desmatamento entre 2016 e O Mapa 29 localiza as áreas que prioritariamente receberiam esses recursos, em função do custo de oportunidade da terra a ser compensado por um hipotético PSA para conservação florestal em áreas ameaçadas por desmatamento. Figura 31: Distribuição quantílica dos custos do PSA R$2.000 R$1.800 R$1.600 R$1.400 R$1.200 R$1.000 R$800 R$600 R$400 R$200 R$ tco2eq acumuladas (em bilhões) Fonte: Elaboração própria 207

208 Mapa 29: Custo de oportunidade de um PSA para conservação florestal em áreas ameaçadas por desmatamento Fonte: Elaboração própria Deve-se ressaltar que as projeções no presente estudo não consideram efeitos exógenos, como mudanças nos preços das commodities ou redução/alteração de cumprimento das normas legais. Mudanças desse tipo podem incrementar a quantidade de desmatamento quando comparado com a linha de base assumida aqui. Também deve-se ressaltar que é necessário garantir a continuidade dos esforços de redução de desmatamento, incluindo investimentos públicos, que não estão sendo considerados nos analises aqui realizados. Elementos como custeio do fortalecimento das atividades de seguimento e monitoramento são necessárias além dos custos e oportunidade aqui mostrados. A análise das experiências concretas de programas de PSA no Brasil, apresentada no presente estudo, mostra que o estabelecimento de um sistema efetivo de PSA deve também incluir custos de monitoramento, fiscalização e administração, além de custos de transação. Esses aspectos são importantes, mas muitas vezes são 208

209 negligenciados, gerando em inúmeros problemas que colocam em risco a sustentabilidade do programa. Por fim, mais uma vez deve-se lembrar que os valores aqui gerados são apenas uma primeira aproximação aos custos totais de implementação de um PSA pela conservação das florestas, e que estudos futuros devem ser elaborados para aprofundar e precisar melhor os resultados Comparação com resultados do modelo GLOBIOM BRASIL O Globiom (GLObal BIOsphereManagement model) é um modelo de análise de baixo para cima (bottom-up) de equilíbrio parcial, que tem seu foco em setores relacionados ao uso da terra, com são agricultura, florestas e biocombustíveis (Câmara et al. 2015). O GLOBIOM foi desenvolvido pelo Internatonal Institute for Applied Systems Analysis (IIASA) em 2007, e busca capturar as inter-relações entre os diferentes sistemas envolvidos no fornecimento de produtos agrícolas e florestais, como dinâmica da população, ecossistemas, tecnologia e clima. O modelo considera as 18 culturas agrícolas mais importantes a nível mundial, atividades relacionadas à pecuária, commodities florestais, biocombustíveis de primeira e segunda geração, e água. A produção é espacialmente distribuída levando em conta terra, gestão e características meteorológicas (IIASA 2016). Para sua construção, o GLOBIOM emprega modelos de equilíbrio de mercados, modelos de otimização, modelos de equilíbrio parcial e modelos espaciais de equilibro de preços, para calcular preços, quantidades demandadas e processadas, recursos naturais e fluxos bilaterais de comércio a escala regional. Os resultados estão sujeitos a variações exógenas na disponibilidade de recursos, tecnologia, e restrições de política. Em escalas menores, calcula usos da terra, produtividade, produção da pecuária, intensificação, uso de madeira e emissões de gases de efeito estufa dos diferentes setores de uso da terra (Câmara et al. 2015). O modelo toma o ano 2000 como base de comparação, e as simulações têm intervalos de 10 anos até Isso permite simular usos futuros da terra a identificação de possíveis processos de escassez no suprimento de alimentos e biomassa. O modelo foi ajustado para Brasil, com uma resolução de hectares para cada unidade de simulação. No caso brasileiro foram feitos diferentes cenários de usos de solo segundo diferentes alternativas de implementação das mudanças promulgadas 209

210 no ano 2012 para o Código Florestal (CF). As alternativas propostas foram (Câmara et al. 2015): a. Business as usual (BAU): representa a situação do ano 2000 no Brasil, sem controle efetivo do desmatamento. Não são cumpridas as regras do Código Florestal, mas existe de desmatamento na Mata Atlântica em função da Lei da Mata Atlântica. Não inclui as medidas de reflorestamento presentes no Código Florestal. b. Código Florestal (Forest Code - FC): a partir do ano 2010 incluiu a proibição de desmatamento ilegal. Após 2020, considera atingir a meta de reflorestamento para os requerimentos da Reserva Legal, incluindo implementação das Cotas de Reserva Ambiental (CRA) e anistia para pequenos proprietários. c. Código Florestal sem Cota de Reserva Ambiental (FCnoCRA): é semelhante a (b), assumindo que são implementadas todas as provisões do CF, mas não há implementação efetiva do mercado de CRA. d. Código Florestal sem anistia de pequenos produtores (FCnoSFA): é igual a (b) mas os pequenos produtores estão isentos da necessidade de recuperar a Reserva Legal. e. Código Florestal com Cotas só para terras agrícolas (FCcropCRA): só os produtores agrícolas que tem déficit de RL têm interesse em comprar CRA. Com essas alternativas de política foram calculados cenários de usos de solo entre 2020 e 2050 para a evolução total das florestas, restauração florestal de áreas desmatadas, florestas plantadas e conservação de florestas maduras. As informações do GLOBIOM não são municipalizadas, impedindo a sua utilização para os propósitos desse relatório. Mas, em termos agregados, é possível realizar as comparações por bioma com os cenários de remanescentes florestais previamente estimados. Na presente subseção, são comparados os resultados projetados pelo Modelo baseado no Dinamica EGO, descrito na subseção anterior, com as estimativas obtidas pela alternativa (a) do GLOBIOM, que representa o cenário BAU Câmara (2015). A Figura 32 mostra a comparação dos resultados agregados das projeções de desmatamento pelo cenário Dinamica EGO (subseção anterior) e GLOBIOM, segundo reportado por Câmara (2105). As projeções de desmatamento agregado até 2030 no 210

211 hectares IEI modelo GLOBIOM (cerca de 450 milhões de hectares) são maiores que as projeções de desmatamento agregado pelo cenário Dinamica EGO (aproximadamente 400 milhões de hectares). Ou seja, GLOBIOM projeta 10% a mais de desmatamento em relação ao cenário Dinâmica, que por sua vez apresentou projeções de desmatamento agregado superiores aos dos cenários do modelo SISGEMA para o Brasil como um todo. Isso revela a grande dificuldade de previsão do desmatamento futuro em função das diferentes metodologias disponíveis para esse cálculo. Por outro lado, deve-se ressaltar que apenas para o ano 2000 foram usadas informações observadas de desmatamento no Modelo GLOBIOM, e por isso não captura tanto a aceleração do desmatamento no período , quanto sua forte desaceleração entre 2005/2010. Figura 32: Projeção total de desmatamento até 2030 empregando Dinamica EGO e os resultados de Globiom Brasil. Hectares Resultado Dinâmica Desmatamento até 2030 Resultado GLOBIOM Desmatamento até 2030 Fonte: Elaboração própria e Câmara (2015) Figura 33: Projeção de desmatamento até 2030, por bioma, empregando Dinamica EGO e os resultados de GLOBIOM Brasil. Hectares. 211

212 hectares IEI Amazônia Caatinga Cerrado Mata Altântica Pampa Pantanal Resultado Dinâmica Desmatamento até 2030 Resultado GLOBIOM Desmatamento até 2030 Fonte: Elaboração própria e Câmara (2015) A Figura 33 detalha a comparação das projeções de desmatamento por biomas. No modelo GLOBIOM, o Cerrado é o bioma com maior desmatamento projetado, com 173 milhes de hectares, e a Amazônia fica em segundo lugar, com 109 milhões de hectares acumuladas de desmatamento até Essa é a principal diferença entre as duas modelagens: como nos cenários do modelo SISGEMA, o maior desmatamento no GLOBIOM está no Cerrado, enquanto que o Dinâmica Ego aponta a Amazônia como o bioma mais criticamente ameaçado. Como já discutido antes, é possível que esse resultado seja consequência de mudanças estruturais no processo de desmatamento amazônico que ainda não puderam ser captadas na modelagem Dinamica EGO. Por outro lado, os resultados do GLOBIOM são consistentes com as projeções do modelo SISGEMA onde o desmatamento no Cerrado é o maior desafio para a conservação florestal. A Mata Atlântica possui a terceira maior projeção, com 93 milhões de hectares, seguida por Caatinga (cerca de 40 milhões de hectares). Em ambos os casos, os resultados das duas modelagens são próximos. Por fim, com projeções bem menores, estão o Pampa e Pantanal. Em termos percentuais, as diferenças são grandes, e em ambos os casos o GLOBIOM aponta para tendência de desmatamento maior. A Figura 34 mostra as projeções de remanescentes florestais (florestas maduras, na terminologia GLOBIOM) para Brasil e biomas Amazônia, Cerrado e Caatinga para todas as alternativas de modelagem. O cenário BAU apresenta florestas maduras decrescentes ao longo do período projetado para o país como um todo e para os biomas 212

213 acima citados. É interessante notar que a hipótese de implementação do Código Florestal reduz consideravelmente as projeções de desmatamento das florestas maduras. Figura 34: Projeção de florestas maduras no Brasil, Amazônia, Cerrado e Caatinga para diferentes cenários, Modelo GLOBIOM. Milhões de hectares. Fonte: Câmara et al. (2015) No caso do bioma Mata Atlântica, existe uma maior dificuldade de discriminar florestas maduras e secundárias. Por isso, Câmara et al. (2015) não têm resultados para florestas maduras, mas sim para florestas totais (Figura 35). Percebe-se que a tendência BAU de desmatamento é bem pequena, e que a implementação do Código Florestal cria grande espaço para restauração florestal (discutida na próxima seção), em particular no cenário sem anistia a pequenos produtores (FCnoSFA). 213

214 Figura 35: hectares. Área total de florestas no bioma Mata Atlântica. Milhões de Fonte: Câmara et al. (2015) As figuras 36, 37 e 38 apresentam os resultados da projeção de remanescentes florestais no cenário do modelo SISGEMA para cada um dos biomas, a fim de comparação com os resultados do GLOBIOM. Para tal, partiu-se as estimativas de remanescentes florestais por biomas, apresentadas no início da seção 3.2, e foram descontadas as áreas projetadas de desmatamento anual. Novamente deve-se chamar atenção para o fato de o somente o ano 2000 possui informações observadas de desmatamento no Modelo GLOBIOM, enquanto que o cenário do modelo SisGema utiliza os dados mais recentes observados (dependendo do bioma, de 2009 a 2013). Figura 36: Remanescentes florestais no Brasil e bioma Amazônia segundo o Modelo SISGEMA, , Milhões de hectares. Fonte: Elaboração própria, com base em e dados PMDDBS e PRODES 214

215 Figura 37: Remanescentes florestais nos biomas Caatinga e Cerrado segundo o Modelo SISGEMA , Milhões de hectares. Fonte: Elaboração própria, com base em e dados PMDDBS e PRODES Figura 38: Remanescentes florestais nos biomas Mata Atlântica, Pampa e Pantanal segundo o Modelo SISGEMA , Milhões de hectares. Fonte: Elaboração própria, com base em e dados PMDDBS e PRODES Segundo o SISGEMA, o total de desmatamento acumulado entre 2000 e 2030 seria de cerca de 480 milhões de hectares para Brasil, enquanto o GLOBIOM projeta aproximadamente 460 milhões de hectares (diferença de 4%). No ano 2030, as projeção de estoques totais de remanescentes florestais no cenário do modelo SisGema e de florestas maduras no Modelo GLOBIOM são muito similares, em torno de 400 milhões de hectares no cenário BAU. Ou seja, o cenário do modelo SisGema apresenta uma afinidade bem maior ao GLOBIOM do que o Dinâmica Ego (ao menos, com o conjunto de dados disponíveis para as presentes simulações). 215

216 As principais diferenças entre o Cenário SISGEMA e o Modelo GLOBIOM ocorrem no nível dos biomas. Para a Amazônia, GLOBIOM projeta menos desmatamento e maiores remanescentes florestais, contudo no Cerrado as projeções de desmatamento são maiores e de remanescentes florestais menores que as projetadas pelo cenário do modelo SISGEMA. Isso indica que o esforço de atualização de dados e aperfeiçoamento metodológico deve persistir para garantir melhores projeções futuras de desmatamento, como subsídio para a implementação de PSA voltado à conservação florestal. EGO Comparação com os resultados do modelo SISGEMA e Dinamica A seguinte tabela resume os principais resultados do modelo SISGEMA. Tabela 39: Projeção anual de desmatamento por bioma , modelo SISGEMA. Hectares. Bioma Amazônia Caatinga Cerrado Pampa Pantanal Mata Atlântica Total Fonte: Elaboração própria. É importante notar que as projeções são decrescentes para os diferentes biomas. Isso significa que, quando comparados com a projeção do modelo SISGEMA, as projeções são decrescentes, mas a quantidade de desmatamento projetada por bioma tem valores maiores na projeção Dinamica EGO. A Tabela 40 contrasta as projeções de desmatamento nos dois cenários. Percebe-se que pelo Dinamica EGO, o desmatamento na Amazônia seria superior ao do Cerrado, mas no Cenário do modelo SisGema, a projeção do desmatamento no Cerrado seria bastante superior. Esses valores estão relacionados com as taxas de desmatamento calculadas anualmente e para o período todo Por tanto, ante as alterações mais recentes nas tendências de 216

217 desmatamento, é possível que as taxas de desmatamento tenham uma redução com relação àquelas que foram calculadas no presente estudo. Tabela 40: Comparação das projeções de desmatamento nos Cenários Dinamica EGO e Exponencial Bioma Projeção Dinamica EGO Projeção SISGEMA Diferença em proporção Amazônia 25,373,613 3,198, Caatinga 4,517,781 3,072, Cerrado 20,404,052 15,472, Pampa 577, , Pantanal 1,188, , Mata 832,919 18, Atlântica Brasil 52,894,187 22,327, Fonte: Elaboração própria Em suma, as projeções de desmatamento empregando o modelo Dinamica EGO foram muito superiores às obtidas no Cenário do modelo SISGEMA. As maiores diferenças estão no bioma Amazônia, enquanto para Caatinga e Cerrado as projeções têm valores mais próximos entre as duas metodologias. Isso indica que há vantagens e desvantagens no emprego do modelo Dinamica EGO. Ele permite gerar uma localização espacial dos desmatamentos projetados, identificando áreas prioritárias onde os desmatamentos têm maior probabilidade de ocorrência. Entretanto, o modelo Dinamica EGO pode superestimar os valores de desmatamento quando comparado com outras metodologias, como a projeção do modelo SISGEMA, empregada na primeira parte das estimações de desmatamento. Isso ocorre porque mudanças nas tendências históricas podem não ser adequadamente capturadas nos processos de identificação das taxas de desmatamento. Portanto, é preciso obter informações de anos mais recentes, refletindo melhor as tendências de curto prazo. Esses resultados evidenciam que a modelagem SISGEMA apresenta a vantagem de maior aderência com as tendências recentes de evolução do desmatamento. Por essa razão, recomenda-se ao usuário que utilize as projeções de desmatamento futuro obtidas pelo modelo SISGEMA. 217

218 A acurácia da localização das áreas de desmatamento também vai depender da qualidade da informação que esteja sendo empregada como insumo para determinar os pesos de evidência das diferentes variáveis espaciais. Novamente, é chave contar com informação atualizada sobre essas variáveis espaciais para minimizar erros nas projeções. Anexo 2.1: Custos e benefícios de um PSA projetado para zerar progressivamente o desmatamento Em 2015, o Governo Federal se comprometeu a zerar o desmatamento em todos os biomas até 2030, com exceção da Amazônia, bioma para o qual se estabeleceu um prazo mais exíguo 28. Nas últimas seções, verificou-se que os custos de abater o desmatamento nos dois quartis mais baratos da distribuição do custo de oportunidade da terra ficou entre R$ 3,3 bilhões e R$ 7,5 bilhões anuais, a depender do modelo. Todavia, em nenhum dos exercícios apresentados tanto para o modelo SISGEMA quanto para o Dinamica EGO foi possível observar o atendimento dos prazos estabelecidos, o que acaba por evidenciar a necessidade de esforços adicionais no sentido da ampliação dos recursos para conservação florestal. Em vista desses fatos, este anexo apresenta os resultados para os custos de se zerar o desmatamento em todos os biomas brasileiros dentro dos prazos assumidos pelo Governo Federal. Como existem inúmeras possibilidades de se zerar a perda de remanescentes florestais, cada um delas com um custo distinto, assumiu-se como hipótese de que o desmatamento assumiria uma trajetória de abatimento progressivo 29 ao longo dos anos capaz de conservar a inclinação da curva original de desmatamento projetado (sem PSA), tal qual exemplificado na figura 39 para o bioma Amazônia. 28 Neste bioma, o prazo para zerar o desmatamento foi estabelecido em A redução progressiva do desmatamento implica em aceitar algum desmatamento residual, decorrente do tempo necessário para que o PSA zere a perda de remanescentes florestais. Mais além, nos biomas onde o custo de oportunidade terra é muito baixo, o PSA para zerar progressivamente o desmatamento tenderá a apresentar uma perda de remanescentes maior do que no exercício do PSA pagando a mediana do custo de oportunidade da terra, embora esta perda esteja toda concentrada no período de ajustamento da política; isto é, entre o período corrente e o ano em que expira o prazo dos compromissos assumidos pelo Governo. Desta forma, zerar progressivamente o desmatamento não significa minimizar a perda de remanescentes florestais ao longo do tempo. 218

219 Desmatamento (em Ha) IEI Figura 39: Projeção das taxas de desmatamento com e sem PSA pelo modelo SISGEMA Bioma Amazônia Cenário sem PSA Cenário com PSA Fonte: elaboração própria Deste modo, tomando o caso da Amazônia como exemplo, entre 2016 e 2020 algum desmatamento seria observado nesse bioma, excederia em área o desmatamento residual que ocorreria em resposta a um PSA pagando R$ 402,57/ha/ano. Nessas condições, um PSA desenhado para zerar progressivamente o desmatamento responderia pela redução da perda de remanescentes florestais em 18,82 milhões de hectares pelo modelo SISGEMA. Já no modelo Dinamica EGO, essa área atingiria os 42,4 milhões de hectares entre 2016 e 2030 (tabelas 41 e 42). No que tange aos benefícios ambientais, um PSA nesses moldes evitaria entre 5,1 bilhões de toneladas a 16,1 bilhões de toneladas emitidas de CO2eq., a depender do modelo de projeção de desmatamento utilizado. Tabela 41: Resumo dos resultados Modelo SISGEMA VARIÁVEL AMAZONIA PAMPA CAATINGA CERRADO MATA ATLÂNTICA PANTANAL BRASIL Desmatamento projetado (ha) Desmatamento evitado acumulado (ha) Desmatamento restante acumulado (ha) Porcentagem abatimento (%) 87% 55% 88% 94% 1% 59% 92% Custo do PSA $ $ $ $ $ $ $ tco2eq evitadas Fonte: elaboração própria 219

220 Tabela 42: Resumo dos resultados Modelo Dinamica EGO VARIÁVEL AMAZONIA PAMPA CAATINGA CERRADO MATA ATLÂNTICA PANTANAL BRASIL Desmatamento projetado (ha) Desmatamento evitado acumulado (ha) Desmatamento restante acumulado (ha) Porcentagem abatimento (%) 100% 96% 96% 92% 99% 96% 96% Custo do PSA $ $ $ $ $ $ $ tco2eq evitadas

221 Custo Anual (em bilhões) IEI Anexo 2.2. Capacidade de conservação de carbono florestal com orçamentos de R$ 1 bilhão e R$ 2 bilhões anuais para PSA Neste anexo, os benefícios ambientais provenientes da conservação foram estimados em função do custo anual de um PSA. Supôs-se, nesse ponto, dois orçamentos possíveis para essa política; um orçamento de R$ 1 bilhão e outro orçamento de R$ 2 bilhões, ambos anuais. Empregando o modelo SISGEMA, estimou-se o potencial de conservação do carbono florestal destes PSA s. Com R$ 1 bilhão de reais anual, o pagamento máximo foi de R$ 179,00/ha/ano, o que resultaria na redução do desmatamento em 8,4 milhões de hectares (figura 40). Dobrando este orçamento, o benefício pago chegaria a R$ 252,00/ha/ano, de modo que seria possível reduzir as perdas de remanescentes florestais em 12,96 milhões de hectares entre Figura 40: Potencial de redução de desmatamento (em ha) por conservação florestal e custo anual da política, Modelo SISGEMA R$ 6 R$ 5 R$ 4 R$ 3 R$ 2 R$ 1 R$ Área evitada de desmatamento (ha) Fonte: elaboração própria A distribuição espacial do desmatamento que seria evitado revela que com recursos até R$ 2 bilhões anuais o PSA seria praticamente inócuo para promover a conservação nos biomas Pampa e Mata Atlântica, tal qual revela o Mapa

222 Custo Anual (em Bilhões de R$) IEI Mapa 30: Distribuição espacial do desmatamento evitado por custo anual do PSA, Modelo SISGEMA Fonte: elaboração própria No tocante a capacidade de conservação do carbono florestal, com R$ 1 bilhão anuais seria possível reduzir as emissões de CO 2 em 2,4 bilhões de toneladas. Alternativamente, com um orçamento de R$ 2 bilhões, mais de 3,7 bilhões de tco 2 deixariam de ser emitidas por desmatamento (figura 41). Figura 41: Capacidade de conservação do carbono florestal por custo anual do PSA, Modelo SISGEMA R$ 6 R$ 5 R$ 4 R$ 3 R$ 2 R$ 1 R$ tco2 eq (em bilhões) Fonte: elaboração própria 222

223 Custo total anual (em bilhões de R$) IEI Ao empregar o modelo baseado na plataforma Dinamica EGO, obtiveram-se valores significativamente diferentes. Com um orçamento de R$ 1 bilhão por ano, seria possível evitar o desmatamento em todos os municípios de custo de oportunidade da terra inferior a R$ 132/ha/ano. Se o orçamento com a política fosse dobrado (R$ 2 bilhões), o a valor máximo do PSA atingiria R$ 174,80/ha/ano, de modo que todos os municípios com custo de oportunidade inferior ou igual a este valor teriam suas áreas de remanescentes conservadas. A redução do desmatamento mediante a estes pagamentos atingiria 10,12 milhões de hectares e de 16,66 milhões de hectares, respectivamente (figura 42). Figura 42: Custo anual do PSA e área de desmatamento potencialmente evitado, Modelo usando plataforma Dinamica EGO R$ 10 R$ 8 R$ 6 R$ 4 R$ 2 R$ 0 desmatamento evitado (em milhões de hectares) Fonte: elaboração própria. A distribuição do desmatamento evitado reforça mais uma vez a conclusão de que com orçamento de até R$ 2 bilhões de reais, muito pouco poderia ser feito pelos biomas Pampa e Mata Atlântica no tocante a conservação florestal induzida por um PSA (figura 43). Figura 43: Distribuição espacial do desmatamento evitado por custo anual do PSA, Modelo usando plataforma Dinamica EGO 223

224 Fonte: elaboração própria Por fim, nota-se que a capacidade de abatimento de emissões encontrada neste modelo é significativamente maior que àquela prevista no modelo SISGEMA. Isto se deve ao fato de que o Dinamica EGO prevê uma perda de remanescentes florestais muito maior no bioma Amazônia, onde a densidade de carbono é elevada. Neste caso, as estimativas apontam para uma redução de emissões entre 3,8 bilhões de tco 2 e 6,52 bilhões de tco 2, a depender do orçamento destinado ao PSA (figura 44). 224

225 Custo Anual do PSA (em bilhões de R$) IEI Figura 44: Redução de emissões de CO 2 por custo anual do PSA, Modelo usando plataforma Dinamica EGO Fonte: elaboração própria tco2eq acumuladas (em bilhões) 225

226 Anexo 2.3. Metodologia para calcular um preço para a tonelada de carbono equivalente a partir das áreas conservadas A quantidade de carbono que seria evitada a partir de um PSA para conservação florestal foi utilizada para a construção de uma curva de oferta de emissões evitadas de carbono por conservação florestal. Partindo da hipótese de que o volume de CO 2 evitado poderia ser transacionado no mercado de carbono, é possível se chegar ao preço mínimo por tonelada capaz de induzir a conservação florestal. Isto é, é possível calcular o preço da tonelada de carbono que geraria a quantidade de recursos financeiros necessária para compensar o custo de oportunidade da terra nas localidades sob pressão de desmatamento. A construção dessa curva foi obtida a partir dos seguintes passos: 1. Como o período de cálculo se estende por 15 anos, optou-se por tomar o valor presente líquido (VPL) do custo de oportunidade da terra como medida da renda que o proprietário da terra sacrificaria ao desistir de sua utilização nas atividades agropecuárias. Para tal, utilizou-se uma taxa de desconto de 6% ao ano (a mesma adotada em outras seções deste relatório) sobre o custo de oportunidade da terra calculado para o ano de Os dados de densidade de carbono (tco/ha) por município foram convertidos em tco 2 por hectare. 3. Para se chegar ao preço implícito 30 da tonelada de carbono equivalente, dividiu-se o VPL do custo de oportunidade da terra pela quantidade de tco 2 por hectare. 4. Os municípios foram ordenados de forma crescente pelo preço da tco2eq. 5. Finalmente as áreas sob pressão de desmatamento foram acumuladas para construir a curva de custo de oferta de REDD (ou curva de custo de abatimento). 30 Não se trata do preço de mercado, mas sim do valor mínimo da tco 2 para o qual seria possível cobrir inteiramente o custo de oportunidade. 226

227 Recuperação Florestal em Áreas com Déficit Ambiental A vegetação secundária em estágio de recuperação possui uma capacidade de captura de carbono significativa que também deve ser avaliada como benefício por um eventual Programa Nacional de Pagamento por Serviços Ambientais. Como já discutido, a preservação de remanescentes florestais em proporção à área total do município oscila consideravelmente entre municípios e biomas. Por isso, a importância da recuperação de matas nativas será mais importante em regiões ou ecossistemas com menor grau de preservação. Como cenário de base para estimar a necessidade de recuperação florestal, utilizou-se as projeções feitas por Soares-Filho et al. (2014) e Palermo (2011) que, respectivamente, estimam as necessidades de recuperação ecológica florestal a partir das exigências do Novo Código Florestal e as diferentes taxas de regeneração de florestas nativas no Brasil. A partir desses valores, e considerando-se estimativas de densidade de carbono na vegetação nativa, pode-se estimar o potencial de carbono capturado devido à recuperação de florestas nativas. O estudo de Soares-Filho et al. (2014) estima o balanço ambiental com o Novo Código Florestal (Brasil, 2012), avaliando aqueles municípios que possuem uma quantidade de florestas maior que as exigências do código florestal (denominadas ativos ambientais) e outros com déficit de áreas florestais, para o cumprimento das regras do código florestal (identificadas como passivos ambientais). Para o presente relatório é utilizada a informação de passivo ambiental, ou seja, a área a ser recomposta para cumprir às regras de Reserva Legal no novo Código Florestal. Não foram consideradas as Áreas de Preservação Permanente e seu déficit. Entretanto, deve-se destacar, conforme argumenta Soares-Filho et al. (2014), que algumas diferenças em relação ao novo código florestal mudaram significativamente o cumprimento às regras, com destaque para o art. nº 67, no qual se estabelece que para propriedades de até quatro módulos fiscais a Reserva Legal será constituída com a área ocupada com a vegetação nativa existente em 22 de julho de 2008 (Brasil, 2012). O Mapa 31 mostra que o maior passivo ambiental encontra-se nos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Pará, em função do maior desmatamento nestas regiões. Deve-se destacar que as áreas em cinza são classificadas como áreas protegidas e, por conseguinte, não são foram consideradas como áreas a 227

228 serem restauradas (mesmo que eventualmente a área não seja integralmente coberta por remanescentes). Mapa 31: Passivo ambiental após a revisão do Novo Código Florestal para Reserva Legal Fonte: Elaboração própria a partir de Soares-Filho et al (2014) O estudo de Soares-Filho et al (2014) apresenta valores próximos ao de outros estudos, como Sparovak et al. (2010) que estimam o déficit ambiental para o atendimento ao código florestal no que tange à reserva legal. A Tabela 43 apresenta uma comparação entre os dois estudos, com valores próximos a 20 Milhões de hectares de déficit ambiental no país. Tabela 43: Comparação entre os estudos de Soares-Filho et al (2014) e Sparovak et al. (2010) para o déficit ambiental (em hectares) para o atendimento ao código florestal brasileiro Soares-Filho et al (2014) Sparovak et al (2010) ha déficit ha déficit Diferença Amazônia % 228

229 Caatinga % Cerrado % Mata Atlântica % Pampa % Pantanal Fonte: Elaboração própria a partir de Soares-Filho et al (2013) e Sparovak et al (2010) Outra informação relevante para o cálculo do potencial de captura de carbono com a recuperação de áreas degradadas consiste na taxa de regeneração natural, definida em tc/hectare/ano. Palermo (2011) apresenta resultados no nível de bioma, com base na revisão de literatura disponível sobre o tema (Tabela 44). Tabela 44: Incremento anual de carbono por regeneração da vegetação dos biomas brasileiros Bioma Taxa de Regeneração (ton C/ha/ano) Amazônia 7,23 Mata Atlântica 6,92 Cerrado 2,63 Caatinga 1,75 Pantanal 2,63 Pampas 1,5 Fonte: Palermo (2011) Como a informação de regeneração de floresta nativa é disponibilizada por bioma, foi necessário distribuir a área de cada município por bioma. Para isso, utilizouse o software QGIS para recortar o mapa de área do município a partir das áreas de remanescentes em cada bioma, e obter a estimativa de déficit ambiental para cumprimento do Novo Código Florestal. Com base nessas informações, e na capacidade de captura do carbono pela recuperação da vegetação nativa (Palermo, 2011), pode-se estimar a quantidade de carbono capturada pela recuperação florestal a partir da seguinte expressão: Equação 12. C = R * A (12) Onde: C =carbono capturada com a recuperação florestal (em toneladas) 229

230 R = Taxa de regeneração natural (Palermo, 2011) (em tc/ha/ano) A = Área de déficit ambiental para cumprimento ao Novo Código Florestal em Reserva Legal (Soares-Filho, 2014) (em hectares) Foram elaborados quatro cenários hipotéticos de atendimento ao déficit ambiental, em função do nível de recuperação para cumprimento ao Novo Código Florestal: recuperação do déficit de Reserva Legal em 25%, 50%, 75% e 100%. Os resultados, expressos em toneladas de carbono, são apresentados na Tabela 45. Tabela 45: Toneladas de carbono capturadas ao ano com a recuperação florestal a partir dos diferentes cenários de atendimento ao novo Código Florestal Toneladas de carbono capturadas com recuperação florestal Atendimento 25% 50% 75% 100% ao Código Média por município Total Fonte: Elaboração própria O Mapa 32 apresenta a captura de carbono por recuperação florestal, por município, no cenário hipotético de cumprimento de 100% das normas do Novo Código Florestal (ou seja, zerando todo o déficit ambiental para cumprimento da RL). 230

231 Mapa 32: Captura de carbono (em tc) ao ano caso as áreas de déficit florestal de RL, conforme o Novo Código Florestal, fossem recuperadas em 100% Fonte: Elaboração própria a partir de Soares-Filho (2013) e Palermo (2011). O resultado mostra que as áreas onde haveria maior potencial de sequestro de carbono seriam o Arco do Desmatamento, as áreas de cerrado localizadas ao Sul e Oeste do bioma, e parte significativa da Mata Atlântica. Por fim, pode-se cruzar tais informações com as obtidas sobre custo de oportunidade da terra, fazendo dois cenários: São considerados custos anuais de recuperação e cercamento, para 1 e 3 anos, gerando um ordenamento a partir dos municípios que tem menor custo de oportunidade (lucro/hectare/ano), sem incluir a mão da obra, custos de transporte de insumos e custos de administração. São considerados somente os custos anuais de recuperação e cercamento, para 1 e 3 anos, gerando um ordenamento a partir dos municípios que tem menor custo de oportunidade (lucro/hectare/ano), incluindo a mão da obra, e sem incluir custos de transporte de insumos e custos de 231

232 administração. A Figura 45 apresenta a estimativa do montante financeiro para recuperação florestal e o número de hectares, sem considerar o custo de mão de obra, considerando preços de mercado atuais para as mudas (CC significa custos de cercamento, e CR custos de recuperação). Figura 45: Relação do montante financeiro para recuperação florestal e o número de hectares, sem considerar o custo de mão de obra Fonte: Elaboração própria Observa-se que, caso houvesse um programa de recuperação florestal com recursos na ordem de, por exemplo, 5 bilhões de reais ao ano, seriam recuperados perto de 1,3 milhões de hectares para o cenários com custos de cercamento e custos de recuperação (CC+CR) para 3 anos, e de 1,4 milhões de hectares para um ano (CC+CR 1 ano). Quando considerados somente os custos de cercamento (CR), para 1 ano e para 3 anos, a quantidade de hectares para recuperação florestal foi perto de 3 milhões de hectares. Os primeiros municípios que receberiam o aporte de R$ 5 bilhões ao ano para recuperação florestal estão contidos no bioma da Caatinga, Cerrado e Amazônia, evidenciando o baixo custo de oportunidade nestas regiões atrelado a seus benefícios ambientais (Mapa 33). 232

233 Mapa 33: Recuperação florestal com o aporte de R$ 5 bilhões ao ano sem custo de mão de obra Fonte: Elaboração própria Com a inclusão do custo de mão de obra nos custos de recuperação, esse mesmo montante recuperaria cerca de 0,9 milhões de hectares para o cenário com custos de cercamento e custos de recuperação (CC+CR) para 3 anos, e 1,0 milhões de hectares para 1 ano (CC+CR 1 ano). Caso fossem considerados só os custos de recuperação (CR) para 3 anos a quantidade de área para atender ao novo código florestal, foi de 1,4 milhões de hectares, entanto que para 1 ano a área em recuperação foi de 1,9 milhões de hectares (Figura 46). 233

234 Figura 46: Relação do montante financeiro para recuperação florestal e o número de hectares com o custo de mão de obra Fonte: Elaboração própria Há forte mudança quando somado os custos de mão de obra, sobretudo nos estados do Pará, Tocantins e Maranhão. Nesse caso, os municípios com custos mais baixos, que iriam receber os R$ 5 bilhões estão apresentados no Mapa

235 Mapa 34: Recuperação florestal com o aporte de R$ 5 bilhões ao ano com custo de mão de obra Fonte: Elaboração própria Como conclusão, fica evidente que o gasto necessário para evitar o desmatamento por unidade de área conservada é significativamente inferior ao gasto necessário para recuperar aquelas áreas com déficit ambiental, sobretudo por conta dos altos custos de recuperação e mão de obra. Por essa razão, programas de PSA voltados para a recuperação de áreas já desmatadas, como é o caso da Mata Atlântica, mas também de grandes extensões de outros biomas, exigem valores de pagamento aos proprietários e custos de implementação muito mais caros do que os voltados à conservação florestal. 2.2 Emissão de Metano (CH 4 ) pela Fermentação Entérica de Bovinos As emissões de metano de origem pecuária têm grande importância no Brasil, mas costumam ser ignoradas em exercícios que estimam variações de emissões em função de alterações no uso do solo. Esta seção apresenta uma metodologia para estimar 235

236 a redução de emissões de metano de origem bovina caso fossem introduzidas melhores práticas de manejo pecuário. Para tal, apresenta-se inicialmente o panorama atual da pecuária brasileira para, depois, estimar a emissão total de metano (CH4) proveniente da fermentação entérica, descrevendo a metodologia, hipóteses adotadas e base de dados (principalmente Pesquisa da Produção da Pecuária Municipal PPM, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE). Por fim, são estimadas as reduções de emissões caso ocorresse um PSA que induzisse a intensificação da pecuária bovina. O Brasil tem o maior rebanho bovino comercial do mundo, com mais de 210 milhões de cabeças em 2013 (IBGE, 2014), e o segundo maior rebanho total, atrás apenas da Índia (MAPA, 2014). A produção de carne bovina sofreu rápida expansão no Brasil nos últimos anos, estimulada pela demanda interna e externa, que cresceu em particular nos mercados emergentes, sendo a Rússia o maior importador. De acordo com os dados anuais da Produção Pecuária Municipal - PPM (IBGE, 2014), o rebanho bovino brasileiro cresceu de forma constante, mas diferenciada regionalmente (Figura 47). Enquanto nas regiões onde a atividade se desenvolveu historicamente antes (Sul, Sudeste, Nordeste) observou-se estabilização ou mesmo diminuição (em valores absolutos), os rebanhos das regiões Norte (bioma Amazônia) e Centro-Oeste (predominantemente bioma Cerrado, mas também Pantanal) têm crescido rapidamente, junto com a capacidade industrial de abate, em função da expansão da fronteira agrícola nas duas regiões (Alvarenga, 2014). 236

237 Figura 47: Evolução do efetivo bovino, por região Centro-Oeste Nordeste Norte Sudeste Sul Fonte: Elaboração própria a partir de relatórios anuais ( ) da Produção Pecuária Municipal - PPM (IBGE). Os dados mostram que o rebanho bovino vem crescendo no Brasil, principalmente na região Norte. Em contraste, nas regiões Sul e Nordeste, a quantidade de bovinos tem se estabilizado nos últimos anos. Consequentemente, a importância das emissões de metano oriundas do rebanho bovino também tem aumentado. Deve-se ressaltar que a tonelada de metano causa efeitos maiores quando comparados à tco 2e. No presente estudo usa-se a conversão definida pelo IPCC (2013) em que 1 tonelada de CH 4 corresponde a 34 vezes a tonelada de CO 2 e. Entretanto, com o aumento do rebanho e redução das emissões ocorridas devido às mudanças no uso do solo, sobretudo por conta da redução do desmatamento na década dos anos 2000, a participação das emissões do setor agropecuário subiu para 35% em 2010 (MCT, 2013, apresentado na Tabela 46), atualmente este setor é o maior emissor de gases de efeito estufa no país (Figura 48). 237

238 Figura 48: Emissões de CO2e por tipo de atividade econômica em 2010 Fonte: MCT (2013). A emissão de gases de efeito estufa no setor agropecuário é oriunda das seguintes atividades: fermentação entérica do gado, manejo de dejetos animais, solos agrícolas, cultivo de arroz e queima de resíduos agrícolas. Os gases emitidos pelo setor são metano (CH 4 ) e Óxido Nitroso (N 2 O) com alto grau de impacto para o metano. Para o ano 2010, as emissões de metano representaram 63% das emissões totais da agropecuária e 22% das emissões totais do Brasil. As emissões desse setor são dominadas pelas emissões de metano da fermentação entérica do gado bovino, que é a única de emissão de GEE emitida pela pecuária tratada neste estudo. Além disso, observa-se a evolução e a participação de cada atividade econômica, dentro do setor agropecuário, na emissão de gases de efeito estufa no país (Tabela 46). Tabela 46: Emissões de CO2e para o setor agropecuária ( ) Setores Variação Tg CO2eq AGROPECUÁRIA ,80% 5,20% Fermentação Entérica ,20% 2,20% Manejo de Dejeto de ,50% 11,10% Animais Solos Agrícolas ,90% 8,80% Emissões Diretas ,70% 8,90% Animais em Pastagem ,80% 1,80% Fertilizantes Sintéticos % 29,70% Aplicação de adubo ,10% 13,20% Resíduos Agrícolas ,80% 35,60% 238

239 Solos Orgânicos % 13,80% Emissões Indiretas ,20% 8,60% Deposição Atmosférica ,20% 6,60% Fertilizantes Sintéticos % 29,70% Adubo Animal % 4% Lixiviação ,20% 9,10% Fertilizantes Sintéticos % 29,70% Adubo Animal ,50% 3,50% Cultura de Arroz ,70% -1,70% Queima de Cana e Algodão ,50% 35,80% Fonte: MCT (2013). Ou seja, a fermentação entérica dentro das emissões da agricultura é o componente mais significativos das emissões agropecuárias. A maior parte do metano oriundo de fermentação entérica provém do gado de corte (75%), com valor bastante superior ao do gado de leite (Figura 49). Figura 49: Participação das emissões de GEE para o setor agropecuária por atividade (2010) Fonte: MCT (2013). Para o cálculo das emissões de metano devido à pecuária, utiliza-se uma adaptação da metodologia de Izko & Burneo (2003): Equação 13. C pec = Ei Mi (13) 239

240 Onde: C pec : Emissões pela pecuária (kgch4/ano) Ei: Fator de emissão por tipo de pecuária, expresso em kg CH4 (kgch4/ano) Mi: Efetivo pecuário (número de animais) O fator de emissão por tipo de pecuária foi estimado em estudo do Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT, 2010) que apresenta estimativas de emissão de metano (CH4) pelo rebanho bovino em todas as Unidades de Federação do Brasil. O estudo do MCT (2010) apresenta a emissão de metano, tanto de gado de corte (jovens, fêmeas e machos) quanto de gado leiteiro (fêmeas) com informações anuais de 1990 até A unidade de medida apresentada é kgch 4 /cabeça/ano. Assumiu-se o mesmo fator de emissão das Unidades de Federação para seus respectivos municípios. Outras hipóteses assumidas foram o cálculo da média da série histórica de fator de emissão (anuais de ) e utilizou-se a mesma proporção gado jovem/gado adulto observado no gado de corte fêmea para gado leiteiro (fêmeas), como mostra a Tabela 47. Tabela 47: Fator de emissão de metano (CH 4 ) por fermentação entérica (kg CH4/cabeça/ano) para cada Unidade de Federação Gado de Corte Gado Leiteiro UF Macho Jovens Fêmeas Fêmeas Var. de Corte Jovens para Corte Fêmeas Jovens Var. de Corte macho para Corte Fêmeas Machos AC 55,0 42,7 60,8 61,7-30% 43,3-10% 55,8 AL 61,0 47,3 75,9 70,5-38% 44,0-20% 56,7 AM 55,0 42,7 60,8 61,7-30% 43,3-9% 55,9 AP 55,0 42,7 59,4 60,3-28% 43,3-7% 55,9 BA 61,0 47,3 64,2 60,2-26% 44,4-5% 57,3 CE 61,0 47,3 67,8 63,4-30% 44,3-10% 57,0 DF 56,0 43,0 67,8 66,6-37% 42,3-17% 55,1 ES 56,3 43,7 67,5 65,0-35% 42,0-17% 54,2 GO 56,0 43,0 65,8 64,8-35% 42,3-15% 55,1 240

241 MA 61,0 47,3 64,3 60,1-26% 44,3-5% 57,0 MG 56,3 43,7 70,8 68,1-38% 42,0-20% 54,2 MS 56,0 43,0 65,6 64,6-34% 42,3-15% 55,1 MT 56,0 43,0 66,5 65,5-35% 42,4-16% 55,2 PA 55,0 42,7 58,7 59,7-27% 43,4-6% 55,9 PB 61,0 47,3 65,6 61,6-28% 44,5-7% 57,3 PE 61,0 47,3 70,9 66,3-33% 44,3-14% 57,1 PI 61,0 47,3 62,0 58,4-24% 44,5-2% 57,4 PR 58,0 45,0 74,3 64,4-39% 39,0-22% 50,3 RJ 56,3 43,7 69,8 67,4-37% 42,2-19% 54,4 RN 61,0 47,3 68,0 63,5-30% 44,2-10% 57,0 RO 55,0 42,7 62,8 63,8-32% 43,3-12% 55,9 RR 55,0 42,7 56,8 57,8-25% 43,4-3% 56,0 RS 58,0 45,0 77,0 66,4-42% 38,8-25% 50,0 SC 58,0 45,0 76,2 65,9-41% 38,9-24% 50,2 SE 61,0 47,3 68,8 64,5-31% 44,4-11% 57,2 SP 56,3 43,7 67,5 65,2-35% 42,2-17% 54,4 TO 55,0 42,7 58,1 59,2-27% 43,4-5% 56,0 Fonte: Elaboração própria a partir de MCT (2013) O efetivo bovino estimado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na Produção da Pecuária Municipal (PPM), com informações anuais de 2000 até 2013, foi usado como base o cálculo da emissão de metano por fermentação entérica. Apesar da existência de informações com relação à área de pastagem por município no Brasil (LAPIG,1996; IBGE, 2006; Soares-Filho, 2014), foram identificados problemas com relação à taxa de lotação por município, uma vez que alguns municípios apresentam taxa de lotação acima dos 100 cabeças de bovino/hectare de pastagem, valor claramente irrealista. Isso se deve possivelmente ao deslocamento da pecuária e a subestimativa das áreas de pastagens (ver capítulo sobre estimativas de custo de oportunidade da terra). Para o cálculo da densidade bovina por município, optou-se por estimar a área disponível para pastagem, obtida pela diferença entre a área 241

242 total do município e outros usos, como unidades de conservação e terras indígenas (Mapa 35). Mapa 35: Densidade bovina (número de cabeças de bovinos/área total do município exclusive áreas protegidas) Fonte: Elaboração própria. Entretanto, a informação sobre o efetivo bovino da PPM não é suficiente já que as informações não são disponibilizadas por tipo de pecuária distribuição entre gado leiteiro e de corte, entre jovens e adultos, e entre, fêmeas e machos. Para estimar essas diferenças, utilizou-se a informação por tipo de pecuária e sua finalidade da criação obtida pelo Censo Agropecuário em 2005/2006 (IBGE, 2006) na qual apresenta a porcentagem de cada finalidade por município: gado de corte fêmea, macho e jovens; gado leiteiro fêmea, macho e jovens; e gado de trabalho fêmea, macho e jovens. Assumiu-se a hipótese de que esta porcentagem de efetivo bovino por cada tipo de pecuária e finalidade, descrito pela Pesquisa Pecuária Municipal - PPM (IBGE) é constante para toda a série histórica ( ). A multiplicação do efetivo bovino pelo fator de emissão - ambas informações por município, por tipo de pecuária (jovens, machos e fêmeas) e por finalidade (leiteiro, 242

