O ESTADO BURGUÊS COMO INSTRUMENTO DE DOMINAÇÃO SOCIAL: O CASO DOS DIREITOS HUMANOS FUNDAMENTAIS NOS ACÓRDÃOS DO TST (1998/2008)

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1 1 O ESTADO BURGUÊS COMO INSTRUMENTO DE DOMINAÇÃO SOCIAL: O CASO DOS DIREITOS HUMANOS FUNDAMENTAIS NOS ACÓRDÃOS DO TST (1998/2008) João Paulo Mota Rosa 1 Éder Ferreira Resumo O Estado burguês, enquanto instituição político-jurídica resultante e reprodutora da ideologia que permeia a sociedade e garante a reprodução das relações de produção capitalistas, constitui-se no objeto de pesquisa do presente trabalho, a partir do prisma do direito brasileiro. No Brasil, que obedece ao modelo normativo capitalista garantidor das condições de desenvolvimento do referido modo de produção, o Estado alça sua influência ideológica através do direito e sua aplicação, que se dá no âmbito do Poder Judiciário, por sua vez a instância jurídico-política do Estado. Como o presente estudo centrou-se na contradição capital/trabalho inerente ao modo de produção capitalista, foi averiguada, então, a ação da Justiça do Trabalho brasileira, por ser este o ramo do Poder Judiciário pátrio que lida mais intimamente com os conflitos judiciais trabalhistas, sobretudo através de seu órgão de maior hierarquia, o Tribunal Superior do Trabalho TST. Intentou-se, portanto, nesta pesquisa, a mensuração de como a influência da ideologia burguesa afeta as decisões judiciais nas lides trabalhistas, o que pode ser depreendido da análise do discurso dos direitos humanos fundamentais veiculados nos acórdãos proferidos pelo TST. Percebe-se a dominação burguesa na sociedade de forma velada, através dos resultados das sentenças judiciais, pois quando a vitória não foi escancarada do capital, a vantagem deste se fez presente mesmo indiretamente, pois o resultado afetou e determinou a manutenção das condições propiciadoras da reprodução do modo capitalista de produção. Palavras-chave: Tribunal Superior do Trabalho; Estado burguês; direitos fundamentais; relação capital/trabalho; ideologia jurídica. 1 Faculdade De Ciências Humanas e Sociais Curso de Bacharelado em Direito Núcleo de Pesquisa Jurídica E. B. Pachukanis

2 2 INTRODUÇÃO A construção das ideias das formas de consciência, da própria religião, das instâncias políticas e jurídicas, tudo isso é fruto, historicamente, das relações concretas dos homens, envolvidos no sistema produtivo. Alysson Leandro Mascaro (2010, p.277) A filosofia do direito moderno reduz o fenômeno jurídico aos limites impostos pelo Estado, o que gera um conservadorismo próprio da sociedade capitalista atual. (MASCARO, 2010, p.444). Nessa medida, percebe-se a importância do Estado no contexto do capitalismo, pois é este aparelho que reproduz a ideologia que permeia a sociedade e os indivíduos que a constituem, levando-os a reproduzirem as formas que permitem a dominação de uns pelos outros dentro da mesma sociedade, formas essas estabelecidas, sobretudo, pelo instrumento estatal do direito. O Estado se apresenta como uma vontade geral abstrata, com o fim de garantir a ordem pública através da prática das normas jurídicas de si próprio emanadas. (NAVES, 2008, p.77). Tal papel do Estado, e mais especificamente do Estado burguês, tem sua razão de ser no objetivo de proporcionar as condições necessárias para que haja a dominação e a exploração de uma classe sobre outra na sociedade. Em outras palavras, o Estado reproduz a ideologia, principalmente por meio do direito, que permite e legitima a exploração de forma velada, daqueles que detém os meios de produção sobre aqueles que não os possuem, e que por isso mesmo vendem sua força de trabalho aos primeiros, quando das relações de produção capitalistas. O direito representa um aspecto fundamental na dominação que a classe exploradora exerce sobre a classe explorada por meio do Estado burguês, por ser sua principal forma de manifestação e ação. Podemos perceber isso a partir das palavras de Pachukanis (1988): A autoridade pública (Estado) como fiador da troca mercantil não só pode exprimir-se na linguagem do direito, mas revelar-se ela própria, também como direito e somente como direito, ou seja, confundir-se totalmente com a norma abstrata objetiva. (PACHUKANIS, 1988, p.93) Enfim, o Estado possui em sua própria estrutura o aparelho jurídico, que tem por escopo criar o sistema normativo típico do capitalismo, o qual estabelece as condições

