Boletim Tributário JUNHO/2016

Tamanho: px

Começar a partir da página:

Download "Boletim Tributário JUNHO/2016"

Carla Marroquim Taveira
6 Há anos
Visualizações:

1 Prezados, O Boletim Tributário foi elaborado com o objetivo de levar ao conhecimento de clientes e demais interessados as principais alterações e inovações na legislação, bem como o entendimento dos Tribunais Administrativos e Judiciais acerca de relevantes questões tributárias. Nesta edição, trazemos importantes decisões proferidas pelo Tribunais Superiores (STF e STJ), pelo Tribunal de Justiça de e, também, pelo CARF, além de Ato Declaratório Interpretativo da Receita Federal e alterações legislativas. Desejamos a todos uma boa leitura! DECISÕES JUDICIAIS STF - Liminar suspende cobrança de IPI na revenda de bens importados - Repercussão Geral reconhecida Foi publicada, em , decisão do Supremo Tribunal Federal, proferida em Ação Cautelar, concedendo efeito suspensivo ao Recurso Extraordinário n.º que questiona a incidência do IPI na saída de bens importados que não sofram processo de industrialização. O Ministro Marco Aurélio, relator do processo, ao deferir a liminar, enfatizou que a incidência do IPI em dois momentos distintos - no desembaraço aduaneiro e na saída do estabelecimento importador (revenda) - será analisada sob o enfoque do princípio da isonomia, na medida em que poderia estar ocorrendo tratamento desigual entre o importador o comerciante que não adquire os produtos do exterior. Além disso, também será analisada a constitucionalidade da equiparação do estabelecimento importador ao industrial para fins de incidência do IPI na revenda de bens importados. Dessa maneira, muito embora o Superior Tribunal de Justiça já tenha pacificado, desde o final de 2015, o entendimento no sentido de ser possível a incidência do IPI também na revenda de importados, ainda que não sujeitos à industrialização, a questão será, agora, analisada definitivamente pelo Supremo Tribunal Federal. Por fim, vale destacar que no Recurso Extraordinário acima mencionado foi reconhecida a existência de Repercussão Geral sobre a matéria, de modo que todos os recursos que versem sobre o mesmo tema ficarão sobrestados aguardando o pronunciamento final do STF.

STJ - Base de cálculo do IPI nas vendas a prazo O Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do Recurso Especial n.º 1.586.

2 STJ - Base de cálculo do IPI nas vendas a prazo O Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do Recurso Especial n.º /SP, analisou a discussão acerca do valor a ser considerado como base de cálculo para o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) nas vendas realizadas a prazo. De acordo com a decisão, a base de cálculo do IPI na venda a prazo é o preço normal da mercadoria, isto é, o preço de venda à vista acrescido dos eventuais acréscimos decorrentes do parcelamento. Para o Ministro Relator Herman Benjamin, o Código Tributário Nacional não trata de como foi formado o valor da operação, de modo que o que o importa é o custo total da operação, sendo irrelevante de que forma o vendedor chegou ao valor que cobrou pelo produto por ele comercializado, uma vez que não é possível extrair do fato de que o preço à vista é normalmente menor que o preço a prazo a conclusão de que a diferença entre eles corresponde aos juros. A decisão levou em consideração, ainda, diante da semelhança entre o IPI e o ICMS, o entendimento já firmado pelo próprio Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recurso repetitivo (REsp /SP), no qual ficou decidido que a base de cálculo do ICMS sobre a venda a prazo, sem intermediação de instituição financeira, é o valor total da operação. TJSP - Possibilidade de revisão judicial do PPI do ICMS e redução da multa moratória dos débitos parcelados Em , o Tribunal de Justiça de, ao julgar a Apelação n.º , decidiu ser possível a revisão judicial do Programa de Parcelamento Incentivado (PPI) do ICMS, instituído pelo Decreto Estadual n.º /07, para reduzir a multa moratória dos débitos incluídos no parcelamento. No caso concreto, as empresas aderiram, no ano de 2007, ao PPI do ICMS e incluíram nos parcelamentos débitos declarados e não pagos cuja multa moratória estava fixada de 30% (trinta por cento) do valor do débito. Entretanto, como a Lei Estadual n.º 9.399/96 reduziu a multa de mora para 20% (vinte por cento), as empresas requereram a revisão do parcelamento, diante da retroatividade da penalidade posterior mais benéfica ao contribuinte, objetivando a redução da multa. O Relator, Desembargador Osvaldo Magalhães, condenou a Fazenda do Estado a proceder à revisão dos parcelamentos, com redução da multa moratória para 20% (vinte por cento), bem como ao desconto dos valores já pagos em excesso, observando-se a prescrição quinquenal das parcelas.