243 tch4 IEI corte e trabalho) - determina a emissão anual de metano municipal (CH4) durante (Figura 50). Figura 50: Emissões Anuais de Toneladas de Metano por Fermentação Entérica ( ) Emissão de Metano Anual a partir da Fermentação Entérica Fonte: Elaboração Própria. Em um nível agregado, observa-se que as emissões estimadas correspondem a 11,5 Gg em 2013, com valores bastante próximos ao apresentado em MCT (2014) Pode-se afirmar que os valores estimados pelo presente estudo são próximos aos apresentados pelo MCT (2014), apesar do uso de metodologias diferentes (Tabela 48). Tabela 48: Comparativo entre estimativas de emissões de metano pela fermentação entérica (em milhões de toneladas de metano) GEMA/UFRJ 9,0 9,4 9,8 10,3 10,8 11,0 10,9 10,6 10,7 10,9 11,1 11,3 11,2 SEEG 9,0 9,4 9,7 10,2 10,7 10,9 10,8 10,2 10,4 10,6 10,8 10,9 10,9 Diferença 0,1% 0,0% 1,1% 1,2% 1,1% 1,0% 1,0% 3,8% 3,5% 3,2% 2,9% 3,8% 3,0% Fonte: Elaboração própria e MCT (2014) A Figura 51 mostra as emissões desagregadas por Região. A Região Centro- Oeste do país, onde está localizada boa parte da fronteira agrícola que se expande à Região Norte, é a maior responsável por emissões de metano bovino (33%). Esse resultado está próximo ao de valores obtidos em outros estudos (Bustamente et al, 243

244 kg CH4 IEI ). O aumento das emissões na Região Norte e a queda nas emissões da Região Sudeste refletem a variação no tamanho dos respectivos rebanhos: a expansão da fronteira agropecuária empurra a pecuária para o Norte, ao mesmo tempo em que vem sendo expelida das áreas consolidadas no Sudeste, possivelmente por substituição no uso da terra por cultivos mais produtivos ou, inversamente, pelo declínio da capacidade de suporte em áreas esgotadas. Figura 51: Emissões Anuais de Metano por Fermentação Entérica por Região ( ) Norte Centro-Oeste Sul Sudeste Nordeste Fonte: Elaboração Própria. Os Mapas 36 e 37 mostram a evolução das emissões de metano bovino ao longo do tempo (2000 a 2013). Como esperado, a expansão da pecuária da Região Centro- Oeste para a Região Norte vem gerando um aumento da emissão de metano especialmente no Arco do Desmatamento. 244

245 Mapa 36: Emissão de Metano (CH4) pela fermentação entérica pela área do município (ano 2000) Fonte: Elaboração própria Mapa 37: Emissão de Metano (CH4) pela fermentação entérica pela área do município (ano 2013) Fonte: Elaboração própria. Uma política de Pagamento por Serviços Ambientais deveria também pensar de que forma tal política pode impactar tanto a forma de criação (manejo) quanto o efetivo 245

246 de bovinos. A produção agropecuária vem se expandindo, sobretudo na Amazônia, sendo um dos principais vetores de desmatamento e emissão de gases de efeito estufa no país. Pode-se considerar que a pecuária estabelecida no Brasil é, majoritariamente, de baixa rentabilidade, como comprovado no relatório 3, sobre o custo de oportunidade da terra. Assim sendo, com o objetivo de transformar a pecuária em uma atividade ambientalmente e economicamente mais eficiente, o presente estudo, avalia o efeito que a intensificação do efetivo bovino pode ter na emissão de metano, a partir da diferença entre os sistemas de produção extensiva/tradicional e intensiva/confinamento. IBGE (2006) estimou o efetivo bovino em confinamento em cerca de 3 milhões de animais em todo o Brasil. Para atualizar esses valores, assumiu-se a hipótese de que a porcentagem de bovinos em confinamento sobre o efetivo bovino total seria mantida por município, extrapolando assim o efetivo bovino em confinamento para o ano de Para o rebanho bovino em 2013 estimado que ainda não está em confinamento (obtido por resíduo), foram feitas as seguintes as simulações sobre a intensificação da pecuária ainda não confinada: a. Intensificação de 10% do efetivo bovino não confinado nos municípios em 10 anos, com intensificação de 1% a cada ano durante este período; b. Intensificação de 20% do efetivo bovino não confinado nos municípios em 10 anos, com intensificação de 2% a cada ano durante este período; c. Intensificação de 30% do efetivo bovino não confinado nos municípios em 10 anos, com intensificação de 3% a cada ano durante este período. Essas porcentagens foram consideradas a partir de resultados observados por meio de uma revisão da literatura do assunto (como, por exemplo, o estudo de Barbosa et al (2015) que projetou tais informações para a Amazônia). Conforme apresentado por Soares-Filho et al (2010), as emissões de metano por ruminantes são, basicamente, função da quantidade de alimento ingerido e da qualidade da dieta. A pecuária intensificada emite mais metano do que a o gado tradicional já que o gado se alimenta de produtos que podem gerar maior quantidade de metano, no rúmen, pelos processos bacterianos. Entretanto, deve-se salientar que a alimentação da pecuária intensiva reduz o ciclo de vida do animal, reduzindo o tempo que é empregado para engordar o animal, aumentando o ganho de peso diário, e aumentando sua produtividade. Segundo estudo de Demarchi et al (2006), a intensificação da pecuária gera um aumento na eficiência na produção de carne através do uso de tecnologias, ocasionando 246

247 menores relações de metano / quilo de carne produzida; sendo que esse melhor aproveitamento da energia do alimento pode gerar uma redução na emissão individual de metano. Sendo assim, o estudo estima que apenas com a melhora no manejo nutricional dos animais, reduzindo a idade de abate de 4,5 para 2 anos é possível diminuir em cerca de 10% a emissão de metano. A redução na idade de abate reflete na diminuição do tamanho do rebanho, porém com aumento de giro de capital no setor. A intensificação da pecuária gera, segundo estudo da Embrapa para o estado do Pará (2006), uma redução da área de pastagem de 0,84 hectares em média para cada unidade de animal (UA) 31 intensificada, enquanto que se obtém 1,35 UA em média com a intensificação de 1 hectare (Tabela 49). Tabela 49: Coeficientes técnicos para a intensificação UA/ha ha/ua Média tradicional 0, Média intensiva 2,1 0,495 Diferença 1,325-0,84 Fonte: Elaboração própria a partir de Embrapa (2006). A simulação com os três cenários de intensificação foi feita para os dois sistemas de produção - tradicional/extensiva e intensiva/confinada. Observou-se, portanto, a diferença de hectares iniciais e finais com os dois sistemas de produção, resultando no valor de áreas de pastagens que ficariam livres para outros tipos de atividades, como a produção agrícola (Tabela 50). Tabela 50: Hectares de pastagem livres com a intensificação da pecuária Intensificação 10% do rebanho de Intensificação 20% do rebanho de Intensificação 30% do rebanho de 31 O estudo da Embrapa (2006) utiliza unidade de animal (UA), enquanto que estava sendo usado a unidade de cabeças de bovino. Assim, é feita a conversão de cabeças de bovinos para UA a partir da informação do Censo Agropecuário (2006) com os pesos vivos de cada animal (bezerros, novilhos, vacas e touros etc). Assume-se a hipótese de que a proporção de UA por município em 2006 será a mesma do que em

248 Hectares de pastagem livres com a intensificação da pecuária Fonte: Elaboração própria. Monteiro (2009) estimou a variação na emissão de metano para diferentes sistemas de produção, que foi adaptada para calcular a variação. Dito isso, pode-se observar a emissão evitada com a intensificação da pecuária (Tabela 51). Tabela 51: Produção de gases de efeito estufa por unidade de carcaça produzida, para os dois sistemas simulados Variável Tradicional Intensivo CH4/carcaça produzida (kg/kg) 0,78 0,51 Fonte: Adaptado a partir de Monteiro (2009) Com isso, pode-se obter a emissão de metano tanto para o sistema extensivo quanto para o sistema intensivo/confinamento, por meio da multiplicação destes fatores descritos acima e UA por município (Tabela 52). Tabela 52: Emissões de metano (em toneladas de CH4) para os três cenários hipotéticos de intensificação da pecuária e seus respectivos sistemas de produção Metano emitido (ton CH4) pelos cenários caso fossem mantidos em sistema tradicional Metano emitido pelos cenários caso fossem transformados em confinado/intensivo Intensificação de 10% do rebanho Intensificação de 20% do rebanho Intensificação de 30% do rebanho Diferença de metano emitido pelos cenários (Tradicional - Intensivo) Fonte: Elaboração própria Assim sendo, com os cenários de intensificação da pecuária, pode-se estimar a emissão evitada em até Gg de CH4, ou seja, em um cenário de intensificação de 248

249 30% da pecuária resultaria na redução de 35% das emissões de metano da fermentação entérica. Deve-se considerar o custo da intensificação da pecuária. Os custos médios para manutenção e implementação para pecuária intensiva/confinamento estão apresentados na Tabela 53, com base em Embrapa (2006). Tabela 53: Coeficientes de custo para manutenção e implantação de pecuária intensiva para Pará 2013 Custo médio da pecuária tradicional (em reais/ha/ano) R$ 211,21 Custo anual de manutenção da pecuária intensiva (em reais/ha/ano) R$ 528,01 Custo de implantação de 1 ha de pastagem para PRI em área de capoeira ou de vegetação secundária (Ano 0) (em reais/ha/ano) R$ 2.220,58 Fonte: Adaptado de Embrapa (2006) com ajuste de preços para 2013 pelo IPP (Índice de Preços ao Produtor). Apesar do elevado custo de implantação apresentado em Embrapa (2006), este ainda é inferior àqueles descritos na literatura como, por exemplo, o estudo do Instituto Internacional de Sustentabilidade (IIS, 2015) no qual apresenta o custo inicial de R$ 2.400/ha. Segundo o IIS (2015), as fazendas que vêm adotando estas técnicas de intensificação utilizam a estratégia de intensificar de 5% até 20% das pastagens como em Apuí-AM (projeto desenvolvido pelo Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas Idesam), em Paragominas-PA (projeto do Sindicato de Produtores Rural de Paragominas em parceria com o Imazon) e em São Félix do Xingu (apoiado pela The Nature Conservancy). A partir destes cálculos é possível chegar a um valor médio por ano para implementar e intensificar a produção pecuária (Tabela 54). Tabela 54: Custo médio anual para intensificação da pecuária por município e custo total médio para todo o Brasil, a partir dos diferentes cenários (em bilhões de reais) Intensificação de 10% Intensificação de 20% Intensificação de 30% 249

250 Custo Médio por ano durante 10 anos por município R$ 1,5 milhão R$ 3 milhões R$ 4,5 milhões Custo total médio por ano durante 10 anos para todo o Brasil R$ 8,3 bilhões R$ 16,7 bilhões R$ 25 bilhões Fonte: Elaboração própria. Assume-se a hipótese de que tais custos de implementação ocorrem por dez anos ( ), enquanto que o custo de manutenção para a intensificação da pecuária ocorre até Apesar dos elevados custos de intensificação da pecuária para os três cenários, a adoção de melhores práticas na pecuária pode gerar aumento de rendimentos aos proprietários no médio/longo prazo. Assim, pode-se demonstrar que a implementação de tais ações pode gerar ganhos acima dos custos de implementação e manutenção. Alguns estudos como Bedoya et al. (2012) demonstram a viabilidade econômica para o Programa de Agricultura de Baixo Carbono (ABC), com um rendimento médio para pecuária extensiva e intensiva em R$ 121 reais/ha/ano e R$ 610 reais/ha/ano, respectivamente. Entretanto, utiliza-se a informação apresentada em Embrapa (2006) em que apresenta os seguintes rendimentos para as atividades agropecuárias (Tabela 55): Tabela 55: Rendimentos para diferentes sistemas de produção de pecuária Rendimento R$/ha/ano Pecuária extensiva/tradicional 193,60 Pecuária intensiva/confinamento 880,02 Fonte: Elaboração própria a partir de Embrapa (2006) O valor apresentado por Embrapa (2006) para a pecuária extensiva/tradicional, rendimento de R$ 193,60 reais/ha/ano, à estimativa de rendimento médio para toda a pecuária brasileira, com todos os seus diferentes sistemas de produção, no valor de R$ 166 reais/ha/ano, estimado no Capítulo 2 deste Relatório, que trata do custo de oportunidade da terra. De forma conservadora, optou-se por utilizar os valores apresentados por Embrapa (2006). Assim, da mesma forma como foi feito para os 250

251 Reais IEI custos de intensificação da pecuária, é possível estimar o rendimento médio por município por ano ao intensificar, ao final de 10 anos, em cerca de 10%, 20% ou 30% a criação (Tabela 56). Tabela 56: Rendimento médio anual com a intensificação da pecuária por município em 10 anos e rendimento total médio para todo o Brasil (em bilhões de reais) Intensificação de 10% Intensificação de 20% Intensificação de 30% Rendimento Médio por ano durante 10 anos por município R$ 1,8 milhão R$ 3,6 milhões R$ 5,4 milhões Rendimento total médio por ano durante 10 anos para todo o Brasil Fonte: Elaboração própria. R$ 8,3 bilhões R$ 16,7 bilhões R$ 30,4 bilhões Quando comparado os rendimentos e os custos anuais da intensificação da pecuária pelos cenários de aumento de 10%, 20% ou 30% em dez anos, observa-se que, ao final do processo de intensificação, os rendimentos serão maiores que os custos (Figuras, 52 a 54). Figura 52: Rendimentos e custos anuais com a intensificação de 10% da pecuária em 10 anos R$ ,00 R$ ,00 R$ ,00 R$ ,00 R$ ,00 R$ ,00 R$ ,00 Rendimento total para intensificação de 10% Custo total para intensificação de 10% R$

252 Reais Reais IEI Fonte: Elaboração própria Figura 53: Rendimentos e custos anuais com a intensificação de 20% da pecuária em 10 anos R$ ,00 R$ ,00 R$ ,00 R$ ,00 R$ ,00 R$ ,00 Rendimento total para intensificação de 20% Custo total para intensificação de 20% Fonte: Elaboração própria Figura 54: Rendimentos e custos anuais com a intensificação de 30% da pecuária em 10 anos R$ ,00 R$ ,00 R$ ,00 R$ ,00 R$ ,00 R$ ,00 R$ ,00 R$ ,00 R$ ,00 Rendimento total para intensificação de 30% Custo total para intensificação de 30% R$- R$- Fonte: Elaboração própria Portanto, quanto maior a intensificação, maior será o rendimento, como também apresentado em IIS (2015). As informações de intensificação da pecuária também 252

253 tch4 em CO2 equivalente IEI podem ser apresentadas relacionando a emissão de metano evitada e as áreas municipais seguindo a ordem dos municípios com maior redução de emissão por hectare total (Figura 55). Vê-se que nos municípios com maior atividade pecuária a mudança para pecuária intensiva leva a uma grande redução das emissões de metano. As áreas à esquerda do gráfico correspondem a municípios com menor presença de atividade pecuária e com menor impacto da conversão para pecuária intensiva. Ou seja, a intensificação num conjunto relativamente reduzido de municípios teria um grande impacto na redução das emissões de metano. Figura 55: Relação das emissões evitadas de metano (tch4) com a intensificação da pecuária e a área do território brasileiro % 20% 10% Milhões milhões de ha do território brasileiro - municípios somados por ordem de eficiênciana na redução de CH4 Fonte: Elaboração Própria. Com isso, é possível observar a priorização naqueles municípios com maior rebanho, proporcionalmente à sua área. Estes são, portanto, os municípios que deveriam ser priorizados no caso de um PSA voltado a incentivar a redução de emissão de metano a partir da intensificação da pecuária visto possuírem os maiores rebanhos. Pode-se exemplificar que, caso fosse feita a intensificação de 30% da pecuária nos 50 milhões de hectares com maior rebanho no Brasil, haveria uma redução de emissão de 32 milhões de tco 2e (Mapa 38). 253

254 Mapa 38: Metano evitado por hectare de área de intensificação do rebanho Fonte: Elaboração Própria 2.3 Erosão Evitada A estimativa de erosão do solo por recuperação ou conservação florestal foi obtida a partir da aplicação da Equação Universal de Perdas de Solo (EUPS ou, em inglês: Universal Soil Loss Equation - USLE) a características do território brasileiro. A EUPS é constituída pelos principais fatores que causam a erosão hídrica, ressaltando-se que o produto de todos os fatores resultará na estimativa das perdas médias de solo, em t ha 1 ano 1. Essa equação pode ser expressa matematicamente, da seguinte forma: Equação 14. A =R K L S C P (14) Em que: A = perda anual média de solo, t ha 1 ano 1 ; 254

255 R = fator erosividade da chuva, expresso por um índice numérico que estima a capacidade da chuva de provocar erosão, MJ mm ha 1 h 1 ano 1 ; K = fator erodibilidade do solo, representando a suscetibilidade do solo à erosão, expresso numericamente pela relação entre a perda anual média de solo e o fator erosividade da chuva de uma parcela-padrão com 9% de declividade e 25 m de comprimento, mantida continuamente sem cobertura vegetal e cultivada morro abaixo, de forma a manter a superfície do solo livre de crostas, em t ha h ha 1 MJ 1 mm 1 ; L = fator comprimento do declive, que é a relação de perdas de solo entre uma encosta com certo comprimento e a padrão com 25 m, sendo as demais condições iguais; S = fator grau de declive, que é a relação de perdas de solo entre uma encosta com certo declive e a padrão com 9%, sendo as demais condições iguais; C = fatores uso e manejo, que são a relação de perdas de solo entre um solo cultivado com determinada cultura e esse mesmo solo mantido constantemente sem cobertura, isto é, nas mesmas condições do fator K; e P = fator prática conservacionista, que é a relação de perdas de solo entre um solo com determinada prática de controle da erosão e um solo sem prática conservacionista Fator Erosividade da Chuva, R Os dados do fator erosividade da chuva, expressos por índices numéricos que estimam a capacidade da chuva de provocar erosão foram extraídos da literatura. Foi realizada uma pesquisa em uma grande quantidade de artigos, teses e dissertações para a obtenção de dados consistentes, que abrangessem todo o país. Esses dados, que são apresentados na Tabela 57 abaixo foram espacialmente interpolados dentro do domínio brasileiro pelo método de interpolação de Krigging, ou krigagem. A krigagem é considerada uma boa metodologia de interpolação de dados. Ela utiliza o dado tabular e sua posição geográfica para calcular as interpolações. Utilizando o princípio da Primeira Lei de Geografia de Tobler, que diz que unidades de análise mais próximas entre si são mais parecidas do que unidades mais afastadas, a krigagem utiliza funções matemáticas para acrescentar pesos maiores nas posições mais próximas aos pontos amostrais e pesos menores nas posições mais distantes, e criar assim os novos pontos interpolados com base nessas combinações lineares de dados. 255

256 A partir de gráficos como o (semi) variograma, a superfície contínua de dados é criada, e pode-se ter uma ideia da segregação espacial das variáveis, e o alcance da segregação no espaço, em unidades métricas conhecidas, como milhas, quilômetros, etc. Alguns resultados foram extraídos do trabalho Rainfall erosivity in Brazil: A review, de Paulo Tarso Sanches de Oliveira, Edson Wendland e Mark A. Nearing, publicado na Revista Catena em março de (Oliveira et al.,2012). Tabela 57: Valores do Fator Erosividade da Chuva para diversos municípios Brasileiros Longitude Latitude Fator R Município Estado Coari AM Manaus AM Fortaleza CE Aracruz ES Goiânia GO Iporá GO Lavras MG Sete Lagoas MG Açucena MG Antônio Dias MG Belo Oriente MG Caratinga MG Peçanha MG Sabinópolis MG Santa Bárbara MG Sto. Ant.Itambé MG Sto.D.do Prata MG Dourados MS Coxim MS Campo Grande MS Cuiabá MT Rondonópolis MT Cáceres MT Cáceres MT Cáceres MT Canarana MT Vera MT Poxoréo MT São J. Rio Claro MT Conc. Araguaia PA Marabá PA 256

257 Longitude Latitude Fator R Município Estado Bragança PA Cametá PA Tucuruí PA Paragominas PA Belém PA Castanhal PA Olinda PE Catende PE Gloria do Goitá PE Caruaru PE São Caetano PE Belo Jardim PE Araripina PE Cabrobó PE Ouricuri PE Petrolina PE Poço da Cruz PE Nova Friburgo RJ Seropédica RJ Rio das Flores RJ Valença RJ Angra dos Reis RJ Carmo RJ Barra do Pirai RJ Rio Claro RJ Rio Bonito RJ Magé RJ Conc. Macabu RJ Magé RJ Saquarema RJ Rio de Janeiro RJ Rio de Janeiro RJ Piraí RJ Quaraí RS Rio Grande RS São Borja RS Enc.do Sul RS Uruguaiana RS Ijuí RS Pelotas RS Sta. Rosa RS 257

258 Longitude Latitude Fator R Município Estado Campos Novos SC Lages SC Chapecó SC Urussanga SC Teodoro Sampaio SP Campinas SP Piraju SP Sete Barras SP Juquiá SP Mococa SP São Manuel SP Pedrinhas Paulista SP Piracicaba SP Pindorama SP Novo Horizonte SP Serra do Tequepem RR Goiatins TO Campos lindos TO Ouro PI Ribeiro Gonçalves PI Travessia PI Montes Claros MG Brasília DF Alagoinha PB Caseara TO Aracruz ES Juazeiro BA Mombaça CE Piquet Carneiro CE Pedra Branca CE Quixadá PB Senador Pompeu CE Boa Viagem CE Quixeramobim CE Independência CE Acopiara CE Milhã CE Tauã CE Deputado Irapuan Pinheiro Fonte: Oliveira et al. (2012) CE 258

259 O Mapa 39 apresenta os valores da erosividade, R, em MJ mm ha 1 h 1 ano 1 para o território brasileiro e a localização dos pontos relativos aos municípios listados na Tabela 57. Os mapas foram produzidos através do software QGIS, que é um Sistema de Informação Geográfico de código aberto de plataforma cruzada. Mapa 39: Erosividade, fator R, para o território brasileiro em MJ mm ha 1 h 1 ano 1. Fonte: Elaboração própria. Em estudo semelhante (Silva, 2004), foram aplicadas oito formulações distintas para o território brasileiro de acordo com a erosividade da chuva estudadas por diversos autores, c.v. Tabela 58: Equações usadas para determinar a erosividade anual Bacia Equação Fonte 1 R X = 3,376. (M X 2 /P) + 42,77 Oliveira e Medina (1990) 2 R X = 36,849. (M X 2 /P) 1,0852 Morais et al. (1991) 259

260 3 R X = (0,66M X ) + 88,8 Oliveira (1988) 4 R X = 42,307. (M 2 X /P) + 69,763 Silva (2001) 5 R X = 0,13. (M 1,24 X ) Leprum (1986) 6 R X = 12,592. (M 2 X /P) 0,603 Val et al. (1986) 7 R X = 69,73. (M 2 X /P) 0,841 Lombardi e Moldenhaner (1992) 8 R X = 19,55 + (4,20.M X ) Rufino et al. (1993) Fonte: Silva (2014) As equações determinam a erosividade anual onde o fator Rx é o fator R em (MJ mm ha 1 h 1 ano 1), para cada mês x, Mx é a média da precipitação mensal (mm), e P é a média da precipitação anual (mm). Mapa 40: Bacias de aplicação das equações da Tabela 21 Fonte: Silva (2004) Mapa 41: Mapa de erosividade da chuva, fator R, no Brasil 260

261 Fonte: Silva (2004) O estudo feito por Oliveira et al., 2012 também apresenta o Mapa de Erosividade da chuva no Brasil, c.v. Mapa 46, e foi baseado na revisão da literatura utilizando interpolação pelo método de Krigging. 261

262 Mapa 42: Mapa de Erosividade da chuva no Brasil Fonte: Oliveira et al. (2012) No estudo feito por Gomez (2012) foram realizadas duas metodologias distintas para o cálculo do fator R. A primeira obteve a erosividade para o Brasil para o período entre os anos de por técnicas de estatística espacial. A segunda metodologia baseou-se nas informações de precipitação obtidas de WorldClim, que foram analisadas e processadas para obter o Índice de Fournier e aos quais foram aplicadas a formulação de Rufino et al. (1993) para se obter os valores de erosividade. Os mapas 43 e 44 são respectivamente os mapas de erosividade relativos a primeira e segunda metodologias do estudo de Gomez (2012). 262

263 Mapa 43: Mapa de Erosividade da chuva no Brasil por técnicas de estatística espacial. Fonte: Gomez (2012) 263

264 Mapa 44: Mapa de Erosividade da chuva no Brasil através da fórmula de Rufino,1993 Fonte: Gomez (2012) Fator Erodibilidade do Solo, K Erodibilidade é uma propriedade do solo que representa a sua susceptibilidade à erosão. A erodibilidade do solo (fator K) foi redefinida como a quantidade de solo perdido em dada área por unidade do índice de erosividade adotado, nas condições padrão (Wischmeier & Smith, 1978). Tais quantificações são efetuadas nas condições de parcela padrão, que é a unidade fundamental de pesquisa de erosão, preconizada pela equação universal de perda de solo. Por outro lado, tolerância de perda representa a quantidade de solo que pode ser perdida pela erosão acelerada, expressa em unidade de massa por unidade de área no tempo, que mantém os seus níveis iniciais de fertilidade e com a equivalente produtividade, por longo período de tempo (Wischmeier e Smith, 1965). Avaliações experimentais do valor do fator erodibilidade (K), conforme as normas estabelecidas pela equação universal de perda de solo, além de demandarem excessivos gastos também exigem muito tempo nas suas determinações, uma vez que 264

265 trabalham com o processo direto da causa e efeito, que é o fenômeno da erosão do solo. Tais motivos tornaram necessária a estimativa do fator K por outros meios mais fáceis, denominados métodos indiretos de determinação da erodibilidade. Existem três métodos mais utilizados para a determinação da erodibilidade do solo. A primeira é a determinação do fator K em condições de campo, sob chuva natural. O segundo baseia-se na quantificação do fator K em razão das perdas de solo e do fator erosividade sob condições de chuva simulada. O terceiro baseia-se em regressões múltiplas que contenham como variáveis independentes atributos morfológicos, físicos, químicos e mineralógicos do solo. O fator K medido no campo (método direto), por meio de chuvas simuladas ou naturais, é considerado o valor que verdadeiramente reflete a erodibilidade do solo, tal como ela é compreendida na USLE. No entanto, o método direto, além de necessitar de determinações morosas e de alto custo, principalmente quando medido mediante chuvas naturais, requer também rigorosa padronização. A metodologia adotada neste trabalho para o cálculo do fator K de erodibilidade é a proposta por Wischmeier e Smith (1978), em que K é uma medida da susceptibilidade do solo ao desprendimento e transporte das partículas influenciada por características físicas e químicas do solo, como a quantidade de matéria orgânica, textura, estabilidade estrutural e mineralogia dos constituintes do solo. O modelo proposto é expresso por: Equação 15. K=[2.1*10-4*(12-MO)*M *(s-2)+2.5*(p-3)]/759 Onde: K: erodibilidade do solo em t ha h ha 1 MJ 1 mm 1; MO: quantidade de matéria orgânica em %; M: função da textura, onde M= (%silte+%areia fina)*(100-%argila); s: código da estrutura, 1 (granular muito pequena), 2 (granular pequena), 3 (granular média a grande), 4 (blocos ou maciça); p: código da permeabilidade, 1(rápida), 2 (moderada a rápida), 3 (moderada), 4 (lenta a moderada), 5 (lenta), 6 (muito lenta). 265

266 Os dados de silte, areia fina, e argila a 22,5 cm da superfície do solo foram obtidos no website do Instituto ISRIC - World Soil Information 32. Mapa 45: Porcentagem de silte a 22,5 cm de profundidade. Fonte: Elaboração própria Mapa 46: Porcentagem de argila a 22,5 cm de profundidade Fonte: Elaboração própria 32 Instituto ISRIC - World Soil Information. Disponível em: 266

267 Mapa 47: Porcentagem de areia fina a 22,5 cm de profundidade. Fonte: Elaboração própria O mapa da Textura M foi obtido através da calculadora raster do software QGis, utilizando a fórmula: M= (%silte+%areia fina)*(100-%argila). 267

268 Mapa 48: Mapa da textura M a 22,5 cm de profundidade Fonte: Elaboração própria A quantidade de matéria orgânica em porcentagem foi obtida através da porcentagem de carbono no solo em 2 cm de profundidade, obtida no website do Instituto ISRIC - World Soil Information 33. Onde, Equação 16. MO (%) = Carbono (%) * 1,72 (16) 33 Instituto ISRIC - World Soil Information. Disponível em: 268

269 Mapa 49: Porcentagem de Carbono em 2 cm de profundidade Fonte: Elaboração própria Mapa 50: Porcentagem de Matéria Orgânica em 2 cm de profundidade Fonte: Elaboração própria 269

270 O mapa 51 de código de estrutura foi confeccionado a partir do mapa de solos brasileiro, fornecido pela Embrapa Solos, e dados da literatura, usando a ferramenta do QGis de junção espacial tendo como máscara o mapa de tipos de solo. Os dados da literatura foram obtidos de Development of a soil and terrain database for Latin America and the Caribbean 34. A classificação utilizada foi obtida de Wischmeier & Smith (1978), que descrevem o código da estrutura como: 1 (granular muito pequena), 2 (granular pequena), 3 (granular média a grande), 4 (blocos ou maciça). Mapa 51: Mapa de código de estrutura, s. Fonte: Elaboração própria O Mapa 52 de código de permeabilidade foi confeccionado a partir do mapa de solos brasileiro fornecido pela Embrapa Solos e de dados da literatura, usando a ferramenta do QGis de junção espacial, tendo como máscara o mapa de tipos de solo. 34 Website SOTERLAC. Disponível em: 270

271 Os dados da literatura foram obtidos de Development of a soil and terrain database for Latin America and the Caribbean. A Tabela 59 apresenta a classificação do código da permeabilidade, baseada em Gomez (2012). Tabela 59: Código de Permeabilidade Classificação Código permeabilidade 1 Rápida 2 Moderada a rápida 3 Moderada 4 Lenta a moderada 5 Lenta 6 Muito lenta Fonte: Gomez (2012) 271

272 Mapa 52: Mapa de código de permeabilidade, p Fonte: Elaboração própria O Mapa 53 apresenta a erodibilidade do solo, fator K, elaborado através do QGis, utilizando os mapas de M, MO, s e p e aplicando a ferramenta calculadora raster do QGis. Foram utilizados os valores de K médios obtidos para cada tipo de solo brasileiro, segundo códigos da Embrapa Solos. Esses valores médios de K serviram como extrapolação de valores em áreas onde havia poucos dados. 272

273 Mapa 53: Mapa da erodibilidade dos solos, fator K, em t ha h ha 1 MJ 1 mm 1 Fonte: Elaboração própria Fator Topográfico, LS De acordo com Wischmeier & Smith (1978), o comprimento de rampa é caracterizado como sendo a distância do ponto de origem do caimento da água até o ponto em que ela decresce, propiciando o início de uma sedimentação em rupturas de uma vertente junto a vales, ou quando vai de encontro a um canal definido. O mesmo pode fazer parte de rede de drenagem ou terraço. A EUPS utiliza o fator comprimento de rampa (L), que é adimensional, adotando o comprimento de rampa medido em metros, sem a unidade. O fator declividade (S) da EUPS é caracterizado como o ângulo ou o índice da inclinação do terreno. Dentre as variáveis utilizadas no modelo da EUPS, a que possui maior dificuldade para ser estimada em ambiente computacional é o comprimento de rampa. Visando automatizar o processo, várias metodologias vêm sendo propostas. Um conceito que trouxe uma nova abordagem para a estimativa do comprimento de rampa é a área de contribuição obtido a partir do Modelo Digital de Terreno (MDT) (Farinasso et al., 2006). 273

274 Os dados de declividade estão disponíveis nos mapas da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais 35. O Mapa 54 mostra o mosaico dos mapas disponíveis no site. Mapa 54: Mapa de Declividade em Percentual do Relevo Brasileiro Fonte: CPRM (2010). Os mapas de declividade também podem ser obtidos a partir dos mapas de relevo disponibilizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) Mapa Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM). Disponível em: 274

275 Mapa 55: Mapa digital do terreno Fonte: UFMG 36 O mapa de declividade em graus (Mapa 56) foi obtido a partir dos do mapa digital do terreno utilizando-se a ferramenta raster do QGis. 36 Disponível em: 275

276 Mapa 56: Mapa de declividade em graus Fonte: Elaboração própria. Segundo a metodologia de Guerrero( 2015), a ferramenta calculadora raster do QGis e a fórmula abaixo, foi elaborado o mapa do fator topográfico LS (Mapa 57) Equação 17. Declividade <=30 = (0.009*("decl poly@1"^2)+(0.0798*"decl poly@1")) Declividade >30 = (0.2558*"decl poly@1"+3.248) 276

277 Mapa 57: Mapa do fator topográfico LS Fonte: Elaboração própria Fator Uso e Manejo, C O fator C representa a relação entre as perdas de solo de um terreno cultivado em dadas condições e as perdas correspondentes de um terreno mantido continuamente descoberto. Em áreas sem nenhuma vegetação o fator C tende a 1. A cobertura e manejo do solo é o fator isolado mais importante na redução das perdas de solo por erosão hídrica. O efeito combinado da cobertura e manejo é computado na EUPS como fator C, que representa a relação entre a perda de solo de uma área sob determinado sistema de manejo e cobertura e a perda de solo de uma área mantida continuamente descoberta e preparada no sentido do declive. O valor do fator cobertura e manejo é o mais complexo de ser determinado, pois envolve a interação de inúmeras variáveis, sendo definido para cada local, uma vez que o mesmo depende também dos fatores R e K. As variáveis que influenciam o fator C, além dos índices dos fatores R e K, são o estágio durante o ciclo vegetativo da cultura, a cobertura do solo pelo dossel das plantas, a cobertura do solo pelos resíduos culturais, o 277

278 manejo dos resíduos culturais, o tipo de preparo do solo, o tipo de rotação de culturas e o efeito residual dos cultivos do uso do solo (WISCHMEIER & SMITH, 1978). Apesar de entender que o fator C contém valores distintos dependendo da literatura, neste trabalho serão utilizados apenas os valores compilados do fator C 37, conforme mostra a tabela 60. A partir do Mapa de Uso do Solo (Otimizagro, 2013) e dos valores de C, o mapa do Fator C, foi obtido através do software QGis. Mapa 58: Mapa de uso do solo Fonte: OTIMIZAGRO (2013) Tabela 60: Valores do Fator C compilados Cultura C água 0 urbano pastagem pastagem_em_ap savanas savanas_em_ap florestas florestas_em_ap A partir de trabalhos de Bertoni e Lombardi Neto (1983); Farinasso et al. (2006); Paranhos Filho et al. (2003); Britaldo; Morgan (1995); Shi (2002); ANA; Ribeiro e Alves (2007), entre outros. 278

279 soja 0.25 cana_de_açúcar 0.1 milho 0.25 algodão 0.62 arroz 0.1 trigo 0.25 feijão café arábica 0.37 café robusta 0.37 laranja mandioca 0.62 banana cacau fumo milho_2s 0.25 feijao_2s floresta_plantada soja_milho_safrinha 0.2 soja_trigo 0.2 milho_trigo 0.2 soja feijão 0.25 milho feijão 0.25 feijão_feijão Fonte: Elaboração Própria. 279

280 Mapa 59: Mapa do fator uso e manejo do solo, Fator C Fonte: Elaboração própria Fator Prática Conservacionista, P O Fator P está relacionado às práticas conservacionistas e representa a relação entre a intensidade de perdas de solo com determinada prática de manejo e aquelas quando a cultura está plantada no sentido do declive. Stein et al. (1987) consideram que os Fatores C e P só devem ser tratados separadamente quando o objetivo do trabalho for definir formas mais adequadas de produção agrícola, minimizando os impactos gerados sobre o meio físico. Entretanto, quando o trabalho enfoca a perda de solos por erosão, essas variáveis devem ser analisadas conjuntamente. Nesse caso, os dados de C e P não são mais analisados em função do estágio de desenvolvimento da cultura, mas sim pelo uso e ocupação da terra. O fator P é a razão entre as perdas de solo de uma área com práticas conservacionistas (Tabela 61): (a) plantio morro a baixo; (b) plantio em contorno; 280

281 (c) alternância de capinas mais plantio em contorno; (d) cordões de vegetação permanente. Tabela 61: Valores do fator P para algumas práticas de conservação Práticas de Conservação Valor de P Plantio morro abaixo 1,0 Plantio em contorno 0,5 Alternância de capinas + plantio em 0,4 contorno Cordões de vegetação permanente 0,2 Fonte: Bertoni (2004). Devido à escassez de dados de prática protecionista para todo o território nacional e como este fator é extremamente específico e variável, neste trabalho considerou-se P igual a Perda de Solo, A O cálculo da perda anual média de solo, em t ha 1 ano 1, fator A, foi calculado através da calculadora raster do software QGis. Equação 18. A = R K L S C P (18) 281

282 Mapa 60: Perda anual média de solo, em t ha 1 ano 1 Fonte: Elaboração própria Com a calculadora raster do QGis e as máscaras de municípios do IBGE, podese estimar o valor de perda de solo em t ha-1 ano-1 médio por município. A partir do Mapa 46, pode-se estimar a variação da erosão de solo em função de mudanças exógenas no uso do solo (fator CP). O mapa 61 mostra a erosão média nos municípios de custo de oportunidade mais baixo. 282

283 Mapa 61: Erosão média por município Fonte: Elaboração própria. 283

284 Reais (Acumulados) Bilhões IEI Mapa 62: Erosão média por município nos dois primeiros quartis Fonte: Elaboração própria. Por fim, a partir das informações acima, o estudo cruza tais informações com o cenário do modelo SisGema, que trata de desmatamento evitado. Figura 56: Erosão evitada com base no modelo SisGema de projeção do desmatamento x custo de oportunidade da terra acumulado R$ 6 R$ 5 R$ 4 R$ 3 R$ 2 R$ 1 R$ Toneladas de Sedimentos Evitados por Ano Milhões 284

285 Fonte: Elaboração própria. Observa-se que com um investimento de R$ 200 milhões seria possível evitar cerca de 0,09 Gt de sedimentos por ano. Outra importante relação feita abaixo é a quantidade de erosão evitada com a recuperação do déficit relativo ao código florestal, apresentado na seção 2.2. e adaptado de estudo de SoaresFilho et al (2013), com o custo de oportunidade da terra acumulado, descrito no relatório 3. Assim sendo, observa-se que para evitar 0,15Gt de sedimentos por ano, seriam necessários cerca de R$ 1 bilhão, conforme a figura abaixo. Figura 57: Erosão evitada com a recuperação do déficit relativo ao código florestal x custo de oportunidade da terra acumulado Reais (Acumulados) Bilhões R$ 8 R$ 7 R$ 6 R$ 5 R$ 4 R$ 3 R$ 2 R$ 1 R$ Toneladas de Sedimento Evitado por Ano Milhões Fonte: Elaboração própria. 285

286 2.4. Biodiversidade Embora façam referência explícita à importância da conservação da biodiversidade, diversos projetos de PSA implementados acabam considerando quantitativamente seus impactos sobre mudanças climáticas (emissão ou captura de carbono), proteção de corpos hídricos ou conservação do solo sem introduzir um elemento específico de quantificação da biodiversidade. Uma razão frequente para isso é a dificuldade de obter métricas de impactos sobre a biodiversidade e é bastante usual referir-se apenas à área de remanescentes de vegetação nativa. O objetivo desta subseção é apresentar indicadores de relevância da conservação de biodiversidade associados à conservação ou recuperação florestal com espécies nativas. Para isso, foram utilizadas três metodologias de priorização de áreas para a conservação da biodiversidade: 1. Áreas Prioritárias para a Conservação, Utilização Sustentável e Repartição de Benefícios da Biodiversidade Brasileira, elaborada pelo Projeto de Conservação e Utilização Sustentável da Diversidade Biológica Brasileira (PROBIO), e incorporadas pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA, 2007); 2. Prioridade de Conservação das Ecorregiões Terrestres, elaborada pelo Laboratório de Biogeografia da Conservação (UFG) em parceira com o Instituto Life (Instituto LIFE et al. 2015); 3. Índice composto pelo número de espécies animais ameaçadas de extinção, gerada pelo Grupo de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Instituto de Economia da UFRJ (GEMA/IE/UFRJ) fazendo uso de dados georreferenciados do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) de espécies ameaçadas. As próximas subseções apresentam a metodologia e resultados para cada uma das abordagens. Em seguida, são feitos exercícios sobre o custo de conservar as áreas mais importantes para a biodiversidade segundo seu custo de oportunidade, especificando a quantos hectares isso corresponde. Por fim é elaborada uma análise comparada dos resultados Áreas Prioritárias Segundo o Ministério do Meio Ambiente - MMA 286

287 As Áreas Prioritárias para a Conservação, Utilização Sustentável e Repartição de Benefícios da Biodiversidade Brasileira foram disponibilizadas em 2004 pelo Projeto de Conservação e Utilização Sustentável da Diversidade Biológica Brasileira (PROBIO). O PROBIO é um mecanismo de auxílio técnico para implementar as diretrizes da Convenção sobre Diversidade Biológica (CBD) e, por isso, incorporam decisões da VII Conferência das Partes da CBD, junto com os princípios do Planejamento Sistemático para Conservação (Margules e Pressey, 2000), como representatividade (elementos da biodiversidade a se conservar) e vulnerabilidade (locais onde as ações de conservação com maior probabilidade ou iminência de erradicação dos alvos de conservação). O ponto de partida foi o Mapa de Biomas do Brasil (IBGE, 2004), a partir do qual criou-se um sistema de avaliação que classifica as áreas identificadas segundo dois critérios: (i) importância biológica para biodiversidade e (ii) urgência para implementação das ações sugeridas. O mapa de importância biológica para biodiversidade de cada bioma considera a insubstituibilidade, a representatividade e a vulnerabilidade da área estudada, sem considerar ameaças, nem risco ou oportunidades de uso sustentável e de repartição de benefícios. Foram criadas quatro categorias de importância biológica: Alta, Muito Alta, Extremamente Alta e Insuficientemente Conhecida. A urgência de ações de cada bioma considera, além da importância biológica, os graus de estabilidade e ameaça, e as oportunidades de uso sustentável. A partir da priorização nas categorias (Alta, Muito Alta e Extremamente Alta) são feitas recomendações de ações a serem executadas, como criação de áreas protegidas ou recuperação de áreas degradadas, manejo de bacias hidrográficas, etc. A Tabela 62 mostra a distribuição das áreas prioritárias pelos biomas terrestres brasileiros. Nela, observa-se que a Mata Atlântica foi o bioma que teve maior número de áreas indicadas para recuperação, porém o Cerrado teve maior área física. Bioma Tabela 62: Distribuição das Áreas Prioritárias indicadas para a recuperação de Área Degradada nos Biomas Terrestres Área Total do Bioma (km2) Alta Muito Alta Extremamente Alta Insuficientemente Conhecido % do Bioma 287

288 n.de áreas Área (km2) n.de áreas Área (km2) n.de áreas Área (km2) n.de áreas Área (km2) Amazônia ,60% Pantanal ,00% Cerrado ,60% Caatinga ,40% Mata Atlântica ,10% Pampa ,00% Fonte: MMA (2007) O Mapa 63 apresenta os dados georreferenciados de áreas prioritárias para a biodiversidade no critério Urgência de Ação, cruzados com os limites municipais e categorizados por custo de oportunidade para a implementação de PSA. Em outras palavras, o Mapa 63 mostra a distribuição das áreas consideradas prioritárias em termos de urgência de ações (Prioridade Muito Alta e Extremamente Alta) de acordo o custo de oportunidade da terra. 288

289 Mapa 63: Áreas de Muito Alta e Extremamente Alta urgência de ações por custo de oportunidade (em quartis) Fonte: Elaboração própria com base em dados do MMA A análise revela que grande parte das áreas de Alta ou Extremamente Alta urgência de ações tem baixo custo de oportunidade, e correspondem principalmente ao bioma Amazônico e à Caatinga (Regiões Norte e Nordeste). Porém, existe um número considerável de áreas prioritárias com custos de oportunidades relativamente altos, especialmente na Mata Atlântica e Pampa. O Mapa 64 mostra a mesma análise, mas segundo o critério de Importância Biológica. Novamente percebe-se o padrão de concentração das áreas prioritárias das Regiões Norte e Nordeste com menor custo de oportunidade de implementação. Já nas Regiões Sudeste e Sul, o custo de oportunidade é maior. 289

290 Mapa 64: Áreas de Muito Alta e Extremamente Alta importância Biológica por custo de oportunidade (em Quartis) Fonte: Elaboração própria com base em dados do MMA Em síntese, como esperado, os resultados mostram que a implementação de um PSA em áreas prioritárias para a conservação da biodiversidade nas Regiões Sudeste e Sul, e nos biomas Mata Atlântica e Pampa, terão custos de oportunidade consideravelmente maiores do que no Norte e Nordeste, ou Amazônia e Caatinga. A Região Centro-Oeste e os biomas Cerrado e Pantanal encontram-se em situação intermediária (se bem que em determinadas partes do Centro Oeste/Cerrado, os custos se aproximam aos do Sudeste/Sul) Áreas Prioritárias Segundo LGB/UFG & Instituto Life Enquanto a metodologia do MMA considera como critérios para priorização da biodiversidade endemismo, ameaça e diversidade, a metodologia de Prioridade de Conservação das Ecorregiões Terrestres, elaborada pelo Laboratório de Biogeografia da Conservação (UFG) e Instituto LIFE tem como referência a cobertura vegetal 290