3 3 propícias à reprodução do modo de produção capitalista, que encobre a dominação e permite sua proliferação, pois conforme assevera o autor supracitado: o poder de um homem sobre outro se expressa na realidade como o poder do direito, isto é, como o poder de uma norma objetiva imparcial. (PACHUKANIS, 1988, p.98). Na atualidade grassa na sociedade o capitalismo, e consequentemente suas formas de expressão: divisão social do trabalho; propriedade privada dos meios de produção; circulação mercantil; compra e venda da força de trabalho; produção de mais-valia; acumulação de capital. Assim, o Estado burguês cumpre seu papel de instrumento de dominação mediante o direito, principalmente no que concerne aos direitos humanos fundamentais, objeto de estudo do presente trabalho. A ideologia jurídica contemporânea alça sua influência por meio dos direitos humanos fundamentais, ou mais precisamente, através do discurso dos direitos humanos fundamentais. Isso porque uma ideologia se manifesta como um sistema formalizador, como uma linguagem, ou seja, mediante um discurso. (CORREAS, 1995, p.32) Dessa forma, apresenta-se-nos como um problema a questão dos direitos humanos fundamentais como um discurso da ideologia propugnada pelo Estado burguês, o qual se mostra um instrumento de dominação de uma classe sobre outra na sociedade capitalista. Portanto, o objetivo da presente pesquisa se prende à descoberta dos direitos humanos fundamentais expostos pelo direito brasileiro, por meio da coleta dos julgados do TST (Tribunal Superior do Trabalho) no sítio eletrônico da referida instituição do Poder Judiciário brasileiro, com o fim de demonstrar os mecanismos de dominação do Estado burguês no Brasil. A análise das decisões proferidas pelo referido órgão se justifica na medida em que este representa judicialmente a luta expressa na contradição entre capital/trabalho no sistema capitalista, sendo o órgão de maior hierarquia na Justiça do Trabalho brasileira. Por fim, buscou-se, através da pesquisa documental no TST os elementos precisos para o mapeamento dos direitos humanos fundamentais nas decisões judiciais trabalhistas brasileiras; e da pesquisa bibliográfica os subsídios teóricos proveitosos para uma crítica marxista do Estado, do direito, e mais especificamente dos direitos humanos fundamentais, veiculados no TST.

4 4 1 ESTADO E DIREITO NO MODO DE PRODUÇÃO CAPITALISTA O modo de produção capitalista se caracteriza pela divisão social do trabalho e pela propriedade privada dos meios de produção. Sem estes dois pressupostos básicos, não se consumaria a razão de ser do capitalismo: a circulação mercantil e o lucro subsequente. (FERREIRA, 2011, p.34-35). A circulação mercantil permite a aquisição de lucros pelo capitalista (proprietário dos meios de produção), o que implica na acumulação de capital por parte do mesmo. Por sua vez, o lucro auferido pelo capitalista provém da mais-valia, que é o resultado do sobre trabalho explorado do trabalhador (produtor direto), e gerada quando das relações de produção. É nas relações de produção entre os capitalistas e os trabalhadores que tal exploração se dá, relações estas que constituem o núcleo do referido modo de produção. (MASCARO, 2010, p.285). A produção de mais-valia, através da exploração do sobre trabalho do proprietário dos meios de produção sobre o produtor direto se mostra como uma relação social de produção representada pela forma de compra e venda da força de trabalho; esta, por sua vez, assume a forma de uma mercadoria, que é adquirida pelo capitalista mediante a troca por um equivalente: o salário. (SAES, 1998, p. 25). Existem condições segundo as quais é possível a reprodução das relações de produção capitalistas e consequentemente da exploração dos trabalhadores pelos capitalistas. Em primeiro lugar, como já fora mencionado, é necessário a relação entre o produtor direto e o proprietário dos meios de produção. Apenas por meio dessa relação o proprietário (não-trabalhador) extorque o produtor direto (não-proprietário), no sobre trabalho deste. Além disso, faz-se preciso a separação entre o produtor direto e os meios de produção. Dessa forma, as condições materiais de trabalho (forças produtivas) são definidas e controladas pelo proprietário, o que provoca a cisão entre o trabalhador e o produto de seu trabalho, que passa a pertencer ao proprietário. (SAES, 1998, p. 23). Para que as referidas condições se estabeleçam, imperioso se faz uma ideologia que permeie toda a sociedade, permitindo que as relações de produção capitalistas se reproduzam eficaz e constantemente. Esta ideologia é criada como reflexo das condições materiais existentes, e reproduzidas pelo Estado burguês. (SAES, 1998, p. 30). Conforme assevera Pachukanis (1988, p.92), o Estado burguês surge na medida em que as relações mercantis se espalham de forma tal na sociedade, que se torna preciso à