3 DECISÕES ADMINISTRATIVAS CARF - Incidência da Contribuição previdenciária sobre planos de saúde diferenciados O Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), revendo seu posicionamento anterior, tem considerado legal a incidência da contribuição previdenciária sobre os valores pagos a título de assistência médica ou odontológica quando houver diferenciação entre os planos e coberturas oferecidos aos segurados da empresa. Mesmo diante da clareza do artigo 28 da Lei n.º 8.212/91, que estabelece a não incidência das contribuições previdenciárias sobre os valores pagos na assistência prestada por serviço médico ou odontológico, desde que a cobertura abranja a totalidade dos empregados e dirigentes da empresa, o CARF tem mantido as autuações fiscais quando constatada diferenciação nas coberturas e planos oferecidos a diretores e empregados. Nestes casos, o CARF tem considerando como base de cálculo das contribuições previdenciárias a diferença entre o valor dos planos ofertados a seus diretores e gerentes e o valor do plano básico disponibilizado para os demais trabalhadores. Entretanto, entendemos que o novo entendimento do CARF a respeito da matéria contraria o quanto estabelecido na Lei n.º 8.212/91, uma vez que não há qualquer exigência legal para que as coberturas das assistências oferecidas sejam as mesmas para todos os empregados e dirigentes. ADI RFB N.º 04/ PIS/COFINS monofásicos - Rateio proporcional de créditos A Receita Federal publicou, em , o Ato Declaratório Interpretativo (ADI) n.º 04, tratando do crédito de PIS e COFINS não cumulativo aplicável às receitas decorrentes da venda de produtos submetidos à incidência concentrada ou monofásica. Segundo o ADI n.º 04/2016, as receitas decorrentes da venda de produtos sujeitos à incidência monofásica do PIS e da COFINS são consideradas não cumulativas, podendo, inclusive, para as empresas sujeitas ao regime misto (com receitas cumulativas e não cumulativas), ser incluídas no cálculo do rateio proporcional da apuração de créditos das contribuições, mesmo que tais receitas estejam submetidas a suspensão, isenção, alíquota zero ou não incidência.

4 LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA Portaria Conjunta RFB/PGFN n.º 922/ Prorrogado prazo para Consolidação dos Débitos Previdenciários do REFIS da Crise A Portaria Conjunta RFB/PGFN n.º 922, de , prorrogou o prazo para consolidação dos parcelamentos de débitos previdenciários administrados pela Receita Federal do Brasil (RFB) e pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) que tenham sido incluídos no parcelamento da Lei n.º /2014 (REFIS da Crise). Diante dessa prorrogação, o sujeito passivo que aderiu ao parcelamento ou realizou o pagamento à vista do débito com utilização de prejuízo fiscal e base de cálculo negativa da CSLL deverá, no período de 12 de julho a 29 de julho, através dos sítios da RFB ou da PGFN, (i) indicar os débitos a serem parcelados; (ii) informar o número de prestações pretendidas, bem como (iii) indicar os montantes de prejuízo fiscal e de base de cálculo negativa da CSLL a serem utilizados para liquidação de valores correspondentes a multas, de mora ou de ofício, e a juros moratórios. Por fim, vale destacar que a Portaria Conjunta também previu a possibilidade de incluir na consolidação os débitos relativos às desistências de parcelamentos anteriores, bem como os débitos relativos ao cumprimento das obrigações acessórias de que trata a Instrução Normativa RFB n.º 1.491/2014 (obras de construção civil, contribuintes individuais, segurados especiais e empregador doméstico, dentre outras), desde que efetuadas até a data da sua publicação, ou seja, até Medida Provisória (MP) 713/ Redução do Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF) sobre remessas de dinheiro ao exterior Foi aprovada, em , pelo Plenário do Senado Federal, a Medida Provisória (MP) 713/16, que reduz de 25% para 6% o Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF) sobre as remessas de dinheiro ao exterior. A medida se aplica a despesas com gastos pessoais em viagens de turismo e negócios, a serviço e para treinamento ou missões oficiais até o limite de R$ 20 mil ao mês. A proposta também isenta do IRRF as remessas ao exterior destinadas ao pagamento de gastos com tratamento de saúde e educação. Para as operadoras ou agências de viagens, o limite é R$ 10 mil por passageiro. De acordo com o texto, para ter acesso à redução da alíquota, as empresas deverão ser cadastradas no Ministério do Turismo e a remessa das divisas terá de ser feita por instituição financeira domiciliada no país.

5 A redução da alíquota entrou em vigor em 2 de março de 2016, quando a MP foi publicada, e valerá até 31 de dezembro de O texto segue agora para sanção presidencial porque foi aprovado com alterações na Câmara dos Deputados. Equipe: Carmino De Léo Neto deleo@dlpm.com.br Tullio Vicentini Paulino tullio@dlpm.com.br Fábio de Oliveira Machado fabio@dlpm.com.br Ana Carolina Ferreira Menegon Peduti ana.menegon@dlpm.com.br Tais Negrisoli Camargo tais@dlpm.com.br Thalita Maria Felisberto de Sá thalita@dlpm.com.br

Documentos relacionados

Clipping Legis. Publicação de legislação e jurisprudência fiscal. Nº 195 Conteúdo - Atos publicados em junho de 2016 Divulgação em julho de 2016

Clipping Legis. Publicação de legislação e jurisprudência fiscal. Nº 195 Conteúdo - Atos publicados em junho de 2016 Divulgação em julho de 2016 www.pwc.com.br Clipping Legis IOF/Câmbio e títulos ou valores mobiliários - Esclarecimentos - IN RFB nº 1.649/2016 Consolidação de débitos objetos da reabertura dos parcelamentos da Lei nº 11.941/2009