291 remanescente nas ecorregiões terrestres do Brasil. Ou seja, atende apenas ao critério de ameaça. O Brasil é dividido em quarenta e cinco ecorregiões homogêneas, e prioriza cada uma delas de forma proporcional à sua área de vegetação remanescente. Dessa forma, obtém um índice que pode oscilar entre um valor máximo 100% (quando todos os remanescentes estão integralmente protegidos) e mínimo de 0% (quando não mais nenhum remanescente). A necessidade de ações de conservação é inversamente proporcional a esse índice, e são estabelecidas cinco classes de prioridade: i. Conservação baixa ( 20% de remanescente), ou seja, áreas de maior ameaça (maior prioridade); ii. Conservação baixa a média (21% a 40%% de remanescente); iii. Conservação média (41% a 60% de remanescente); iv. Conservação média a alta (61% a 80% de remanescente) e v. Conservação alta (> 80% de remanescente), com menor grau de ameaça (menor prioridade). bioma: O Mapa 65 mostra o remanescente florestal em cada ecorregião, divido por 291

292 Mapa 65: Ecorregiões Terrestres segundo percentual remanescente Fonte: Elaboração própria com base em Instituto LIFE & UFG (2015). De acordo com essa metodologia, a maior parte do território brasileiro está classificada como de preservação baixa a média e média a alta (Figura 58). Já o Bioma Mata Atlântica, nessa abordagem, possui menor percentual de remanescente e, assim, maior grau de ameaça e necessidade de ações de conservação. 292

293 Figura 58: Distribuição das Áreas de Necessidade de Ações de Conservação 20% 16% 29% 24% Alta Média a alta Média Baixa a média Baixa 11% Fonte: Elaboração própria com base em Instituto LIFE & UFG (2015). Como esperado, ao categorizar as áreas quanto ao custo de oportunidade da terra médio do município, percebe-se que as terras mais baratas apresentam o maior percentual de remanescente, concentrando-se nos Biomas Amazônia, Caatinga e Pantanal (Mapa 66). Essas áreas deveriam receber menor prioridade para o estabelecimento de um sistema de PSA, a não ser que possa ser montado um PSA por ações de redução do desmatamento com custos muito baixos. 293

294 Mapa 66: Municípios de baixo custo de oportunidade (1. e 2. Quartil) e seus respectivos remanescentes por ecorregião (%) Fonte: Elaboração Própria com base em dados de Instituto LIFE & UFG (2015). Porém, percebe-se que um conjunto significativo de áreas de alta prioridade (baixo remanescente) está localizado nos biomas Mata Atlântica (notadamente os Corredores Norte e Central) e também Cerrado. Isso significa que existem importantes espaços de conservação para a biodiversidade em áreas de custo de oportunidade relativamente baixo, onde o papel primordial do PSA deve ser o de recuperação de vegetação nativa Áreas prioritárias para a biodiversidade por espécies animais ameaçadas de extinção Um terceiro índice foi construído a partir de dados primários fornecidos pelo Instituto Chico Mendes de Conservação (ICMBio) de identificação de espécies ameaçadas, classificados de acordo com escala de critérios da Lista Vermelha da União Internacional pela Conservação da Natureza (IUCN, ver Figura 59), correspondendo às 294

295 seguintes categorias: vulneráveis (VU), criticamente ameaçadas (CR), em perigo (EM), extintas (EX), extinta na natureza (EW). Figura 59: Taxonomia de ameaça adotada Fonte : IUCN (2012) Apenas um grupo, aves, concentra 61% das espécies classificadas como ameaçadas. Em segundo lugar, o grupo de mamíferos terrestres corresponde a 16% das espécies consideradas. O grupo menos numeroso de espécies animais, invertebrados, representa menos de 7% do total, indicando que a lista de espécies ameaçadas possui um forte viés para espécies de vertebrados, em particular para os grupos mais estudados (Figura 60). 295

296 Figura 60: Distribuição de espécies ameaçadas no país por grupo 0,10% 0,81% 6,63% 16,36% 0,48% 4,66% 2,03% 7,52% 61,42% Anfibios Aves Invertebrados Aquaticos Invertebrados Terrestres Mamiferos Aquaticos Mamiferos Terrestres Peixes Continentais Peixes Marinhos Repteis Fonte: Elaboração própria com base em dados do ICMBio O Índice de Espécies Animais Ameaçadas foi construído agrupando-se por município as observações, correspondentes a 956 espécies. Esse índice considera o número total de espécies ameaçadas observadas em cada município por exemplo, o valor seis é atribuído aos municípios onde foram observadas seis espécies inclusas na lista, independente da frequência com que cada espécie foi identificada (ou seja, se o animal foi visto uma ou mais vezes). O Mapa 67 mostra o resultado encontrado, destacando Amazônia e Mata Atlântica como os biomas com a maior presença de espécies ameaçadas. 296

297 Mapa 67: Espécies animais ameaçadas por município, segundo dados do ICMBio Fonte: Elaboração própria com base em dados do ICMBio Nos resultados apresentados no Mapa 67 existe um viés associado ao tamanho do município municípios com maior território têm maior probabilidade de avistamento de uma espécie do que municípios de menor tamanho mas localizados na mesma região. Por isso, uma forma alternativa de apresentar o resultado é dividindo o número de espécies ameaçadas observadas pela área do município. O Mapa 68 apresenta os resultados encontrados, com destaque para a Mata Atlântica. A razão disso é porque esse bioma apresenta a maior concentração (54%) de observações de espécies ameaçadas. A Amazônia é o segundo mais expressivo, com 18% das observações, mas que ficam diluídos pela grande extensão territorial de seus municípios. É importante destacar também um viés geográfico devido à maior concentração de estudos feitos na Mata Atlântica em relação aos outros biomas. 297

298 Mapa 68: Densidade de espécies animais ameaçadas por município (n o. de espécies/área do município, em Km 2 ), segundo dados do ICMBio Fonte: Elaboração própria com base em dados do ICMBio Uma outra maneira de lidar com o viés da área do município é estimar a dividir o número de espécies ameaçadas observadas no município pela área de remanescentes florestais estimado para o mesmo município (Mapa 69). A ideia por trás desse exercício é supor que há correlação da densidade de espécies animais com a área de remanescente florestal. Mapa 69: Densidade de espécies animais ameaçadas em relação aos remanescentes florestais, por município (n o. de espécies ameaçadas/área de remanescentes florestais do município, em Km 2 ), segundo dados do ICMBio 298

299 Fonte: Elaboração própria com base em dados do ICMBio O mapa de espécies ameaçadas pela área de remanescente reforça o resultado do índice anterior. A Mata Atlântica se destaca como bioma mais ameaçado, em função da escassa vegetação remanescente. Já o bioma Amazônia aparece como menos ameaçada devido ao alto percentual de remanescente Exercícios da Curva de Oferta de Conservação com Índices de Biodiversidade Esta subsecção tem o objetivo de estimar a curva de oferta de conservação caso seja adotado o critério de priorizar as áreas mais relevantes para a conservação da biodiversidade. Para o cálculo foram estimadas curvas de oferta de conservação aos moldes de exercícios anteriores para benefícios ambientais. Acumulou-se as áreas de Muito Alta e Extremamente Alta relevância pelo indicador de importância biológica do MMA. Estas áreas foram cruzadas com o custo total acumulado de conservação em ordem, primeiramente, de importância para biodiversidade e, em seguida, de mais baixo custo de oportunidade da terra. 299

300 Custo total de conservação (em bilhões) IEI Isso explica a descontinuidade evidente na Figura 61: são as áreas de Extremamente Alta importância biológica em ordem crescente de custo de oportunidade da terra, que foram analisadas separadamente das áreas de importância Muito Alta. A Figura 61 mostra o quanto seria necessário desembolsar para preservar determinada área em hectares de acordo com o indicador do MMA. Figura 61: Curva de Oferta de Conservação utilizando Indicador de Relevância de Biodiversidade do MMA R$ 14 R$ 12 R$ 10 R$ 8 R$ 6 R$ 4 R$ 2 R$ 0 ha 20 ha 40 ha 60 ha 80 ha Área de conservação (em milhões de ha) Extremamente Alta Muito Alta Fonte: Elaboração própria com base em dados do MMA. A Figura 61 mostra que com R$ 1 bilhão de reais anuais seria possível conservar cerca de 14 milhões de hectares, e com R$ 5 bilhões de reais anuais seria possível conservar, aproximadamente, 34,5 milhões de hectares. Utilizando o Índice de Espécies Animais Ameaçadas Observadas, com base nos dados registrados pelo ICMBio, pela área total do município, em km², foram relacionados o custo total de conservação por município e as áreas projetadas de desmatamento a serem evitadas, ambos acumulados, em ordem decrescente do índice, dando prioridade à conservação dos municípios com maior relevância para biodiversidade. 300

301 Custo total de conservação IEI A Figura 62 mostra a quantidade em reais necessária para preservar determinada área em hectares de acordo com o Índice de Espécies Animais Ameaçadas Observadas pela área do município, em km². Figura 62: Curva de Oferta de Conservação Utilizando Índice de Espécies Animais Ameaçadas Observadas pela Área do Município R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$- ha ha ha ha Área de conservação Fonte: Elaboração própria com base em dados do ICMBio. O gráfico mostra que com R$ 1 bilhão anual seria possível evitar o desmatamento em cerca de 3,8 milhões de hectares de áreas de com indiciadores mais altos de relevância para a biodiversidade.. A Figura 63 mostra a quantidade em reais necessária para preservar determinada área em hectares de acordo com o a densidade de espécies ameaçadas em relação aos remanescentes (Índice de Espécies Animais Ameaçadas Observadas dividido pela área de remanescentes florestais, em km²), ordenados de forma crescente pelo custo acumulado do PSA hipotético que compensaria o custo de oportunidade da terra nas áreas ameaçadas de desmatamento. 301

302 Custo total de conservação IEI Figura 63: Curva de Oferta de Conservação Utilizando Índice de Espécies Animais Ameaçadas Observadas pela Área de Remanescentes Florestais R$ ,00 R$ ,00 R$ ,00 R$ ,00 R$ ,00 R$ ,00 R$ ,00 R$ ,00 R$- ha ha ha ha Área de conservação Fonte: Elaboração própria com base em dados do ICMBio. Os resultados da Figura 63 são semelhantes: com R$ 1 bilhão de reais anuais, seria possível evitar o desmatamento em cerca de 4,8 milhões de hectares das áreas definidas como mais relevantes para a biodiversidade. Como conclusão, percebe-se que os Índices de Espécies Animais Ameaçadas Observadas por área total do município e por remanescente florestal não apresentaram significativa correlação com os custos de oportunidade da terra, de modo que a curva se mantém aproximadamente linear, principalmente no índice que utiliza a área total do município. Ou seja, não se pode estabelecer a priori uma associação entre áreas mais relevantes para a conservação e o custo de oportunidade da terra: existem áreas prioritárias para conservação tanto em regiões de alta produtividade agrícola quanto baixa. Isso indica que o custo de implementação de ações para a conservação da biodiversidade, medido em unidades territoriais (hectares conservados), irá variar consideravelmente de acordo com os custos de oportunidade de cada bioma: na Amazônia e Caatinga esses custos tendem a ser bem mais baixos que em Mata Atlântica e boa parte do Cerrrado. 302

303 APÊNDICE C: FONTES DE FINANCIAMENTO PARA PSA O objetivo deste capítulo é discutir as possíveis fontes de financiamento para Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) no Brasil, identificando diferentes possibilidades de origem dos recursos e dimensionando o potencial de arrecadação associado. Essa análise é construída a partir das experiências concretas que vêm ocorrendo a nível subnacional. Assim, em primeiro lugar, foram identificados os Estados que atualmente possuem leis que versam sobre PSA. Essas leis foram analisadas e equiparadas, com vistas a conhecer, principalmente, as fontes de financiamento apontadas. Em segundo lugar, foram identificados os Estados onde essas leis engendram projetos de PSA. Cada um dos projetos foi pesquisado e todos foram comparados. A comparação desses projetos buscou dimensionar os recursos aplicados em cada estado e os benefícios estabelecidos, destacando aqueles que estão sendo mais bem sucedidos em captar recursos e desenvolver ações de PSA. Com essa análise foi possível vislumbrar as principais fontes de financiamento para Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) no Brasil, sendo que a partir da experiência mais promissora foi realizado um exercício de simulação dimensionando o potencial de arrecadação nacional, para o caso de sua utilização Levantamento da Legislação estadual Para a elaboração do levantamento das possíveis fontes de financiamento para o PSA, primeiramente, foram analisadas leis e decretos estaduais que versam sobre serviços ambientais. Desta forma, foram realizadas buscas nos sítios eletrônicos das assembleias estaduais, a partir das seguintes palavras-chaves: meio ambiente; serviços ambientais; carbono; recursos hídricos; água; mudanças climáticas; biodiversidade; compensação ambiental; incentivos ambientais. Nessa busca, foram encontradas e analisadas 105 (cento e cinco) leis e decretos estaduais, sendo identificadas 15 (quinze) que versavam especificamente sobre a instituição de políticas e programas de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA). Elas foram promulgadas no Acre, Amazonas, Bahia, Paraíba, Espírito Santo, Minas Gerais, 303

304 São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Paraná. O mapa 70 aponta os Estados que atualmente possuem leis de PSA no Brasil. Mapa 70: Leis Estaduais já promulgadas no Brasil, Fonte: Elaboração própria. O Mapa 70 ressalta que o primeiro Estado a promulgar uma lei de PSA no país foi o Amazonas em 2007, seguido pelo Acre e Espírito Santo que em 2008 aprovaram suas leis. Os Estados que aprovaram suas leis recentemente e ainda não tiveram programas ou projetos associados a elas são Bahia (Lei /2015), Paraíba (Lei /2013), e Paraná (Lei /2012). Em adição, é importante destacar que o Estado do Espírito Santo aprovou sua lei de PSA em 2008 (Lei 8.995), contudo, devido ao fato dos gestores estaduais considerarem esta legislação restritiva, em 2012 foi reformulada e promulgada uma nova norma, a Lei 9.864/2012. A mesma situação vem ocorrendo atualmente com Santa Catarina. O Programa Estadual de Pagamento por serviços ambientais foi instituído pela Lei de 2009, a sua regulamentação, bem como a instituição da nova Política Estadual de Pagamento por serviços ambientais ocorreu em Contudo, em conversa telefônica com Jaqueline Isabel de Souza, Gerente de Projetos e Mudanças Climáticas e Desenvolvimento Sustentável, da 304

305 Secretaria do Desenvolvimento Econômico Sustentável do Estado 38, obteve-se a informação de que estão sendo elaboradas novas mudanças na lei para adequá-la às necessidades dos projetos em andamento. As leis e decretos sobre PSA foram analisados com vistas a identificar informações sobre o tipo de serviço ambiental proposto; o mecanismo de execução do PSA; os agentes envolvidos; os órgãos reguladores e fiscalizadores; as fontes financiadoras dos projetos; a aplicação dos recursos e, caso especificasse, o montante total por projeto. A tabela 63 busca apresentar tais informações de maneira resumida: 38 Jaqueline Isabel de Souza, Gerente de Projetos e Mudanças Climáticas e Desenvolvimento Sustentável, da Secretaria do Desenvolvimento Econômico Sustentável do Estado de Santa Catarina, entrevista por telefone em 01 de outubro de

306 Tabela 63: Conteúdo da legislação Estadual de PSA no Brasil, resumido, Estados e Legislações Disposições Serviço Ambiental Agentes Envolvidos Fonte financiadora Aplicação dos Recursos Acre - Lei nº Não específica de 22 de outubro de 2010 Acre - Lei nº de 20 de outubro de 2008 Cria o Sistema Estadual de Incentivos a Serviços Ambientais - SISA, o Programa de Incentivos por Serviços Ambientais - ISA Carbono e demais Programas de Serviços Ambientais e Produtos Ecossistêmicos do Estado do Acre e dá outras providências. Cria o Programa Estadual de Certificação de Unidades Produtivas Familiares do Estado do Acre. Proteção do meio ambiente, defesa do solo, conservação das águas, conservação da beleza cênica, controle da poluição, redução de emissões de gases de efeito estufa por desmatamento e degradação florestal. (art. 1º) Mitigação e adaptação às mudanças climáticas e a consequente redução de emissões de gases poluentes; o uso sustentável e adequado dos recursos; e a geração de renda por meio de produção sustentável. (art. 2º) Poder público estadual, agentes privados nacionais ou internacionais (doações/ investimento), a sociedade civil, através da participação em Conselho/ Comitê/ Comissão Estadual, e beneficiários não especificados. (art. 2, parágrafo único; art. 4º, 11º e 18º) Poder Público Estadual e beneficiários estabelecidos. Fundo Estadual de Florestas; Fundo Especial de Meio Ambiente; fundos públicos nacionais; incentivos econômicos; recursos de acordos bilaterais ou multilaterais sobre o clima; doações públicas ou privadas; recursos orçamentários; recursos de comercialização de créditos sobre serviços e produtos ambientais; investimentos privados e outros. (art. 18º) Fundo Estadual de Florestas e recursos do estado para utilização de serviços e programas do governo voltado à produção sustentável. (art. 4º) Os produtores rurais familiares que aderirem voluntariamente ao programa estarão aptos a receber recurso financeiro como pagamento anual por serviços ambientais e incentivo para adoção de práticas produtivas sustentáveis, cujo valor será estabelecido no regulamento do programa; serviços Dimensão Beneficiários não especificados, podendo ser qualquer pessoa que promova ações legítimas de preservação, conservação, recuperação e uso sustentável de recursos naturais, adequadas e convergentes com as leis estaduais vigentes. (art. 4º) O projeto tem o objetivo de estabelecer um processo voluntário de certificação socioambiental de unidades produtivas rurais familiares, oportunizando sua inclusão social, econômica, a garantia do uso sustentável dos recursos naturais e a gestão adequada do território. (art. 1º) 306

307 Amazonas - Lei nº de 05 de junho de 2007 e Lei n.º 3.184, de 13 de novembro de 2007 Institui a Política Estadual sobre Mudanças Climáticas, Conservação Ambiental e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas, e estabelece outras providências. Conservação dos recursos naturais pela manutenção das florestas, serviços de armazenamento de estoques e sequestro de carbono e conservação do solo. Poder Público Estadual, entidades públicas e privadas, Doações públicas e privadas a serem gerenciados por uma Fundação Privada de utilidade pública estadual e federal (Portaria MJ nº de 26/09/2013) que possua em seu Conselho Deliberativo entre 20% e 40% de membros natos representantes do Poder Público. de governo voltados à produção sustentável; inserção em linhas de financiamento, crédito e fomento oficiais; e outros. (art. 3º) Não específica. Foram criados alguns programas, dentre estes, o Programa Bolsa Floresta, com o objetivo de instituir o pagamento por serviços e produtos ambientais às comunidades tradicionais pelo uso sustentável dos recursos naturais, conservação, proteção ambiental e incentivo às políticas voluntárias de redução de desmatamento. (art. 5, II) Amazonas - Decreto n.º de 04 de setembro de 2007 Institui o Programa bolsa Floresta do Governo do Estado do Amazonas, na forma que especifica, e da outras providências. Concessão de benefícios aos residentes de Unidades de Conservação Estadual com finalidade de incentivar a conservação dos Poder Público Estadual, beneficiários estabelecidos. Não específica. Não específica. Beneficiários especificados, ser (i) morador (a) de Unidade de Conservação estadual, com pelo menos dois anos de residência 307

308 Bahia - Lei nº de 12 de janeiro de 2015 Institui a Política Estadual de Pagamento por Serviços Ambientais, o Programa Estadual de Pagamento por Serviços Ambientais e dá outras providências. recursos naturais através da manutenção das Florestas. (art. 1º) Ações ou atividades humanas de natureza voluntária que resultem na manutenção, preservação, conservação, recuperação, recuperação, uso sustentável ou melhoria dos ecossistemas e dos serviços Poder Público Estadual e Municipal, beneficiários estabelecidos, e representantes dos Povos e Comunidades Tradicionais e agricultores familiares e empreendedores familiares rurais, do setor industrial ou comercial, do setor Subcontas especiais de pagamento por serviços ambientais no Fundo de Recursos para o Meio Ambiente - FERFA e no Fundo Estadual de Recursos Hídricos da Bahia - FERHBAais, que têm por finalidade financiar as ações do Programa instituído na lei. (art. 28º) A Secretaria do Meio Ambienta (SEMA) irá elaborar metodologia para a valoração econômica e também as fórmulas de cálculo dos valores monetários a serem pagos pelo Estado aos beneficiários do Programa, conforme definido em comprovada; (ii) possuir Registro Geral e Cadastro nacional de Pessoa Física regularizados; (iii) tendo filhos em idade escolar, mantêlos matriculados e frequentando a escola, desde que existam escolas na localidade; (iv) participar, antes da concessão de beneficio, da oficina de formação sobre o programa Bolsa Floresta, ministrada pela equipe da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável SDS. (art. 2º) O Programa instituído (PEPSA) é direcionado especialmente aos Povos e Comunidades Tradicionais e agricultores familiares e empreendedores familiares rurais que prestam serviços ambientais, visando fornecer serviços 308

309 Paraíba - Lei nº de 25 de novembro de Dispõe sobre a Política Estadual de Pagamento por Serviços Ambientais, autoriza instituir o Fundo Estadual de Pagamento por Serviços Ambientais, e dá outras providências. ecossistêmicos que estes fornecem. (art. 2º, XVII) Benefícios relevantes para a sociedade gerados pelos ecossistemas, em termos de manutenção, recuperação ou melhoramento das condições ambientais, nas modalidades de serviço de provisão, suporte e regulação, como por exemplo: sequestro de carbono, a manutenção do equilíbrio do ciclo hidrológico, o controle dos processos críticos de erosão e de deslizamentos de encostas, dentre outros que concorram para a manutenção da estabilidade dos processos agrosilvopastoril, de ONG, da Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola S.A. - EBDA, por meio da participação no Conselho Deliberativo do Programa Estadual de Pagamento por Serviços Ambientais - CD/PEPSA. (art.22º) Gestão Compartilhada- Poder Público Estadual, sociedade civil -, por meio da Comissão Estadual da Política de Pagamentos por Serviços Ambientais CEPSA; beneficiários estabelecidos. Fundo Estadual de Pagamento por Serviços Ambientais FunPSA. (art. 11º) Regulamento. (art. 12º) Compete à CEPSA a definição dos valores a serem pagos aos beneficiados, considerando-se a importância do serviço ambiental prestado, a extensão da área, a condição socioeconômica do beneficiado, dentre outros critérios. (art. 5º - 4º, III) ecossistêmicos. (art. 15º, 1º) Instrumento de promoção do desenvolvimento social, econômico e cultural das populações tradicionais, dos povos indígenas e dos agricultores familiares. (art. 4º - Inciso II) 309

310 Espírito Santo - Lei nº de 23 de setembro de Lei n de 26 de junho de 2012 Minas Gerais - Lei nº de 16 de outubro de 2013 Institui o Programa de Pagamento por Serviços Ambientais - PSA e dá outras providências. Dispõe sobre as políticas florestal e de proteção à biodiversidade no Estado. ecossistêmicos. (art. 2º - Inciso II) Conservação e melhoria dos recursos hídricos, redução dos processos erosivos, conservação e incremento da biodiversidade, fixação e sequestro de carbono. (art. 3º) São estratégias que efetivem a conservação da biodiversidade. (art. 5º, XI) Poder público estadual, agentes privados nacionais ou internacionais (doações/ financiamentos) e beneficiários especificados. Poder Público Estadual, órgão ambiental competente, beneficiário especificado. Fundo Estadual de Recursos Hídricos do Espírito Santo - FUNDÁGUA; doações públicas ou privadas; agentes financiadores nacionais e internacionais; dentre outros. (art. 9º) Do valor arrecadado com a aplicação de penalidades administrativas, 50% serão aplicados no PSA, conforme estabelecido no inciso VII do art. 5º da Lei nº , que dispõe sobre o Bolsa Verde. Os recursos para a concessão do benefício do Bolsa Verde serão de consignação na Lei Orçamentária Anual; de 10% (dez por cento) dos recursos do fundo FHIDRO ; da conta Recursos Especiais a Aplicar; da compensação pela utilização dos recursos naturais; de convênios celebrados pelo Poder Executivo com agências de bacias hidrográficas e com órgãos e entidades da União e dos Municípios; Valor máximo para pagamento será de (três mil e duzentos) Valores de Referência do Tesouro Estadual - VRTEs. por hectare por ano, relativo aos serviços prestados. (art. 4º) Alei não versa sobre a aplicação dos recursos, assim destacamos os arts. 2º e 7º do Decreto /09 que versa sobre a Bolsa Verde. Com base nos dispositivos legais citados, será obedecida uma gradação de valores dos benefícios pecuniários, de acordo com níveis da área de adequação (propriedade rural) a critérios de regularização de RL e de APP. Dependendo da área, o valor será pago em auxílio financeiro a pessoas físicas, calculado de forma proporcional às dimensões da Área Protegida. Proprietário de área rural é o beneficiário da lei, sendo que esta considera também por equiparação o arrendatário ou detentor do domínio legal de propriedade rural, a qualquer título. (art. 2º) O Estado poderá realizar pagamento por serviços ambientais ao proprietário ou possuidor rural em Unidade de Conservação que adote voluntariamente medidas de redução dos impactos ambientais de suas atividades. (art. 45, 4º) 310

311 de doações ou contribuições, públicas ou privadas; de 50% dos recursos arrecadados com a cobrança de multa administrativa por infração ambiental; dentre recursos de outras origens. Rio de Janeiro - Decreto nº de 15 de Junho de 2011 São Paulo - Decreto nº de 24 de Junho de 2010 Regulamenta o Programa Estadual de Conservação e Revitalização de Recursos Hídricos - PROHIDRO, previsto nos artigos 5º e 11 da lei nº 3.239, de 02 de agosto de 1999, que instituiu a política estadual de recursos hídricos, e dá outras providências. Regulamenta a Lei nº , de 09 de novembro de 2009, que dispõe sobre a Política Estadual de Mudanças Climáticas - PEMC. Conservação e recuperação da qualidade e da disponibilidade das águas, da biodiversidade, das faixas marginais de proteção - FMP; sequestro de carbono originado de reflorestamento das matas ciliares, nascentes e olhos d água para fins de minimização dos efeitos das mudanças climáticas globais. (art. 2º). Conservação de remanescentes florestais; recuperação de matas ciliares e implantação de vegetação nativa para a proteção de nascentes; plantio de Poder Público Estadual, agentes privados nacionais ou internacionais (doações/ transferências) beneficiários especificados. Gestão pública compartilhada coordenada pela Secretaria do Meio Ambiente (art 62), com apoio do Comando de Policiamento Fundo Estadual de Recursos Hídricos - FUNDRHI; doações e transferências, públicas ou privadas; de remunerações oriundas de projetos no âmbito do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo - MDL; recursos provenientes do Fundo Estadual de Conservação Ambiental - FECAM, mediante a apresentação de projetos específicos; e de quaisquer outras receitas, eventuais ou permanentes, vinculadas aos objetivos do Programa Estadual de PSA - PROPSA. (art. 6º) Fundo Estadual de Prevenção e Controle da Poluição - FECOP. (art. 64º) Não específica. Os valores a serem pagos aos provedores de serviços ambientais deverão ser proporcionais aos serviços prestados considerando a extensão e Todas as práticas e iniciativas prestadas por possuidores, a qualquer título, de área rural situada no Estado do Rio de Janeiro, que favoreçam a conservação, manutenção, ampliação ou a recuperação de benefícios propiciados aos ecossistemas. (art. 2, caput) Não específica. 311

312 São Paulo - Lei Nº de 14 de Janeiro de 2015 Dispõe sobre o Programa de Regularização Ambiental - PRA das propriedades e imóveis rurais, criado pela Lei Federal nº , de 2012 e sobre a aplicação da Lei Complementar Federal nº 140, de 2011, no âmbito do Estado de São Paulo. mudas de espécies nativas e/ou execução de práticas que favoreçam a regeneração natural para a formação de corredores de biodiversidade; dentre outras medidas. (art. 63º, 1, 1) Objetivo incentivar a recomposição florestal, a proteção dos mananciais no Estado e a compensação preferencial no Estado de São Paulo, na forma a ser definida em regulamento, sendo o mesmo uma ação integrante do Programa de Regularização Ambiental - PRA, devendo perseguir os mesmos objetivos. (art. 39, caput e 1º). Ambiental, da Polícia Militar, da Secretaria da Segurança Pública, e da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (CETESB),da Fundação Florestal, da Secretaria da Segurança Pública, e da Secretaria de Agricultura e Abastecimento (art 53), beneficiários não especificados. Poder Público Estadual e beneficiários especificados Fundos públicos e receitas próprias da Fazenda do Estado. (Art. 39, 4º). características da área envolvida, os custos de oportunidade e as ações efetivamente realizadas, não podendo exceder a 100 UFESP s por hectare por ano e UFESP s por participante por ano. (art. 65). Não específica. Deverá atender preferencialmente aos proprietários e possuidores de imóveis rurais que (i) se enquadrarem na categoria de agricultores familiares ou de empreendimentos familiares rurais, (Lei Federal n / 2006); (ii) tenham área inferior a 04 (quatro) módulos fiscais; (iii) estejam localizados próximos a regiões de mananciais ou rios cuja capacidade hídrica seja utilizada para abastecimento 312

313 Paraná - Lei Nº de 25 de abril de 2012 Santa Catarina - Lei nº de 19 de Janeiro de 2010 Institui o Pagamento por Serviços Ambientais, em especial os prestados pela Conservação da Biodiversidade, integrante do Programa Bioclima Paraná, bem como dispõe sobre o Biocrédito. Institui a Política Estadual de Serviços Ambientais e regulamenta o Programa Estadual de Pagamento por Serviços Ambientais no Estado de Santa Catarina, instituído pela Lei nº , de 2009, e estabelece outras providências. São serviços ambientais as funções prestadas pelos ecossistemas naturais conservados, imprescindíveis para a manutenção das condições ambientais adequadas à sadia qualidade de vida, funções estas que podem ser restabelecidas, recuperadas, restauradas, mantidas e melhoradas pelos proprietários ou posseiros. (art. 2º, I) Atividades humanas de preservação, conservação, manutenção, proteção, restabelecimento, recuperação e melhoria dos ecossistemas que geram serviços ambientais. (art. 6º). Poder Público Estadual, ficando facultada a parceria com entidades do Terceiro Setor, sem fins lucrativos, por instituições públicas ou privadas, nacionais ou internacionais, individualmente ou consorciadas, respeitadas a legislação e a regulamentação desta Lei, e beneficiários estabelecidos. Gestão Compartilhada, através do Comitê Gestor do Programa Estadual de Pagamento por Serviços Ambientais, composto por representantes de instituições e empresas públicas do Estado de Santa Catarina e da sociedade civil organizada (art. 19), e Fundo Estadual do Meio Ambiente FEMA; Fundo Estadual de Recursos Hídricos FERH/PR;BIOCRÉDITO (conjunto dos recursos financeiros, públicos e privados destinados à implementação da Política Estadual da Biodiversidade e da Política Estadual sobre a Mudança do Clima, constituindo um dos seus mecanismos de PSA). (art. 11º, art. 14º). Fundo Estadual de Pagamento por Serviços Ambientais - FEPSA, de natureza contábil, com a finalidade de financiar as ações do PEPSA, dentro dos critérios estabelecidos nesta Lei e em seu regulamento. (art. 13º) Os critérios para estabelecer o valor do Pagamento por Serviços Ambientais PSA serão qualiquantitativos, baseados no tamanho do imóvel e da área de cobertura vegetal nativa conservada, na qualidade biótica do remanescente preservado e na região fitogeográfica onde estiver inserido. (art. 9º) Os pagamentos dos projetos serão feitos respeitando os grupos prioritários, sendo: (i) classe I - 100% do Valor da Unidade de Referência; (ii) Classe II - 50% do Valor da Unidade de Referência; (iii) Classe III - 20% do Valor da Unidade de Referência. A Unidade de Referência adotada público. (art. 39, 3º) São benefícios os proprietários e posseiros de imóveis rurais que mantenham as áreas de preservação permanente e as de reserva legal devidamente conservadas e averbadas na matrícula do imóvel, devidamente inscritas no SISLEG Sistema Estadual de Manutenção, Recuperação e Proteção da Reserva Legal e das Áreas de Preservação Permanente. (art. 5º) Cada subprograma da lei prevê beneficiários diferentes, como: residentes no interior de Unidades de Conservação de uso sustentável e de proteção integral, físicas ou jurídicas proprietárias de Reservas Particulares do Patrimônio Natural, agricultores familiares, comunidades 313

314 Santa Catarina - Lei nº de 13 de abril de 2009 Fonte: Elaboração Própria. Institui o Código Estadual do Meio Ambiente e estabelece outras providências. São serviços ambientais as funções imprescindíveis desempenhadas pelos ecossistemas naturais e úteis ao homem, tais como a proteção de solos, regulação do regime hídrico, controle de gases poluentes e/ou de efeito estufa, conservação da biodiversidade e belezas cênicas; (art. 28) beneficiários especificados. Poder Público Estadual e Municipal e sociedade civil. Fundo de Compensação Ambiental e Desenvolvimento - FCDA. (art. 27) No caso do PSA existe o fundo especifico citado na análise da lei /10- o FEPSA. corresponderá ao valor pecuniário equivalente a 30 sacas de milho para cada hectare/ano da propriedade, fixado conforme avaliação de preço mínimo estabelecido pela Política de Garantia de Preços Mínimos - PGPM, do Governo Federal. (art. 8, 3º, 4º, 5º, 6º e 7º) Não específica. tradicionais, povos indígenas e assentados de reforma agrária ou ocupantes de áreas situadas em bacias ou sub-bacias hidrográficas. (art. 10º, 11º e 12º). A regulamentação do pagamento de serviços ambientais a que se refere esta Lei será realizada por meio de lei específica a ser elaborada. (art. 288) 314

315 Os serviços ambientais mais mencionados nas legislações analisadas são a regulação do regime hídrico, o controle de gases poluentes e/ou de efeito estufa, conservação da biodiversidade e a redução dos processos erosivos, com a conservação do meio ambiente. Alguns estados ainda citam itens específicos, como, a geração de renda por meio de produção sustentável (Acre Lei nº 2.025/08), o fomento à utilização de sistemas agroflorestais (Minas Gerais Lei / 13) e conservação e recuperação das faixas marginais de proteção (Rio de Janeiro Decreto /11). Todas apontam que os provedores dos serviços ambientais serão beneficiados com incentivos, financeiros ou não e que poderão ser desenvolvidos programas cuja adesão é voluntária. Dentre os agentes envolvidos, além dos beneficiários estabelecidos, é absoluta a presença do poder público estadual. Está prevista também a participação da sociedade civil através de conselhos e comissões, com a função de regulação e fiscalização, nos seguintes estados: Acre - Lei 2.038/10, Bahia Lei /15, Paraíba Lei /13, Santa Catarina Leis /10 e 14675/09. É notória a presença da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (SEMA) como órgão estadual regulador e fiscalizador, em todas as legislações estaduais analisadas. Além disso, Espírito Santo (Lei 8.995/08), Rio de Janeiro (Decreto /11) e Acre (Lei 2.308/10) mencionam a participação de agentes privados nacionais ou internacionais no que diz respeito a doações e/ou investimentos. No que se refere aos beneficiários observa-se que a maioria dos programas estaduais prioriza os agricultores familiares. Os únicos estados que não têm em sua legislação sobre PSA alguma alusão a essa categoria são Espirito Santo, Rio de Janeiro e Paraná. Essa situação parece indicar que os objetivos das legislações subnacionais vão além da preservação ambiental. Também possuem um enfoque socioeconômico que busca favorecer os pequenos produtores com os incentivos financeiros e não financeiros engendrados pelo fornecimento dos serviços ambientais. Acredita-se que esta escolha política seja benéfica, pois se propõe a minimizar dois problemas enfrentados no país, a pobreza e a degradação do meio ambiente, sendo mais fácil reduzir as resistências aos programas que se propõem a realizar o pagamento pelos serviços ambientais. Por outro lado, dado que os agricultores familiares são aqueles que não detêm área maior do que 4 (quatro) módulos fiscais 39 (Lei Nº / 2006) acredita-se que o alcance desses programas seja reduzido, promovendo a preservação ou recuperação ambiental em uma pequena porcentagem das áreas rurais. De qualquer maneira, essa resolução das 39 Os módulos Fiscais são unidades de medida de área (expressas em hectares), fixadas diferentemente para cada município no Brasil, tendo em conta as particularidades locais (Art. 50, Lei 6746/79). 315

316 legislações estaduais segue uma tendência nacional. A lei Nº / em seu art. 41, parágrafo III, 7o define que o pagamento ou incentivo a serviços ambientais serão prioritariamente destinados aos agricultores familiares. A esse despeito alguns estados ainda mencionam em suas legislações os povos indígenas e as populações tradicionais (Bahia, Paraíba e Santa Catarina), frisando sempre que os beneficiários dos programas devem promover ações legítimas de preservação, conservação, recuperação e uso sustentável de recursos naturais. Deve-se destacar ainda o fato de que todas as legislações Estaduais de PSA são voltadas para as áreas rurais, sendo que quatro estados engendram a possibilidade desses programas também serem implementados em áreas urbanas: Bahia, Paraíba, Paraná e Minas Gerais. Até o momento, porém, apenas Minas Gerais chegou a implementar um programa de PSA (Bolsa Verde) voltado especificamente para os agricultores familiares (como será apresentado à frente), os outros três Estados ainda não efetivaram nenhum projeto relacionado ao pagamento pelos serviços ambientais. Acredita-se que a possibilidade de implementação de programas de PSA em áreas urbanas deve ser exaltada, pois projetos de reciclagem de resíduos sólidos, de energia limpa, de proteção de matas ciliares, hortas urbanas, entre outros, podem contribuir para a qualidade de vida, ao mesmo tempo que favorecem o meio ambiente. Os estados que possuem leis sobre PSA regulamentam de forma distinta os tipos de recursos que financiam os seus programas, sendo que apenas os Estados de Santa Catarina 41 e Paraíba 42 possuem fundos específicos para PSA. Já os Estados do Acre, Amazonas, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia e Paraná utilizam outros fundos para o financiamento de programas e projetos de PSA. O Amazonas, em sua primeira legislação (Lei nº de 05 de junho de 2007) criou o Fundo Estadual de Mudanças Climáticas, Conservação Ambiental e Desenvolvimento Sustentável, a ser alimentado por diferentes fontes. Entretanto, quatro meses após sua criação, a Lei n.º de 2007, extingue o fundo e estabelece que uma fundação privada de utilidade pública federal e estadual (a Fundação Amazonas Sustentável FAZ) seria responsável por gerenciar os programas engendrados pela Política Estadual sobre Mudanças Climáticas, Conservação Ambiental e 40 LEI Nº , de 25 de maio de 2012, Dispõe sobre a proteção da vegetação nativa, entre outras disposições, também é chamada de Código Florestal. 41 Lei Nº de 19 de Janeiro de Lei Nº de 25 de novembro de

317 Desenvolvimento Sustentável do Amazonas e seus recursos. A tabela 64 apresenta os fundos apontados pelas legislações estaduais de PSA. Tabela 64: Fundos mencionados nas legislações estaduais de PSA, 2015 Estado/ Legislação Fundo Legislações do Fundo (Estaduais) Acre - Lei nº de 22 de outubro de 2010 Acre - Lei nº de 20 de outubro de 2008 Bahia - Lei nº de 12 de janeiro de 2015 Paraíba - Lei nº de 25 de novembro de Espírito Santo - Lei nº de 23 de setembro de 2008 (Decreto 2168-R/08 e Lei 9.607/10) Minas Gerais - Lei nº de 16 de outubro de 2013 (Lei nº /08; Decreto nº /09) Rio de Janeiro - Decreto nº de 15 de junho de 2011 (Lei nº 3.239/99) Fundo Estadual de Florestas; Fundo Especial de Meio Ambiente Fundo Estadual de Florestas Fundo de Recursos para o Meio Ambiente - FERFA e Fundo Estadual de Recursos Hídricos da Bahia FERHBA Fundo Estadual de Pagamento por Serviços Ambientais FunPSA Fundo Estadual de Recursos Hídricos do Espírito Santo FUNDÁGUA Fundo de Recuperação, Proteção Ambiental e Desenvolvimento Sustentável das Bacias Hidrográficas do Estado de Minas Gerais FHIDRO. Fundo Estadual de Recursos Hídricos - FUNDRHI; Fundo Estadual de Conservação Ambiental - FECAM Fundo Estadual de Florestas -Lei Nº de 27 de dezembro de 2001; Fundo Especial de Meio Ambiente - Lei nº de 26 de janeiro de 1994 Lei Nº de 27 de dezembro de FERFA - Lei nº 10431/2006 e Decretos /2008 e /2010; FERHBA - Regulamentado pelo Decreto /2010. Lei Nº de 25 de novembro de Lei Nº de 27 de junho de 2012; Decreto Nº de 9 de dezembro de 2008; Lei Nº de 21 de julho de Lei nº , de 21 de dezembro de Lei nº , de 29 de janeiro de FUNDRHI - Lei estadual N 3.239/1999 e Decreto N /2004; FECAM - Lei Nº 1.060/1986 e Lei Nº 4143/2003. São Paulo - Decreto nº de 24 de junho de 2010 Santa Catarina - Lei nº de 19 de janeiro de 2010 Santa Catarina - Lei nº de 13 de abril de 2009 Paraná Lei Nº de 25 de abril de 2012 (Lei /12 e Decreto Nº 4.381/12) Fonte: Elaboração Própria. Fundo Estadual de Prevenção e Controle da Poluição - FECOP Fundo Estadual de Pagamento por Serviços Ambientais FEPSA e Fundo Especial do Petróleo (Lei federal nº 7.990). Fundo de Compensação Ambiental e Desenvolvimento - FCDA Fundo Estadual de Recursos Hídricos FRHI/PR Lei Nº de 18 de junho de Lei Nº de 19 de janeiro de Lei nº de 13 de abril de 2009 Lei Nº de 26 de novembro de

318 Esses fundos seriam alimentados por diferentes fontes de recursos, todos mencionados nas leis, tais como 43 : recursos orçamentários do Estado e doações (esses dois primeiros indicados com maior frequência nas legislações); multas por infração de legislação ambiental; cobrança pelo uso da água; recursos decorrentes de acordos, contratos, convênios não especificados; Taxa de Fiscalização Ambiental; recursos provenientes dos royalties de petróleo; compensação pela utilização dos recursos naturais 44 ; recursos de acordos bilaterais ou multilaterais; investimentos privados; rendimentos de aplicação financeira 45 ; créditos de carbono; recursos provenientes de controle de poluição veicular; empréstimos 46 ; recursos oriundos de pagamentos por produtos, serviços ambientais; receitas das unidades de conservação 47 ; dentre outros tipos de fontes não especificadas. A tabela 65 abaixo aponta as principais fontes de financiamento definidas nas legislações estaduais de PSA. Tabela 65: Fontes de financiamento apontadas nas legislações estaduais que mencionam o PSA, Brasil, 2015 TIPOS DE RECURSOS AC AM ES MG RJ SC SP BA PB PR TOTAL Recursos orçamentários do Estado X X X X X X X X X X 10 Doações/ transferências (PF/PJ; Nac./ Int.) X X X X X X X X X X 10 Multas por Infração X X X X X X X X 8 Cobrança pelo Uso da Água X X X X 4 Recursos de Acordos Bilaterais ou X X X X X X X X X X 10 Multilaterais Taxa de Fiscalização Ambiental X X 2 Oriundos de projetos no âmbito do MDL X X 2 Royalties do Petróleo/Gás Natural X X X 3 Outros Tipos de Fontes X X X X X X X X X X 10 Fonte: Elaboração própria. 43 As fontes a seguir são apontadas na tabela 3 como outros tipos de fontes. 44 Minas Gerais. 45 Amazonas. 46 Paraíba. 47 Amazonas. 318

319 Sobre as fontes de financiamento, é possível destacar que todos os Estados citados acima preveem como fonte de financiamento de PSA a utilização de recursos orçamentários do próprio Estado. Essa situação deflagra a expectativa dos legisladores com o comprometimento do poder executivo nas ações de preservação e recuperação do meio ambiente. Contudo, no Brasil é possível verificar que o poder público federal vem reduzindo frequentemente as dotações orçamentárias para a pasta. Young et al. (2012) mostra que a alocação do orçamento público para a preservação ambiental não tem aumentado ao longo do tempo no período de , e há uma grande variação entre os estados. Além disso, a atual crise econômica piorou as condições fiscais governamentais, e a hipótese de novos orçamentos Estatais destinados aos projetos ambientais parece muito otimista para o futuro próximo. Outras possíveis fontes de financiamento mencionadas em todas as leis estaduais analisadas são doações e recursos de acordos bilaterais ou multilaterais. Acredita-se que seja temerário construir políticas públicas nacionais ou subnacionais de meio ambiente baseadas na expectativa de financiamento através de doações e transferências. As doações e transferências podem não ser regulares e frequentes, variando de acordo com a situação financeira e interesse dos doadores. Caso a política dependa deste tipo de recursos pode não ter uma continuidade, desperdiçando os esforços empreendidos em ações que não terão eficiência. Considera-se ainda relevante apontar três propostas específicas: A cobrança pelo uso da água; a implementação de recursos provenientes de multas ambientais; e receitas das unidades de conservação. A cobrança de uso da água parece ser uma maneira promissora de obter recursos, ao passo que há uma série de bacias que já estão realizando tal cobrança. Além disso, há uma identificação direta entre o pagamento e o serviço ambiental o que pode facilitar a aceitação da cobrança ao consumidor. É possível ainda destacar que está pode ser uma fonte permanente de captação de recursos para os programas de PSA, diferentemente de doações, por exemplo, que podem variar devido a vários fatores, como situação econômica do doador, seus interesses particulares, a possibilidade da doação se reverter em benefícios publicitários, entre outros. No caso das multas, há duas dificuldades principais de aceita-las como fonte de recursos para os programas de pagamentos por serviços ambientais: a primeira de ordem objetiva (montante arrecadado com as multas) e a segunda de ordem teórica (as multas devem cair ao longo do tempo). No primeiro caso, o grande problema é o montante das 319

320 multas que realmente são pagas no Brasil. Reportagem do Jornal Gazeta do Povo afirma que entre janeiro de 2005 e outubro 2009, 99,4% das multas aplicadas pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) não foram pagas 48. O trabalho de Souza e Lopes (2015) vem reforçar essa condição, mostrando que menos de 2% das multas ambientais são pagas no Brasil. No segundo caso, o problema é conceitual: teoricamente, as multas são fruto de atividades irregulares e responsáveis pelos danos ao meio ambiente. Dessa forma, acabam sendo um contrassenso a utilização de recursos oriundos de multas ambientais para financiamento de ações sustentáveis, visto que para que os projetos de PSA possam ser contínuos irão necessitar de recursos provenientes das multas e, consequentemente, da ocorrência de irregularidade ambiental ou dano ambiental. Por outro lado, considerando a existência de uma irregularidade ambiental ou dano ambiental acaba sendo plausível a conversão dessas receitas em recursos financeiros para implementar sistemas de PSA. A este exemplo, cabe destacar a experiência positiva do município de Brumadinho (MG), onde as receitas de multas ambientais são impostas pelo poder judicial para financiar um sistema PES local para proteger florestas de galeria (MENDONÇA, 2014). Essa alternativa de utilização de recursos oriundos de TAC se for replicada no caso do rompimento da barragem em Mariana (MG) que aconteceu no final de 2015, por exemplo, haverá disponível um montante considerável de recurso para financiamento de programas locais de PSA. As receitas das unidades de conservação poderão ser bem aproveitadas se destinadas aos projetos de PSA existentes no entorno das próprias Unidades de conservação. Atualmente essas receitas acabam retornando aos cofres da união e não necessariamente são destinadas a projetos de preservação. Caso a cobrança da entrada nas Unidades de conservação fosse destinada aos projetos de PSA, poderia ocorrer uma maior disposição do visitante a realizar tal pagamento, pois ele vislumbraria sua contribuição direta para a preservação. Medeiros e Young (2011) mostraram que o aumento do turismo em áreas protegidas no Brasil teria o potencial de gerar bilhões de dólares nas economias locais onde estes parques estão estabelecidos. 48 CASTRO, Pedro de. Ibama não recebe 99% das multas. In: Gazeta do Povo. 15/07/2010. Disponível em: 44qmwildxgw1bavw9jcy53jny 320

321 De qualquer forma, através da análise das leis estaduais que versam sore PSA foi possível verificar que os Estados possuem várias fontes de financiamento. Isso é muito promissor, pois quanto mais fontes de financiamento, maior a possibilidade de obter recursos para garantir os programas. Dentre os Estados analisados, Rio de Janeiro e Santa Catarina possuem a maior diversidade de fontes de financiamento. Figura 64: Estado com maior diversidade de fonte de financiamento de PSA, FONTES DE FINANCIAMENTO DE PSA AC AM ES MG RJ SC SP PB Fonte: Elaboração própria. A maioria das legislações estaduais sobre PSA estudadas apresentam um conteúdo genérico, deixando ao cargo da regulamentação ou dos projetos engendrados pelas secretarias estaduais do meio ambiente a responsabilidade por definir as regras específicas e os montantes de aplicação dos recursos. Entretanto, as leis de Espírito Santo (Lei n / 2012), São Paulo (Decreto / 10) e Santa Catarina (Lei / 10), fogem a essa regra. Esses últimos estabelecem na própria legislação estadual montantes indexados como limites máximos a serem pagos aos beneficiários por hectare por ano. A legislação de São Paulo define também valores máximos por participante do programa, impedindo que um mesmo agente acumule vários benefícios. Os valores indexados pelas legislações Paulista e Capixaba são definidos com base nas 321

322 unidades de referência estaduais 49, já aquele estipulado em Santa Catarina tem como referência o valor pecuniário equivalente a 30 sacas de milho. Nos três casos apontados os pagamentos serão proporcionais aos serviços prestados, considerando a extensão e características da área envolvida. Nas leis estaduais de Minas Gerais (Lei /13) e Paraná (Lei /12) são apenas apontados que os valores a serem pagos serão proporcionais às dimensões das áreas protegidas pelos proprietários rurais. Para ilustração, a Tabela 66 abaixo aponta quais Estados possuem previsão legal dos valores a serem pagos aos beneficiários do PSA. Tabela 66: Análise da legislação estadual: indicação dos valores a serem pagos aos beneficiários de PSA, 2015 Quantidade Estado Estados com projetos de PSA implementados 7 AC (2 projetos); AM; ES; MG; RJ; SP (2 projetos); SC Leis que não explicitam valores a serem pagos 4 AM, MG, RJ, AC Leis com valor nominal não indexado Leis com valor nominal indexado ES, SC, SP PSA. Fonte: Elaboração própria a partir da análise das leis estaduais relacionadas ao Dado a diversidade existente no Brasil, que é caracterizado por diferenças ambientais, sociais, econômicas e culturais muito significativas, acredita-se que seja adequado o estabelecimento de legislações Estaduais com textos mais genéricos. Com leis mais abrangentes é possível construir diferentes projetos com vieses, públicos e áreas prioritárias distintas em um mesmo estado. Por outro lado, quanto mais abrangentes as leis, maior a dificuldade de fazê-las cumprir. De qualquer maneira, sugere-se que a futura legislação nacional de pagamentos por serviços ambientais siga a 49 Unidade Fiscal do Estado de São Paulo (UFESP), e Valores de Referência do Tesouro Estadual (VRTE), no Espirito Santo. Em 2015, 1 UFESP valia R$ 21,25, enquanto que 1 VRTE estava cotada em R$ 2,

323 tendência de estabelecer um marco genérico de forma que crie condições para que os órgãos ambientais instaurem ações de PSA de acordo com interesses específicos, respeitando as singularidades do local onde os projetos serão implementados. No entanto, a lei precisa ter salvaguardas e condicionalidades para garantir que efetivamente seja cumprida. A abrangência das legislações estaduais fez com que fosse necessário pesquisar e analisar os projetos até então executados por esses entes federativos. Como mencionado anteriormente, apenas três dos dez estados que já possuem leis que tratam de PSA no Brasil não possuem projetos em andamento: Bahia, Paraíba e Paraná. Nesse último estado, porém, em janeiro de 2015, foi publicada uma resolução da Secretaria Estadual do Meio Ambiente que estabelece as normas para os projetos de Pagamentos Por Serviços Ambientais às Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs). Apesar da resolução publicada o projeto ainda não foi iniciado. A perspectiva é que o primeiro edital do projeto saia em março de Por outro lado, sete estados que já possuem legislações sobre o PSA, possuem projetos ativos. Para compreender melhor as características dos projetos, cada um deles foi estudado. Buscou-se enfocar na análise dos projetos, principalmente, o seu funcionamento, formas de financiamento, beneficiários e a área preservada. Acredita-se que com essa pesquisa seja possível ter uma melhor dimensão dos recursos aplicados no PSA em cada estado, dos benefícios estabelecidos e alcance do programa. 1.6.Projetos Estaduais Acre O Estado do Acre possui quase 88% do seu território ocupado por vegetação nativa, sendo que destes 45% são áreas de proteção ambiental, como Unidades de Conservação (UC), Terras Indígenas (TI), Áreas de Preservação Permanente (APP), Reservas Legais (RL) e Áreas Militares. Dado que a maior parte do desmatamento existente no estado (60%) é realizado em áreas de até 10 hectares, principalmente nos 50 Agência de Notícias do Paraná. Governo edita regras para Pagamento Por Serviços Ambientais. Paraná 05/01/2016. Disponível em: Pagamento-Por-Servicos-Ambientais&ordem=1000. Acessado em fev

324 municípios mais populosos, devido a tendência à pecuarização e ao uso do fogo como maneira de limpar a área, acredita-se que as políticas de PSA sejam particularmente interessantes para auxiliar na preservação ambiental (STANTON, 2014). Assim, em 2008 foi editada a Lei nº que cria o Programa Estadual de Certificação de Unidades Produtivas Familiares do Estado do Acre. Esse foi o primeiro programa de PSA gerenciado pelo poder público Estadual, apesar da possibilidade desse instrumento já ser mencionado no seu Zoneamento Ecológico e Econômico (ZEE). Trata-se de um programa voluntário de certificação que busca incentivar os proprietários e posseiros de terra a modificar seu sistema de produção, através do oferecimento de benefícios monetários e não monetários (STANTON, 2014). Já em 2010, a lei 2.308, foi promulgada, criando o Sistema Estadual de Incentivos a Serviços Ambientais - SISA, o Programa de Incentivos por Serviços Ambientais - ISA Carbono e demais Programas de Serviços Ambientais e Produtos Ecossistêmicos do Estado do Acre. Essa lei construiu um arcabouço institucional propício para a instauração de uma série de programas visando à redução de emissões de gases de efeito estufa oriundos de desmatamento, a conservação da sociobiodiversidade, dos recursos hídricos, da beleza cênica natural, do clima, do solo e a valorização do conhecimento tradicional ecossistêmico. Entretanto, atualmente (janeiro de 2016) apenas dois programas foram iniciados: o programa Estadual de Certificação de Unidades Produtivas Familiares e o Programa de Incentivo a Serviços Ambientais - Carbono ISA. O primeiro teve seus participantes selecionados em 2010, mas devido às mudanças no código Florestal Brasileiro foi alterado em 2013 pela a lei Estadual N Esse programa é o foco de análise deste item, pois foi possível encontrar dados satisfatórios que indicassem suas principais características e resultados. Já o segundo ainda está em fase de implementação, apesar de ser a grande aposta dos pesquisadores da área, dado as expectativas relacionadas ao mercado de carbono. Considerações sobre o PSA no âmbito Estadual Como mencionado anteriormente, a primeira legislação relacionada aos pagamentos por serviços ambientais no Acre estava associada ao programa Estadual de Certificação de Unidades Produtivas Familiares (Lei nº de 2008). Entretanto, apenas a Lei 2.308, de 2010 criou o Sistema Estadual de Incentivos a Serviços Ambientais SISA e os Programas de Serviços Ambientais e Produtos 324

325 Ecossistêmicos do Estado do Acre. Essa última estabeleceu os princípios do SISA, seus objetivos e definições. No Art. 4º desta última lei foi definido que os provedores de serviços ambientais são aqueles que promovem ações legítimas de preservação, conservação, recuperação e uso sustentável de recursos naturais. Esses provedores, poderão se habilitar voluntariamente para serem beneficiários do SISA, sem que a lei mencione o fato do beneficiário possuir a propriedade da terra. A lei em questão cria uma série de órgãos e entidades responsáveis pela gestão e funcionamento dos programas engendrados pelo SISA, dentre eles é possível mencionar, o Instituto de Regulação, Controle e Registro, supervisionado pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente SEMA; a Agência de Desenvolvimento de Serviços Ambientais (criada pelo Decreto Nº 6306 de 2013); um comitê científico; e a Comissão Estadual de Validação e Acompanhamento 51. De acordo com informações do website do Instituto de Mudanças Climáticas e Regulação de Serviços Ambientais do Estado do Acre, o arranjo institucional do SISA ocorre da seguinte forma: Figura 65: Arranjo Institucional SISA - Acre 52 Fonte: Instituto de Mudanças Climáticas e Regulação de Serviços Ambientais, s/d Essa última estabelecida pelo Decreto Estadual de 19 de março de Disponível em: onal+ceva+2014_2015.pdf?mod=ajperes 52 CEMACT: Conselho Estadual de Meio Ambiente, Ciência e Tecnologia; CFE: Conselho Florestal Estadual; CEDRFS: Conselho Estadual de Desenvolvimento Rural e Florestal Sustentável; SEMA: Secretaria de Estado de Meio Ambiente; PGE: Procuradoria Geral do Estado; CEVA: Comissão Estadual de Validação e Acompanhamento; GTI: Grupo de Trabalho Interinstitucional Indígena; SECT: Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia; IMC: Instituto de Mudanças Climáticas e Regulação de Serviços Ambientais; SEDENS: Secretaria de Estado de Desenvolvimento Florestal, da Indústria, do Comércio e dos Serviços Sustentáveis; CDSA: Companhia de Desenvolvimento dos Serviços Ambientais. 325

326 Apesar da legislação criar o Instituto de Regulação, Controle e Registro, definindo inclusive a origem das suas receitas (doações e/ou investimentos efetuados por fundos públicos, privados ou multilaterais) e o montante total (R$ ,00), para o pagamento de funcionários e implantação dos seus serviços, não foi possível obter informações sobre o seu funcionamento atual, bem como não foi encontrado seu lugar no organograma apresentado na Figura 65. Já a Companhia de Desenvolvimento de Serviços Ambientais do Estado do Acre foi criada como uma sociedade anônima de economia mista (Art. 15 da Lei 2.308), regulamentada pelo Decreto Nº 6306 de Essa agência teria como função captar recursos financeiros, criar os planos de ação e projetos e executar os programas do SISA. Atualmente, esta Companhia está em funcionamento, mas ainda não está completamente estruturada, não sendo possível encontrar maiores informações sobre sua atuação. Um fator de destaque na legislação do Estado são os instrumentos econômicos e financeiros do SISA. De acordo com o Art. 18 da Lei os possíveis meios de financiamento dos programas de PSA são provenientes do Fundo Estadual de Florestas, criado pela Lei n , de 27 de dezembro de 2001 e do Fundo Especial de Meio Ambiente, criado pela Lei n , de 26 de janeiro de Além desses, são mencionados ainda fundos públicos nacionais, recursos provenientes de ajustes e convênios celebrados com órgãos da administração pública, recursos provenientes de acordos bilaterais ou multilaterais sobre o clima, doações, recursos orçamentários e recursos provenientes da comercialização de créditos relativos a serviços e produtos ambientais. Esse último item se relaciona especificamente à expectativa de crescimento do mercado mundial de carbono, sendo previsto um tratamento tributário diferenciado nestas operações. 53 Disponível em: 7EGwJqECpCixXh6Uvbi6YXtTemSefcTDJz8k3OgC0YdU6vRZ5eivqcnsAGbPnE0YjrBRpicLDmIHFC WzZUxGGXAxHYwHnilX1DhqdhXcKup_BmX0qpo7JCaGmRNughNS3qDaHj- 4pJs6CzTNIxO5EJFXclmTcrR9JkZMV8An8oCf5yyf9162Cbn- pstdt6z OLvM5v0OKwVb48tt0hSFB3CpUFi4zdsB_4L-- s7apscobqi7qkgvv4e9yep5q1vipiqtm3a6awrkwoa7nwrgkvmjzlaarhj_f5jz0shqmrxcduizi ZRQM2Slo9YAPHN3vxZsfC2dfW_aiUytI92gct0PSZ8vI1- STovPV5WXpvbhX9VWdV2G3yPJph21MuFWLmDLdL- B04wzUmKbDMd6XzR4VqcgKuGnOfOwQ- Vqu88kEWFpdHUBTXQ3DMJGuDZsPHaTJG2pf6wA!/dl3/d3/L2dBISEvZ0FBIS9nQSEh/ 326

327 Programa Estadual de Certificação de Unidades Produtivas Familiares do Estado do Acre. Origem do Programa De acordo com a Lei 2.025, de 2008, o programa Estadual de Certificação de Unidades Produtivas Familiares do Estado do Acre tem como objetivo realizar a certificação socioambiental voluntária de proprietários de terra 54 com até 100 hectares, atestando o uso sustentável dos recursos naturais com inclusão social e econômica. O programa busca beneficiar os proprietários interessados em recuperar ou manter suas áreas de reserva legal ou preservação permanente, usando processos produtivos baseados no uso adequado da floresta e das áreas desmatadas. Etapas do projeto O Programa de Certificação das Unidades Produtivas do Estado do Acre, de acordo com o art. 5 da lei 2.025, é estruturado em quatro fases: I - Adesão ao programa, com duração de doze meses; II - Certificação básica, com duração de vinte e quatro meses; III - certificação intermediária, com duração de vinte e quatro meses; e IV - Certificação plena, com duração de quarenta e oito meses. Para ser classificada em uma das fases a unidade produtiva deverá passar por uma avaliação. Para a posterior mudança de fase os proprietários de terra precisam adequar suas áreas de Reserva Legal e de Preservação Permanente à legislação ambiental. Entretanto propriedades que possuem nascentes ou práticas produtivas ambientalmente responsáveis, bem como restringem o uso do fogo para a limpeza do terreno, recebem uma melhor avaliação e classificação nas fases mencionadas. O mesmo ocorre se o proprietário está inserido em alguma organização coletiva. A proposta do programa é que ao longo de nove anos as unidades produtivas assumam atividades conservacionistas, sendo que, de acordo com a fase em que se encontram recebem diferentes incentivos. Os incentivos financeiros variavam entre R$500 e R$600 por ano por propriedade, independentemente do número de hectares. Há 54 Na primeira etapa de adesão foram aceitos os mais diversos documentos para comprovar a posse da terra. Contudo, para o pagamento do bônus do programa, a Secretaria de Estado de Extensão Agroflorestal e Produção Familiar -Seaprof exigiu o registro oficial de propriedade da terra, o que tem gerado inúmeros problemas. (STANTON, 2014). 327

328 também a oportunidade de obterem prioridade em financiamentos oficiais. Os benefícios não monetários se referem ao incentivo à mecanização do sistema produtivo, ao fornecimento de mudas, insumos, além de assistência técnica e capacitação do produtor. Esses incentivos variavam entre as propriedades, sendo implementados conforme o potencial de geração de renda da localidade. O objetivo era auxiliar o produtor a realizar e comercializar a sua produção de maneira sustentável de forma que após os nove anos de programa, ele não precisasse mais do apoio do mesmo (STANTON, 2014). As áreas e comunidades passíveis de fazerem parte do programa são definidas previamente pela Secretaria de Estado de Extensão Agroflorestal (SEAPROF) em conjunto com a Secretaria do Estado de Meio Ambiente (SEMA). O Programa pode abranger todo território do Acre, entretanto, as zonas prioritárias foram aquelas de influência direta das rodovias federais (BRs 364 e 317) ocupadas principalmente por pequenos produtores assentados ou posseiros, alguns empreendimentos pecuaristas e seringais (ALMEIDA Jr., s/d apud STANTON, 2014). De acordo com informações da Secretaria de Estado de Extensão Agroflorestal e Produção Familiar do Acre SEAPROF, entre 2009 e 2014 foram assinados Termos de Adesão com produtores rurais familiares. Destes, 114 foram desligados do programa, seja porque venderam ou abandonaram a propriedade, ou desistiram do Programa. Apesar desse alto número de adesões, apenas 42,03% do total de produtores ativos (1.889) tiveram o Plano da Unidade Produtiva - PUP construído. Sem esse plano, o produtor não poderia passar de fase e receber as demais parcelas previstas no programa (SEMA, 2015). Para que o Programa de Certificação das Unidades Produtivas seja implementado e cada uma de suas fases realizadas, uma série de etapas devem ser cumpridas. A tabela 67 abaixo, elaborada a partir da Portaria Normativa N.º 017 da SEMA, que estabelece o regulamento do Programa, ilustra essas etapas: Tabela 67: Etapas do Programa de Certificação das Unidades Produtivas do Estado do Acre Etapa Órgão Responsável Atividade realizada Etapa 1 Informações Preliminares Escritórios Locais da SEAPROF e Rede de ATER Divulgação do programa e decisão do produtor quanto à participação 328

329 Etapa 2 Assinatura do Termo de Adesão e Cadastro Etapa 3 Pagamento da 1ª Parcela do Bônus e Cálculo do % passivo ambiental Etapa 4 Elaboração do plano de unidade produtiva Etapa 5 Pagamento da 2ª Parcela do Bônus Licenciamento Ambiental Etapa 7 Licenciamento Ambiental Etapa 8 Enquadramento da Fase de Certificação Escritórios locais da SEAPROF e Rede de ATER Secretaria Executiva da Certificação /SEAPROF Escritórios Locais da SEAPROF e Rede de ATER Escritórios locais da SEAPROF/Rede de ATER local/ Núcleo do IMAC local Técnico do Escritório/ Rede de ATER local Etapa 9 Gerente do escritório Implementação do local da Plano de Certificação SEAPROF da Unidade Produtiva Fonte: SEMA, Portaria Normativa N.º 017/ Entrega de documentos pelo produtor, e preenchimento do Termo de Adesão e do Cadastro da Unidade Produtiva. Os técnicos visitam a unidade produtiva para o Georreferenciamento da mesma. Confirmação de que o produtor está apto para aderir ao programa e recebimento de 50% do bônus no valor de R$ 250,00 por propriedade. Paralelamente, os dados da propriedade são encaminhados ao IMAC, para definição da situação do passivo ambiental a ser recuperado. Após o conhecimento a respeito do passivo ambiental os técnicos da Rede de ATER elaboram em conjunto com os produtores o Plano da Unidade Produtiva, com a área a ser recuperada. Concluído o Plano, o técnico verifica se o produtor tem licenciamento da Propriedade no IMAC. Entrega o protocolo de licenciamento ao produtor rural. Este protocolo habilita o produtor a receber os 50% de bônus restantes no valor de R$ 250,00. Procedimentos para o encaminhamento da licença ou das pendências aos Escritórios locais da SEAPROF/Rede de ATER. Análise técnica e enquadramento da fase de Certificação em que o produtor está. Certificado habilita o produtor a receber o bônus da referida fase. Efetua alimentação de dados no sistema, monta o calendário do monitoramento e efetua os pagamentos. Essas fases implicam em uma série de procedimentos técnicos e administrativos, como a entrega de documentos, fiscalizações e monitoramentos, pagamentos e a coordenação entre os diferentes órgãos estaduais. Tudo com o objetivo que o produtor regularize o seu passivo ambiental e obtenha um uso mais sustentável de sua propriedade. Contudo, o cumprimento dessas etapas, não garantia que o produtor estivesse na condição de regular perante a legislação ambiental. Seria necessário ainda entrar com um processo no Instituto de Meio Ambiente do Acre - IMAC para obter a Licença Ambiental Rural LAR. A emissão desta licença por sua vez, possuía um tramite moroso e burocrático, não atendendo a todos os produtores a contento (SEMA, 2015). Tratando ainda das dificuldades operacionais, os procedimentos viabilizados para o pagamento dos produtores tiveram alguns contratempos. De acordo com a ex- 329

330 coordenadora do programa55, a princípio o SEAPROF imaginou que seria adequado pagar os beneficiados por ordem de pagamento. Entretanto, dado o prazo estipulado para que o produtor retirasse o pagamento no banco, esse procedimento se mostrou inadequado. Em um segundo momento, buscou-se viabilizar a abertura de contas correntes em bancos para que os bônus fossem depositados. Porém, os bancos não permitiram a isenção das taxas bancárias. Por fim, ficou-se definido que os produtores deveriam abrir contas poupanças, se eximindo assim das taxas. Mas, de qualquer modo, alguns produtores ainda encontravam dificuldades para realizar esse trâmite burocrático devido à falta de documentos. Serviços ambientais O Art. 2º da lei que instituiu o programa Estadual de Certificação de Unidades Produtivas Familiares estabeleceu dentre seus objetivos a melhoria dos seguintes serviços ambientais: a mitigação e adaptação às mudanças climáticas, com a redução de emissões de gases poluentes, o uso sustentável dos recursos naturais, a conservação da sociobiodiversidade e das águas e recursos hídricos. O modelo de PSA seguido pelo programa é o do Provedor-Recebedor, ou seja, aquele que contribui para a existência e manutenção do serviço ambiental recebe o bônus. Agentes envolvidos Os agentes envolvidos no Programa são as unidades produtivas rurais familiares, proprietárias de terra, com até 100 hectares, sendo eles os possíveis beneficiários. A Secretaria de Estado de Extensão Agroflorestal e Produção Familiar (SEAPROF), gestora do programa. A Secretaria Estadual de Meio Ambiente (SEMA), que realizou a sua coordenação estratégica. A Secretaria de Estado de Desenvolvimento Florestal, da Indústria, do Comércio e dos Serviços Sustentáveis SEDENS que executou ações junto a algumas comunidades de manejadores florestais. E o Instituto de Meio Ambiente do Acre IMAC, responsável, à época da elaboração do programa de certificação, pela regularização dos passivos ambientais. Em adição, a lei em seu Art. 7º criou ainda a Rede Estadual de Assistência Técnica e Extensão Agroflorestal, composta por instituições públicas e privadas. A rede tinha a função de garantir uma maior oferta de serviços de assistência técnica rural, 55 Conversa telefônica com Marlene Jardim, em 12/01/2015, Técnica da SEAPROF. 330

331 contribuir com os processos de regularização do passivo ambiental florestal e de certificação socioambiental da unidade produtiva 56. Para que uma organização fizesse parte da Rede, teria que manifestar o seu interesse para a SEAPROF que é a responsável por aceitar ou rejeitar a proposta. A Figura 66 aponta a organização dos órgãos responsáveis por gerir e implementar o Programa de Certificação das Unidades Produtivas Familiares, que fazia parte da Política de Valorização do Ativo Florestal. Figura 66: Organização institucional do Programa de Certificação das Unidades Produtivas Familiares, Acre, Fonte: STANTON, 2014 Arranjos Institucionais O Programa Estadual de Certificação de Unidades Produtivas Familiares, como mencionado anteriormente, foi criado em 2008, pela Lei 2.025, mas iniciou suas atividades em 2009, com o primeiro grupo de agricultores manifestando seu interesse em participar do mesmo. Desde então foi articulada a Rede Estadual de Assistência Técnica e Extensão Agroflorestal, cujos técnicos auxiliaram os produtores que participavam do programa a construir seus Planos das Unidades Produtivas. A 56 SEMA, PORTARIA NORMATIVA N.º 017 DE 23 DE MARÇO DE Diário Oficial do Estado do Acre. Ano XLIII - nº Segunda-feira, 29 de março de

332 SEAPROF definiu os procedimentos para monitoramento, fiscalização e pagamento para os produtores e a SEMA coordenou o programa, estabelecendo as áreas prioritárias para recebê-lo. Contudo, com a promulgação do novo código florestal, através da Lei Federal nº , de 25 de maio de 2012, o programa Estadual de Certificação de Unidades Produtivas Familiares do Estado do Acre precisou passar por modificações, tendo que ser compatibilizado com as novas exigências federais. Assim em janeiro de 2013, foi editada a Lei Nº 2693 que institui o Cadastro Ambiental Rural - CAR, no âmbito do Sistema Estadual de Informações Ambientais do Estado do Acre - SEIAM e cria o Programa de Regularização Ambiental (PRA-Acre). Essa lei define também que apenas aqueles proprietários e possuidores rurais que já haviam aderido ao programa Estadual de Certificação de Unidades Produtivas Familiares poderiam permanecer no mesmo, ou seja, não seriam realizadas novas adesões ao programa. Por outro lado, a mesma lei autorizou àqueles que tivessem o interesse de renunciar ao programa de certificação a aderir ao PRA-Acre. Os beneficiários do Programa de Certificação que aderissem ao PRA-Acre, teriam os direitos e obrigações inerentes ao Programa de Certificação cancelados. Há algumas diferenças entre o Programa de Certificação e o PRA-Acre. O primeiro programa foi elaborado tendo em conta as normas previstas no Código Florestal de (Lei Federal nº 4.771/1965), enquanto o segundo estava ajustado ao novo código florestal. Isso significa que o programa de certificação tinha normas mais rígidas quanto às áreas de preservação permanente e reservas legais, com prazos menores para a recomposição de passivos ambientais (9 anos versus 20 anos do novo código). Em adição, o CAR apresentou soluções institucionais que permitiram dar uma grande escala de atendimento e resposta ao produtor rural, diferentemente do LAR emitido pelo IMAC. Outra diferença fundamental entre os programas é que enquanto o Programa Estadual de Certificação de Unidades Produtivas Familiares dispunha de adesão voluntária por parte dos produtores, o CAR e o PRA-Acre são obrigatórios, ou seja, todos os produtores rurais do Estado devem cadastrar sua propriedade e se adequar ao novo código florestal. Além disso, o programa de certificação propunha pagamentos diretos aos produtores que fossem adequando a sua produção às normas ambientais, enquanto o PRA-Acre parece entender que está é uma obrigação legal dos proprietários rurais, sem que seja realizado o pagamento por serviços ambientais. 332

333 Por outro lado, de acordo com a Nota Técnica N. 001/ 2015 da SEMA, o Governo do Acre está revendo o PRA-Acre, para estabelecer medidas de incentivo a regularização ambiental dos imóveis rurais, com tratamento diferenciado para a agricultura familiar. A ideia é que o PRA-Acre assuma estratégias similares àquelas existentes no Programa de Certificação, entre elas um modelo de assistência técnica sustentável, com incentivos não monetários e pagamentos por serviços ambientais. Contudo, apenas em novembro de 2015 a Portaria SEMA Nº 123 estabeleceu o regulamento para a transição dos beneficiários do Programa Estadual de Certificação de Unidades Produtivas Familiares do Estado do Acre para o Cadastro Ambiental Rural - CAR e Programa de Regularização Ambiental do Estado do Acre - PRA-Acre, com a elaboração de um termo de renúncia. Em adição, até o momento (janeiro de 2016) não foi retomado o pagamento direto aos produtores que se mantiveram no programa de certificação ou estabelecido um novo regulamento ou plano para o PRA-Acre. Fonte de recursos De acordo com o artigo 4º da lei 2.025, poderão ser utilizados recursos do Fundo Estadual de Florestas para pagamento do bônus aos agricultores que participam do programa. O Fundo Estadual de Florestas foi criado pela Lei Nº de 27 em dezembro de 2001, com recursos provenientes do orçamento do Estado; contribuições e transferências de quaisquer órgãos da administração direta ou indireta dos três entes federativos; contratos, empréstimos, ou doações de organismos públicos e privados, nacionais e internacionais. A lei, em seu art. 45, menciona ainda a possibilidade dos recursos advirem de taxas, tarifas, leilões e indenizações decorrentes da preservação e conservação das florestas do Estado; valores arrecadados com a venda de produtos e subprodutos florestais apreendidos; e recursos provenientes de multas e infrações ambientais, que também serão em parte destinados ao Fundo Estadual de Meio Ambiente. Contudo, de acordo com Santos et al. (2012) 57 apenas uma parcela pequena dos recursos foi direcionada ao programa, principalmente porque o fundo só foi 57 Marco regulatório sobre pagamento por serviços ambientais no Brasil / Organização de Priscilla Santos; Brenda Brito; Fernanda Maschietto; Guarany Osório; Mário Monzoni. Belém, PA: IMAZON; FGV. CVces, amazonas.org/versao/2012/wordpress/wp-content/uploads/2013/07/marco-regulat%c3%b3rio-psa- Brasil_FGV.pdf 333

334 regulamentado em A tabela 68 abaixo aponta o total de despesas pagas anualmente por esse fundo. Tabela 68: Total das Despesas Pagas anualmente pelo Fundo Estadual de Florestas do Estado do Acre - FEF Ano Acumulado pago 2010 R$ , R$ , R$ , R$ , R$ , R$ ,38 Fonte: Elaboração própria a partir do portal da transparência do Estado do Acre. É claro que nem todo o montante de despesas pagas do fundo foram destinados ao programa de Certificação das Unidades Produtivas do Estado do Acre, porém, com tais informações é possível ter uma ideia do crescimento dos gastos com meio ambiente e sua gestão no Acre. Além do fundo florestal, outra importante fonte de financiamento do Programa de Certificação foram os recursos do BNDES, através do Fundo Amazônia e o convênio celebrado com a rede de TV Sky do Reino Unido, com o apoio da WWF que resultou no repasse de mais de 6 milhões de libras esterlinas (WWF, 2013). Esses recursos viabilizaram principalmente a realização de benefícios não financeiros, como a construção de açudes que favoreceram diversos produtores (STATON, 2014). No que se refere aos benefícios financeiros, pagos em espécie diretamente aos produtores (Bônus) é possível destacar que ao longo dos seis anos que o programa de Certificação esteve ativo foi gasto R$ ,00, pagos pela SEAPROF e pela SEDENS. A Tabela 69 abaixo aponta os valores totais pagos em cada ano, por fase do programa com a fonte de recurso utilizada, por cada uma dessas secretarias ao longo do tempo. Tabela 69: Demonstrativo do Pagamento de Bônus pela SEAPROF e SEDENS entre 2009 e Resolução do Conselho Florestal Estadual do Acre 001 de 09/12/2012. Aprova o Regimento Interno do Fundo Florestal, votado em reunião plenária realizada em 09/12/2010 (SANTOS et al., 2012). 334

335 Ano Fonte de Recurso 1º Parcela Adesão (N de beneficiários) 2º Parcela Adesão (N de beneficiários) 1º Ano Execução PUP (N de beneficiários) 2º Ano Execução PUP (N de beneficiários) Total Aplicado (R$) S E A P R O F , Recurso Próprio , , WWF/SKY ,00 Recurso Próprio , Fundo Amazônia , WWF/SKY , WWF/SKY ,00 Fundo Amazônia ,00 Total Parcial SEAPROF ,00 S E D E N S 2012 Fundo Amazônia , Fundo Amazônia , Fundo Amazônia ,00 Total Parcial SEDENS ,000 TOTAL Geral ,00 Fonte: SEMA (2015). A tabela 69 demonstra que, ao todo, produtores receberam a primeira parcela, no valor de R$ 250,00, para participarem do programa de certificação das unidades produtivas. Esse valor é um pouco diferente do declarado pela SEMA e destacado no início deste texto (4.497). Contudo, independente da pequena diferença identificada é importante verificar que o número de beneficiários que receberam os bônus caiu consideravelmente ao longo do programa. Isso porque após a adesão, como mencionado anteriormente, o produtor precisava fazer, com ajuda dos técnicos da Rede Ater, o Plano da Unidade Produtiva PUP. Esse plano demandava não apenas a reestruturação produtiva, com o fim da utilização do fogo, mas também a recuperação das áreas de preservação permanente e a reserva legal. A elaboração dos PUPs e seu 335

336 posterior cumprimento e monitoramento, impunham uma série de dificuldades que fizeram com que o número de beneficiários caísse para apenas 14% do total, no primeiro ano de execução do programa e 1% do total no segundo ano. De acordo com informações obtidas por telefone com a ex-coordenadora do Programa de Certificação de Unidades Produtivas 59, desde 2013 não eram realizadas novas adesões (implementadas em 2014). Dado a instituição do CAR e PRA-Acre, o Programa de Certificação está voltado a manter aqueles que optaram por continuar nele e deixaram de realizar o pagamento de bônus financeiros, para se concentrar nos incentivos não financeiros. De qualquer maneira, nas Leis Orçamentárias Estaduais dos anos de 2014; 2015 e 2016 há dotações financeiras destinadas a ele. A tabela 70 abaixo aponta um interesse do Estado do Acre em aumentar os gastos com o programa ao longo do tempo. Ano Tabela 70: Previsão de gastos com o programa de Certificação das Unidades Produtivas do Estado do Acre descriminados nas Leis Orçamentárias Anuais, entre Montante previsto (unidade R$) , , ,89 Fonte: Elaboração Própria a partir da LOA, 2015; LOA, 2014; LOA; Metas De acordo com a Nota Técnica nº 001/2015, da SEMA, até 2017 deve ser realizada a transição entre o Programa de Certificação e o PRA-Acre. Porém, a transição deve respeitar e manter as mesmas diretrizes e objetivos do Programa de Certificação, ou seja, manter modos de produção sustentáveis sem descuidar da justiça social. Staton (2014) enfatiza, entretanto, a necessidade de garantir novas fontes de financiamento para tais Programas, pois apesar de reconhecer que a aplicação dos recursos do Fundo Amazônia foi fundamental para a sua continuidade, destacou também que o Fundo beneficiou apenas quatro municípios que sofrem diretamente com as obras da rodovia BR Conversa telefônica com Marlene Jardim, em 12/01/2015, Técnica da SEAPROF. 336

337 Outro desafio e meta do programa de Certificação das Unidades produtivas está relacionado à sua implementação. O programa demanda uma grande quantidade de trabalho dos técnicos da rede ATER, que devem elaborar planos, definir as vocações produtivas, ajudar no encaminhamento dos produtos para o mercado, monitorar e fiscalizar as propriedades, além de indicar aos agricultores os procedimentos burocráticos para receberem os bônus. Desta maneira, a implementação demanda uma série de recursos humanos, o que por si só torna o programa relativamente caro. ISA Carbono A lei N 2.308, de 2010 criou o programa ISA Carbono. De acordo com essa lei, no seu Art. 22, o programa tem o objetivo de promover a redução progressiva, consistente e de longo prazo das emissões de gases de efeito estufa, com vistas ao alcance da meta voluntária estadual de redução de emissões por desmatamento e degradação florestal. Para sua realização foi estabelecido, em 2012, um acordo entre o governo do Acre e o banco alemão KfW. Neste acordo o Banco deveria pagar ao Estado Acre o montante total de 16 milhões de euros, ao longo de quatro anos, por ter deixado de emitir 4 milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2) 60. Neste acordo, cada tonelada de CO2 não emitida valia US$ 5. A verba proveniente do Banco KfW tem origem no imposto chamado de Assigned Amount Units do governo Alemão. Esse imposto é aplicado às transações realizadas dentro do sistema de troca de emissões (ETS) da União Europeia, sendo que parte dele deve ser destinada aos países em desenvolvimento para reduzir suas emissões de gases de efeito estufa (WWF, 2013). No Programa ISA Carbono os benefícios são repassados através de convênios assinados entre o Fundo Estadual de Florestas, SEDENS/FEF ou SEMA/FEF e outras entidades / associações provedoras de serviços ambientais relacionados com REDD+ para atividades que contribuam com a redução do desmatamento. De acordo com o Governo Acreano, 70% do valor total recebido do KfW são investidos nas cadeias produtivas, beneficiando diretamente os provedores de serviços ambientais, como extrativistas, indígenas e produtores rurais familiares. Contudo, esse pagamento não é feito por produtor, mas sim é destinado para atividades especificas das comunidades,

338 não sendo possível quantificar o valor do benefício por família ou hectare. Os outros 30% são destinados para operacionalização, gerenciamento institucional, subprogramas e parcerias, normatização, registro, monitoramento, formação de atores, divulgação e intercâmbio de experiências no âmbito do Sisa. Até o presente (janeiro 2016) o ISA Carbono conta com aproximadamente beneficiários, que continuam implementando as atividades previstas nos convênios 61. A fiscalização dos programas ligados ao ISA Carbono se dá por meio de imagens de satélites, especificamente os dados oficiais do PRODES (INPE). Contudo, também são realizadas verificação in loco e acompanhamento através de geoprocessamento ligado ao Cadastro Ambiental Rural (CAR). Informações do Instituto de Mudanças Climáticas e Regulação de Serviços Ambientais 62, apontam que não é possível identificar a quantidade de hectares reflorestados com os programas ligados ao ISA Carbono, mas sim é possível estimar o desmatamento evitado. Neste caso, tendo como referência a taxa média de desmatamento entre 2001 e 2010 (496 km²), acredita-se que a área desmatada anualmente diminuiu em média em 46% entre 2006 e Já entre 2014 e 2015 o desmatamento evitado corresponde a uma redução em 30 km² ou 10%. Dado a ambição do ISA Carbono de atuar por meio de subprogramas e projetos, com públicos bem distintos, atingindo todo o estado do Acre, entende-se que é necessário contabilizar uma série de custos gerenciais que vão muito além dos pagamentos diretos aos provedores de serviços ambientais. Assim, as instituições do SISA contam com aproximadamente 50 funcionários e dispõem de orçamento anual próprio do Estado de aproximadamente R$ , O Estudo da WWF (2013) sobre o Sistema de incentivos por serviços ambientais do estado do Acre celebrou a descentralização das políticas ambientais e de PSA promovidas pelo Estado. Contudo em 2015 a lei complementar N. 300, de 9 de julho de definiu por concentrar a gestão das políticas florestais sob a responsabilidade da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema), não estando mais vinculada à Secretaria de Estado de Desenvolvimento Florestal, da Indústria, do 61 Informação fornecida por por Pavel Jezek, funcionário do Instituto de Mudanças Climáticas e Regulação de Serviços Ambientais, em 18 de janeiro de Informação fornecida por por Pavel Jezek, funcionário do Instituto de Mudanças Climáticas e Regulação de Serviços Ambientais, em 18 de janeiro de Informação fornecida por por Pavel Jezek, funcionário do Instituto de Mudanças Climáticas e Regulação de Serviços Ambientais, em 18 de janeiro de

339 Comércio e dos Serviços Sustentáveis (Sedens) 65. A SEMA será ainda responsável pelo Instituto de Mudança Climáticas e Regulação de Serviços Ambientais IMC; e pela Companhia de Desenvolvimento de Serviços Ambientais CDSA. No entanto, até o final de 2015, as instituições que fazem parte do ISA ainda não atingiram o pleno funcionamento. Além disso, ainda é necessária a regulamentação do ISA Carbono e de outros programas ligados ao SISA Amazonas O estado do Amazonas possui uma área de ,2 km², que contém a maior cobertura florestal preservada e um dos menores índices de desmatamento do Brasil. No entanto a região vem sofrendo uma série de pressões relacionadas à extração de madeiras ilegais, às queimadas, à expansão do cultivo de oleaginosas, da pecuária e à mineração, que fazem com que seja difícil a manutenção desses níveis de desmatamento (FERREIRA, 2014). Para dar conta deste desafio e das pressões sentidas pelo Estado frente às mudanças climáticas, foi criada em 2007 a Lei N.º 3.135, com a contribuição da sociedade civil organizada. A mencionada Lei instituiu a Política Estadual sobre Mudanças Climáticas, Conservação Ambiental e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas, que tem entre seus principais objetivos o fomento e a criação de instrumentos de mercado que viabilizem a execução de projetos de energia limpa (EL), a redução de emissões do desmatamento (RED) e de emissões líquidas de gases de efeito estufa. A Lei N.º 3.135, em seu art. 5, também previu a criação de sete Programas com vistas a auxiliar o Estado do Amazonas a enfrentar os efeitos das mudanças climáticas. Entre eles estava o Programa Bolsa Floresta, com o objetivo de instituir o pagamento por serviços e produtos ambientais às comunidades tradicionais pelo uso sustentável dos recursos naturais, conservação, proteção ambiental e incentivo às políticas voluntárias de redução de desmatamento. Essa lei ainda criou um Fundo Estadual de Mudanças Climáticas, Conservação Ambiental e Desenvolvimento Sustentável, responsável por financiar as atividades de

340 cada programa previsto. Contudo, ainda em 2007, ocorreu uma alteração neste item, averbada pela lei N.º Através desta última o fundo foi extinto e o poder executivo estadual ficou autorizado a apoiar uma Fundação Privada, sem fins lucrativos, de utilidade pública estadual e federal (Portaria MJ nº de 26/09/2013) que deveria desenvolver e administrar os Programas previstos na Lei N.º 3.135/2007. Para a criação e funcionamento desta Fundação o Poder Executivo Estadual realizou uma doação no valor de R$ ,00 (vinte milhões de reais), valor que foi também doado pelo Banco Bradesco. O recurso monetário (Total de 40 milhões de reais) foi aplicado em um fundo permanente gerenciado pela então criada Fundação Amazonas Sustentável (FAS), de modo que apenas os rendimentos são utilizados para o pagamento das ações do programa Bolsa Floresta, garantindo sua sustentabilidade. A partir de sua criação, a FAS obteve diferentes financiamento de organizações públicas e privadas, como da Coca-Cola Brasil (2009), do Fundo Amazônia/BNDES (2010) e da Samsung (2010), além de outras parcerias em programas e projetos desenvolvidos 66. Atualmente a FAS é responsável por gerenciar e implementar o Programa de Educação e Saúde (PES), o Programa de Soluções Inovadoras (PSI) e o Programa Bolsa Floresta (PBF). Esse último programa de pagamentos por serviços ambientais foi regulamentado pelo Decreto n.º de 04 de setembro de 2007 e será objeto de análise. Programa Bolsa Floresta Origem do programa O programa Bolsa Floresta concede benefícios aos residentes de Unidades de Conservação estadual com finalidade de incentivar a conservação dos recursos naturais através da manutenção das Florestas. Etapas do programa A partir de 2008 o programa passou a ser implementado pela FAS, que decidiu por dividi-lo em quatro componentes: Renda, Social, Familiar e Associação. 66 Fundação Amazonas Sustentável (FAS). A FAS. Disponível em: 340

341 O Bolsa Floresta Renda (BFR) investe na capacidade dos próprios beneficiários desenvolverem atividades econômicas, com respeito ao meio ambiente. Nesse caso, são desenvolvidos projetos, com o aval e participação da comunidade beneficiária, com vistas a dinamizar as cadeias produtivas já existentes ou criar arranjos produtivos locais sustentáveis. Os recursos deste componente são provenientes do Fundo Amazônia e podem ser aplicados de forma ampla, abrangendo obras de infraestrutura, equipamentos, serviços e capacitações. De acordo com dados da FAS, anualmente é investido o equivalente a R$ 395,80 por família neste componente, o equivalente a 58% dos recursos anuais totais do projeto. O Bolsa Floresta Associação tem como objetivo fortalecer a participação comunitária e as associações de moradores das Unidades de Conservação do Estado. Esse componente permite que os recursos sejam entregues às associações que devem decidir onde serão aplicados. O Bolsa Floresta Associação, assim como o Bolsa Floresta Renda, recebe recursos do Fundo Amazônia, que já disponibilizou para ambos R$ ,00 entre os anos de 2010 e De acordo com a Fundação Amazonas Sustentável, são atendidas 15 associações com o programa 68, que despende 10% de seus recursos totais com esse componente, o que significa uma média anual de R$ 67,20 por família (MAMED, 2014). O Bolsa Floresta Social deve apoiar ações de educação, saúde, comunicação e transporte das comunidades que fazem parte do programa. Ele deve primar pelo desenvolvimento e melhoria da qualidade de vida destas comunidades e, portanto, os recursos são gastos respeitando a demanda e interesse das próprias. De acordo com a FAS as principais demandas de 2014 foram ambulanchas e voadeiras para transporte comunitário, rádios para comunicação, construção e reforma de escolas, entre outros. O investimento médio anual por família neste componente é de R$ 278,64. Por fim, o Bolsa Floresta Familiar se refere ao pagamento direto de recursos monetários para as famílias que participam do programa. Trata-se de um complemento de renda no valor de R$ 50,00 por mês por família (independentemente do seu número de hectares) que participa do programa. 67 Fundo Amazônia. Bolsa Floresta. Disponível em: tos/fas 68 Fundação Amazonas Sustentável. Bolsa Floresta Associação. Disponível em: 341

342 Todas os componentes do Bolsa Floresta demandam participação voluntária das comunidades, cujos membros devem assinar um termo de compromisso. Os pagamentos também exigem determinadas contrapartidas dos envolvidos, como que a comunidade que se encarregue da implementação dos projetos (no caso do Bolsa Floresta Renda), que a comunidade faça uso racional e conserve os bens adquiridos pelo Bolsa Renda Social, que ocorra a participação ativa dos moradores nas atividades e decisões das associações e que o desmatamento seja zero. Serviços ambientais O foco do Programa Bolsa Floresta é a contenção do desmatamento nas Unidades de Conservação do Estado Amazonas. Acredita-se que desta maneira, seria possível reduzir as emissões de gases de efeito estufa, bem como controlar os efeitos das mudanças climáticas. A política Estadual sobre Mudanças Climáticas, Conservação Ambiental e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas ainda tem o combate à pobreza e o desenvolvimento sustentável do Estado entre suas diretrizes69, o que deflagra uma preocupação com a questão ambiental aliada à justiça social. O modelo de PSA utilizado pelo programa Bolsa Floresta é do produtor recebedor. Agentes envolvidos O Governo do Estado do Amazonas é responsável pela política Estadual de Mudanças Climáticas, Conservação Ambiental e Desenvolvimento Sustentável através da Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Estado do Amazonas. O programa Bolsa Floresta está dentro desta política e é implementado pela Fundação Amazonas Sustentável. Essa Fundação, pessoa jurídica de Direito Privado, fechou um acordo com o Governo do Estado do Amazonas justamente com a intenção de gerenciar e implantar os programas ligados à política ambiental do Estado. Além desses agentes, estão envolvidos no programa Bolsa floresta os residentes de Unidades de Conservação estadual, como os possíveis beneficiários. Arranjos Institucionais A Fundação Amazonas Sustentável é a gestora do Programa Bolsa Floresta, com o aval do Governo do Estado. Essa fundação tem ampla competência sobre as ações 69 Lei N.º 3.135, DE 05 DE JUNHO DE 2.007, Art. 3. II. 342

343 empreendidas no programa, sendo também responsável por captar recursos para o mesmo. O Fundo com os recursos para o programa Bolsa Floresta é gerenciado pela FAS, que também define as linhas de base do programa, suas prioridades e ações. Apesar desta parceria entre Governo do Estado do Amazonas e a FAS ser exaltada por diferentes autores 70, Mamed (2014) aponta que não há divulgação de como exatamente se dá esta parceria e que, na prática, tendo sido observado pouco contato entre as duas esferas (Fundação Amazonas Sustentável e Governo do Estado do Amazonas). Fontes de recursos O Programa Bolsa Floresta tem o montante a ser gasto anualmente definido de acordo com a quantidade de rendimentos do fundo gerenciado pela FAS. Isso o diferencia de outros Programas de Pagamentos por Serviços Ambientais que se baseiam na quantidade de hectares preservados ou reflorestados, além de critérios como a existência de nascentes, de matas nativas, e outros. Em outras palavras, não há fórmulas matemáticas que visem medir numericamente o nível de preservação ambiental, mas de valores fixos destinados às comunidades participantes de acordo com os recursos disponíveis (Mamed, 2014). Nos últimos 6 anos foi destinado um total de R$ ,00 para o Bolsa Floresta, o que coloca o programa entre os mais bem-sucedidos de PSA no país. A tabela 71 abaixo aponta os montantes disponibilizados para os componentes do Bolsa Floresta entre os anos de 2009 e Tabela 71: Montante destinado aos componentes do Bolsa Floresta, em unidades de real, entre os anos 2009 e Bolsa Floresta Familiar Bolsa Floresta Renda, Associação e Social TOTAL Fonte: É possível verificar que os valores totais dedicados às ações do programa vêm crescendo ano a ano. Acredita-se que isso seja possível, não apenas pelo crescimento dos rendimentos, devido às altas taxas de juros do período em destaque, como também 70 VIANA, 2008; VIANA et. al.,

344 devido à competência da FAS em obter novos financiamentos e parceiros. Deve-se enfatizar também que aproximadamente 75% dos recursos são utilizados em atividadefim, enquanto 25% é utilizado para a operacionalização do Programa. Deve-se destacar ainda a evolução do número de famílias beneficiadas, que passou de em 2008 para em junho de 2013 e atualmente (dezembro de 2015) está em Contudo, o estudo realizado por Ferreira (2014), aponta que ainda existem várias famílias que não participam do programa devido à falta de seu Cadastro de Pessoas Físicas (CPF). A autora apontou 113 famílias nesta situação. No que se refere à média de investimento no programa, chama a atenção os valores investidos nas Unidades de Conservação do Estado. A tabela 72 abaixo aponta que em 2015 foi investido em média por UC estadual R$ ,00. Tabela 72: Média de investimento anual nas Unidades de Conservação Florestal e nas Famílias beneficiadas com o programa Bolsa Floresta, Bolsa Floresta Investimento anual/uc (média) Investimento anual/família (média) Renda R$ R$ 380 Social R$ R$ 350 Associação R$ R$ 65 Familiar R$ R$ 600 TOTAL R$ R$ Fonte: FAS. Plataforma Bolsa Floresta, Como é possível observar na tabela 72 anualmente cada família recebe pelo programa R$ 1.395,00, sendo o item familiar aquele que oferece o maior montante. Entretanto, Ferreira (2014) chama atenção ao papel do apoio à geração de renda (Bolsa Floresta Renda), que transformou as atividades produtivas na região, com o estabelecimento de diferentes cadeias produtivas. A capacitação dos produtores, a instalação de infraestruturas, os investimentos em equipamentos, e o desenvolvimento de derivados do produto primário, provenientes deste subprograma, fizeram com que resultados positivos fossem obtidos em culturas como o cacau, açaí, pirarucu e a castanha da Amazônia. Por fim, vale enfatizar que no caso do Bolsa Floresta não se aplica a medida de hectares preservados no programa, pois ele é realizado com residentes de Unidades de Conservação (UCs). As Unidades de Conservação são espaços territoriais, legalmente 344

345 instituídos pelo Poder Público brasileiro, que não devem ser desmatados, apesar de, em alguns casos, admitirem o uso sustentável dos recursos, conciliando a presença humana nas áreas protegidas. Desta maneira, não seria adequado falar de hectares preservados, pois toda Unidade de Conservação, na qual os beneficiários dos programas residem, deve ser preservada. A despeito desta ressalva, Ferreira (2014) destaca que, em 2012, enquanto as UCs sem o Bolsa Floresta registraram 0,030% de desmatamento, aquelas com o programa registraram 0,008%, ou seja, o desmatamento foi mais evitado em áreas onde existe o programa. Beneficiários O Decreto n.º de 04 de setembro de 2007 define as regras relacionadas ao Programa Bolsa Floresta. Ele estabelece que os principais beneficiários do programa sejam os residentes de Unidades de Conservação Estadual, por mais de dois anos. Além disso, os beneficiários precisam: a) Possuir Registro Geral; b) manter os filhos matriculados e frequentando escola (exceto se não houver disponibilidade na região); c) Participar da Oficina de Formação sobre o Programa (Art.2º. Decreto n.º ). Uma vez participando do programa, os beneficiários devem cumprir as regras do Plano de Gestão da UC; estar associado e adimplente com a Associação de Moradores da UC, sendo que caso não exista uma associação na comunidade, eles devem procurar uma próxima; manter suas roças com tamanho não superior àquele do ano da implementação da UC, sem avançar na mata primária, com exceção de casos com desmembramentos de famílias (quando os filhos se casam e saem da casa dos pais) 71. Atualmente (janeiro de 2016) o programa está ativo em 15 das 33 Unidades de Conservação do Estado e beneficia famílias, o que se refere a pessoas 72. Parece contraditório o fato do programa possuir como beneficiários os moradores de Unidades de Conservação que, como foi mencionado anteriormente, não podem ser desmatadas. Entretanto, essa escolha foi tomada pois entendeu-se que a simples instituição de espaços protegidos não garante a preservação. A Fundação 71 Decreto n.º de 04 de setembro de Art Fundação Amazonas Sustentável. Transparência Disponível em: 345

346 Amazonas Sustentável considera igualmente necessário o estabelecimento de políticas públicas integradas, que estejam destinadas a apoiar aqueles que residem nas Unidades de Conservação, com vistas a garantir sua existência (MAMED, 2014). O cadastramento e pagamento dos beneficiários, por outro lado, tem sido um desafio para a FAS. Isso porque o art. 3º do Decreto n.º define que os cadastros devem ser realizados in loco, ou seja, nas residências dos possíveis beneficiários. Isso deflagra uma necessidade considerável de tempo e recursos para os gestores do programa dado as dimensões e condições geográficas do Amazonas. Outra dificuldade se refere aos pagamentos diretos às famílias, que precisam abrir uma conta bancária e pegar o dinheiro depositado mensalmente em sua conta. Esse procedimento, que parece simples ao primeiro olhar, se revela um problema para os moradores de Unidades de Conservação, que estão em núcleos populacionais de considerável distância da sede dos Municípios. Sendo assim, os beneficiários também precisam gastar tempo e recursos para se deslocar até onde há rede bancária para retirada dos benefícios. Metas Entre as metas do programa é possível destacar aquela que se refere à fiscalização e monitoramento dos beneficiados pela Bolsa Floresta. Atualmente a fiscalização é feita apenas por imagens de satélite. Contudo, o trabalho de Mamed (2014) chama atenção para o fato de que os beneficiários se sentem abandonados pela falta de acompanhamento de suas atividades. Esse mesmo autor sugere que seja realizada uma maior integração entre FAS e Governo do Estado, ao passo que este último gerencia programas que fazem o monitoramento constante das Unidades de Conservação, podendo auxiliar a Fundação a acompanhar os beneficiários do bolsa floresta, verificando o cumprimento dos termos ajustados para participação do Programa. Por outro lado, um ponto exaltado por esse autor é o estímulo ao associativismo e a possibilidade na participação das decisões pelas populações que vivem nas Unidades de conservação. As formas democráticas de decisão comunitária e empoderamento das comunidades através da escolha de subsídios materiais que poderão significar uma melhora na qualidade de vida das populações é um dos ganhos do programa Bolsa Floresta que pode ser replicada em outras experiências de PSA no Brasil (Mamed, 2014). 346

347 Espírito Santo O Pagamento por Serviços Ambientais foi instituído no Estado do Espírito Santo pela Lei nº 8.995/ , tendo como beneficiário o proprietário de área rural que destinar parte de sua propriedade para a preservação e conservação da cobertura florestal. Em 2012, foram promulgadas normas (a Lei n e o Decreto n R 75 ) que reformularam o programa de pagamento por serviços ambientais no Estado, revogando, por conseguinte, a Lei de Na vigência da Lei de 2008, foi instituído o programa de PSA Produtores de Água que atuou nas bacias hidrográficas do Rio Benevente (município de Alfredo Chaves), São José (municípios de Alto Rio Novo e Mantenópolis) e Guandú (municípios de Afonso Cláudio e Brejetuba) 76. Segundo a Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Espírito Santo 77, esse programa beneficiou 450 produtores entre os anos de 2009 e Entretanto, atualmente (Janeiro 2016) o programa de PSA vigente no Estado é o Reflorestar. O Programa Reflorestar, por sua vez, possui aproximadamente produtores rurais cadastrados A nova lei (n /12) estabelece que os beneficiários do Programa de Pagamento por Serviços Ambientais serão os proprietários de área rural e/ou outros facilitadores na promoção de serviços ambientais (provedores), que destinarem parte de sua propriedade para fins de preservação, conservação e recuperação do meio ambiente e recursos hídricos. Define que serviços ambientais são os serviços de suporte, de provisão e de regulação das funções hídricas, ambientais e/ou ecossistêmicas cuja 73 Lei nº 8.995/2008 institui o Programa de Pagamento por Serviços Ambientais - PSA e dá outras providências. 74 Lei n /2012 institui o Programa de Pagamento por Serviços Ambientais PSA e dá outras providências. 75 Decreto Estadual nº 3182-R de 20/12/2012 aprova o regulamento da Lei 9.864/2012, no Estado do Espírito Santo, que dispõe sobre o Programa de Pagamento por Serviços Ambientais PSA. 76 A regiões apontadas foram escolhidas por apresentarem diferentes cenários socioeconômicos, de uso do solo e grau de conservação (LAVRATTI, TEJEIRO, STANTON, 2014). 77 Coleta de dados obtidos junto ao Gerente do Programa Reflorestar, Marcos Franklin Sossai, por meio de perguntas estruturadas realizadas por no dia 30/09/

348 finalidade seja colaborar para conservação e recuperação dos serviços prestados pela natureza. Assim, é possível verificar que a lei promulgada em 2012 amplia aspectos da lei anterior, pois enquanto esta última se referia apenas aos serviços de conservação da cobertura florestal e apontava como possíveis beneficiários os proprietários das terras conservadas, a lei vigente amplia os serviços ecossistêmicos passíveis de serem pagos, e permite aos provedores dos serviços ambientais em geral se tornarem beneficiários independentemente da posse legal da terra ou da sua localização em zona rural. Na prática, as mudanças ocorridas podem ser visualizadas através do aumento expressivo no contingente de produtores beneficiados pelo Programa Reflorestar (como mencionado beneficiários até final de 2015) em relação ao Programa Produtores de Água (apenas 450 beneficiários). Isso porque o Programa Produtores de Água era restrito aos serviços ecossistêmicos objeto da conservação e melhoria da qualidade e disponibilidade hídrica, bem como era específico para determinadas bacias hidrográficas. Já o Programa Reflorestar tem como finalidade a geração de renda para os proprietários de área rural e/ou outros facilitadores em contrapartida da adoção de práticas sustentáveis em todo Estado, tendo como objetivo aumentar a cobertura florestal no Espírito Santo em 80 mil hectares até De qualquer modo, tanto a lei antiga quanto a lei n , possibilitam aos órgãos estatais recompensarem financeiramente o proprietário rural e/ou facilitador, bem como dar suporte ao provedor dos serviços ambientais para elaboração de projetos técnicos e aquisição dos insumos. Cabe destacar que as regras quanto aos pagamentos dos insumos 78 necessários à manutenção/recuperação dos serviços ambientais serão definidas por regulamentação específica e dimensionadas com base no projeto técnico elaborado por profissional devidamente habilitado. Já o aporte financeiro para a elaboração de projetos técnicos não poderá ultrapassar 10% (dez por cento) do valor total do projeto orçado, permanecendo a cargo de norma específica a definição da forma do repasse. O Decreto n R/2012, cuja finalidade é regulamentar a lei n , estabelece que seja possível realizar pagamentos por serviços ambientais para aqueles que realizarem a (i) conservação da floresta em pé, (ii) recuperação com plantio de mudas, (iii) regeneração natural, (iv) sistemas agroflorestais, (v) sistemas silvipastoris e 78 Os insumos citados pela Lei 9.864/2012 poderão ser: mudas de essências florestais e agronômicas; material para cercamento de áreas; hidrogel; adubo; formicida; herbicida (Art.8, Decreto n R/ 12). 348

349 (vi) floresta manejada. Por sua vez, a metodologia para delimitar as áreas passiveis de beneficiamento do PSA e os critérios para concessão de benefício serão definidos em Portaria da Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos SEAMA 79. A antiga lei (nº 8.995/2008) também estipulava que o valor máximo para pagamento pela conservação e melhoria da qualidade e da disponibilidade hídrica, da biodiversidade e da redução dos processos erosivos era de 510 (quinhentos e dez) 80 Valores de Referência do Tesouro Estadual (VRTE) por hectare ano, sendo que este valor era variável conforme as características da propriedade 81. Já a nova lei determina um valor fixo de até (três mil e duzentos) VRTE 82 por pagamento por serviço ambiental prestado 83, sem o desconto do imposto de renda 84. Quanto a incidência do imposto de renda, este deverá ser apurado e retido na fonte no ato dos pagamentos das parcelas de PSA, devendo, por conseguinte, ser inserido no cálculo do valor total do contrato. É importante destacar que apesar das mudanças advindas da nova legislação, os contratos firmados sob a égide da antiga lei foram respeitados, devendo, os novos contratos serem firmados nos moldes da Lei n e do Decreto n R/2012. Do Programa Reflorestar Origem do Projeto O Programa Reflorestar foi iniciado em 2011, fruto da ação conjunta das Secretarias Estaduais de Meio Ambiente e Recursos Hídricos e de Agricultura, Aquicultura e Pesca (SEAG), com objetivo de manter, recuperar e ampliar a cobertura florestal no Espirito Santo, com geração de renda para os proprietários de área rural e/ou outros facilitadores em contrapartida da adoção de práticas sustentáveis. 79 Ao longo desse subitem serão apresentadas as características do programa de PSA vigente no Espírito Santo e sua área de abrangência. 80 Art. 3º, Lei nº 8.995/ O cálculo era aferido mediante a utilização da equação estabelecida no art. 13 do Decreto n R/ Valor de Referência do Tesouro Estadual (VRTE) para o exercício de 2015 é de R$2, Art. 4º, Lei 9.864/ Os valores referentes a cada modalidade de PSA descrita na nova lei serão abordados no próximo item, quando será analisado o Programa Reflorestar. 349

350 Etapas do Projeto Para execução do programa foram delimitadas oito etapas de atuação 85, sendo: (i) Mapeamento das áreas de atuação do programa; (ii) Priorização das áreas de abrangência; (iii) Articulação com os agentes locais envolvidos; (iv) Mobilização e cadastramento das propriedades elegíveis; (v) Elaboração de projeto técnico para as propriedades selecionadas; (vi) Realização dos pagamentos dos serviços ambientais prestados e execução dos projetos; (vii) Monitoramento dos projetos em execução; (viii) Informação dos resultados e troca de experiências. Serviços Ambientais O programa Reflorestar estabelece como serviços ambientais as ações que dão suporte, provisão e regulação às funções hídricas, ambientais e/ou ecossistêmicas. Como modelo de PSA, o programa adota o beneficiário-pagador, através de contrato celebrado entre o Estado e o proprietário de área rural e/ou outros facilitadores que, por meio de adesão voluntária 86, destinem parte de sua propriedade para preservação. Agentes Envolvidos Os agentes envolvidos no Programa Reflorestar são o poder público estadual, através das Secretarias Estaduais de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (SEAMA) e de Agricultura, Aquicultura e Pesca (SEAG). Podem participar também agentes privados nacionais ou internacionais (através de doações e financiamentos) e os proprietários de área rural e/ou outros facilitadores na promoção de serviços ambientais. Arranjos Institucionais Para consecução das metas estabelecidas pelo programa se faz necessário criar arranjos institucionais para gestão e monitoramento do projeto, assistência técnica para suporte e viabilização das modalidades de recuperação ou uso amigável do solo, criação de programa de treinamento e capacitação dos agentes de campo, bem como apoio a entidades de pesquisa com o objetivo de ampliar o conhecimento em técnicas de cultivo florestal, viabilizando o aumento da produtividade. 85 SEAMA; IEMA, s/d. 86 O cadastro no programa pode ser realizado em < 350

351 A Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (SEAMA) é o órgão responsável pela implementação, execução e monitoramento do programa. O requerente ao aderir ao Reflorestar deverá firmar contrato com essa secretaria para o recebimento do pagamento pela geração de serviços ambientais 87. Fonte de Recursos As fontes de recursos destinadas ao programa são oriundas do Fundo Estadual de Recursos Hídricos do Espírito Santo (FUNDÁGUA); de transferências ou doações de pessoas físicas e/ou jurídicas de direito público e/ou privado; de agentes financiadores nacionais e internacionais; entre outras 88. O FUNDÁGUA está vinculado à SEAMA, a quem compete definir, por exemplo, os controles necessários à execução orçamentária do fundo e as demonstrações de receitas e despesas. Esse Fundo tem ainda seus recursos destinados à implementação da Política Estadual de Recursos Hídricos e à viabilização da manutenção/ recuperação da cobertura florestal do Estado, através de ações, programas e projetos que instituam o pagamento por serviços ambientais. Os recursos com destinação para cobertura florestal, são originários, dentre outras fontes, de 2,5% da arrecadação proveniente dos royalties do petróleo e do gás natural, contabilizados pelo Estado 89. Tal fato, segundo informações do Gerente do Programa Reflorestar 90, permite viabilizar um aporte anual considerável. Além disso, no ano de 2015 o FUNDÁGUA contou, dentre outras fontes, com apoio financeiro proveniente do empréstimo junto ao Banco Mundial 91. No ano de 2015, o valor total empenhado pelo fundo para o programa de PSA no Estado foi R$ ,17 92 e o valor efetivamente gasto foi de R$ ,39. Como é possível observar na tabela 73 abaixo 93, o Estado tem investido no programa de PSA de forma significativa nos últimos 3 (três) anos, tendo aumentado consideravelmente o valor investido em Art. 7º, Lei n / Art. 9, Lei n / Art. 2, II, Lei 9.866/ Informações obtidas por no dia 30/09/2015 junto ao Gerente do Programa Reflorestar Marcos Franklin Sossai. 91 Dados informados por pelo Gerente do Programa Reflorestar Marcos Franklin Sossai, em 30/09/ Tais valores foram obtidos no portal de transparência do Estado do Espírito Santo, disponível em < Acesso em 15/12/ Os valores apresentados no quadro foram obtidos no portal transparência do Estado do Espírito Santo, disponível em < >. Acesso em 07/01/

352 Tabela 73: Valores empenhados, liquidados e pagos no programa reflorestar entre 2013 e 2015 Ano Valor Empenhado (em reais) Valor Liquidado (em reais) Valor Pago (em reais) , , , , , , , , ,39 Agregado , , ,59 Fonte: Elaboração própria a partir de dados do portal da transparência do Estado do Espirito Santo, em jan Apesar do Portal de transparência do Estado do Espírito indicar que foi gasto com o programa Reflorestar, entre 2013 e 2015, o total de R$ ,59, informações obtidas junto à SEAMA asseveram que o valor investido no pagamento de beneficiários, até 2015, está em torno de R$ ,00, somando-se todos os gastos (administrativos, de monitoramento e fiscalização) 94. De qualquer maneira, verifica-se na tabela 73 um crescimento expressivo nos valores investidos em PSA no Estado e, consequentemente, no aumento do número de beneficiários do programa. Pagamento aos beneficiários O pagamento pelos serviços ambientais é realizado por meio de contrato pactuado entre o Estado e o proprietário de área rural e/ou facilitadores, podendo ser de recuperação (PSA de curto prazo) ou manutenção (PSA de longo prazo). O PSA de longo prazo se refere aos serviços ambientais de conservação de floresta em pé, condução de regeneração natural e recuperação com plantio de mudas. Já o PSA de curto prazo se refere ao pagamento efetuado pelo fornecimento de insumos, como por exemplo, mudas, cercas, adubo, etc. Em 2015, o valor máximo pago para modalidade de PSA manutenção foi de R$ 241 por hectare/ano, enquanto o valor do pagamento para o PSA de recuperação chegou até R$ 2.866,24 por hectare por ano, com cada VRTE valendo R$ 2,6871. Neste último caso, a verba serviu para custear a compra de insumos necessários para a recuperação florestal e como se tratou de um investimento, o produtor deve prestar contas Informações coletas por no dia 21/10/2016, através de perguntas estruturadas ao Gerente do Programa Reflorestar Marcos Franklin Sossai. 95 Dados coletados por no dia 11/12/2015 junto ao Gerente do Programa Reflorestar Marcos Franklin Sossai. 352

353 Os contratos de PSA de manutenção dos serviços ambientais possuem duração de 5 anos e os de recuperação possuem duração de 3 anos, com pagamentos anuais. Esses contratos podem ser renovados indefinidamente desde que o Estado possua recursos orçamentários e interesse na remuneração dos serviços ambientais gerados 96. No Decreto nº R / 2012, estão descritos os valores a serem pagos aos beneficiários do programa em cada modalidade. Entretanto, o montante está indicado em Valor de Referência do Tesouro Estadual (VRTE). Logo, o mencionado decreto aponta que o total pago para o PSA de manutenção da floresta em pé deve ser de 450 VRTE por hectare, 400 VRTE por hectare para recuperação com plantio de mudas e 380 VRTE por hectare para regeneração natural 97. Para o PSA de recuperação 98, os valores totais a serem pagos são: VRTE por hectare para a modalidade de recuperação com plantio de mudas, 980 VRTE por hectare para regeneração natural, VRTE para sistema agroflorestal, VRTE para sistema silvipastoril e VRTE por hectare para floresta manejada. Os contratos, como mencionado anteriormente, são de 3 anos, devendo ser pago 50% do valor total no 1º ano de contrato, 30% no 2º ano e 20% no 3º ano. No site do programa Reflorestar é possível visualizar o resumo das contratações de PSA realizadas, com os nomes dos beneficiários, o número do processo e do contrato, bem como o valor total em VRTE devido 99. Os produtores que participavam em 2015 do programa Reflorestar provisionaram a conservação de aproximadamente hectares de florestas e a recuperação de mais hectares 100. Dentre esses beneficiários, cerca de 1/3 já recebeu a primeira parcela do pagamento e os demais deverão receber até março de 2018, conforme informações do Gerente do Programa Reflorestar 101. Áreas de abrangência do Programa O Gerente do Programa Reflorestar102, Marcos Sossai, destacou que a ideia inicial era atender os proprietários rurais que se encontrassem em áreas prioritárias, delimitadas pela SEAMA. No entanto, com objetivo de atingir todo o Estado optou-se 96 Art. 7, 1, da Lei 9.864/ Art. 4º, Decreto nº R / Art. 5º, Decreto nº R / Disponível em < Acesso em 13/10/ Contato realizado por através de perguntas estruturadas, nos dias 09 e 11/12/ Informações obtidas por no dia 08/01/ Contato realizado por através de perguntas estruturadas no dia 11/12/

354 por não vincular a área de abrangência do programa às áreas prioritárias. Sendo assim, o programa atende, em 2015, 73 municípios dos 78 existentes no Estado. Metas O programa possui como meta a ampliação da área de cobertura florestal da Mata Atlântica no estado do Espírito Santo em hectares no período de 2015 a Segundo informações da SEAMA, o programa pretende atender, a cada ano, novos produtores 103. Além disso, cabe destacar que o governo Estadual aderiu ao Desafio 20x20, proposto na Conferência das Partes (COP 20) 104 por países da América Latina e Caribe (LAC). Assim, o Estado deve recuperar e/ou evitar o desmatamento em 20 milhões de hectares até Minas Gerais No caso de Minas Gerais, não há uma lei especifica sobre o PSA. Essa temática está contida na Lei nº , de 16 de outubro de 2013 que dispõe sobre as políticas florestal e de proteção à biodiversidade no Estado. Essa é uma lei de amplo espectro que apresenta desde as regras para a manutenção de áreas para preservação permanente até as sanções para aqueles que consumirem produto ou subproduto da flora nativa acima dos limites estabelecidos. Em seu Art. 5º, inciso XI, a Lei , aponta que um dos objetivos das políticas florestal e de proteção à biodiversidade é desenvolver estratégias que efetivem a conservação da biodiversidade, entre elas, o pagamento de serviços ambientais. Esse pagamento ainda é previsto no Art. 45 desta lei, que versa sobre Unidades de Conservação. No parágrafo 4º, aponta que o PSA pode estimular os proprietários ou posseiros a adotarem voluntariamente medidas de redução dos impactos ambientais nas Unidades de Conservação. 103 Dados coletados por , no dia 30/09/2015 junto ao Gerente do Programa Reflorestar Marcos Franklin Sossai. 104 A 20ª Conferência das Partes da Convenção Marco das nações Unidas (COP 20), ocorreu em 2014 no Peru, como o objetivo de firmar um acordo provisional global para as emissões dos gases de efeito estufa. 354

355 Sobre o financiamento, a Lei mencionada define 105 que 50% do valor arrecadado com a aplicação de penalidades administrativas deverão ser utilizados para as ações de pagamentos por serviços ambientais. Contudo, anos antes de sua promulgação, foi editada a Lei , de 13 de agosto de 2008, regulamentada pelo Decreto , de 05 de junho de 2009, com objetivo de criar uma permissão jurídica para que o Estado oferecesse incentivos financeiros aos proprietários e posseiros de terras, através do que foi denominado Bolsa Verde, programa que será analisado a seguir. As ações ligadas a essa legislação foram iniciadas em 2010 sob a batuta do Instituto Estadual de Florestas IEF. Bolsa Verde Origem do Programa A Bolsa Verde não foi a primeira iniciativa de pagamentos por serviços ambientais de Minas Gerais. Autores como Pagiola et. al (2013) e Lavratti et. al. (2014) apontam a importância do Projeto de Proteção à Mata Atlântica (Promata), para o início das propostas e discussões relacionadas ao PSA no Estado. O Promata foi inaugurado em 2003 a partir de um acordo de cooperação financeira firmado entre o governo mineiro e o Banco Alemão de Desenvolvimento (KfW), com o objetivo de apoiar o Instituto Estadual de Florestas de Minas Gerais (IEF) na proteção, recuperação e no uso sustentável da região da Mata Atlântica em Minas Gerais 106. A partir dessa experiência, já em 2007, o Deputado Roberto Carvalho apresentou à Assembleia Legislativa de Minas Gerais, um projeto de lei que versava sobre PSA. Após tramite na casa Legislativa, o projeto foi aprovado se transformando na Lei , de 13 de agosto de 2008, que institui a Bolsa Verde. Etapas do Projeto Após a aprovação da Lei /2008 o IEF mobilizou representantes de instituições governamentais e da sociedade civil organizada para a elaboração do decreto regulamentador. O Decreto , foi promulgado em 05 de junho de 2009, constituindo o Comitê Executivo do Programa. Esse Comitê tinha como membros os 105 Art. 85; Parágrafo único da Lei nº , de 16 de outubro de Instituto Estadual de Florestas, s/d. 355

356 representantes do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), da Federação da Agricultura e Pecuária de Minas Gerais (Faemg), da Federação dos Trabalhadores em Agricultura do Estado de Minas Gerais (Fetaemg), da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), além de funcionários do próprio IEF. Uma das atividades realizadas pelo Comitê Executivo do Programa Bolsa Verde (CEBV) foi a elaboração do documento Bolsa Verde Manual de Princípios, critérios e procedimentos para a implementação da Lei , de 13 de agosto de Esse Manual é muito significativo pois define os critérios utilizados para a seleção de beneficiários, bem como o passo-a-passo que os interessados devem seguir para participar do Programa. Serviços Ambientais A Lei , de 13 de agosto de 2008 não define claramente os serviços ambientais protegidos. Aponta apenas que o objetivo é a identificação, recuperação, preservação e conservação de áreas necessárias à proteção das formações ciliares e à recarga de aquíferos; e as áreas necessárias à proteção da biodiversidade e ecossistemas especialmente sensíveis. Agentes Envolvidos De acordo com a Lei e o seu Decreto , os agentes prioritários na concessão do benefício são agricultores familiares; produtores rurais cuja propriedade ou posse tenha até quatro módulos fiscais; produtores rurais cujas propriedades estejam localizadas em Unidades de Conservação de categorias de manejo; demais produtores rurais e proprietários de áreas urbanas que preservem áreas e ecossistemas especialmente sensíveis (esses últimos a depender da disponibilidade financeira). De acordo com o Decreto , poderão ser agraciados com o benefício tanto produtores que estejam em áreas que necessitem de adequação aos critérios de regularização da Reserva Legal e de proteção das Áreas de Preservação Permanente, quanto àqueles que conservem ou preservem áreas acima do limite estabelecido pela legislação, sendo que os maiores valores serão oferecidos aos beneficiários que se enquadrem neste último caso. Essas duas situações produzem diferentes formas de apoio ao produtor rural e, portanto, são definidas a partir de metodologias de pagamento específicas dentro do programa Bolsa verde. Os beneficiários que necessitam adequar 356

357 suas áreas à legislação ambiental, por exemplo, deverão receber, além do incentivo financeiro, insumos para apoiar a recuperação florestal necessária à regularização da Reserva Legal e das Áreas de Preservação Permanente - após terem aprovado uma proposta técnica para esta recuperação. O Comitê Executivo do Programa Bolsa Verde (criado pelo Art. 13 do Decreto ) é aquele que regulamenta as formas de cadastramento, o formato das propostas, realiza o acompanhamento, monitoria e avaliação dos projetos em andamento, bem como as atribuições e competências da Secretaria Executiva do Programa Bolsa Verde. Essa Secretaria fica alocada no IEF. Como mencionado anteriormente, o Comitê Executivo do Programa Bolsa Verde é composto por diferentes órgãos governamentais e representantes da sociedade civil, e suas atividades, bem como o programa anual de execução da Bolsa Verde, deverão ser analisados e aprovados pelo o Conselho Estadual de Política Ambiental (COPAM). Arranjos Institucionais A autarquia estadual poderá celebrar Termos de Cooperação Técnica com diferentes instituições a fim de ampliar a operacionalização do Programa. Era objetivo buscar a cooperação de outras organizações (que não apenas o poder público do Estado) que pudessem colaborar através de apoio técnico, recursos humanos e estruturais para que a capilaridade e controle do Bolsa Verde fosse estabelecido. Contudo, a Portaria IEF 132, de 16 de julho de 2010 proibiu o repasse de recursos financeiros para as entidades parceiras. Essa definição, dificultou o estabelecimento das cooperações, que não tiveram o resultado esperado pelo IEF. Desta maneira, o único implementador do programa era o poder público estadual, que ficou responsável pelo gerenciamento, fiscalização, controle e pagamento dos beneficiários. Esses últimos, como mencionado anteriormente, caso precisassem adequar suas áreas à legislação ambiental, necessitariam ainda contar com assistência técnica para a elaboração da proposta de adequação e realização desta atividade. Tudo isso gera um custo alto para o governo estadual, que também arca com o pagamento direto aos proprietários rurais pelo serviço ambiental. Os procedimentos para participar do programa e as ações desempenhadas pelo poder público estão resumidas na Figura

358 Figura 67: Procedimentos para participação e realização do Bolsa Verde Preenchimento do Formulário do Cadastro encaminhamento da documentação - documentos de propriedade ou posse e elaboração de uma proposta de adequação ambiental de sua área. Encaminhamento para aprovação do Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável (CMDRS) de cada município; em sua ausência, as propostas devem ser validadas pelas unidades locais das instituições responsáveis Caso a proposta seja aprovada serão recolhidos dos proprietários ou posseiros os Termos de Adesão ao Bolsa Verde e os Termos de Cooperação Mútua assinados, para que seja dada a devida publicidade. Secretaria Executiva do Bolsa Vede efetuará a análise técnica da proposta, a partirdas informações do SISMAF, dos dados georreferenciados enviados e fará a análise e a pontuação dos critérios O acompanhamento das áreas dos proprietários ou posseiros contemplados com os recursos do programa Bolsa Verde deverá ocorrer pelo menos 1 vez ao ano, a fim de aferir se foram mantidas as condições que levaram à deliberação favorável Após a comprovação da posse e condições adequadas de presenrvação ambiental os pagamentos serão efetuados aos beneficiários todo o final do ano durante cinco anos. Cinco parcelas de R$ 200,00/ ha. Fonte: Elaboração própria a partir de Campos, Fontes de Recurso No que se referem aos recursos para a Bolsa Verde, sua procedência foi estabelecida no Art. 5º da Lei e no Art. 10 do Decreto Esses podem ser provenientes do orçamento estadual; de 10% (dez por cento) dos recursos do Fundo de Recuperação, Proteção Ambiental e Desenvolvimento Sustentável das Bacias Hidrográficas do Estado de Minas Gerais - FHIDRO; da conta Recursos Especiais a Aplicar; da compensação pela utilização dos recursos naturais; de convênios celebrados pelo Poder Executivo; e doações, contribuições ou legados de pessoas físicas e jurídicas, públicas ou privadas, nacionais ou estrangeiras. No que se refere ao Fundo de Recuperação, Proteção Ambiental e Desenvolvimento Sustentável das Bacias Hidrográficas do Estado de Minas Gerais 358

359 FHIDRO, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável - SEMAD exerce as funções de gestor e agente executor (MINAS GERAIS, 2005). O fundo atualmente está em funcionamento, tendo os seguintes gastos apontados pelo Portal de Transparência de Minas Gerais: Tabela 74: Despesas do Fundo de Recuperação, Proteção Ambiental e Desenvolvimento Sustentável das Bacias Hidrográficas do Estado de Minas Gerais FHIDRO, de 2012 a 2015, em unidade de R$ Ano Valor Inscrito Processado Valor pago no ano Valor a pagar , , , , , , , ,50 771, , , , , , , , , ,81 Fonte: Elaboração própria a partir do portal da transparência de Minas Gerais. O FHIDRO é constituído por verbas provenientes de 50% da cota destinada ao Estado como compensação financeira pela inundação de áreas por reservatórios para a geração de energia elétrica, dotações consignadas no orçamento do Estado e os créditos adicionais, 10% (dez por cento) dos retornos relativos e encargos de financiamentos concedidos pelo Fundo de Saneamento Ambiental das Bacias dos Ribeirões Arrudas e Onça - PROSAM, transferências de fundos federais, entre outros (MINAS GERAIS, 2005). Os recursos do FHIDRO são aplicados na modalidade reembolsável, para realização de investimentos fixos e aquisição de equipamentos, em projetos ou empreendimentos de proteção e melhoria dos recursos hídricos de comprovada viabilidade técnica, social e ambiental e também na modalidade não-reembolsável para pagamento de despesas com consultoria, custeio de ações de estruturação física e operacional dos comitês, entre outros. Os recursos são aplicados na proporção de até 30% (trinta por cento) sob a forma reembolsável e de, no mínimo, 70% (setenta por cento) para a modalidade não-reembolsável. Além disso, é previsto que 10% (dez por cento) dos recursos do FHIDRO deverão ser aplicados no Bolsa Verde (MINAS GERAIS, 2008). 359

360 Pagamento aos beneficiários A lei define em seu Art. 2º que o benefício será concedido anualmente, por propriedade (somente para pessoa física), em forma de auxílio pecuniário, podendo ter duração de cinco anos consecutivos, sendo que as condições e critérios para tal são definidos pelo Comitê Executivo do Bolsa Verde. A lei , estabelece ainda em seu Art. 4º que o Poder Executivo poderá efetuar parte do pagamento do benefício utilizando-se de créditos inscritos em dívida ativa do Estado, convertidos em títulos ao portador emitidos pelo Tesouro Estadual 107. Já o Decreto define que o valor a ser pago para cada beneficiário será calculado de forma proporcional às dimensões da área protegida. O valor a ser pago aos beneficiários foi definido, em 2010, pelo Comitê Executivo do Bolsa Verde. Atualmente (outubro de 2015) o valor continua sendo R$ 200,00 por hectare, sem que ocorra qualquer discriminação entre aqueles que receberão a Bolsa Verde. Ou seja, independentemente das características das propriedades (se contêm nascentes, se o terreno é inclinado, etc.), todos os agentes receberão o mesmo valor. Por outro lado, o Comitê Executivo do Programa Bolsa Verde estabeleceu critérios 108 que definem aqueles que serão prioritariamente beneficiados. O estabelecimento do valor de R$ 200,00 por hectare de área conservada por ano, deveu-se ao levantamento do rendimento médio alcançado na pecuária de leite semi-intensiva e extensiva, sendo estabelecido a partir do custo de oportunidade do uso da terra na região. Em 2010 foi lançado o primeiro edital do Programa Bolsa Verde no Estado de Minas Gerais enfocando a modalidade de manutenção da cobertura vegetal nativa. Os interessados poderiam encaminhar propostas de preservação ambiental, individuais ou coletivas, destacando as características de sua propriedade - que deveria conter uma área mínima de cobertura vegetal. Ainda em 2010 foi disponibilizado para o programa o montante total de R$ ,00, provenientes unicamente do Fhidro, entretanto, apenas R$ ,70 foram destinados aos pagamentos diretos aos beneficiários, enquanto os demais R$ ,30 foram alocados em ações de capacitação e promoção do Programa Bolsa 107 De acordo com o 2º do Art. 4º da Lei , de 13 de agosto de 2008, os créditos de que trata o caput deste artigo poderão ser utilizados para pagamento de: I - tributos estaduais; II - dívida ativa com o governo estadual; III - lance em leilão de bens do Estado; e IV - serviços prestados pelo Estado. 108 Os critérios estão apresentados em detalhes no documento Bolsa Verde: Manual de princípios, critérios e procedimentos para a implantação da lei n de agosto de

361 Verde (IEF, 2012). Porém, devido aos ajustes necessários à implantação do programa, o orçamento de 2010 foi executado até o primeiro quadrimestre de De acordo com o relatório anual de atividades 2010/2011 do Programa Bolsa Verde, foram recebidas em 2010, 871 propostas (coletivas e individuais) de possíveis beneficiários (individuais). Dessas, 325 foram aprovadas, representando beneficiários. A fase de análise das propostas começou em 22 de novembro de 2010 e estendeu-se até julho de 2011, quando foram definidos os beneficiários. Em adição, pessoas em todo o Estado de Minas Gerais foram capacitadas para a implantação do programa. Em 2011, foi lançado um mais um edital, quando foram recebidas novas propostas coletivas e individuais, sendo aprovados beneficiários, com uma área correspondente a ,48 ha 109. Aqui vale ressaltar que as propostas do edital de 2011 com um parecer desfavorável, não tiveram suas solicitações de recursos analisadas até Os beneficiários dos editais lançados em 2010 e 2011 (únicos editais lançados até outubro de 2015) poderiam receber a Bolsa Verde durante cinco anos, com parcelas de pagamentos anuais, contanto que mantivessem a sua área nas mesmas condições (ou em melhores condições) do momento em que o benefício lhes foi concedido. Entretanto, ao longo do funcionamento do programa Bolsa Verde, alguns imprevistos dificultaram o pagamento aos beneficiários. Conforme é possível verificar na tabela 75 abaixo a execução financeira do Programa Bolsa Verde em Minas Gerais está consideravelmente atrasada. Tabela 75: Resumo do Cronograma de execução financeira do programa Bolsa Verde entre 2010 e Edital Total de aprovados Receberam só uma Receberam duas parcelas Receberam três parcelas Não receberam parcela Fonte: Elaboração Própria a partir de Instituto Estadual de Florestas IEF, É possível observar que o total de beneficiários que deveriam receber as parcelas da Bolsa Verde, apontados na tabela 75, era menor que o número previamente aprovado 109 LAVRATTI et. al,

362 (1.023 em 2010 e em 2011). Isso ocorre devido à desistência ou incapacidade dos proprietários ou posseiros comprovarem parcial ou totalmente o domínio legal das áreas apresentadas para pleitear o benefício. Além disso, alguns recursos não foram pagos, pois os beneficiários não tinham conta bancária adequada para recebê-lo. Era necessária uma conta corrente no Branco do Brasil em nome do beneficiário, mas alguns apresentaram contas poupança, contas conjuntas, contas para o recebimento de benefício de seguridade social, entre outras. Devido a essa circunstância, o IEF vinha tentando, desde 2012, estabelecer um acordo com o Banco do Brasil para que fosse criado um cartão exclusivo da Bolsa Verde, evitando que os beneficiários fossem cobrados por serviços de manutenção de conta bancária. Contudo, até outubro de 2015, esse acordo não foi fechado, sendo ainda necessário ao beneficiário abrir uma conta corrente em dita instituição financeira. Em adição, ocorreram contingências de ordem administrativas e burocráticas. Dado que o IEF (que abriga a Secretaria Executiva do programa Bolsa Verde) está vinculado à SEMAD, houve a necessidade de harmonizar os procedimentos internos destas entidades para a realização dos pagamentos. A SEMAD, portanto, recomendou ao IEF algumas mudanças no controle dos processos administrativos, que o obrigou a rever todos os procedimentos da Bolsa Verde, atrasando ainda mais a liberação dos pagamentos. Além da revisão dos processos, ficou definido que o IEF deverá realizar a vistorias de todas as áreas que vierem a participar do programa. Desde o momento da confirmação das inscrições para pleitear o benefício, até durante o período de renovação dos contratos anuais. A princípio, foi vislumbrada a possibilidade de essas vistorias serem realizadas por imagens de satélite, sendo a visita em loco apenas amostral. Contudo, a recomendação da SEMAD foi para que todas as vistorias fossem realizadas in loco, a fim de verificar tanto as obrigações determinadas nos Termos de Cooperação Mútua (TCM) bem como a titularidade da terra, gerando a necessidade de mais tempo e recursos para a implantação do programa Bolsa Verde. Entretanto, em 2014, por consequência do Decreto Estadual , de 31 de agosto de 2013, que estabeleceu diretrizes para a contenção de despesas no âmbito das autarquias, as atividades relativas à administração financeira do Programa Bolsa Verde tiveram de ser novamente reelaboradas. As despesas com diárias e passagens para a realização de vistorias das áreas que fazem parte do programa foram suspensas, assim 362

363 como a previsão de pagamentos de benefícios. Atualmente 110, as visitas em loco voltaram a acontecer, mas dependem de um novo fluxo administrativo para sua aprovação. Todos esses gargalos contribuíram para o atraso no pagamento das parcelas dos beneficiados pelo programa Bolsa Verde. A tabela 76 abaixo aponta o valor total executado, o número de beneficiários que receberam suas parcelas e a área conservada com o programa, entre os anos de 2011 e É importante mencionar que até o momento (outubro de 2015) nenhuma outra parcela foi liberada. Tabela 76: Montante da execução financeira do Bolsa Verde, quantitativo de benefícios pagos e extensão da área conservada e m função dos pagamentos. Ano Valor executado (R$) Número de benefícios Área Conservada (ha) , , , , , , , ,705 Total , ,749 Fonte: Instituto Estadual de Florestas IEF, A tabela 76 aponta que nos quase cinco anos de existência do Programa Bolsa Verde no Estado de Minas Gerais já foram beneficiados proprietários e ou posseiros, que garantiram a preservação de aproximadamente 57 mil hectares. Essa preservação custou aos cofres públicos pouco mais de R$ 11,4 milhões, sem considerar as despesas administrativas, de capacitação e divulgação do programa Bolsa Verde. Metas A meta atual dos implementadores do programa é definir o destino da Bolsa Verde. Esse programa está relativamente parado desde 2014, com dificuldades de obter recursos, não apenas para efetuar o pagamento das parcelas que estão faltando, como também para a realização das visitas in loco nas propriedades. No que se refere a essas visitas, Campos (2014) destaca que são interessantes já que permitem o contato direto com a área ambiental e fortalecem os laços entre o órgão ambiental e a população. Entretanto, a própria autora destaca que a escassez de recursos 110 Conforme informação telefônica concedida por Manuela Cardoso Stein, funcionária do Instituto Estadual de Florestas IEF, em 19 de outubro de

364 humanos e financeiros vem tornando essa prática inviável. Desta maneira, Campos (2014) sugere a utilização da tecnologia (por exemplo, servindo-se de imagens de satélite para monitorar as áreas) como uma saída para enfrentar a restrição orçamentária. Além disso, o IEF ainda tem a ambição de implementar a modalidade de recuperação da vegetação nativa do programa Bolsa Verde. Até outubro de 2015, apenas a modalidade de manutenção das áreas foi implantada, não sendo possível auxiliar aqueles que estão com passivo ambiental Rio de Janeiro O mecanismo de Pagamento por Serviços Ambientais foi instituído no Estado do Rio de Janeiro pelo Decreto Estadual / , como um subprograma denominado PRO-PSA - Programa Estadual de Pagamento por Serviços Ambientais. O PRO-PSA é subordinado ao Programa Estadual de Conservação e Revitalização de Recursos Hídricos (PROHIDRO), sendo coordenado pelo Instituto Estadual do Ambiente (INEA). No âmbito do Decreto, são considerados pagamentos por serviços ambientais as práticas e iniciativas de possuidores, a qualquer título, de área rural situada no Estado do Rio de Janeiro, que favoreçam a conservação, manutenção, ampliação ou recuperação de benefícios ao meio ambiente. Tais práticas e iniciativas devem se enquadrar em uma das seguintes modalidades: (i) a qualidade e a disponibilidade das águas, (ii) a preservação da biodiversidade, (iii) das faixas marginais de proteção, além do sequestro de carbono de reflorestamento das matas ciliares, nascentes e olhos d água para fins de minimização dos efeitos das mudanças do clima 113. O PRO-PSA tem como prioridade investir nas áreas rurais e mananciais de abastecimento público, respeitando os critérios determinados pelo Conselho Estadual de Recursos Hídricos - CERHI. Conforme estipulado no decreto supracitado, os recursos financeiros para a implementação e a manutenção do PRO-PSA poderão advir do Fundo Estadual de 111 Conforme informação telefônica concedida por Manuela Cardoso Stein, funcionária do Instituto Estadual de Florestas IEF, em 19 de outubro de O Decreto Estadual /2011 regulamenta o Programa Estadual de Conservação e Revitalização de Recursos Hídricos - PROHIDRO, previsto nos artigos 5º e 11 da lei nº 3.239, de 02 de agosto de 1999, que institui a política estadual de recursos hídricos, e dá outras providências. 113 Art. 2, Decreto Estadual /

365 Recursos Hídricos - FUNDRHI; das doações e transferências de pessoas físicas ou instituições, nacionais/internacionais, públicas/privadas; das remunerações oriundas de projetos no âmbito do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo; dos recursos oriundos do Fundo Estadual de Conservação Ambiental - FECAM; e outras receitas. Para execução do PRO-PSA foi instituído o Cadastro Estadual de Pagamento por Serviços Ambientais, composto por dados e informações acerca das áreas contempladas, dos serviços ambientais realizados e dos beneficiários do programa. Entretanto, desde 2008, havia um programa de PSA no Estado, denominado Produtor de Água e Floresta (PAF) na Bacia do Rio das Pedras. Esse mesmo programa, em 2011, passou a atender todo município de Rio Claro/RJ e eu sucesso resultou na reformulação do projeto e na troca de seu nome por PRO-PSA Guandu, que também contou com uma nova ampliação da sua área de abrangência, conforme será abordado a seguir. Programa de Pagamento por Serviços Ambientais na Região Hidrográfica II Guandu (PRO-PSA GUANDU) Origem do Programa O Produtor de Água e Floresta (PAF) foi um programa piloto, implementado em 2008, com objetivo de incentivar práticas de conservação e recuperação ambiental para a manutenção da quantidade e qualidade da água na micro bacia do Rio das Pedras, localizada na região do Alto Rio Piraí. Em 2011, como mencionado anteriormente, o PAF passou a abranger também todo município de Rio Claro/RJ. A partir da experiência de Rio Claro, o programa sofreu diversas alterações que culminaram na sua expansão para outros municípios e sub-bacias da Região Hidrográfica do Rio Guandu, passando a ser chamado PRO-PSA Guandu, definido pela Resolução N. 85/ O Mapa 71 abaixo aponta o local de implementação do programa: 365

366 Mapa 71: Área de implementação do Programa de Pagamento por Serviços Ambientais na Região Hidrográfica II Guandu (PRO-PSA GUANDU) Fonte: TNC, Diante da ampliação do programa, foi elaborado um estudo de sua viabilidade com o propósito de criar um instrumento que contribuísse para definição de áreas prioritárias (sub-bacias), identificando os serviços ambientais passíveis de gerar maiores benefícios. Esse estudo foi elaborado por representantes da sociedade civil que integram o Comitê da Bacia do Rio Guandu, sendo: The Nature Conservancy (TNC), Instituto Terra de Preservação Ambiental (ITPA), e Conservação Internacional (CI-Brasil). O estudo de viabilidade serviu como base para a elaboração do manual do PRO- PSA GUANDU, que tem a finalidade de instruir os atores envolvidos na gestão do programa e os interessados na sua adesão. Etapas do Programa O PRO-PSA foi proposto em duas etapas, a primeira se refere à sua implantação e compreende o período de 2014 a A segunda, com início previsto para 2017, tem o objetivo de consolidá-lo. 366

367 Serviços Ambientais O programa considera como serviços ambientais prioritários aqueles que regulam as condições ambientais, tais como a purificação do ar, a regulação dos ciclos das águas e do clima, o controle de enchentes e de erosão. O modelo de PSA adotado é o usuário-pagador, aonde os consumidores de água pagam aos proprietários rurais um incentivo para que adotem práticas de conservação e recuperação de remanescentes florestais. Agentes Envolvidos Os principais agentes envolvidos no programa são: o Comitê Guandu, a Unidade Gestora do Projeto (UGP), a Agência de Bacia do Comitê Guandu (AGEVAP), as Prefeituras, as instituições executoras de projetos de PSA que podem ser públicas ou privadas, selecionadas a partir de editais -, proprietários rurais, beneficiários dos serviços ambientais e parceiros 114. A unidade gestora do Programa de Pagamento por Serviços Ambientais na Região Hidrográfica II Guandu (UGP) possui como atribuição gerenciar o arranjo institucional de execução do projeto; dirimir conflitos existentes; propor ações para a conservação e recuperação do solo, florestas e recursos hídricos. A UGP é composta pelo Comitê de Bacia Hidrográfica dos rios Guandu, da Guarda e Guandu-mirim, Prefeitura Municipal de Rio Claro, Instituto Estadual do Ambiente, Instituto Terra de Preservação Ambiental (ITPA) e The Nature Conservancy 115. Arranjos Institucionais O documento elaborado pelo Comitê de bacia Hidrográfica Guandu e Agência da Bacia do Rio Paraíba do Sul (AGEVAP), considerado o manual do programa 116 aponta que para a execução do projeto se faz necessário à articulação e cooperação técnica entre o setor público e privado, com o objetivo de fomentar a elaboração de projetos de PSA e de programas de recuperação de áreas degradadas, de extensão rural, educação ambiental, dentre outros. 114 O Manual do programa define como parceiros, aqueles que colaboram, financeiramente ou não, com a implantação dos projetos de PSA, podendo ser órgãos dos governos estaduais e federal, prefeituras, ONGs, empresas, usuários de água, comitê de bacia, dentre outros. Manual do programa PRO-PSA Guandu, rev. Fevereiro de Vale ressaltar que as responsabilidades e contrapartidas das instituições parceiras foram estabelecidas por meio da celebração de Termo de Cooperação Técnica. 116 Comitê de bacia Hidrográfica Guandu; AGEVAP, Fevereiro de

368 Nesse contexto, foi assinado termo de cooperação técnica entre Comitê da Bacia Hidrográfica do Guandu, Instituto Estadual do Ambiente, Prefeitura Municipal de Rio Claro, TNC e ITPA com o intuito de criar a UGP e definir suas responsabilidades. Além do termo, foram assinados contratos bilaterais entre TNC e ITPA e contratos com os beneficiários do PSA 117. A Figura 68 apresenta um esquema de organização de parcerias do projeto. Figura 68: Esquema de organização de parcerias do projeto Produtores de Água e Floresta Fonte: Castello Branco, Fonte de Recursos Os recursos financeiros para pagamento dos serviços ambientais referentes à primeira fase do programa (2014 a 2016) são oriundos da cobrança pelo uso dos recursos hídricos na Região Hidrográfica do Rio Guandu, definidos no Plano de Aplicação Plurianual do Comitê Guandu através da Resolução nº 106/2014. Além disso, como mencionado anteriormente, os recursos financeiros para programa de PSA poderão advir de outras fontes desde que respeitados seus regulamentos, sendo: (i) recursos provenientes do Fundo Estadual de Recursos Hídricos FUNDRHI, (ii) doações e transferências; (iii) remunerações oriundas de projetos no 117 CASTELLO BRANCO,

369 âmbito do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo - MDL, (iii) recursos provenientes do Fundo Estadual de Conservação Ambiental - FECAM, mediante a apresentação de projetos específicos e (iv) quaisquer outras receitas, eventuais ou permanentes, desde que vinculadas aos objetivos do PROPSA 118. Os recursos que constituem o FUNDRHI são originários da cobrança pela outorga sobre o direito de uso de recursos hídricos, multas arrecadadas decorrentes de ações sobre uso dos recursos hídricos, o produto da arrecadação da dívida ativa decorrente de débitos com a cobrança pelo uso de recursos hídricos, as dotações consignadas no Orçamento Geral do Estado e em créditos adicionais, dentre outras (RIO DE JANEIRO, 1999). Adicionalmente, a lei estadual N 5.234/2008, que trata da cobrança pelo uso dos recursos hídricos define que do montante de recursos arrecadados, 90% (noventa por cento) deve ser aplicado na bacia hidrográfica que o arrecada, em ações e projetos constantes no Plano de Investimentos aprovado pelo respectivo Comitê de Bacia; e o percentual restante deve ser aplicado no órgão gestor do Estado (INEA). No caso das Regiões do Guandu e do Paraíba do Sul, há ainda a obrigatoriedade de 15% dos valores arrecadados serem aplicados no Paraíba do Sul, em virtude da transposição para abastecimento da Região Metropolitana do Rio de Janeiro (INEA, 2015). Analisando o detalhamento das contas do FUNDRHI é possível verificar que até setembro de 2015 foi arrecadado com a cobrança pelo uso da água, somando-se todas as Regiões Hidrográficas, um total de R$ ,04. Apenas a Região Hidrográfica do Guandu, recebeu neste mesmo ano R$ ,86, um valor superior ao dos três anos anteriores conforme é possível observar na tabela 77, abaixo. Tabela 77: Valores arrecadados com a cobrança pelo uso da água na Região Hidrográfica do Guandu Ano Montante Arrecadado 2011 R$ , R$ , R$ , R$ , R$ ,86 Fonte: INEA, Art. 6º, Decreto Estadual de

370 Contudo, não necessariamente 90% do valor arrecadado com a cobrança pelo uso da água na bacia hidrográfica vai para projetos ou programas de PSA. O Comitê da bacia hidrográfica Guandu utiliza a verba arrecada com uma série de projetos, como por exemplo, Projetos de Esgotamento sanitário, Agenda Água na Escola, cursos de capacitação, entre outros. Porém, é possível apontar as verbas destinadas ao Projeto Produtores de Água e Floresta, definidas na resolução CERHI-RJ Nº 43/ De acordo com essa resolução, o Conselho Estadual de Recursos Hídricos, aprova a aplicação de R$ ,00 (duzentos mil reais) por ano, no período de , aprovou ainda o valor de R$ ,00 (quarenta mil reais) para o primeiro ano do projeto (2008). Em adição, a resolução CERHI-RJ nº 83, de maio de 2012, aprovou o valor de R$ ,64 para a ação de pagamento por serviços ambientais. A tabela 78 aponta os montantes a serem aplicados nos projetos de PSA na bacia do rio Guandu e as respectivas resoluções. Tabela 78: Projetos de PSA realizados com recursos FUNDRHI, gastos apontados pelo Comitê de Bacia Hidrográfica Guandu, Projeto Situação Resolução Montante Produtores de Águas Liquidado CERHI nº 33/ 2008 R$ ,00 Produtores de Águas Repassado para CERHI-RJ nº 43/ e Florestas (2010) Delegatária 2010 R$ ,00 Produtores de Águas Repassado para CERHI-RJ nº 43/ e Florestas (2011) Delegatária 2010 R$ ,00 Produtores de Águas Repassado para CERHI-RJ nº 43/ R$ ,00 e Florestas (2013) Pagamento por Serviços Ambientais Projeto pagamento por serviços ambientais Delegatária Repassado para Delegatária Repassado para Delegatária 2010 CERHI-RJ nº 83/ 2012 CERHI-RJ nº 126/ 2014 R$ ,64 R$ ,63 Total R$ ,27 Fonte: INEA, 2015 Como é possível observar na tabela 78, foi realizado um gasto total de R$ ,27 com os projetos de PSA na bacia do rio Guandu entre 2008 e Esse valor, entretanto, é inferior ao montante apontado pelas resoluções do CERHI-RJ, que definiram, por exemplo, 5 parcelas no valor de R$ ,00 para o Programa 370

371 Produtores de Águas e Florestas, mas na tabela 16 verifica-se que só foram feitos 3 pagamentos. Deve-se ainda destacar que além desses valores estabelecidos e alocados pelo Comitê de Bacia Hidrográfica do Guandu, o Projeto Produtor de Água e Florestas contou com o aporte financeiro de alguns parceiros institucionais como a The Nature Conservancy - TNC, o Instituto Terra de Preservação Ambiental ITPA, a Conservação Internacional e o INEA (compensações ambientais de empreendimentos privados) (TNC; ITPA; CI, 2013). De qualquer maneira, deve-se notar que a previsão de gastos do Comitê de Bacia Hidrográfica do Guandu com os programas de PSA no Estado vem crescendo e podem abranger cada vez mais beneficiários. Pagamento aos beneficiários Os valores adotados para o pagamento de serviços ambientais são estabelecidos de acordo com o custo de oportunidade local da terra por hectare ao ano 119, nível de prioridade para a produção de água na bacia, o estágio de sucessão dos remanescentes florestais (avançado, médio ou inicial), proximidade ou inclusão da área conservada/ recuperada em Unidade de Conservação 120. O valor atual pago 121 para o PSA de recuperação florestal 122 é R$ 50,00 por hectare se for área bem cuidada e R$ 30,00 por hectare se for área médio cuidada. Já para o PSA de conservação 123 o valor máximo pago é de R$ 60,00 para Áreas de Preservação Permanente (APPs) situadas no entorno de Unidades de Conservação (APA / RPPN). Para os demais estágios de sucessão há valores diferenciados a serem pagos considerando o percentual de área restaurada e o contexto geográfico, conforme demonstra a tabela 79, abaixo. Tabela 79: Valores de Pagamento para PSA na Modalidade Conservação Florestal por hectares 119 O custo de oportunidade local da terra foi calculado através do potencial de geração de riqueza por área, sendo fixado com base nos principais usos e índices de produção seguidos pela EMATER-RJ (AGEVAP, 2015b). 120 AGEVAP, 2015b (Edital AGEVAP N 012/2015). 121 Valores informados no Edital AGEVAP 004/2015 e Edital AGEVAP 012/ Para o cálculo do valor a ser pago para o PSA de recuperação considerar-se-á a situação da área no que tange ao seu estado de conservação bem cuidada e médio cuidada. 123 Para o cálculo do valor a ser pago para o PSA de conservação considerar-se-ão: (i) contexto geográfico; (ii) estágio de sucessão da área a ser conservada e (iii) percentual das Áreas de Preservação Permanente (APP) da propriedade incluídas no projeto para recuperação florestal. 371

372 CONTEXTO GEOGRÁFICO Sem contexto de proximidade ou inclusão em Unidades de Conservação Entorno de Unidades de Conservação APA/ RPPN ESTÁGIO DE SUCESSÃO APPs (Vegetação estágio médio/ avançado) APPs (Vegetação estágio inicial) Outras áreas com floresta (estágio médio/ avançado) Outras áreas com floresta (estágio inicial) APPs (Vegetação estágio médio/ avançado) APPs (Vegetação estágio inicial) Outras áreas com floresta (estágio médio/ avançado) Outras áreas com floresta (estágio inicial) PERCENTUAL DE ÁREAS DE RESTAURAÇÃO 25-50% 51-75% % R$ 30,00 R$ 40,00 R$ 50,00 R$ 20,00 R$ 30,00 R$ 40,00 R$ 20,00 R$ 30,00 R$ 40,00 R$ 10,00 R$ 20,00 R$ 30,00 R$ 36,00 R$ 48,00 R$ 60,00 R$ 24,00 R$ 36,00 R$ 48,00 R$ 24,00 R$ 36,00 R$ 48,00 R$ 12,00 R$ 24,00 R$ 36,00 Fonte: Edital AGEVAP 012/2015 Cabe destacar que posteriormente à valoração do PSA deverá ser aplicado um fator de correção por módulos fiscais 124, seguindo os índices especificados no Edital AGEVAP 012/2015. No referido edital as áreas prioritárias do programa são as APPs situadas às margens de cursos d água, de nascentes e lagos, conforme o estabelecido pela Lei Federal nº /2012. Para entrar no programa, o proprietário de terra deve descrever quais serão as ações de conservação e recuperação a serem realizadas, observados as exigências apresentadas no edital, bem como disponibilizar no mínimo 25% do total de área prioritária (matas ciliares) sem cobertura florestal como meta para recuperação. Por outro lado, as propriedades que apresentarem toda a cobertura vegetal exigida por lei não terão meta mínima de recuperação, sendo a valoração dos serviços ambientais prestados realizada a partir do maior montante 125. Atualmente (janeiro de 2016), o programa PRO-PSA Guandu conta com 70 proprietários rurais como beneficiários que conservam hectares, além de recuperar 564 hectares. Segundo Caroline Lopes Santos, Especialista em Recursos Hídricos da AGEVAP, o valor pago de PSA aos beneficiários do programa, no 124 Módulo fiscal refere-se a unidade de medida agrária estabelecida pela Instrução Especial nº 20, de 28 de maio de 1980, do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária INCRA, definida em hectares (ha) e fixada de forma diversa para cada município. Edital AGEVAP 012/ Edital AGEVAP 012/

373 município de Rio Claro, acumulados até 2015, totalizam R$ , Esse último valor é inferior aos gastos acumulados com os projetos de PSA na Bacia do Guandu, apontados pelo INEP em 2015 (ver tabela 16). Porém, deve-se enfatizar que o montante apontado pela entrevistada se referia ao pagamento direto aos beneficiários apenas no município de Rio Claro, e não considerava os gastos com a gestão e implementação do projeto. Com efeito, o Estudo de viabilidade de implantação do programa PRO-PSA na região hidrográfica do Guandu Rio de Janeiro realizado pela TNC, ITPA e CI (2013) apontou os custos de implantação e operação do Produtor de Água e Floresta entre (posteriormente transformado no PRO-PSA Guandu). Conforme é possível ver na tabela 80, o pagamento direto aos produtores representou apenas 7% dos gastos totais do Programa. Tabela 80: Custos de implantação e operação do Produtor de Água e Floresta Atividade Total (R$) Porcentagem Diagnóstico e prospecção R$ % Conservação R$ % Recuperação R$ % Saneamento R$ % PSA R$ % Comunicação R$ % Capacitação R$ % Gestão R$ % Monitoramento Hidrológico R$ % Total R$ % Fonte: TNC, ITPA e CI, Deve ficar claro que o montante total apontado na tabela 18 se refere ao aporte financeiro de diferentes entidades, a saber: The Nature Conservancy - TNC, o Instituto Terra de Preservação Ambiental ITPA, o Comitê Guandu, a Conservação Internacional e o INEA (já mencionados anteriormente). O que não invalida o valor gasto entre pelo Comitê de Bacia Hidrográfica Guandu através do FUNDRHI com os projetos de PSA, que totalizaram R$ ,27 (tabela 16). 126 Informações obtidas por no dia 20/01/

374 Áreas de abrangência do Programa No âmbito do programa PRO-PSA Guandu, são consideradas áreas prioritárias as sub-bacias do Alto Piraí, Médio Piraí, Represa de Ribeirão das Lajes, Represa do Santana, Sacra Família, Rio Santana, que abrangem 9 (nove) municípios, sendo tais: Rio Claro, Piraí, Barra do Piraí, Mendes, Eng. Paulo de Frontin, Paracambi, Vassouras, Miguel Pereira e Japeri. Além das áreas citadas, também poderão ser consideradas áreas prioritárias aquelas indicadas no Plano de Recurso Hídrico da Região e/ou estudos referendados pela AGEVAP. Com fulcro no novo Código Florestal 127, o programa considera como área prioritária para recuperação florestal as margens de rios e riachos em largura variável, bem como o entorno de nascentes que estão sem vegetação nativa. Metas O projeto possui como meta para a primeira fase do programa (2014 a 2016) a implantação de ao menos um projeto de PSA em uma nova sub bacia prioritária na Região Hidrográfica II - Guandu. Além disso, dentre as demais metas existentes, cabe destacar: (i) a elaboração do cadastro ambiental rural em ha; (ii) a recuperação de 600 ha de floresta; (iii) a conservação ha de floresta; (iv) a contratação de 90 proprietários rurais e (v) a destinação de R$ ,00 no PRO-PSA Guandu 128. Cabe ressaltar também a projeção dos custos e benefícios do PRO-PSA recuperação realizadas pelo estudo de viabilidade do programa, entre 2014 e De acordo com esse estudo, após 5 (cinco) anos da implantação do PRO-PSA recuperação, seria possível reduzir consideravelmente os custos anuais com o tratamento de água e o custo da ampliação do PRO-PSA, conforme é possível observar na tabela 81, abaixo. Tabela 81: Estimativas de Custos e benefícios advindos do Programa PRO-PSA, após sua implantação 127 O Novo Código Florestal brasileiro foi instituído pela Lei /2012, que dispõe sobre a proteção da vegetação nativa; altera as Leis n o 6.938, de 31 de agosto de 1981, 9.393, de 19 de dezembro de 1996, e , de 22 de dezembro de 2006; revoga as Leis n os 4.771, de 15 de setembro de 1965, e 7.754, de 14 de abril de 1989, e a Medida Provisória n o , de 24 de agosto de 2001; e dá outras providências. 128 Comitê de bacia Hidrográfica Guandu; AGEVAP, TNC, ITPA, Conservação Internacional Brasil. Estudo de Viabilidade de Implantação do programa PRO-PSA na Região Hidrográfica do Guandu. Rio de Janeiro,

375 Ano (A)* Área restaurada acumulada prestando serviços ambientais após 5 anos da implantação da recuperação (ha) /ano (B) Redução dos custos de tratamento de água (R$) /ano (R$ 1931/ha) (C) Custo da ampliação do PRO-PSA (R$)/ano (D=B-C) Saldo (R$)/ano Saldo Acumulado (R$)/ano , , , , , , , Total Fonte: TNC, ITPA, Conservação Internacional Brasil, 2013 A tabela 19 demonstra que caso o projeto PRO-PSA Guandu seja implementado e realizado conforme planejado, haverá uma considerável redução no valor anual dos custos de tratamento de água Guandu (em torno de R$ 5,6 milhões), bem como uma recuperação aproximada de hectares de floresta e consequentemente, uma economia de R$1.931,00 por hectare. Por fim, cabe destacar que atualmente o INEA 130 reconhece que o PSA implementado no Estado tem possibilitado a melhoria nos processos de gestão dos recursos naturais, da qualidade de vida e na renda dos agricultores familiares. 130 INEA, s/d. 375

376 São Paulo A Lei nº /2009 que, dispõe sobre a Política Estadual de Mudanças Climáticas PEMC - estabelece que o Governo do Estado de São Paulo instituirá, por meio de decreto, o Programa de Remanescentes Florestais, a ser coordenado pela Secretaria do Meio Ambiente. O programa tem como objetivo promover a delimitação, demarcação e recuperação de matas ciliares e outros tipos de fragmentos florestais, podendo tanto dispor de pagamento por serviços ambientais aos proprietários rurais conservacionistas, como de incentivos econômicos para a redução de desmatamento e proteção do meio ambiente. Em 24 de Junho de 2010, foi sancionado o Decreto nº regulamentando a Lei nº /2009. No âmbito do Decreto, os pagamentos por serviços ambientais foram definidos como uma transação voluntária remunerada em contrapartida às práticas de conservação ou recuperação ambiental, mediante a comprovação do atendimento das exigências legais estabelecidas. Os programas de PSA no Estado serão coordenados pela Secretaria do Meio Ambiente, com apoio do Comando de Policiamento Ambiental, da Polícia Militar, da Secretaria da Segurança Pública, e da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (CETESB), da Fundação Florestal, da Secretaria da Segurança Pública, e da Secretaria de Agricultura e Abastecimento. Cabe a Secretaria do Meio Ambiente definir, por meio de norma própria, os Projetos de Pagamento por Serviços Ambientais, observando os tipos e características dos serviços ambientais; as áreas prioritárias para a execução; critérios de elegibilidade e priorização dos projetos elegíveis; critérios para a aferição dos serviços; critérios para o cálculo dos valores e prazos dos contratos. Os projetos elegíveis poderão incluir as ações de conservação de remanescentes florestais; recuperação de matas ciliares e implantação de vegetação nativa para a proteção de nascentes; plantio de mudas de espécies nativas e/ou execução de práticas que favoreçam a regeneração natural para a formação de corredores de biodiversidade; dentre outras. A legislação em tela estipula o valor máximo de pagamento aos provedores de serviços ambientais de 100 Unidades Fiscais do Estado de São Paulo (UFESP) por hectare/ano e UFESP s por participante/ano, sendo que esses pagamentos deverão 376

377 ser proporcionais aos serviços prestados, considerando a extensão e características da área envolvida, os custos de oportunidade e as ações realizadas. Atualmente (janeiro 2016), existem dois projetos estaduais de PSA em funcionamento, o PSA Mina D Água, regulamentado pela Resolução SMA 123/2010, e o PSA Reservas Particulares do Patrimônio Natural- RPPN, regulamentado por meio da Resolução SMA 89/2013. Ademais, existem outros dois projetos para serem implementados, o PSA Mata Ciliar voltado à recuperação de matas ciliares por agricultores familiares, regulamentado pela Resolução SMA 19/2015, e o projeto GEF Mata Atlântica que contará com a participação dos estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro 131. Para melhor elaboração do presente trabalho, serão abordados apenas os projetos de PSA que se encontram em andamento, uma vez que os demais não possuem dados substanciais para análise e resultados. Projeto de Pagamento por Serviços Ambientais para as Reservas Particulares do Patrimônio Natural - RPPN Origem do Projeto Em 2013, a Secretaria de Estado do Ambiente, com o intuito de estimular a criação de RPPNs, a conservação da biodiversidade e a produção hídrica, aprovou a Resolução SMA 89/2013 que, estabelece diretrizes para a execução do Projeto de Pagamento por Serviços Ambientais para as Reservas Particulares do Patrimônio Natural, no âmbito do Programa de Remanescentes Florestais. O projeto de PSA para as RPPN foi denominado de Crédito Ambiental Paulista/RPPN (CAP/RPPN), cujo objetivo é a promoção da conservação e recuperação, quando necessária, de processos ecológicos em áreas privadas. Serviços Ambientais Os serviços ambientais compreendidos no projeto CAP/RPPN contemplam as práticas voltadas para a conservação de remanescentes florestais e/ou para favorecimento da formação de corredores de biodiversidade. 131 Coleta de dados obtida por meio de perguntas estruturadas realizadas por com Helena Carrascosa, em 19/10/

378 O CAP/RPPN adota o modelo de PSA provedor-pagador, por meio de contrato de adesão voluntário, celebrado entre o proprietário da RPPN e o Fundo Estadual de Prevenção e Controle da Poluição FECOP. Este contrato contém as obrigações assumidas, os prazos e os percentuais do valor total devido pela realização de cada atividade prevista no Plano de Ação cujo modelo consta nos editais de chamada pública. Por sua vez, o contrato terá prazo de vigência mínima de um ano e máxima de cinco anos 132. Agentes Envolvidos O projeto é coordenado pela Coordenadoria de Biodiversidade e Recursos Naturais - CBRN, e executado pela Fundação para a Conservação e a Produção Florestal do Estado de São Paulo Fundação Florestal (FF), vinculada à Secretaria de Estado de Meio Ambiente. Os possíveis beneficiários são os proprietários de imóveis que estejam adequados à legislação ambiental ou estejam em processo de adequação. Esses imóveis precisam estar em uso e devem estar devidamente averbados como Reservas Particulares do Patrimônio Natural RPPNs. A seleção dos beneficiários é realizada por meio de Edital Público contendo os requisitos necessários para participação, os critérios de elegibilidade e seleção 133. Arranjos Institucionais Para execução do CAP/RPPN o CBRN deve manifestar-se acerca da adequação ambiental dos imóveis interessados em participar do projeto e acompanhar e monitorar o desenvolvimento dos trabalhos. Já a FF, o órgão executor da política, tem a função de estabelecer os critérios de prioridade de aplicação dos recursos (conforme indicado na Resolução SEMA nº 89/2013), monitorar a execução do Plano de Ação de cada RPPN, com a realização de vistorias em campo e é responsável por prestar informações sobre o projeto 134. Fonte de Recursos O CAP/RPPN é financiado pelo Fundo Estadual de Prevenção e Controle da Poluição FECOP, que foi instituído pela Lei nº de 18 de junho de Esse 132 Art. 9º, 2º Resolução SEMA nº 89/ Os critérios de seleção para chamada pública do CPA/RPPN estão descritos no artigo 2º da Resolução SMA nº 89/ Art. 1º, 3º, Resolução SEMA nº 89/

379 fundo tem o objetivo de apoiar, incentivar e financiar projetos relacionados ao controle, preservação e melhoria das condições ambientais no Estado. As receitas financeiras do FECOP poderão advir de diversas fontes, dentre as quais encontram-se: (i) dotações ou créditos específicos, consignados no orçamento Estatal; (ii) transferências dos saldos e aplicações de outros fundos estaduais/ subcontas; (iii) retorno de operações de crédito contratadas com órgãos ou entidades da administração direta ou indireta, consórcios intermunicipais, concessionários de serviços públicos e empresas privadas 135. É possível verificar o montante previsto para o financiamento dos projetos ambientais do Fundo Estadual de Prevenção Controle da Poluição (FECOP) entre os exercícios de 2013 e 2015, através da análise das Leis Orçamentárias Anuais do Estado de São Paulo, conforme tabela 82 a seguir. Tabela 82: Montantes previstos para o Financiamento de projetos Ambientais do Fundo Estadual de Prevenção Controle da Poluição (FECOP) constantes nas Leis orçamentárias anuais do Estado de São Paulo, 2013 a Ano Montante (em R$) , , , ,00 Fonte: Elaboração própria a partir da LOA 2012; LOA 2013; LOA 2014; LOA A tabela 82 aponta que a previsão de disponibilização de recursos provenientes do FECOP, destinados aos projetos ambientais, caíram consideravelmente, entre 2014 e Essa redução pode deflagrar o desprestigio da temática no planejamento governamental ou ainda uma situação de baixa capacidade orçamentaria do Estado em meio à crise fiscal que assolou o país em De qualquer modo, é sabido que nem todo recurso do FECOP é utilizado para as ações de pagamentos por serviços ambientais. Até o momento (janeiro 2015) está sendo executado o primeiro edital de seleção para os proprietários de RPPN com interesse em participar do projeto, com o montante total de R$ ,00. Entretanto, neste valor não estão incluídos os custos com a administração, implementação e monitoramento do projeto, mas apenas o benefício a ser pago para os participantes. 135 Art. 2º, Lei nº de 18 de junho de

380 Pagamento aos beneficiários O valor do pagamento por serviço ambiental para cada beneficiário será calculado considerando a extensão e as características ambientais das áreas e as ações realizadas pelos proprietários, tendo como referência a equação 19 abaixo, definida no anexo da Resolução 89/2013: Equação 19. PSA (RPPN) = VRA (ha) x [CLASSE(a) x Ca(a) + CLASSE(b) x Ca(b)...] Onde: PSA (RPPN) é o Valor do Pagamento por Serviço Ambiental para cada Reserva Particular do Patrimônio Natural. VRA (ha) é o Valor de Referência Anual por hectare, calculado considerando a importância da área para a conservação e as ameaças a que está exposta. CLASSE é a área total da RPPN dividida por classes de tamanho. O limite máximo da CLASSE será definido em edital. Cada CLASSE é multiplicada pelo respectivo Ca. Ca é o Coeficiente de Área, a ser definido nos editais de chamada pública. Cada CLASSE tem um coeficiente de área (Ca). De acordo com informações da Fundação Florestal 136, no que se refere ao Coeficiente de área (Ca) quanto maior a área, menor é o valor do hectare e vice-versa. Essa decisão foi considerada importante para que fosse possível otimizar os recursos e considerar o ganho de escala de áreas maiores. Por sua vez, O cálculo do VRA (ha) é a primeira etapa para definir o valor a ser pago por RPPN. Esse fator é estabelecido da seguinte maneira: Equação 20. VRA (ha) = Cv x UFESP x Fator RPPN 136 Entrevista por telefone com Oswaldo Bruno, coordenador do Programa RPPN Paulistas, em 20/01/

381 Onde: Cv é o Coeficiente de valoração a ser definido nos editais de chamada pública; tem a finalidade de ajustar o valor e a distribuição dos recursos. UFESP é a Unidade Fiscal do Estado de São Paulo do ano em questão. Fator RPPN é o Fator de importância que varia de 0,2 (RPPN com conectividade baixa, classes 1 a 3, e vegetação secundária) a 1 (RPPN localizada no bioma cerrado). Segundo fórmula a seguir: Equação 21. Fator RPPN = [(F imp) + (F am) / 4] + 1 Onde: F imp é fator importância ou grau de importância para a conservação da biodiversidade, obtido pelo enquadramento da RPPN, através de perguntas e respostas, em uma característica ambiental determinada. F am é fator ameaça, que quantifica o esforço do proprietário em proteger e/ou mitigar danos aos serviços ambientais prestados pela RRPN. Varia de 0 (nenhuma ameaça) a 1 (todas as ameaças). A partir da observação dos cálculos acima, é possível afirmar que não há um valor fixo a ser pago por proprietário. O valor vai depender de todos os resultados das equações apontadas, bem como do montante total a ser disponibilizado pelo Edital para a implementação da política pública. Cabe destacar que os valores a serem pagos no último ano de execução do projeto poderão ser majorados em 20% (vinte por cento) caso o proprietário, além de cumprir as obrigações descritas no contrato, execute pelo menos uma das seguintes ações: (i) homologue a RPPN como Área de Soltura e Monitoramento de Animais Silvestres nos termos da lei e/ou; (ii) construa um Plano de Manejo da RPPN aprovado pelo órgão competente. 381

382 Em outubro de 2013 foi publicado o primeiro edital de seleção de Reservas Particulares do Patrimônio Natural do Projeto CAP RPPN 137. Neste edital, como já mencionado, foi destinado um montante total de R$ ,00, para ser utilizado em cinco anos para o pagamento por serviços ambientais aos proprietários de RPPN selecionados. Assim, foram contratadas 11 RPPNs, perfazendo uma área total de 1.859,94 ha. De acordo com os cálculos estabelecidos, a menor parcela paga para um proprietário de RPPN por ano é de R$ 8.000,00 e a maior parcela é de R$ ,00 a R$ ,00 por ano. Ou seja, para as menores RPPNs que foram selecionadas para participar do primeiro Edital (com 25 hectares) o valor anual do pagamento será de aproximadamente R$ 300,00 por hectare. Nas maiores propriedades que fazem parte do CAP/ RPPN, com cerca de 600 hectares, o valor por hectare é de R$ 90,00 por ano. Esses resultados apontam para o pagamento de aproximadamente R$200,00 por hectare por ano. De acordo com informações da Fundação Florestal 138, em janeiro de 2016 o projeto já estava na segunda parcela do pagamento para os proprietários das RPPNs selecionados pelo primeiro edital, lembrando que o contrato estabelecido foi de cinco anos (com cinco parcelas a serem pagas no total). Em novembro de 2015 foi lançado o segundo edital do projeto 139 que até janeiro de 2016 estava em fase de análise das propostas recebidas. A Fundação Florestal 140 informou que foram recebidas oito propostas para este edital, que tem um montante total de R$ ,00, a ser dividido em cinco anos pelos proprietários de RPPNs que serão selecionados. A tabela 83 abaixo aponta quanto o Estado empenhou até início de 2016 com o projeto CAP/ RPPN: Tabela 83: Montante empenhado pelo Estado de São Paulo para a realização do Projeto CAP/RPPN, janeiro Edital Ano Prazo do programa Valor a empenhado EDITAL nº Outubro de anos R$ ,00 01/2013/CAP/RPPN EDITAL nº Novembro de anos R$ ,00 02/2015/CAP/RPPN 137 Governo do Estado de São Paulo. Edital nº 01/2013/CAP/RPPN. 138 Entrevista por telefone com Oswaldo Bruno, coordenador do Programa RPPN Paulistas, em 20/01/ Governo do Estado de São Paulo. EDITAL nº 02/2015/CAP/RPPN 140 Entrevista por telefone com Oswaldo Bruno, coordenador do Programa RPPN Paulistas, em 20/01/

383 Total R$ ,00 Fonte: Elaboração própria. A tabela 83 aponta que foram empenhados pelo Governo de São Paulo R$ ,00 para o pagamento por serviços ambientais provenientes de RPPNs no Estado. Esse montante é significativo e pode garantir ao todo 7 anos de proteção dessas áreas. Entretanto, deve-se enfatizar a queda de aproximadamente 53% nos recursos empenhados para o projeto, entre 2013 e 2015, sendo que o segundo edital só enfocava as propriedades localizadas em 4 Unidades de Gerenciamento de Recursos Hídricos (UGRHI) 141, enquanto o primeiro edital abrangia todo o Estado. Programa Mina D Água I. Origem do Projeto A Secretaria de Estado do Meio Ambiente estabeleceu por intermédio da Resolução SMA Nº 123/2010, as diretrizes para a execução do Projeto Mina D água - Projeto de Pagamento por Serviços Ambientais, na modalidade proteção de nascentes, no âmbito do Programa de Remanescentes Florestais. Esse projeto tem como objetivo remunerar os produtores rurais que preservarem nascentes existentes dentro de suas propriedades. Etapas do Projeto O projeto será implementado em etapas, sendo a primeira (chamada aqui de Mina D Água I) destinada à aferição das metodologias e estratégias de implementação. Essa etapa foi iniciada em 2010, com o estabelecimento da Resolução Nº 123/2010, e tem a previsão de se encarrar em Desta maneiram o projeto Mina d Água II vem sendo desenvolvido pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente, com vistas a começar em breve. Serviços Ambientais Para o projeto Mina D Água I são serviços ambientais as ações voltadas à proteção de nascentes localizadas em mananciais de abastecimento público. São 141 UGRHI 01 Mantiqueira; UGRHI 02 - Paraíba do Sul; UGRHI 05 - Piracicaba, Capivarí e Jundiaí; UGRHI 06 - Alto Tietê (Edital nº 02/2015/CAP/RPPN). 383

384 incluídos ainda os serviços de eliminação de fatores de degradação ambiental e a eliminação de espécies competidoras. Espera-se que o projeto possa estimular o plantio de mudas de espécies nativas e monitorar as nascentes e suas áreas florestadas (Resolução SMA Nº 123/2010). O modelo de PSA adotado é o provedor-pagador, sendo beneficiários do pagamento os produtores rurais familiares provedores de serviços ambientais residentes nas áreas prioritárias. Agentes Envolvidos A execução do projeto é de responsabilidade da Coordenadoria de Biodiversidade e Recursos Naturais (CBRN), com o apoio da Coordenadoria de Recursos Hídricos (CRHi) e do Gabinete da Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo (SMA). Além disso, participam prioritariamente os Municípios vinculados aos projetos Município Verde Azul 142 e Pacto das Águas 143. Os provedores de serviços ambientais serão selecionados pelas Prefeituras Municipais, sendo preferencialmente produtores rurais familiares, contendo entre 1e 4 nascentes em sua propriedade (Resolução SMA Nº 123/2010). Arranjos Institucionais O Projeto Mina D água I é executado por meio de arranjos institucionais de cooperação entre os governos Estadual e Municipal, em conformidade com o Decreto nº /2010 e demais normas regulamentadoras. Na fase piloto do projeto estavam previstos convênios com 21 municípios, ou seja, um por Unidade de Gerenciamento de Recursos Hídricos UGRHI. Entretanto, em janeiro de 2016, apenas 5 municípios continuavam com os contratos ativos (essa informação será retomada à frente). De acordo com o 1º da Resolução SMA Nº 123/2010, os Municípios devem atender uma série de requisitos para realizar o Convênio com o Governo do Estado para a execução do Projeto Mina d água I. Entre os requisitos, faz-se necessário: 142 O Programa Município VerdeAzul (PMVA) tem o intuito de estimular e auxiliar as prefeituras paulistas na elaboração e execução de suas políticas públicas de desenvolvimento sustentável, para que seja possível medir a eficiência da gestão ambiental com a valorização da agenda ambiental nos municípios (Governo do Estado de São Paulo, s/d (a)). 143 Pacto das Águas é um Programa integrado ao Município VerdeAzul, que busca fomentar uma agenda voltada à recuperação e conservação da qualidade das águas nos municípios do Estado de São Paulo (Governo do Estado de São Paulo, s/d (b)). 384

385 I - Uma lei municipal que autorize o Poder Público a realizar pagamentos por Serviços Ambientais - PSA; II A existência de Conselho Municipal de Meio Ambiente, com participação da sociedade civil; III A existência de profissionais qualificados nos Municípios para a realização de assistência técnica e monitoramento das ações do projeto. Cabe destacar que na fase de preparação do projeto, a SMA poderá apoiar os Municípios tecnicamente, sem necessariamente realizar transferência monetárias. Além disso, os Centros Regionais da CBRN fornecerão apoio técnico aos produtores interessados em firmar Termos de Compromisso de Adequação Ambiental para Participar do Projeto Mina D água I (Resolução SMA Nº 123/2010). Fonte de Recursos A Resolução SMA Nº 123/2010 define que os municípios conveniados com o Estado poderão obter recursos do Fundo Estadual de Prevenção e Controle da Poluição FECOP para a execução do programa de PSA. Entretanto, informações da SMA 144, apontam que os recursos destinados ao projeto Mina D água I são provenientes do orçamento do Estado, como uma contrapartida do Projeto Desenvolvimento Rural Sustentável (PDRS) 145, financiado pelo Banco Mundial. Nesse caso, o FECOP faz apenas a gestão financeira da verba oferecida pelo Estado. Pagamento aos beneficiários No projeto Mina D água I o pagamento pelos serviços ambientais ocorre por meio de contrato voluntário entre o provedor de serviços ambientais e a Prefeitura Municipal, contendo os compromissos assumidos e demais condições exigidas para o efetivo pagamento pelos serviços prestados. Os prazos dos contratos devem ser de no mínimo dois e no máximo cinco anos. 144 Informações oferecidas por telefone por Tais Forte Garms, membro do Centro de Projetos de Uso Sustentável DDS/CBRN da Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo em 20/01/ O PDRS tem o objetivo de aumentar a competitividade da agricultura familiar em São Paulo, melhorando simultaneamente sua sustentabilidade ambiental (Decreto de 29 de novembro de 2010). 385

386 Os valores a serem pagos no Mina D água I pelos serviços ambientais são calculados segundo a fórmula definida na Resolução nº SMA 123/2010, no seu Anexo II: Equação 22. Valor do pagamento pelo serviço ambiental = V Ref x (F Prot + F Imp) x 0,2. Onde: V Ref é o valor de referência F Prot é o fator de proteção da nascente, que varia entre 1 e 4 pontos, conforme o estágio de regeneração da sua vegetação. Somente serão aceitas nascentes que se encontrem protegidas. F Imp é o fator de importância da nascente, que varia de 1,5 a 6, sendo a pontuação obtida pela soma de três sub-fatores: Equação 23. F Imp = Sub-fator uso + Sub-fator vazão + Sub-fator localização Onde: Sub-fator uso, varia entre 0,5 e 2 pontos, conforme a capacidade de abastecimento do manancial alimentado pela nascente. Sub-fator vazão, varia entre 0,5 e 2 pontos, conforme a vazão observada na microbacia abastecida pela nascente Sub-fator localização, varia entre 0,5 e 2 pontos, conforme a localização da nascente à montante ou à jusante da captação. O Relatório Anual do Governo do Estado de São Paulo, referente ao exercício de 2014, apontou que até sua publicação haviam sido assinados 34 contratos de PSA entre as prefeituras parceiras da Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo e os provedores do Projeto Mina d Água I, totalizando aproximadamente 917 hectares beneficiados pelo programa. 386

387 Entretanto, informações oferecidas pela SMA 146 apontam que até final de 2015 foram assinados 51 contratos em cinco municípios, a saber: Guapiara, Ibiúna, Piracaia, São Luiz de Paraitinga e Votuporanga. Esses contratos se referem à proteção de 118 nascentes, 88 hectares de área de conservação e 30 hectares de área de recuperação. As parcelas dos contratos vão de R$ 300,00 a R$ 90,00 por hectare por ano, sendo que nesses casos as propriedades devem ter ao menos uma nascente. Já os valores totais dos contratos variam entre R$ 2.170,00 e R$ 210,00 a serem pagos entre 2 e 5 anos. A tabela 84 abaixo mostra o montante empenhado pela Secretaria do Estado do Meio Ambiente a ser gasto com o projeto Mina D água I, em cada Município. Tabela 84: Valores empenhados pela Secretaria do Estado do Meio Ambiente no projeto Mina D água I, em cada Município, Município Número de Contratos (unidade) Número de Nascentes (Unidade) Número de Hectares de recuperação e conservação (ha) Montante empenhado (em R$) Valores já pagos até 2015 (em R$) Guapiara ,00 0,0 Ibiúna , ,00 Piracaia , ,00 São Luiz do ,00 0,0 Paraitinga Votuporanga , ,00 Total , ,00 Fonte: Elaboração própria A tabela 84 aponta que com o projeto Mina D água I foi empenhado pelo Governo do Estado um total de R$ ,00, entre 2010 e 2015, sendo efetivamente gasto R$14.640,00. Entretanto, deve-se enfatizar que esses montantes se referem apenas ao pagamento direto realizado para o produtor, não sendo contabilizados os gastos administrativos, de implementação e monitoramento das ações, que de acordo com técnicos da SMA 147, excederam esse valor. Além disso, esses mesmos técnicos enfatizaram que mais importante que o montante aplicado nesta primeira fase, é o teste da metodologia de sua implantação, para que as dificuldades possam ser evitadas e os acertos replicados no Projeto Mina D água II, em elaboração. 146 Informações oferecidas por por Tais Forte Garms, membro do Centro de Projetos de Uso Sustentável DDS/CBRN da Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo em 21/01/ Informações oferecidas por por Tais Forte Garms, membro do Centro de Projetos de Uso Sustentável DDS/CBRN da Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo em 21/01/

388 Dentre as principais dificuldades apontadas, está a relação institucional com os municípios. Foi destacado que as mudanças políticas municipais, com a equipe sendo desmontada a cada troca de governo, bem como o despreparo desses servidores, fazem com que ocorram descontinuidades nos acordos estabelecidos entre os entes federativos. Outra situação apontada, é que no Mina D água I não existiu um edital de seleção de propostas, mas sim foram os técnicos da Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo que escreveram os projetos para os beneficiários que lhes interessavam. A proposta é que no Mina D água II isso não ocorra e que os participantes do novo programa sejam selecionados a partir de editais. Por outro lado, entre os acertos mencionados estavam os vários cursos de capacitação oferecidos pela SMA aos servidores dos municípios integrantes do Mina D água I. Esses cursos são relevantes para auxiliar o poder público municipal a construir projetos de conservação e recuperação ambiental que atendam aos seus interesses e estejam de acordo com sua capacidade. A realização desses cursos de capacitação foi tão promissora que a SMA tem considerado que mais relevante que estar na linha de frente dos projetos é preparar o poder público municipal para desenvolvê-los e executá-los, criando novos arranjos e competências institucionais. A partir desses aprendizados, a equipe da Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo 148 está elaborando o Projeto Mina d água II. Para essa segunda etapa devem ser modificados: a forma de calcular o PSA, com a revisão dos seus valores; o escopo do projeto, não apenas com vistas a preservar as nascentes, mas também os cursos de água; e as parcerias com as prefeituras, buscando evitar as constantes descontinuidades dos projetos. A proposta é que no Mina D água II o Estado de São Paulo se posicione mais como fomentador do que executor das ações, inspirando pelo projeto produtor de água da Agência Nacional de Águas (projeto que será apontado à frente) Santa Catarina 148 Informações oferecidas por telefone por Tais Forte Garms, membro do Centro de Projetos de Uso Sustentável DDS/CBRN da Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo em 20/01/

389 A Lei nº /2009, que dispõe sobre o Código Estadual do Meio Ambiente e estabelece outras providências, institui o pagamento por serviços ambientais como instrumento econômico da Política Estadual de Meio Ambiente de Santa Catarina, devendo os critérios específicos do PSA serem definidos em norma legal 149. Por conseguinte, em 2010 foi sancionada a Lei nº /2010, que institui a Política Estadual de Serviços Ambientais e regulamenta o Programa Estadual de Pagamento por Serviços Ambientais nas modalidades (I) unidade de conversação, (II) formação vegetal e (III) água, ficando proibida a vinculação de uma mesma área de prestação de serviços ambientais a mais de uma modalidade 150. Cada modalidade, também chamada de subprograma, prevê beneficiários distintos que deverão ser previamente cadastrados. Entre os possíveis beneficiários estão os residentes de Unidades de Conservação de uso sustentável e de proteção integral, pessoas físicas ou jurídicas proprietárias de Reservas Particulares do Patrimônio Natural, agricultores familiares, comunidades tradicionais, povos indígenas, assentados de reforma agrária e/ ou ocupantes de áreas situadas em bacias hidrográficas 151. Os pagamentos por serviços ambientais prestados serão feitos com base na análise das condições do bem ambiental (a sua essencialidade dentro do bioma em que está inserido), do prestador do serviço e a sua condição social e do ganho ambiental efetivo auferido com o serviço ambiental 152. A análise destes itens e sua devida classificação estabelecerá o enquadramento dos serviços nas Classes I, II e III. A classe I recebe 100% do Valor da Unidade de Referência. A Classe II recebe 50% do Valor da Unidade de Referência. A Classe III recebe 20% do Valor da Unidade de Referência. A Unidade de Referência adotada corresponderá ao valor pecuniário equivalente a 30 sacas de milho para cada hectare/ano da propriedade, fixado conforme avaliação de preço mínimo estabelecido pela Política de Garantia de Preços Mínimos (PGPM), do Governo Federal. Nas Classes I e II será dada prioridade aos produtores e empreendimentos da agricultura familiar. O programa definido na Lei nº /2010 é gerido pelo Comitê Gestor do Programa Estadual de Pagamento por Serviços Ambientais, composto por 149 Art. 201, IV, Lei nº / Art. 6º, Lei nº / Art. 10º, 11º e 12º, Lei nº / Lei Nº /

390 representantes de instituições e empresas públicas do Estado de Santa Catarina e da sociedade civil organizada, além dos beneficiários especificados. Segundo informações 153 da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico Sustentável (SDS), atualmente a legislação em pauta está sendo analisada para que possa sofrer alterações, sendo que uma das mudanças mais significativas ocorrerá na forma de atuação do Estado. Este último passará a ter atribuição de fomentar os programas de PSA em Santa Catarina por meio de parcerias públicoprivado e público-público, e não mais será responsável por executá-los. Em 2010, foi implementando um programa estadual de PSA pelo órgão ambiental estadual licenciador, a Fundação de Meio Ambiente (FATMA). O projeto denominado Corredores Ecológicos de Timbó e Chapecó, foi desenvolvido em parceria com a Secretaria do Estado de Agricultura e Extensão Rural de Santa Catarina (EPAGRI) e a Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico Sustentável (SDS), conforme será abordado no próximo item. Corredores Ecológicos (CEs) Origem Os Corredores Ecológicos (CEs) Chapecó e Timbó foram implementados em 2010, por meio dos Decretos Estaduais nº e nº de 2010, totalizando uma área de ,95 mil km² em 34 municípios. Tais áreas conectam fragmentos de extrema relevância ecológica da Floresta Ombrófila Mista e Campos Sulinos localizados em áreas de preservação permanente, reservas legais e unidades de conservação 154. O Decreto nº 2.956/2010 especificadamente, definiu como Corredor Ecológico Timbó (CET) a região da Bacia Hidrográfica do Rio Timbó, região hidrográfica RH5 do Estado de Santa Catarina - Planalto de Canoinhas, que possui 4.997,48 Km² de extensão 155. Enquanto o Decreto 2.957/2010 deliberou como Corredor Ecológico Chapecó a região da Sub-Bacia a montante da confluência dos Rios Chapecó e Chapecozinho, chamada Sub-Bacia do Rio Chapecó, região hidrográfica RH2 - Meio 153 Coleta de dados obtidos por meio de perguntas estruturadas realizadas por nas datas de 01/10/2015 e 19/10/ Art. 1º, Decreto 2.956/2010 e art.1º, Decreto 2.957/ Art. 1º, Decreto 2.956/

391 Oeste do Estado de Santa Catarina, com 5.170,47 Km² de extensão. O mapa 72, abaixo, aponta a localização dos dois Corredores no Estado de Santa Catarina. Mapa 72: Localização dos Corredores Ecológicos (CEs) Chapecó e Timbó no Estado de Santa Catarina Fonte: Secretaria Executiva Estadual do SC Rural, Dentre os objetivos dos CEs destacam-se (i) a valoração econômica dos remanescentes florestais a partir da regulamentação de mecanismo econômico de créditos de conservação; (ii) aumento da permeabilidade da paisagem entre as Unidades de Conservação do Oeste de Santa Catarina e as Unidades de Conservação da Região Sul do Estado do Paraná e (iii) conservação e recuperação das áreas de preservação permanente da região 156. Etapas do Projeto O processo de construção do programa CEs Chapecó e Timbó ocorreu em dois momentos distintos, sendo o primeiro o processo de elaboração do Plano de Gestão e o segundo, a implementação efetiva do programa de PSA 157. Para a elaboração do Plano de Gestão dos CEs foram realizadas 5 oficinas de trabalho e 18 reuniões setoriais tanto no CE Timbó quanto no Chapecó. 156 Art. 2º, Decreto 2.956/2010 e art.2º, Decreto 2.957/ SILVA et al,

392 Durante a elaboração do Plano de Gestão do CE Chapecó, a Fundação do Meio Ambiente (FATMA) - órgão gestor dos CEs - propôs a criação de um Sistema de Créditos de Conservação (SICC). Por sua vez, essa proposta foi integrada ao Programa Santa Catarina Rural, devendo ser implementada entre 2012 e Segundo Alarcon (2014) os créditos de conservação poderão ser comercializados, sendo estes títulos lastreados em áreas públicas e privadas de florestas conservadas, florestas em processo de recuperação ou ainda em mudanças de atividades agrícolas para ações menos danosas ao meio ambiente. Cabe destacar que a estrutura jurídica, bem como o modelo de gestão do SICC ainda não foram definidos. Na segunda etapa, foram realizadas oficinas técnicas com os representantes das instituições parceiras e outras interessadas nos seguintes temas: (i) conservação da biodiversidade, (ii) definição de Corredores Ecológicos desenvolvidos no Estado e (iii) alternativas para a implementação dos CEs Chapecó e Timbó. Essas oficinas tinham como objetivo capacitar e sensibilizar diferentes atores para a formação de multiplicadores locais. Adicionalmente, também foram realizadas reuniões com diversas comunidades inseridas nas zonas prioritárias do programa de PSA. Em suma, para implementação dos CEs Timbó e Chapecó como um todo foram desenvolvidas nove estratégias operacionais, a saber: (i) Desenvolvimento e estruturação do Cadastro de Áreas de Estoque Incremental Florestal (CADEF); (ii) Definição do modelo de gestão e governança do sistema de créditos de conservação; (iii) Criação da Gestão administrativa e técnica dos corredores; (iv) Formação do capital semente; (v) Estruturação e implantação de sistemas de integração econômicaecológica (SIEE); (vi) Averbação de Reservas legais, recomposição de Matas Ciliares e APPs; (vii) Estruturação dos conselhos gestores; (viii) Monitoramento da implantação dos corredores, (ix) Difusão e capacitação ALARCON, Secretaria Executiva Estadual do SC Rural/Microbacias 3. Manual Operativo do SC Rural Gestão de Ecossistemas (Corredores Ecológicos), Disponível em: < Acesso em: 22/01/

393 Segundo a FATMA, as ações de implementação do programa de PSA tiveram seu início efetivo no segundo semestre de 2014, sendo os primeiros pagamentos realizados em dezembro de Serviços Ambientais São considerados serviços ambientais no regime da Lei N /2010, as funções ecossistêmicas desempenhadas pelos sistemas naturais que resultam em condições adequadas à sadia qualidade de vida, constituindo serviços de aprovisionamento e/ou serviços de suporte e regulação. O modelo de PSA adotado é o usuário-pagador, por meio de adesão voluntária, incentivando, através de um sistema de créditos de conservação, aqueles que praticarem ações de preservação conservação, manutenção e melhoraria dos ecossistemas que geram serviços ambientais ligadas aos CEs Timbó e Chapecó, seguindo-se critérios de elegibilidade. Para habilitação ao programa os interessados deverão encaminhar Manifestação de Interesse para a Secretaria Executiva Regional SER do Programa SC Rural. Silva et al. (2015) destacam que esse documento deverá conter os dados do proprietário e das áreas naturais, com identificação de pelo menos um ponto de coordenada da área natural conservada e/ou da APP de mata ciliar que será recuperada, para conferência via Cadastro de Área de estoque Incremental Florestal. Considerando os critérios de priorização de seleção das propriedades proponentes serão considerados elegíveis: (i) proprietários rurais que possuem estoque incremental florestal (áreas fora de APP e RL); (ii) proprietários rurais que possuem áreas naturais conservadas relevantes para conectividade mesmo que em áreas de APP; (iii) proprietários rurais que se propõe a recuperar APP de mata ciliar em áreas consideradas relevantes para conectividade de áreas naturais; (iv) proprietários rurais possuidores de RPPN ou residentes em área de amortecimento de UC; (v) agricultores familiares participantes do Sistema de Integração Econômico Ecológico - SIEE. 160 Informações obtidas por , em 05/02/2016, junto a Coordenadora do Subcomponente Gestão de Ecossistemas SC Rural FATMA, Shigueko T. Ishiy. 393

394 Agentes Envolvidos Dentre os agentes envolvidos, além dos proprietários rurais, destacam-se o poder público estadual e agentes privados por meio de parcerias público-privada. Quanto ao Poder Público, enfatiza-se que o programa é coordenado pela Fundação do Meio Ambiente (FATMA) em parceria com a Secretaria do Estado de Agricultura e Extensão Rural de Santa Catarina (EPAGRI) e Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico Sustentável (SDS). A EPAGRI possui extensionistas rurais em 34 municípios dos Corredores Ecológicos, o que torna a parceria um facilitador na promoção e controle do programa. Em contrapartida, no que tange a parceria público-privada, foi realizado um convênio técnico um a Fundação Grupo o Boticário de Proteção à Natureza que apoiou tecnicamente os gestores estaduais e disponibilizou a metodologia Oásis. Arranjos Institucionais Para consecução do programa se faz necessário a criação de normas e parcerias institucionais, devendo a política de gestão dos CEs Timbó e Chapecó serem estabelecidas através de estatuto próprio e criação do seu plano de gestão. Quanto as parcerias institucionais a FATMA poderá firmar termo de cooperação técnica com organismos governamentais e não-governamentais para fins de promoção do programa de PSA. Fonte de Recursos Considerando a necessidade de financiamento das ações do Programa Estadual de Serviço Ambiental (PEPSA) foi criado o Fundo Estadual de Pagamento por Serviços Ambientais (FEPSA), por meio da Lei /2010. Dentre as fontes de recursos para a constituição do FEPSA estão: (i) mínimo de 30% dos recursos oriundos da Taxa de Fiscalização Ambiental do Estado de Santa Catarina devidos à FATMA; (ii) doações; (iii) 2% dos recursos oriundos do Fundo Especial do Petróleo; e (iv) mínimo de 30% da parcela destinada à SDS dos recursos oriundos da cota parte da compensação financeira dos recursos minerais. No entanto, atualmente (Fevereiro de 2016) para o programa de PSA CEs Timbó e Chapecó estão sendo utilizados recursos financeiros aportados pelo Banco Mundial no 394

395 Fundo de Investimentos Sustentáveis (FIS) locado no Fundo de Desenvolvimento Rural FDR. Tais recursos denominados de capital semente totalizam o montante US$ ,00 e, possuem o objetivo de iniciar o mercado dos créditos de conservação no Estado 161. Alarcon (2014) destaca que a ideia inicial é que o capital semente seja precursor no desenvolvimento do mercado dos créditos de conservação para, posteriormente, os pagamentos dos beneficiários do programa de PSA serem realizados pelo Sistema de Créditos de Conservação (SICC), a partir de recursos financeiros arrecadados no mercado. Os recursos do capital semente serão administrados pelo Fundo de Desenvolvimento Rural (FDR), no âmbito do Programa SC Rural, cujo objetivo seja o pagamento dos (i) agricultores familiares; (ii) agricultores familiares que estejam participando de grupo de projeto estruturante; (iii) aqueles agricultores familiares que integrem organizações de produtores; (iv) agricultores familiares residentes em área de amortecimento de UCs; (v) propostas feitos em grupo pelos agricultores familiares 162. Conforme se verifica na tabela 85, abaixo, foi investido no programa CEs Timbó e Chapecó, entre 2011 e 2015, um montante de R$ ,59 163, sendo que o maior valor foi pago em Tabela 85: Valores investidos no Programa CEs Timbó e Chapecó entre 2011 e 2015 Ano Agrupamento Dotação Inicial Dotação Atualizada Empenhado Pago 2011 Consolidado , , , , Consolidado , , , , Consolidado , , , , Consolidado , , , , Consolidado , , , ,14 Total: , , , ,59 Fonte: Elaboração própria a partir de dados do portal da transparência do Estado de Santa Catarina, em 07/01/ ALARCON, Secretaria Executiva Estadual do SC Rural/Microbacias 3, Valores obtidos através da análise do Portal Transparência. Disponível em: < Acesso em: 07/01/

396 Pagamento aos beneficiários Os pagamentos aos beneficiários acontecem por meio do enquadramento dos serviços ambientais prestados em duas modalidades específicas, sendo elas: (i) Recuperação de Mata Ciliar, que apoia pequenos proprietários rurais que possuem Área de Preservação Permanente (APP) de mata ciliar a ser recuperada; (ii) Premiação por Conservação, que compensa financeiramente por áreas naturais na pequena propriedade rural 164. Os proprietários que possuem mata Ciliar em sua propriedade a ser recuperada podem fazer jus as duas modalidades de PSA no primeiro ano. Silva et al (2015) mostra que no PSA de Recuperação de Mata Ciliar, os produtores rurais podem receber até R$ 1.200,00 de recursos para adequação ambiental, em uma única vez, para realização de ações específicas de recuperação da mata ciliar (p.ex. construção de cercas, compras de mudas), com exigência de uma contrapartida de 20% do Proprietário. Cabe destacar que haverá o monitoramento das áreas de APP de mata ciliar inseridas no processo de recuperação. Em contrapartida, na modalidade de Premiação por Conservação os pagamentos acontecem através da celebração de contrato específico, sendo que em 2015 os valores pagos pela preservação das áreas ficaram entre R$ 87,50 e R$ 350,00 por hectare/ano, em conformidade com a qualidade ambiental da área. Os beneficiários podem ter uma área d até 3 hectares, e o contrato pode ser renovado por até três anos. Para a elaboração da base de cálculo dessa modalidade de PSA, houve uma adaptação da metodologia do Programa Oásis, desenvolvida pela Fundação Grupo Boticário de Proteção da Natureza. Essa metodologia leva em consideração a qualidade ambiental das áreas naturais, além dos aspectos relacionados com o uso e gestão da propriedade rural. Assim, para o cálculo do valor de PSA a ser pago é utilizado como referência à equação 24, abaixo 165 : Equação 24. Valor PSA = X* 1 + (N1 + N2 + N3)*Z 164 SILVA et al., SILVA et al.,

397 Onde: X = valor base da fórmula, o qual considera o percentual de 25% do valor máximo a ser pago por hectare ano. Considerando que o valor máximo a ser pago estipulado no Manual Operativo do Programa é de R$ 350,00, o X será igual a R$ 87,50. N = valor da nota atribuída a cada propriedade em função da pontuação dos itens da tábua de cálculo. Essa nota faz é considerada uma forma de compensação pelos serviços ambientais e uma bonificação para os proprietários com práticas agrícolas adequadas. Z = área natural da propriedade (em hectare). O pagamento da parcela inicial somente será liberado para o beneficiário após a emissão do: (i) Laudo Técnico de vistoria inicial; (ii) Termo de subvenção firmado entre o proprietário e Fundo Estadual de Desenvolvimento Rural - FDR ; e (iii) Proposta de Apoio devidamente assinada. Vale destacar que para a elaboração e assinatura do Termo de Subvenção os proprietários rurais devem apresentar a matrícula do imóvel, CPF e conta bancária. Os pagamentos posteriores serão realizados anualmente após a emissão da declaração de conformidade contratual pelo proprietário (auto declaratória) e do Laudo Técnico de Monitoramento das propriedades participantes, sendo que as propriedades declaradas em conformidade contratual poderão ser vistoriadas por amostragem. Para a continuidade no recebimento do pagamento o proprietário deverá manter as áreas naturais conservadas na íntegra, devendo tais áreas serem vistoriadas anualmente. Segundo informações obtidas junto a FATMA, até fevereiro de 2016 foram beneficiados pelo programa 55 proprietários rurais e preservados 168,73 hectares. Até a presente data (fevereiro de 2016), os valores pagos pelo Estado de Santa Catarina aos beneficiários dos CEs Timbó e Chapecó totalizam R$ ,33. Vale destacar que este montante refere-se apenas aos gastos com os valores efetivamente pagos, não considerando, portanto, os custos com a implementação e monitoramento do programa Dados coletados por no dia 05/02/

398 Metas O programa foi criado com a meta de recuperar aproximadamente ha, de áreas naturais distribuídos entres os CEs de Chapecó e Timbó Sobre os Projetos Estaduais Dada a abrangência das legislações estaduais, foram pesquisados e analisados os projetos até então executados por esses entes federativos. Como mencionado anteriormente, apenas três dos dez estados que já possuem leis que tratam de PSA no Brasil não possuem projetos em andamento: Bahia, Paraíba e Paraná. Nesse último estado, porém, em janeiro de 2015, foi publicada uma resolução da Secretaria Estadual do Meio Ambiente que estabelece as normas para os projetos de Pagamentos Por Serviços Ambientais relacionados às Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs). Apesar da resolução publicada o projeto ainda não foi iniciado. A perspectiva é que seu primeiro edital seja divulgado em março de Os outros sete estados que já possuem legislações sobre o PSA têm projetos ativos. Esses projetos foram analisados individualmente e agora são relacionados, com vistas a apontar suas características, problemas e similaridades. Buscou-se enfocar, principalmente, o seu funcionamento, as formas de financiamento, beneficiários e a área preservada. Acredita-se que com essa pesquisa seja possível ter um melhor panorama das ações de PSA realizadas atualmente no Brasil, dimensionado os recursos aplicados em cada estado, os benefícios estabelecidos e o alcance do programa. A tabela 86 aponta o resultado da análise dos programas estaduais. Tabela 86: Resultado da análise dos programas estaduais, Brasil, valores acumulados. 167 Informações extraídas do portal eletrônico da FATMA. Disponível em: < Acesso em: 05/01/ Agência de Notícias do Paraná. Governo edita regras para Pagamento Por Serviços Ambientais. Paraná 05/01/2016. Disponível em: Pagamento-Por-Servicos-Ambientais&ordem=1000. Acessado em fev

399 Estado Acre 169 Programa/Projeto Certificação de Unidades Produtivas Familiares Período analisado Amazonas Bolsa Floresta Espirito Santo Minas Gerais Rio de Janeiro São Paulo Reflorestar 2011 (Início dos pagamentos 2013) Bolsa Verde PRO-PSA GUANDU CAP-RPPN Serviços Ambientais Pagamento aos Beneficiários Uso sustentável dos recursos naturais - florestas Uso sustentável dos recursos naturais - florestas Uso sustentável dos recursos naturais - florestas Uso sustentável dos recursos naturais - florestas Preservação dos recursos hídricos Conservação de remanescentes florestais Varia entre R$500 e R$600 por ano por propriedade, independentemente do número de hectares. R$ 50,00 por mês por família (independentemente do seu número de hectares) e outros benefícios para a comunidade e associações. Varia entre R$ 340,00 e R$ 2.866,24 por ano por hectare. R$ 200,00 por hectare por ano. Varia entre R$ 10,00 e R$ 60,00 por hectare por ano Em média R$ 200,00 por hectare ao ano. Beneficiários (Unidade) (Indivíduos) (Indivíduos) (Proprietários) (Proprietários) 70 (Proprietários) Montante gasto (Unidade R$) Hectares preservados ,00 Não se aplica ,00 Não se aplica , , , (RPPNs) , Optou-se por trazer apenas os dados do programa Certificação de Unidades Produtivas Familiares, pois as informações do ISA Carbono ainda são incipientes, não sendo capazes de estabelecer uma comparação adequada. 170 De acordo com o Portal de transparência do Espirito Santo, o valor gasto com o programa, entre 2013 e 2015 foi de R$ ,59. Contudo, aqui optou-se por trazer a informação obtida com a Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídrico do Estado, de que os custos com o programa no período chegaram a 30 milhões de reais. 171 Optou-se por apontar nesta tabela o valor acumulado informado pelo INEA, 2015 (ver tabela 15). 172 Nesta tabela está indicado apenas o edital em execução. 399

400 Santa Catarina Total Mina D'água Proteção de nascentes Corredores Ecológicos programas Fonte: Elaboração Própria atualidade Uso sustentável dos recursos naturais - florestas Recursos florestais e hídricos Varia entre R$ 90,00 e R$ 300,00 por hectare por ano Varia entre R$ 87,50 até R$ 350 por hectare/ano Varia entre R$ 10,00 e R$ 2.866,24 por ano por hectare 51 (propriedades) ,00 55 (propriedades) , beneficiários e 117 propriedades , nascentes; 110 hectares 169 hectares hectares 400

401 Como é possível observar na tabela 86, os programas estaduais de PSA são recentes no país, tendo se iniciado entre 2008 e É possível afirmar que atualmente (fevereiro de 2015) novos projetos estão sendo iniciados, mas como ainda não foram obtidos dados e resultados concretos relacionados à sua implementação, eles não foram abordados neste trabalho. Sendo experiências recentes, esses programas trazem uma série de problemas e aprendizados que, se compartilhados, podem auxiliar outros estados e municípios no país que queiram atuar nesta área, bem como podem trazer questões que devem ser levadas em conta no momento da construção da política nacional. Sobre os serviços ambientais, verifica-se que o uso sustentável dos recursos naturais, com a conservação das florestas e seus remanescentes, é a preocupação da maioria dos programas ativos de PSA no país. Entretanto, dois Estados estão especificamente preocupados com a proteção das nascentes e a preservação dos recursos hídricos, respectivamente, São Paulo e Rio de Janeiro. Em São Paulo a preocupação com o abastecimento de água se tornou frequente após as crises hídricas. Nos anos recentes a quantidade de chuvas vem declinando e os reservatórios estão com níveis de água abaixo do recomendado. Desta maneira, ações governamentais para preservar as nascentes e garantir o abastecimento de água da população não são apenas bem vistas, como são consideradas imprescindíveis, fortalecendo o PSA no Estado. Já o Rio de Janeiro, apesar de não ter sofrido tanto quanto seu vizinho (estado de São Paulo) com a crise hídrica, utiliza os recursos advindos da cobrança pela água para investir na própria bacia. Essa iniciativa busca preservar os rios, evitar seu assoreamento e a falta d água para a população. O valor mínimo pago por hectare ao ano é R$ 10,00 no Rio de Janeiro (PSA de conservação) e o valor máximo é de R$ 2.866,24 no Espirito Santo (PSA Recuperação). Contudo, nem todos os programas pagam por hectare. Existem aqueles que pagam por produtor, nesse caso, os valores ficam entre R$ 500,00 e R$ 600,00 ao ano, independentemente do número de hectares. Esse tipo de pagamento é encontrado principalmente nas iniciativas existentes no Acre e Amazonas. Isso porque as características geográficas e socioeconômicas destes estados impelem para o pagamento às famílias que protegem os serviços ambientais. Nestes municípios o módulo fiscal Os módulos fiscais são unidades de medida de área (expressas em hectares), fixadas diferentemente para cada município no Brasil, tendo em conta as particularidades locais (Art. 50, Lei 6746/79). 401

402 varia entre 80 e 100 hectares, ou seja, caso fosse realizado o pagamento por hectares e não por família, o custo do programa seria muito mais alto. O número de provedores de serviços ambientais beneficiados pelos programas estaduais é apresentado de maneira distinta por cada projeto. Há alguns programas que apontam o número de indivíduos favorecidos com os projetos de PSA, outros apontam o número de propriedades (como é o caso dos Estados de São Paulo e Santa Catarina). Mas independentemente do número de beneficiados pelo programa é importante conhecer a quantidade de hectares preservados. Ao todo, com os programas estaduais foram preservados ou restaurados mais de 76 mil hectares. O estado que conseguiu preservar mais hectares com o seu programa de PSA foi Minas Gerais, que garantiu a manutenção de hectares. Já o estado que, até o momento, obteve menores resultados com relação aos hectares preservados foi Santa Catarina. Contudo, o programa de Santa Catarina ainda está sendo implementado e tem uma expectativa de preservar 950 hectares até o final de Nos casos do Acre e Amazonas a medida de hectares preservados por programa não se aplica, pois eles são realizados com residentes de Unidades de Conservação. As unidades de conservação são espaços territoriais, legalmente instituídos pelo Poder Público brasileiro, que não devem ser desmatadas, mas que em alguns casos admitem o uso sustentável dos recursos, conciliando a presença humana nas áreas protegidas. Desta maneira, não seria adequado falar de hectares preservados, pois toda a unidade de Conservação, na qual os beneficiários dos programas residem, devem ser preservadas. A maioria dos projetos tem foco nos agricultores familiares, porém existem várias dificuldades para efetuar os pagamentos a esses produtores. Muitos agricultores no país não possuem o título de propriedade da terra vivem na mesma, mas não tem como comprovar a sua posse. Essa é uma das grandes dificuldades do programa, pois sem um documento que comprove a propriedade oficial da terra, o Estado não tem segurança jurídica para estabelecer um acordo com os provedores dos serviços ambientais. Alguns programas vêm tentando flexibilizar essa exigência, aceitando documentos dos mais distintos (como declaração de posse mansa e pacífica, declaração de vizinhança, entre outros), dado que os agricultores familiares, principalmente aqueles residentes das regiões mais pobres do país, não possuem a propriedade de fato da terra. Essa adaptação das exigências se faz necessária, pois assim os programas de PSA estariam contribuindo para a melhoria socioambiental das regiões, como também atenderiam a determinação do 7 do artigo 41 do código florestal (Lei nº , de 402

403 2012), de que os pagamentos por serviços ambientais devem ser prioritariamente destinados aos agricultores familiares. Em adição, alguns desses agricultores, não possuem documentos como registro civil, cadastro de pessoa física, entre outros, o que dificulta a abertura de contas em bancos para que eles recebam os pagamentos por serviços ambientais. Essas situações precisam ser consideradas pelos gestores dos programas, principalmente das regiões mais pobres, pois como se tratam de programas estaduais que implicam em pagamento governamental a particulares por um serviço, devem atender as normas da administração pública e os requisitos de accountability e transparência. Na experiência de Santa Catarina, o órgão gestor do programa - FATMA - constatou que um dos maiores obstáculos à sua implementação se refere ao temor dos proprietários sobre as vistorias nas propriedades, uma vez que muitas não estão adequadas ambientalmente. Esse temor é oriundo da confusão existente entre a vistoria para habilitação no programa de PSA e a fiscalização ambiental, o que é compreensível dado ao Poder de Polícia do Estado 174 e as consequentes penalizações relacionadas á inadequação ambiental. Dessa forma, na elaboração das diretrizes e normas que regem o programa de PSA devem ser levados em consideração prazos para adequação das propriedades que estão em processo de análise e habilitação nos programas. Esses prazos devem ser elaborados em consonância com o ordenamento jurídico vigente. Nesse contexto, a política nacional de PSA terá um papel fundamental na salvaguarda desses proprietários e na atuação do Poder Público como agente fiscalizador. No que se refere à gestão dos programas, em geral, os custos de monitoramento e fiscalização das áreas são altos, até mais caros que o pagamento direto aos provedores dos serviços ambientais. Isso porque todos os anos, antes do pagamento referente ao número de hectares preservados ou restaurados, os funcionários do governo estadual precisam fiscalizar se as atividades acordadas foram realizadas. O monitoramento e fiscalização são custosos, sendo necessário contabilizar o valor do transporte até as propriedades, o tempo para a entrega e registro dos documentos, o trâmite burocrático 174 O conceito de polícia na esfera ambiental é, essencialmente, um conceito jurídico-administrativo que faz referência à atuação dos órgãos ambientais e a sua função fiscalizadora e controladora. (ANTUNES, 2012) Ademais esse Poder de Polícia é inerente à Administração Pública, sendo segundo Carvalho Filho (2013) a prerrogativa de direito público que, calcada na lei, autoriza a Administração Pública a restringir o uso e o gozo da liberdade e da propriedade em favor do interesse coletivo. 403

404 para a validação dos resultados, além da relação institucional entre os diferentes órgãos envolvidos no programa. Ademais todos os programas exigem a elaboração de projetos de recuperação ou manutenção das áreas que participarão dos mesmos, o que demanda um grande volume de recursos com assistência técnica. Isso porque, como os programas em geral buscam privilegiar a participação dos agricultores familiares que possuem poucos recursos para a construção dos projetos, é necessária a interferência de técnicos, pagos pelo poder público estadual, que possam auxiliá-los. Visto as dificuldades por que passam os estados e as responsabilidade que recaem sob suas secretarias e recursos humanos na gestão dos projetos, dois estados já estão repensando a sua atuação nos Programas de PSA. Santa Catarina e São Paulo estudam maneiras de alterar as regras dos programas para que eles desempenhem mais um papel de fomentador do que de executor. Os casos desses estados alertam para a importância dos municípios na realização de políticas localizadas. Esse último ente federativo tem um papel fundamental na ponta dos programas, informando os possíveis beneficiários, prestando assistência técnica e colaborando com o monitoramento e fiscalização - o que mostra a necessidade de uma articulação e cooperação entre estados e municípios para a implementação e o sucesso do PSA. Contudo, os próprios casos mostraram que há uma dificuldade em fechar tais acordos, dado as mudanças políticas nos municípios que provocam uma descontinuidade dos programas e o pouco preparo dos funcionários municipais. Além disso, não é possível deixar de mencionar as dificuldades relacionadas a um país federalista, com entes autônomos e conflitos políticos advindos das disputas partidárias. O próximo item irá apresentar os principais projetos municipais relacionados ao pagamento por serviços ambientais realizados no Brasil. Entende-se que o país tenha mais de municípios, com legislações, orçamentos e administrações próprias e isso dificulta o levantamento de todas as iniciativas. Além disso, sabe-se que os projetos de PSA são muito dinâmicos, com alteração constante nas leis, órgãos e atores envolvidos, montante dedicado, entre outros fatores passíveis de mudanças. Desta forma, optou-se por enfocar duas grandes propostas de ação que estão presentes em vários municípios, e cujas experiências vêm sendo bemsucedidas. São eles o Oásis, idealizado pela Fundação Boticário, e o Programa Produtor de Água, desenvolvido pela Agência Nacional de Águas. 404

405 1.7.Projetos Municipais de Pagamentos por Serviços Ambientais Existem atualmente (fevereiro de 2016) no Brasil inúmeros projetos municipais de pagamento por serviços ambientais, implementados e em fase de implementação. Essas iniciativas possuem arranjos institucionais distintos, dado as peculiaridades e necessidades de cada região. Contudo, dois programas têm se destacado e difundido sua metodologia por várias cidades: o Oasis, da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza (FGBPN), e o Produtor a Água, da Agencia Nacional de Água (ANA). Esses programas já estão em prática há 10 anos, sendo aprimorados e disseminados em todas as regiões do país. No caso do Oásis são 09 iniciativas que estão em distintas fases de implementação, enquanto os projetos engendrados pela ANA chegam atualmente a 38 municípios. Os próximos itens irão apresentar a metodologia e os resultados da implantação destes projetos, com o objetivo de identificar, principalmente a origem de seus financiamentos Projeto Oásis A Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza (FGBPN) é uma instituição privada, sem fins lucrativos, criada na década de 1990, que tem como objetivo a promoção e realização de ações de conservação da natureza no Brasil. Dentre suas ações destaca-se o Oásis, uma iniciativa que visa estimular a conservação da natureza através de pagamentos por serviços ambientais gerados pelos proprietários de terra que conservem áreas naturais e de mananciais, além da adoção de boas práticas de uso do solo. Para tanto, a FGBPN desenvolveu uma metodologia própria capaz de atender diferentes realidades sociais, econômicas e ambientais. A fórmula padrão de cálculo dessa metodologia poderá ser adaptada de acordo as características de cada região e demais fatores que contribuam para o fornecimento dos serviços ambientais definidos em cada projeto. Agentes Envolvidos e Arranjos Organizacionais Dentre os agentes envolvidos para implantação do projeto destacam-se as entidades executoras (parceiros locais) e pagadoras, além dos proprietários rurais beneficiários dos serviços ambientais prestados. 405

406 O papel da Fundação na implantação do Oásis é acompanhar o processo de implantação e desenvolvimento do projeto de PSA, auxiliando a entidade executora na definição das áreas prioritárias, elaboração do marco legal, valoração ambiental e articulação institucional. As entidades parceiras executoras do programa possuem a responsabilidade de buscar as fontes de financiamento, realizar o gerenciamento do programa, cadastrar e efetuar o pagamento dos proprietários rurais, além de monitorar as propriedades beneficiárias. Essas entidades podem ser Prefeituras, Comitês de Bacias Hidrográficas, Consórcios, empresas ou qualquer outro interessado na execução do projeto, devendo assinar um Termo de Cooperação Técnica com a FGBPN. Para a FGBN (s/d) é importante que a companhia de abastecimento de água local atue de alguma forma na execução do projeto de PSA, seja na condição de beneficiária, parceira técnica ou de agente financiador. A Figura 69 apresenta o arranjo institucional do Oásis. Figura 69: Organograma do Arranjo Institucional do Oásis Fonte: Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, s/d. O arranjo institucional apresentado pode sofrer adaptações de acordo com as peculiaridades de cada projeto e seus atores locais. O Oásis possui as seguintes etapas de implantação: (i) formalização do Termo de Cooperação Técnica; 406

407 (ii) definição do arranjo institucional; (iii) diagnóstico ambiental e socioeconômico local; (iv) definição da área prioritária; (v) definição dos marcos legais; (vi) cadastramento das propriedades; (vii) definição dos requisitos de elegibilidade do programa; (viii) estabelecimento de critérios de priorização de propriedades; (ix) valoração ambiental e mapeamento das propriedades; (x) contratação, pagamento e monitoramento dos beneficiários; (xi) Implementação do SISOASIS (sistema de gerenciamento do Oásis); O SISOASIS é um sistema de gerenciamento online cujo objetivo é auxiliar os atores parceiros a planejar e estruturar seus projetos, a definir a metodologia de cálculo de valoração ambiental, a selecionar e monitor os provedores dos serviços ambientais, bem como avaliar resultados e angariar fonte de recursos. Fontes de Financiamento Young & Bakker (2015) destacam que o projeto Oásis possui diferentes fontes de financiamento, visto que busca identificar as motivações de cada comprador de serviço ambiental visando alcançar a sustentabilidade financeira para a implantação do projeto. Áreas de abrangência do Programa Segundo a FGBN (s/d), a área de abrangência do programa deverá ser dividida em sub-bacias hidrográficas, respeitando-se os seguintes critérios: áreas prioritárias para a conservação da natureza; áreas de mananciais de abastecimento público; entorno de Unidades de Conservação de proteção integral e interior de UCs de uso sustentável; áreas que possibilitem a formação de corredores de biodiversidade entre UCs ou grandes remanescentes de vegetação nativa relevantes para a região; áreas com maior densidade de rios e nascentes; áreas com maior cobertura florestal nativa; áreas com menores índices de urbanização; áreas de recarga hídrica; áreas íngremes; e bacias hidrográficas com comitês de bacias estabelecidos. Ademais, tais áreas poderão ser enquadradas em diferentes níveis de prioridade, sendo tais: 407

408 1. bacias ou sub-bacias abastecedoras de sistemas públicos de fornecimento de água públicos ou contribuintes de reservatórios; 2. melhoria na qualidade do solo e da água; 3. bacias com déficit de cobertura vegetal em APPP; 4. bacias hidrográficas que possuam sistema de gestão implementado. Projetos Oásis implementados e em fase de implementação Em 2006, foi implementado o primeiro projeto Oásis no Brasil como foco na Região Metropolitana de São Paulo, em especial as bacias hidrográficas das represas de Guarapiranga e Billings, e as AAPs do Capivari-Monos e Bororé-Colônia, abrangendo uma região de aproximadamente 82 mil hectares. Esse projeto piloto tinha o objetivo desenvolver um modelo de PSA no Brasil que remunerasse os proprietários rurais que conservassem florestas e nascentes das suas propriedades. A principal finalidade do projeto era servir de exemplo para outros municípios e estados buscando incentivar as organizações e o poder público a adotarem o PSA como uma ferramenta viável para a conservação de áreas naturais (Nunes et ali., 2012). Entre 2009 e 2012 o projeto possuía 14 beneficiários, totalizando 747,7 hectares protegidos e 101 nascentes, sendo que a menor propriedade contratada possuía 4,6 ha e a maior 269 ha (Nunes et ali., 2012). Inicialmente o Oásis contou com recursos oriundos da doação da Mitsubishi Corporation Foundation for the Americas, que segundo a FGBPN totalizaram um montante de aproximadamente R$ ,00. Esses recursos foram utilizados na gestão administrativa e técnica do projeto. Considerando a experiência da Região Metropolitana de São Paulo, sequencialmente o Oásis foi implementado em Apucarana (Paraná), São Bento do Sul (Santa Catarina), São José dos Campos (São Paulo) e Brumadinho (Minas Gerais). A partir da experiência de São Bento do Sul, o Projeto Oásis passou a adotar um procedimento homogêneo para o cálculo do pagamento ao proprietário rural participante. Isso aconteceu porque as fórmulas de cálculo para pagamentos aos proprietários rurais iniciais (São Paulo e Apucarana) eram bastante complexas e desenvolvidas caso a caso, com pouca similaridade entre si. Além disso, o pagamento não se baseava no custo de oportunidade da terra, contrariando a tendência apresentada na literatura. 408

409 Para homogeneizar os procedimentos de cálculo do valor do pagamento, foi elaborada uma nova metodologia de cálculo do pagamento a ser efetuado ao proprietário rural (Young & Bakker, 2014). A fórmula descrita em Young & Bakker (2014) simplificou os procedimentos de cálculo, premissa necessária para sua ampla difusão, considerando três componentes para o cálculo: (i) um fator de remuneração baseado no custo de oportunidade da terra (usualmente adotando uma proporção do valor anual do arrendamento para pecuária na região do projeto), (ii) a área natural a ser conservada ou restaurada pela adesão ao projeto, e (iii) um conjunto de notas em função da qualidade da conservação ecológica efetuada na propriedade, sua importância para garantir a conservação dos recursos hídricos e uma avaliação das práticas agrícolas adotadas em termos de sustentabilidade. A Equação 25 apresenta a fórmula sugerida em Young & Bakker (2014): Equação 25. Onde, Valor PSA = x* [(1+ƩN1+N2+N3+N4)*Z] X= Valor base da fórmula para o qual é considerado um percentual do custo de oportunidade na região. N1= Nota de Qualidade de Conservação da propriedade N2= Nota de Qualidade Hídrica da propriedade. N3= Nota para práticas agrícolas adequadas ambientalmente. N4= Nota de Gestão da propriedade. Z= área natural (ou em recuperação) a ser contratada pelo projeto, devendo ser medida em hectares. Esta fórmula tem como vantagem a possibilidade de atribuir pesos distintos para cada N, sendo que esses podem variar de acordo com o interesse dos gestores do projeto. Por exemplo, em determinada região pode ser considerado mais importante garantir práticas agrícolas mais adequadas ambientalmente, do que o tipo de gestão que é utilizado na propriedade. Além disso, é possível incluir ou excluir outras notas 409

410 (variáveis N ) na fórmula, como por exemplo critérios sociais (agricultura familiar, tamanho da propriedade, etc.) bem como decidir atribuir diferentes importâncias (pesos) para cada uma delas. Desde então, todas as iniciativas do Projeto Oásis foram enquadradas nessa fórmula geral, mas com pesos para os parâmetros definidos localmente. Como em outras iniciativas de PSA no Brasil, ocorreram problemas de continuidade dos projetos. Desde 2014 o projeto na região de Guarapiranga e Billings, e nas AAPs do Capivari-Monos e Bororé-Colônia (São Paulo) encontra-se paralisado. A FGBN destacou que atualmente o município de São Paulo vem discutindo a reformulação do projeto 175. Cabe destacar, ainda que o projeto de Apucarana implementado em 2012, por meio da Lei Municipal nº 058/2009, foi interrompido em 2013 por razões políticas. A FGBPN ponderou em entrevista que permanece em contato com o município visando a retomada do projeto 176. Segundo a FGBPN, o Projeto em São José dos Campos deverá efetuar até Julho de 2016 os primeiros pagamentos por serviços ambientais. Destaca-se que através do Edital nº 01/SEMEA/2015 foram selecionadas 04 propriedades que celebraram contrato por 2 anos. Os valores anuais a serem pagos variam entre R$ 1.794,42 e R$9.420, 00. Em São José dos Campos, o Oásis foi denominado como Programa Mais Água, implementado pela Lei Municipal N. 8703/2012. Ele tem como objetivo incentivar a preservação das áreas de vegetação nativa do município e a adoção de práticas sustentáveis na zona rural com foco na preservação dos mananciais da região. Os recursos para financiamento do Mais Água poderão advir das seguintes fontes: cobrança pelo uso da água destinada pelo Comitê de Bacia Hidrográfica; multas de origem ambiental; doações, empréstimos e transferências; sequestro de carbono em projetos desenvolvidos no âmbito dos Mecanismos de Desenvolvimento Limpo (MDL); dotações orçamentárias estadual ou municipal; do FECOP; do Fundo Municipal de Serviços Ecossistêmicos (FMSE), entre de outros fundos Entrevista realizada por telefone com Renato Atanazio, do setor de Estratégias de Conservação da FGBPN, em 03/03/ Entrevista realizada por telefone com Renato Atanazio, do setor de Estratégias de Conservação da FGBPN, em 03/03/ Art. 9º, da Lei 8703/12 e art. 1º, da Lei 8.905/

411 Os pagamentos dos beneficiários da primeira fase do programa são oriundos do FMSE, de dotação orçamentária municipal e recursos advindos de convênio de repasse com a Agência da Bacia do Rio Paraíba do Sul (AGEVAP) 178. Além dos projetos municipais citados, cabe destacar que a FGBPN ainda apoia a implementação de projetos e PSA em Palmas (TO), Bonito (MS) e Curitiba (SC). Para melhor compreensão do Oásis, serão analisadas as experiências municipais de Apucarana (PR), São Bento do Sul (SC) e Brumadinho (MG). Para tanto, buscou-se analisar a origem dos projetos, os atores envolvidos na sua coordenação, a forma de pagamento, a habilitação dos interessados, as fontes de financiamento e as áreas de abrangência do projeto. Apucarana (PR): O Projeto e seus Atores O PSA foi instituído no município de Apucarana por meio da Lei Municipal nº 058/2009, que dispõe sobre a criação do Projeto Oásis e autoriza o poder público a prestar apoio técnico e financeiro aos proprietários rurais. O Projeto Oásis Apucarana tem como objetivo implantar ações que aumentem a quantidade das águas por meio de pagamentos aos provedores que reflorestarem as áreas de nascentes existentes em suas propriedades, tendo prioridade os produtores localizados nas bacias dos rios Pirapó, Tibagi e Ivai 179. No âmbito da Lei Municipal nº 058/2009, deverá ser concedido apoio técnico aos proprietários habilitados no projeto. Este apoio técnico poderá ser fornecido por diferentes entidades, estabelecidas a partir de convênios firmados com a prefeitura. A Secretaria de Meio Ambiente e Turismo de Apucarana (SEMATUR) e o Conselho Municipal de Meio Ambiente (COMMAP) com o apoio técnico da Fundação Grupo Boticário serão os responsáveis pela implantação do projeto. Os Beneficiários e a Forma de Pagamento O pagamento dos serviços ambientais prestados será de no mínimo 04 anos, conforme definido nos termos de compromisso celebrados entre os beneficiários e o município, podendo ser prorrogado por igual período a critério da prefeitura. 178 Edital nº 01/SEMEA/ Art. 1º e 5º, da Lei Municipal n. 58/

412 Para habilitação no projeto o interessado deverá protocolar requerimento de intenção junto ao município, contendo seus dados pessoais e os dados de sua propriedade. O requerimento será encaminhado para a SEMATUR que irá realizar a vistoria na propriedade e emitirá um relatório, que será encaminhado ao Conselho Municipal de Meio Ambiente, para aprovação. Após aprovação será elaborado o Laudo de Vistoria Técnica, que será encaminhado para a Procuradoria Jurídica do Município para análise e elaboração de parecer. Cumpridas tais formalidades, encaminhar-se-ão os respetivos documentos para a Fazenda Municipal para formalização dos pagamentos 180. Os proprietários rurais elegíveis são todos aqueles que tiverem a sua propriedade na sub-bacia hidrográfica pré-estabelecida, com área igual ou superior a dois hectares, e que desenvolvam atividades agrícolas com fins econômicos. Além dos proprietários rurais, em 2010, o município inovou ao incluir como possíveis beneficiários os proprietários de imóveis urbanos que possuam lotes de até m² e que não sejam explorados como área de lazer. Esses proprietários estão, inclusive, dispensados da apresentação da Certidão do Instituto Ambiental do Paraná (IAP) 181. O Decreto Municipal nº 107/2009 que Regulamenta a Lei Municipal nº 058/2009, determina que para recebimento do pagamento os beneficiários deverão cumprir as seguintes ações: (i) averbação da reserva legal reflorestada ou em processo de reflorestamento; (ii) possuir as matas ciliares reflorestadas com 30 m (trinta metros) de largura para cada margem, de qualquer curso d água até 10 m de largura; (iii) reflorestamento da área do entorno da nascente num raio de 50 m; (iv) construção de curvas de níveis e caixas de contensão da água da chuva para controle das erosões; (v) acatar e executar todas as considerações feitas pelos técnicos da SEMATUR quanto ao processo de reflorestamento; (vi) realizar o cadastramento anual da propriedade junto a SEMATUR no prazo estipulado; (vii) permitir a vistoria regular dos técnicos responsáveis pelo projeto Instrução Técnica nº 01/09 da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Turismo. 181 Art. 8º, da Lei nº 058/2009 alterado pela Lei Municipal nº 241/ Art. 2º, do Decreto Municipal nº 107/

413 Os valores para pagamento aos beneficiários eram calculados por fórmula própria, não seguindo a fórmula geral (Young & Bakker, 2014) mas sim por meio de pontuações obtidas pelo preenchimento de diversos quesitos de preservação e recuperação das nascentes. A pontuação era calculada a partir das Unidades Fiscais do Município (UFM) e o pagamento era realizado mensalmente para os proprietários 183, considerando a técnica de preservação e recuperação utilizada 184. A metodologia de cálculo de valoração dos serviços ambientais foi adaptada contemplando, no cálculo, critérios como a conectividade entre a reserva legal de propriedades vizinhas, a existência de RPPN e de nascentes. Young (2012) destaca dois fatores importantes na metodologia de cálculo do projeto Oásis Apucarana: a ausência do custo de oportunidade e a realização do pagamento por propriedade, devido à inexistência da proporcionalidade no cálculo. As Fontes de Financiamento do Projeto As fontes de financiamento do projeto poderão ser provenientes do Fundo Municipal de Meio Ambiente (FMMA); do ICMs Ecológico das unidades de Conservação; das RPPNs; de parte das multas ambientais aplicadas pelo Ministério Público e ou órgãos competentes, além de convênios firmados com ONGs e outras instituições 185. Por sua vez, os recursos do FMMA, determinados pela Lei Municipal nº 68/2005 serão oriundos: (i) valor das infrações ambientais; (ii) doações de pessoas físicas/ jurídicas ou de organismos públicos/ privados, nacionais e internacionais; (iii) rendimentos de qualquer natureza, que venha a auferir como remuneração proveniente de aplicação de seu patrimônio; (iv) rendimentos e indenizações de ações judiciais e ajustes de conduta, de natureza ambiental, promovidos pelo Ministério Público; (v) repasses mensais da Companhia de Saneamento do Paraná (SANEPAR), 0,8% (zero vírgula oito por cento) do seu faturamento no município; 183 Art. 4º, da Lei nº 058/2009 alterado pela Lei nº 241/ O Decreto nº 076/2010 estabelece os valores a serem pagos aos proprietários dos imóveis rurais e urbanos que se enquadrem no Programa do Projeto Oásis no Município de Apucarana. 185 Art. 7º, da Lei nº 058/

414 (vi) outros recursos 186. Desta maneira, observa-se uma diversidade de fontes de financiamento, destacando o papel do ICMS ecológico, que no município de Apucarana foi de R$ ,98 em Além disso, deve-se enfatizar a participação dos recursos da Companhia de Saneamento do Paraná, que deve ser uma das beneficiárias pela melhoria da qualidade da água. São Bento do Sul (SC) Em São Bento do Sul, o pagamento pelos serviços ambientais foi implementado pela Lei nº 2.677/2010 que instituiu a Política Municipal de PSA (PMPSA), o programa de PSA, além de estabelecer formas de controle e financiamento desse programa. A Política Municipal dos Serviços Ambientais tem o objetivo de promover o desenvolvimento sustentável e o aumento da provisão desses serviços no município, através do pagamento para os agricultores familiares que garantem seu fornecimento 188. Na lei em questão os serviços ambientais são definidos como sendo aqueles desempenhados pelo meio ambiente e que proporcionam condições adequadas à sadia qualidade de vida. Tais serviços constituem as seguintes modalidades: (i) aprovisionamento, oriundos dos bens ou produtos ambientais com valor econômico, obtidos diretamente pelo uso e manejo sustentável dos ecossistemas; (ii) suporte e regulação, serviços que mantêm os processos ecossistêmicos e as condições dos recursos ambientais naturais; (iii) culturais, associados aos valores e manifestações culturais de preservação ou conservação dos recursos naturais 189. As ações da PMPSA devem ser geridas por um Comitê Gestor composto por representantes governamentais e da sociedade civil, cujo objetivo é acompanhar a implementação do PMPSA, propor aperfeiçoamentos, bem como avaliar o cumprimento das metas estabelecidas. Para tanto, foi elaborado um regulamento próprio que define a composição, organização e funcionamento do respectivo Comitê. 186 Art. 2º, da Lei nº 68/ Jornal Tribuna do Norte, Art. 7º, da Lei 2777/ Art. 2º, da Lei 2677/

415 A execução dos projetos relacionados à PMPSA é de responsabilidade do Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto de São Bento do Sul (SAMAE) e do Departamento de Meio Ambiente do Município. Os recursos de financiamento do programa serão oriundos do Fundo Municipal de Pagamento por Serviços Ambientais (FMPSA), não podendo os gastos com planejamento, acompanhamento, avaliação e divulgação do projeto exceder o montante correspondente a cinco por cento das disponibilidades do fundo. No entanto, caso seja necessário, as referidas despesas poderão ser custeadas pelos recursos orçamentários destinados ao SAMAE. O FMPSA é composto pelos recursos provenientes de dotações orçamentárias municipais, doações, rendimentos, acordos, convênios ou outros instrumentos congêneres celebrados com a administração pública federal, estadual ou de outros municípios. Além dos recursos citados, também poderão ser fontes de financiamento do PMPSA as receitas oriundas da cobrança pelo uso dos recursos hídricos, desde que observadas as prioridades estabelecidas pelo comitê de bacias. Em 2011, a partir da estruturação da PMPSA, foi implementado em São Bento do Sul, através do Decreto nº 634/2011, o projeto Produtor de Água do Rio Vermelho. Esse projeto busca incentivar financeiramente os provedores de serviços ambientais que possuam propriedades nas margens do Rio Vermelho, na Área de Proteção Ambiental Rio Vermelho/Humbold e do ponto de captação de água até o limite com o município de Campo Alegre 190. Projeto Produtor de Água do Rio Vermelho: Os Beneficiários e a Forma de pagamento Os interessados poderão participar do projeto mediante adesão voluntária por meio de cadastramento e celebração de contrato com o SAMAE. Caberá à Secretaria de Planejamento e Urbanismo e à Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente, em conjunto com o SAMAE, realizarem a análise da documentação e aprovarem sua conformidade. São considerados provedores de serviços ambientais os agricultores, arrendatários ou detentores a qualquer título do domínio legal da propriedade, que estejam localizadas nas áreas prioritárias do projeto. 190 Art. 4º, do Decreto nº 634/

416 Os pagamentos aos beneficiários serão efetuados em parcela única anual pelo SAMAE, com reajuste anual regulado pelo Índice Geral de Preços do Mercado (IGPM). Esses pagamentos devem ser acompanhados por atores que integram o projeto, sendo obrigatória a participação de ao menos um membro da Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente, da SAMAE de São Bento do Sul, do Consórcio Intermunicipal Quiriri e do Conselho Municipal de Defesa do meio Ambiente (COMDEMA). Young & Bakker (2015) destacam que até 2013 o programa contava com 18 propriedades beneficiárias e um total de 45 hectares de áreas naturais protegidas Os valores dos pagamentos variam entre 125 Unidades Fiscais do Município (UFM) por propriedade e 122,5 UFM por hectare de APP do Rio Vermelho. O valor mínimo é pago à propriedade que não contar com um hectare de APP e não conseguir atingir as pontuações do projeto devido às características da propriedade 191. A metodologia de valoração ambiental é definida com base no cálculo de pontuação de ações ambientais. Dentre tais ações ambientais, destacam-se a preservação ou recuperação da APP, a conservação da mata ciliar, a promoção do turismo ecológico, a prática da agricultura orgânica, se apresenta área de APP superior a 30 metros do rio e 50 metros da nascente, entre outros 192. As fontes de financiamento do projeto O projeto será executado com recursos oriundos da SAMAE. Entretanto, caso seja necessário, também poderá fazer uso das seguintes fontes de financiamento: transferências ou doações; recursos do Fundo Municipal de Meio Ambiente; multas ambientais; convênios; agentes financiadores nacionais e internacionais; dentre outros. Brumadinho (MG) O município de Brumadinho, diferentemente dos já citados, não possui legislação municipal sobre PSA. O projeto Oásis Brumadinho foi implementado por meio de uma parceria entre o Ministério Público de Mina Gerais, a Associação Mineira de Defesa do Ambiente e a FGBPN, com o intuito de utilizar os recursos provenientes 191 Art. 4º, do Decreto nº 634/ Prefeitura Municipal de São Bento do Sul, Acesso em 05/03/2016. Disponível em: < 416

417 da celebração de um Termo de Ajustamento de Conduta, oriundo de infração ambiental, no pagamento por serviços ambientais Segundo a Associação Mineira de Defesa do Ambiente, o projeto possui as seguintes etapas: diagnóstico ambiental e socioeconômico da área prioritária; cadastramento inicial das propriedades; análise da situação fundiária; seleção das propriedades habilitadas com base nos critérios ambientais e fundiários; visita técnica às propriedades; seleção dos beneficiários; celebração do Termo de Compromisso e contratação 193. Um dos fatores mais interessante relacionados à experiência de Brumadinho refere-se ao fato dos recursos do projeto serem oriundos da celebração de um Termo de Ajustamento de Conduta junto ao Ministério Público de Minas Gerais. Como mencionado anteriormente, esta é uma ótima iniciativa para iniciar um projeto de PSA, bem como para mobilizar os atores e consolidar a sua importância na preservação ambiental. Contudo, sabe-se que a utilização dos TACs e multas como as principais fontes de recursos para o PSA é uma estratégia limitada, pois é necessária a constante realização de infrações ambientais, para que seja possível obter recursos para a preservação ambiental. Desta maneira, acredita-se que devem ser apontadas novas fontes de recursos para que o projeto não se encerre assim que o montante obtido pelo TAC seja extinto. A tabela 87 abaixo apresenta o número de propriedades beneficiados pelo projeto até Março de 2016, o valor de área natural preservada, o tempo de duração do contrato, os valores contratados, bem como o valor pago por ha/ano. Tabela 87: Informações sobre o projeto Oásis Brumadinho (MG), março Propriedade Área Prazo do Total Natural contrato Contrato (há) (ano) Total/ano Ha/ano 1 1,50 5 R$ 3.670,75 R$ 734,15 R$ 489,43 2 3,98 5 R$ ,24 R$ 3.350,85 R$ 841,92 3 3,05 5 R$ 7.168,91 R$ 1.433,78 R$ 470,09 4 2,88 5 R$ 7.514,44 R$ 1.502,89 R$ 521, ,94 5 R$ ,00 R$ 8.754,60 R$ 462, ,23 5 R$ ,64 R$ ,13 R$ 514, ,60 5 R$ ,10 R$ ,62 R$ 460, Associação Mineira de Defesa do Ambiente. Acesso em 08/03/2016. Disponível em < 417

418 8 105,68 5 R$ ,47 R$ ,89 R$ 471, ,84 5 R$ ,25 R$ 8.163,85 R$ 433, ,75 5 R$ ,20 R$ 8.909,24 R$ 475, ,82 5 R$ ,83 R$ 2.811,57 R$ 583, ,10 5 R$ ,73 R$ 2.053,95 R$ 500, ,69 5 R$ ,39 R$ ,08 R$ 576,04 Fonte: FGBPN, Nota-se que o projeto possui hoje 13 propriedades contratadas por cinco anos e 457,06 hectares de área natural protegida. Os valores contratados variam entre R$ 841, 92 e R$ 433, 33 por hectare por ano. Segundo informações da FGBN, foi protocolado este ano um projeto de lei específico de PSA na Câmara Municipal de Vereadores de Brumadinho com objetivo de regularizar e regulamentar o PSA no município. Considerações sobre o Projeto Oasis Com base nas experiências oriundas da implantação dos projetos Oásis, representantes da FGBPN 194 ponderaram que os principais entraves para concretização de um projeto de PSA hoje no Brasil referem-se à gestão territorial da área, à disponibilidade de assistência técnica, à dificuldade de transformação no comportamento dos proprietários, à continuidade do monitoramento das propriedades e à ausência de normas municipais. Esse último entrave, inclusive, tem sido um obstáculo à atração de novos parceiros interessados em financiar o projeto. Desta forma, a FGBPN, considera importante a elaboração de um ordenamento jurídico federal sobre o tema. Esse ordenamento dará segurança aos atores que realizam os projetos de PSA em qualquer ente federativo. Nota-se, portanto, que as experiências do projeto Oásis da FGBPN tem sido importantes na criação de iniciativas de PSA municipais, incentivando, a elaboração de políticas públicas locais de proteção ambiental Programa Produtor de Água 194 Entrevista realizada por telefone com Renato Atanazio, do setor de Estratégias de Conservação da FGBPN, em 03/03/

419 A Agência Nacional de Águas (ANA) é o órgão responsável por acompanhar a utilização dos recursos hídricos no Brasil, desenvolvendo programas, projetos e ações gerencias que possam garantir a implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos, bem como o uso eficiente da água 195. Entre os programas que esse órgão desenvolve para garantir a oferta de água com qualidade, está o Produtor de Água que tem como princípio a utilização dos Pagamentos por Serviços Ambientais. Nesse Programa a ANA concretiza parceria com diferentes agentes, em distintas regiões do país, com vistas a desenvolver projetos de PSA que promovam a redução da erosão e do assoreamento em mananciais e bacias hidrográficas. Em geral, a ANA oferece aos parceiros sua metodologia e apoio técnico e financeiro, enquanto os parceiros se comprometem a disponibilizar os recursos monetários para os pagamentos por serviços ambientais. Entre as realizações da Ana, é possível mencionar a construção de terraços e bacias de infiltração, a readequação de estradas vicinais, a recuperação e proteção de nascentes, o reflorestamento de áreas de proteção permanente e reserva legal, o saneamento ambiental, etc Já os recursos pagos aos beneficiários podem vir de diferentes fontes, desde fundos municipais, termos de ajustamento de condutas, multas, recursos privados, como doações de empresas, e principalmente, de companhias de abastecimento de água e geração de energia, entre outros. Os serviços ambientais são pagos aos beneficiários (em geral, produtores rurais) que, voluntariamente, adotem práticas que possam garantir a conservação de solo e água. A concessão dos incentivos ocorre somente após a implantação, parcial ou total, das ações e práticas conservacionistas previamente contratadas. Os valores a serem pagos para cada beneficiário dependem da região em que residem e das características da sua propriedade 197. Entre os parceiros é possível encontrar a gestão pública Estadual, Municipal, comitês de bacia, companhias de abastecimento de água e geração de energia, organizações não governamentais, empresas e outras instituições públicas ou privadas. A primeira inciativa do programa Produtores de Água foi realizada em 2006, na bacia dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ), nas cidades de Extrema (MG), 195 Agência Nacional de Águas, Portal Agência Nacional de Águas (Brasil), s/d. 197 Agência Nacional de Águas (Brasil),

420 Joanópolis (SP) e Nazaré Paulista (SP). Com o projeto empreendido foi possível realizar a preservação de florestas, seu cercamento, plantar mudas de árvores nativas, obras (como a construção de barraginhas) e promover ações de educação ambiental. Nesse caso a remuneração dos produtores rurais pelos serviços ambientais foi possível devido às verbas provenientes da cobrança pelo uso de água, recursos orçamentários municipais, além de recursos provenientes de doações privadas 198. Em 2015, o programa já tinha cultivado mais de 1 milhão de árvores. Contudo, logo no inicio do projeto Produtores de Água na bacia dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (em 2006), foi impetrada uma consulta à procuradoria geral da União acerca dos argumentos contrários apontados pelo Consórcio PCJ para sua implantação. O consórcio questionava a possibilidade de aplicar recursos oriundos da cobrança pelo uso da água no pagamento por serviços ambientais. Ele acreditava que o projeto Produtor de Água teria natureza assistencialista, o que o sujeitaria à Lei federal Complementar nº 101/ 2000, que estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal e dá outras providências. Essa lei em seu artigo 26 determina que os recursos destinados a cobrir necessidades de pessoas físicas ou déficits de pessoas jurídicas deverão ser autorizados por lei específica, atender às condições estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias e estar previstos no orçamento ou em seus créditos adicionais 199. Em resposta, o Parecer PGE/AMC N. 352/ apontou que o Programa Produtor de Água, e os seus projetos, não possuíam natureza assistencialista, pois o seu objetivo não é cobrir necessidades dos beneficiários, mas sim a proteção dos recursos hídricos e da respectiva bacia hidrográfica. O fato do pagamento por serviços ambientais só ser realizado após a confirmação do atendimento, por parte do beneficiário, aos critérios objetivos de preservação ambiental, definidos nos projetos individuais das propriedades reforçam esse argumento. A partir de então abriu-se a jurisprudência de que os pagamentos por serviços ambientais são realizados como uma contrapartida do beneficiário aos objetivos de proteção ambiental do poder público. Com o sucesso do projeto Produtor de Água na Bacia do PCJ e em Extrema (MG), ocorreu sua expansão por todo o país, sendo que em 2012 existiam 16 iniciativas em funcionamento. 198 Agência Nacional de Águas (Brasil), s/d. 199 Lei complementar nº 101, de 4 de maio de Advocacia Geral da União,

421 Metodologia de execução do programa produtor de água O Programa Produtor de Água se inicia a partir da integração das ações da ANA com os interessados em desenvolver parcerias em projetos de pagamento por serviços ambientais de proteção hídrica. Como já foi dito, a ANA não contribui com recursos financeiros para o pagamento por serviços ambientais. Esses recursos devem ser previstos e angariados por seus parceiros. A Agência contribui financeiramente apenas para a conservação de solo e água, através da realização de práticas mecânicas, recuperação florestal e atividades de educação ambiental. Anualmente a ANA propõe no Orçamento Geral da União, a disponibilização de recursos necessários à execução do Programa Produtor de Água. Esses recursos são oferecidos diretamente aos parceiros que procuram à Agência ou são distribuídos através de editais de chamamento público. Em 2014, a Ana lançou um edital onde estava previsto o montante de R$ 5,6 milhões em recursos, a serem repassados a projetos (geralmente municipais) de no máximo R$ 700 mil. As inscrições deveriam ser feitas no site do Sistema de Convênios do Governo Federal (Sincov) 201. Geralmente, as parcerias firmadas nos projetos são consolidadas por meio da celebração de um Acordo de Cooperação Técnica, que deve prever a organização de uma Unidade de Gestão do Projeto (UGP). Arranjos Organizacionais Existem sete atores comuns a todos os projetos originários do programa produtores de água: a ANA, o agente proponente (que pode ser público ou privado), o ente municipal ou estadual, o órgão de assistência técnica, os beneficiários, os agentes financeiros e a unidade gestora do programa. Entretanto, é necessário enfatizar a possibilidade de participação de outros atores que não os previamente mencionados. Nesse caso, eles podem ter atribuições específicas para a execução das ações, sendo que seu papel tem de estar apontado no Acordo de Cooperação Técnica. A esse despeito, os atores comuns a todos os projetos têm funções específicas designadas no Manual Operativo do Programa Produtores de Água (2012) e brevemente sintetizadas abaixo: 201 ÁVILA,

422 À ANA cabe analisar as propostas de inclusão dos projetos no Programa Produtor de Água e apoiar tecnicamente sua execução. O agente proponente é um órgão público ou privado que deve elaborar o diagnóstico sócio ambiental e o projeto a ser implementado na sub-bacia. Deve também apontar a origem e designar os recursos para o PSA, além de celebrar os contratos com os produtores rurais, estabelecendo metas, monitoramento e pagamentos das parcelas. A entidade municipal ou estadual deve criar legislações que possibilitem ao poder público pagar pelos serviços ambientais. Tem ainda a incumbência de destinar recursos à execução do projeto, apoiar a elaboração dos Projetos Individuais nas Propriedades Rurais (PIPs) e a sua implantação. O órgão de assistência técnica precisa auxiliar os produtores rurais (futuros beneficiários dos projetos) a construírem os PIPs e estabelecer o valor de pagamento, de acordo com a metodologia prevista pela ANA. O agente financeiro deve receber e administrar os recursos destinados à conta do projeto, realizar a contratação dos serviços ambientais dos produtores rurais e prestar contas da movimentação financeira. A Unidade de Gestão do Projeto segue as orientações do Programa estabelecidas pelo seu Manual Operativo e faz a gestão da implantação do projeto na bacia. Obriga-se acompanhar os PIPs e informa aos participantes eventuais irregularidades. O beneficiário deve efetuar sua inscrição no projeto, apoiar a assistência técnica na elaboração do PIP e executá-lo, de acordo com o estabelecido no contrato. Todos os 16 projetos ativos em 2012 trabalhavam com arranjos institucionais que contemplavam uma variedade de atores públicos e privados. A Tabela 88, abaixo aponta os parceiros desses projetos. Tabela 88: Projetos ativos em 2012 e parcerias engendradas para sua realização. Projeto/ Município Ano de início do projeto Parceiros Projeto Conservador de Águas - Extrema/ 2005 Prefeitura Municipal de Extrema, Instituto Estadual de Florestas (IEF/MG), ANA, TNC, SOS Mata Atlântica, Comitê PCJ, Bauduco, Acqualimp, Valor Natural 422

423 MG Produtores de Água e Floresta - Bacia do Guandu - Rio Claro/RJ Produtor de Água no PCJ - Joanópolis e Nazaré Paulista/SP ProdutorES de Água - Alfredo Chaves, Anchieta, Guarapari e Piúma/ ES Projeto Pipiripau Brasília/ DF Projeto Guariroba Campo Grande/ MS Produtor de Água Bacia João Leite - Goiânia/GO Produtor de Água no Córrego Feio - Patrocínio/MG Produtor de Águas do Rio Camboriú Camboriú/ SC Produtor de Água no Taquarussu Palmas/ TO Produtor de Água Vera Cruz - Vera 2007 TNC, ANA, Instituto Terra de Preservação Ambiental, Comitê Guandu, Secretaria de Estado do Ambiente, Instituto Estadual do Ambiente, Prefeitura Municipal de Rio Claro 2007 Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo; Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo; Comitê PCJ; Prefeitura Municipal de Extrema; ANA e TNC Governo do Estado do Espírito Santo, Instituto BioAtlântica, Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo, ANA, Secretaria de Estado da Agricultura 2009 ANA, Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento do Distrito Federal, Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal, TNC, Banco do Brasil; Fundação Banco do Brasil; Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos do Distrito Federal; Secretaria de Agricultura e Desenvolvimento Rural; EMATER-DF; SESI; WWF ANA, Prefeitura Municipal de Campo Grande, WWF, Fundação Banco do Brasil, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Ministério Público Estadual ANA, Saneamento de Goiás S/A, Ministério Público de Goiás, IBAMA, Universidade Federal de Goiás, EMATER, Municípios de Goiânia, Anápolis, Nerópolis, Terezópolis de Goiás, Ouro Verde, Campo Limpo de Goiás e Goianápolis Emater-MG, Vale-Fosfertil, Departamento de Água e Esgoto de Patrocínio, TNC, ANA, Instituto Estadual de Florestas em Patrocínio, ONG Cerrado Vivo e Fundação Banco do Brasil 2009 ANA, Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural (EPAGRI), Agência de Regulação de Serviços Públicos, Instituto Federal Catarinense, Prefeitura de Camboriú e de Balneário Camboriú, Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Camboriú, Empresa Municipal de Água e Saneamento de Balneário Camboriú, TNC, Instituto de Desenvolvimento e Integração Ambiental, Bunge Natureza ANA, Cia de Saneamento do Tocantins (SANEATINS), Secretaria do Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Prefeitura de Palmas, TNC, Fundação O Boticário, Secretaria de Meio Ambiente e Serviços Públicos de Palmas, Agência Tocantinense de Saneamento Fundación Altadis da Espanha e Universal Leaf Tabacos; Universidade de Santa Cruz do Sul; 423

424 Cruz /RS Produtor de Água Bacia do Rio Macaé - Nova Friburgo/ RJ Produtor de Água de Guaratinguetá - Guaratinguetá/ SP Produtor de Água Oásis Apucarana - Apucarana/ PR Produtor de água Rio Branco - Rio Branco/ AC Produtor de Água Votuporanga - Votuporanga/ SP Prefeitura de Vera Cruz, Sindicato das Indústrias de Tabaco e o Comitê Bacia do Rio Pardo 2011 ANA, Comitê Bacia Hidrográfica Macaé e Ostras, Instituto Federal Fluminense, Prefeitura Municipal de Nova Friburgo ANA, Secretaria Municipal de Agricultura e Meio Ambiente, Companhia de Serviço de Água, Esgoto e Resíduos de Guaratinguetá, TNC, Coordenadoria de Assistência Técnica Integral, Coordenadoria de Biodiversidade e Recursos Naturais do Estado de São Paulo, Comitê de Integração da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul, BASF Universidade Tecnológica Federal do Paraná; Conselho Municipal de Meio Ambiente; Instituto Emater para o Planejamento, a Coordenação e a Execução de Ações e Programas de Assistência Técnica e Extensão Rural; Fundação Boticário de Proteção à Natureza; 2012 Secretaria de Estado de Extensão e Produção Agroflorestal Familiar; Secretaria de Estado e Meio Ambiente; Instituto de Mudanças Climáticas; Secretaria Municipal de Agricultura e Floresta 2012 Centro Universitário de Votuporanga; Secretaria de Educação Cultura e Turismo; SAEV Ambiental Superintendência de Água, Esgotos e Meio Ambiente; Polícia Ambiental do Estado de São Paulo; Secretaria Municipal de Desenvolvimento. Fonte: Ana, A tabela 88 ilustra a quantidade de atores necessários para a realização de um projeto Municipal de pagamento por serviços ambientais. É possível verificar a participação constante de organizações não governamentais, principalmente a TNC, que vem trabalhando em conjunto com a ANA na implementação dos Projetos Produtores de Água em diferentes regiões do Brasil. Porém, há ainda a participação de outras organizações como WWF, SOS Mata Atlântica, ONG Cerrado Vivo, etc. Deve-se destacar também a parceria da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza nos projetos Produtores de Água. Apesar da ANA e da FGBPN possuírem metodologias distintas de promoção dos pagamentos por serviços ambientais, possuem igualmente similaridades importantes, bem como detêm anos de experiências nesses projetos. Desta maneira, o trabalho em conjunto dessas últimas organizações gera expectativas muito positivas de aprendizado e desenvolvimento de ações de proteção ambiental. 424

425 Além das organizações não governamentais, enfatiza-se a presença dos comitês de bacia e das companhias de abastecimento de água entre os parceiros dos projetos Produtores de Água. Esses são participantes cruciais e estratégicos para o bom desenvolvimento dos projetos. No caso dos Comitês de bacia sua importância se dá com a instituição da Lei Nº 9.433/ 1997, pois são os órgãos responsáveis não apenas por estabelecer os mecanismos de cobrança pelo uso de recursos hídricos, como devem aprovar e acompanhar a aplicação dos recursos arrecadados, com base nas orientações dos Planos de Recursos Hídricos da bacia 202. Assim, os Comitês podem apoiar e financiar uma série de projetos de PSA voltados à proteção da Bacia Hidrografia. O mesmo ocorre com as companhias de abastecimento de água. Como elas são favorecidas com os projetos de PSA, que garantem a disponibilidade de recursos hídricos a partir da preservação de nascentes, bem como reduzem os custos com o tratamento de água devido à proteção das matas ciliares, as Companhias de água, podem estar dispostas a participar desses projetos. As prefeituras e os governos do estado também estão presentes na totalidade dos projetos Produtores de água aqui apresentados. Sua participação é fundamental dado à necessidade de institucionalização dos projetos, que envolvem o pagamento de agentes privados pelos serviços ambientais prestados. Inclusive, o Manual Operativo do Programa Produtores de Água descreve como função do poder público municipal e/ou estadual a elaboração de leis que normatizem a realização de tais pagamentos. Entretanto, Devanir Garcia dos Santos 203, Coordenador de Implementação de Projetos Indutores da ANA, afirmou em entrevista que nem todos os municípios que contêm projetos Produtores de Água contam com legislações sobre PSA. O Entrevistado afirma que há dificuldades para aprovar tais leis com celeridade em todos os entes governamentais, assim, alguns projetos vêm prescindindo dessa construção e estabelecendo as ações a partir dos Acordos de Cooperação Técnica e de editais, capazes de selecionar os beneficiários. Devanir ainda defende que a aprovação de uma lei federal sobre os pagamentos por serviços ambientais deve dar conta desta lacuna institucional, libertando os municípios desta responsabilidade. 202 Agência Nacional de Águas (Brasil), Devanir Garcia dos Santos, Coordenador de Implementação de Projetos Indutores da ANA, m entrevista realizada pessoalmente em 03/09/2015 e por telefone em 11/03/

426 Pagamento aos produtores Os projetos Produtores de Água possuem três modalidades distintas de pagamentos pelos serviços ambientais aos beneficiários: Conservação de Solo; Recuperação ou Conservação de APP e/ou Reserva Legal; Conservação de remanescentes de vegetação nativa. O montante a ser pago em cada uma dessas modalidades é definido a partir do custo de oportunidade de uso de um hectare da área, apresentada como Valor de Referência (VRE), em R$/hectare/ano. De acordo com o Manual Operativo do programa Produtor de Água (2012), o VRE é obtido mediante o desenvolvimento de um estudo econômico, considerando a atividade econômica e os ganhos obtidos na região. A modalidade de Conservação de Solo tem como objetivo recompensar o produtor rural que adote práticas de conservação do solo em sua propriedade sejam elas a manutenção da cobertura vegetal, a construção de terraços, o plantio em nível, a rotação de culturas, entre outros métodos determinado nos PIPs. No caso das ações de conservação de solo o valor máximo a ser pago é 50% do VRE, já que as áreas continuam disponíveis para a produção agropecuária. De qualquer maneira este percentual varia proporcionalmente ao abatimento da erosão e há ganhos ambientais consideráveis. Já a modalidade Recuperação ou Conservação de APP e/ou Reserva Legal tem o intuito de beneficiar o produtor rural que possua nascentes, cursos d água, reservatórios, lagos e lagoas naturais em suas terras e se proponha a recuperar ou conservar a vegetação da Reserva Legal e da Área de Preservação Permanente. Caso a recuperação dessas áreas seja realizada com vegetação nativa, o pagamento ao beneficiário é igual ao VRE. Contudo, dependendo das práticas do produtor rural esse valor pode ser reduzido. Por fim, a modalidade Conservação de Remanescentes de Vegetação nativa propõe o pagamento ao produtor rural que proteger a vegetação nativa de sua propriedade. O pagamento aos beneficiários por hectare ao ano possui o valor máximo de 1,25 x VRE, uma vez que a área fica impedida de ser utilizada para atividades que proporcionem renda ao produtor. Alguns projetos municipais permitem que os produtores de serviços ambientais sejam remunerados simultaneamente pela conservação de solo e água e recuperação e/ou preservação da vegetação natural, como é o caso do Distrito Federal. 426

427 De qualquer maneira, a certificação de que as ações acordadas no contrato foram realizadas na propriedade rural, é pré-requisito para os pagamentos por serviços ambientais. Fontes de Recursos Para a ANA, a situação financeira e o porte da entidade que se propõe a financiar o programa de PSA não são relevantes. É mais importante que seja possível a manutenção e sustentabilidade dos repasses. Assim, entende-se que cada projeto deve contar com uma gama de agentes financiadores, com o intuito de garantir a continuidade dos projetos. As potenciais fontes de recursos apontados pela ANA são: Orçamento da União, Estados e Municípios Fundos Estaduais de Recursos Hídricos e Meio Ambiente; Fundo Nacional de Meio Ambiente; Bancos, Organismos Internacionais (ONG s, GEF, BIRD etc); Empresas de saneamento e fornecimento de água e de geração de energia elétrica; Recursos da cobrança pelo uso da água; Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (previsto no Protocolo de Kyoto). Outros Fundos (Fundo Clima, Fundo Amazônia, etc.); Organizações Não Governamentais; Fundações; Termos de Ajustes de Conduta, Compensação Financeira e Multas; Compensação ambiental; Empresas públicas e privadas. A título de ilustração a tabela 89 abaixo apresenta as leis municipais e as previsões de fontes de financiamentos dos projetos produtores de água de cinco municípios. Tabela 89: Leis municipais relacionadas aos projetos produtores de águas e suas respectivas fontes de financiamento. Projeto Lei Recursos Financeiros Projeto Lei nº de 21 Dotação orçamentária, consignada anualmente, no 427

428 Conservador de Águas - Extrema/ MG Produtores de Água e Floresta - Bacia do Guandu - Rio Claro/RJ Projeto Guariroba Campo Grande/MS Projeto Produtor de Águas do Rio Camboriú Camboriú/ SC Programa Produtor de Água Oásis Apucarana Apucarana/ PR de dezembro de Decreto nº de 29 de dezembro de Lei nº de 13 de fevereiro de Lei Municipal N. 514 de 29 de dezembro de Decreto N. 931 de 01 de julho de Decreto N de 02 de Setembro de Lei N de 26 de novembro de Lei Nº 058/09; Lei Nº 68/2005. orçamento do Município de Extrema; Transferência oriunda do orçamento da União e do Estado de Minas Gerais. Produto resultante da cobrança de taxas e/ou da imposição de práticas pecuniárias, na forma da legislação ambiental; Recursos provenientes da cobrança pelo o uso da água e fundo de recursos hídricos. Ações, contribuições, subvenções, transferências e doações de origem nacionais e internacionais, público ou privados; Recursos provenientes de convênios ou acordos, contratos, consórcios e termos de cooperação com entidades públicas e privadas; Rendimentos e juros provenientes da aplicação financeira de seu patrimônio; Ressarcimento devido por força de Termos de Ajustamento de Conduta - TAC e Termos de Compromisso Ambiental - TCA, firmados com o DSUMA; Receitas advindas da venda, negociação ou doações de créditos de carbono; Outros recursos que lhe forem destinados. Verbas próprias consignadas no orçamento e outros mecanismos de PSA não especificados. Empresas concessionarias dos serviços públicos, principalmente aquelas responsáveis pelo abastecimento de água e energia; de empreendimentos instalados dentro das Unidades de Conservação da Natureza e; outros recursos destinados a este fim por meio de Lei ou contrato. Verbas próprias consignadas no orçamento anual da EMASA (investimento obrigatório de pelo menos 1% da renda bruta anual em programas de preservação e recuperação ambiental - lei N de 31 de outubro de 2005). Dotações próprias consignadas no orçamento vigente e futuros provenientes de recursos do Fundo Municipal de Meio Ambiente (FMMA); ICMs Ecológico das unidades de Conservação; RPPNs Reserva Permanente do Patrimônio Natural; Parte das multas ambientais aplicadas pelo Ministério Público e ou órgãos competentes; E outras entidades. O FMMA é composto por: (i) valor das infrações 428

429 Fonte: Elaboração própria. ambientais; (ii) doações de pessoas físicas/ jurídicas ou de organismos públicos/ privados, nacionais e internacionais; (iii) rendimentos de qualquer natureza; (iv) rendimentos e indenizações de ações judiciais e ajustes de conduta, de natureza ambiental, promovidos pelo Ministério Público; (v) repasses mensais da Companhia de Saneamento do Paraná (0,8% do seu faturamento no município); (vi) outros recursos. A tabela 89 exemplifica o esforço dos entes municipais para angariar recursos para os projetos Produtores de Água. Dentre os casos apontados apenas o município de Rio Claro (RJ) menciona em sua legislação principalmente verbas próprias consignadas no orçamento. Os outros municípios buscam outras fontes de recursos, com destaque para Extrema que indica mais de 10 possíveis origens de financiamento. De qualquer maneira, nesta amostra, deve-se destacar o papel das companhias de saneamento e abastecimento de água e a cobrança pelo seu uso, que são mencionadas nas legislações de PSA de quatro dos cinco municípios analisados. Isso mostra que há uma expectativa de que os projetos de proteção dos recursos hídricos sejam financiados pelos seus usuários, sejam esses os consumidores finais ou as empresas concessionarias. Considerações sobre os Projetos Produtores de Água. De acordo com dados levantados no website da Agencia Nacional de Águas, em 2012 já era possível identificar uma série de resultados relacionados aos projetos Produtores de Água. Esses resultados são apontados na tabela 90 abaixo, destacando a quantidade de hectares protegidos e os montantes gastos. Projeto Tabela 90: Resultados dos Projetos Produtores de Água, Número de Recurso Contratos e repassado pela Valor Global do projeto hectares ANA protegidos Projeto Conservador de Águas - Extrema/ MG 144 contratos. Área protegida 2.104,44 ha. R$ ,00 R$ ,00 Pagamento de PSA Em média R$176,00/ha em valor atualizado anualmente. 429

430 Produtores de Água e Floresta- Bacia do Guandu - Rio Claro/RJ Produtor de Água no PCJ - Joanópolis e Nazaré Paulista/SP Programa Produtores de Água - Alfredo Chaves, Anchieta, Guarapari e Piúma/ ES Projeto Pipiripau Brasília - DF Projeto Guariroba Campo Grande/MS Produtor de Água Bacia João Leite Goiânia-GO Produtor de Água no Córrego Feio- Patrocínio/MG Produtor de Águas do Rio Camboriú Camboriú/ SC Produtor de Água no Taquarussu Palmas -TO Produtor de Água Vera Cruz - Vera Cruz/RS Produtor de Água: Bacia do Rio Macaé - Nova Friburgo/ RJ Produtor de Água de Guaratinguetá/ SP Produtor de Água Oásis Apucarana PR 62 contratos. Área protegida 3.118,82 ha. 24 contratos. Área protegida 219,3 ha. 99 contratos. Área Protegida: 1.208,33 ha. 02 contratos. Sem informações sobre área protegida 7 contratos. Sem informações sobre área protegida Sem informações; Área piloto para proteção ha. Área piloto para proteção ha. Sem informações; 62 contratos. Área Preservada 125,99 ha. Sem informações; 23 contratos, 450 ha de áreas protegidas. 180 contratos. Sem informações sobre áreas protegidas; Não ocorreu repasse; Não ocorreu repasse Não ocorreu repasse R$ ,00 R$ ,00 R$ por hectare para recuperação florestal (em 3 anos); Pagamento por Serviços Ambientais R$ ; Gestão: R$ por ano. R$ ,00, sendo investido até 2012 apenas R$ comprometidos para 3 anos R$ ,12 anual R$ ,00 R$ ,00, sendo R$ ,00 para pagamento aos provedores de serviços ambientais (TAC MPMS) R$ ,00 R$ ,00 Valores variam de R$100,00 a R$40.000,00 por propriedade por ano Em média R$ 125,00 ha/ano Valores variam entre R$50,00 e R$220,00 ha/ ano. Valores variam entre R$ 30,00 e R$ 160,00 ha/ano. Valores variam entre R$ 25,00 e R$ 130,00 ha/ano Valor máximo de R$ 216,00 ha/ano. R$ ,00 R$ Sem informações. Sem informações; Sem informações; Total estimado para 10 anos R$ ,76 Sem informações; R$ ,00 Sem informações; Valor 1,5 UFM por ha/ano; (em 2012, 1 UFM = R$ 184,18). Em média R$ 67,70 ha/ano R$ 350,00 ha/ ano, mais um incentivo anual de R$ 200,00 por proprietário. R$ 1.200,000 R$ ,00 Sem informações; R$ ,00 Previsão de R$ ,00 R$ ,00 R$ ,44 Valores variam entre R$ 360,00 e R$ 576,00 ha/ ano. Valores variam entre R$ 924 e R$ por propriedade/ ano (independente do 430

431 Produtor de água Sem Rio Branco AC informações; Produtor de Água Área Prioritária Votuporanga - SP ha. Fonte: Elaboração própria. número de hectares). R$ ,00 R$ ,00 Sem informações; R$ ,00 R$ ,20 Em média R$ 300,00 ha/ano A Tabela 90 mostra que em 2012 já existiam 16 projetos ligados ao Programa Produtor de Água. Esses projetos possuíam valores diferenciados a serem pagos aos beneficiários do programa, e que variaram entre R$ 25,00 e R$ 576,00 por hectare por ano. Contudo, tal diversidade não significa que a metodologia de pagamentos proposta pela ANA tenha sido inutilizada, mas sim que o custo de oportunidade da terra varia consideravelmente entre as distintas regiões do país, o que é apresentado, inclusive, no presente estudo. Em adição, entre 2007 e 2012, esses projetos já tinham mobilizado o investimento de mais de 09 milhões de reais da ANA, que foram aplicados na sua execução. Sem embrago, deve-se lembrar, mais uma vez, que os pagamentos pelos serviços ambientais eram realizados pelas organizações parceiras, e tinham uma perspectiva de gasto muito maior. Em 2015 o programa Produtor de Água já contava com 38 projetos em andamento, numa área de ha, com mais de produtores recebendo pelos serviços ambientais 204. O Mapa 73 abaixo ilustra os municípios que estão implementando o projeto produtor de água no ano de Santos, Devanir Garcia dos. PROGRAMA PRODUTOR DE ÁGUA. Seminário do PPA,

432 Mapa 73: Municípios que contêm projetos Produtores de Água, Fonte: SANTOS, Em poucos anos ocorreu um crescimento considerável no número de projetos municipais produtores de água: entre 2006 e 2016, 38 projetos foram implementados, enquanto outros 05 estão em fase preliminar. Essa expansão se deu principalmente na região sudeste e centro oeste, justamente as regiões onde os custo de oportunidade das 432

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