5 5 burguesia, enquanto organização de classe, o exercício de sua influência através de um aparelho externo à sociedade civil, qual seja, o Estado. Assim, o poder de classe, ligado às relações privadas por excelência, reveste o caráter de poder público, exercido então pelo Estado, sobre toda a sociedade. (PACHUKANIS, 1988, p. 90). Márcio Bilharinho Naves (2008, p.75) chega à constatação similar, ao asseverar que na sociedade burguesa, que se baseia no modo de produção capitalista, expresso na circulação mercantil, há um momento em que se tem a distinção entre o público e o privado, pois ao lado das relações privadas de troca surge o Estado como aparato público regulador dessas mesmas relações, ao assumir a busca pelo interesse impessoal da ordem, a qual agrada a classe dominante, pela manutenção do estado de coisas que a favorece. O Estado burguês difunde a ideologia necessária à reprodução do modo capitalista de produção através de sua estrutura jurídico-política, materialmente organizada. (SAES, 1998, p.34) Nesse contexto surge o direito burguês como sistema de normas impositivas (escritas ou não) que dominam ideologicamente os agentes de produção (proprietários e produtores diretos), disciplinando as múltiplas relações entre os mesmos agentes no processo de produção. (SAES, 1998, p.36). O direito estabelecido pelo Estado burguês gera a ilusão de que as relações mercantis são realizadas por agentes livres e iguais entre si, dotados de vontade autônoma e proprietários de mercadorias, que serão trocadas no mercado. O Estado burguês, ao se destacar da sociedade civil e pairar sobre a mesma e sobre das classes sociais em conflito assume o papel de mediador das relações que ensejam a exploração do trabalho pelo capital, e semelhante mediação se dá através do direito, que faz de todos os indivíduos cidadãos, tornando-os sujeitos de direito. Esta lógica ilude a sociedade e proporciona a reprodução do capitalismo. (MASCARO, 2010, p.293). A exploração do capital sobre o trabalho apenas se torna possível nas relações de produção entre produtor direto e proprietário dos meios de produção, com a geração da maisvalia do sobre trabalho do trabalhador, recolhida pelo proprietário na forma de lucro, que se lhe agrega ao capital. A mais-valia, por sua vez, é produzida por meio da troca desigual entre a força de trabalho fornecida pelo trabalhador e o quanto lhe é pago pelo capitalista (salário), não obstante esta relação se afigure como uma troca de equivalentes.

6 6 O direito burguês, ao definir os agentes da produção como sujeitos de direito, faz com que a troca desigual entre o uso da força de trabalho e o salário assuma a forma de uma troca de equivalentes, resultante do livre encontro de duas vontades individuais: o contrato de compra e venda da força de trabalho. (SAES, 1998, p.38) O contrato representa aqui a expressão do direito, a mediar as relações de produção, criando a ideologia jurídica da liberdade e igualdade formais, que mascara a exploração e permite a reprodução do sistema capitalista. A ideologia jurídica também opera no sentido de anular no homem a sua característica de ser social, impedindo-o de se perceber como integrante de uma classe social, e consequentemente de se unir a seus pares na luta contra a exploração. É o que se depreende das palavras de Márcio Bilharinho Naves: O direito, ao transformar os homens em cidadãos, retira dos trabalhadores os seus aspectos de classe, impossibilitando-os de perceber e lutar pela destruição do Estado burguês. (NAVES, 2008, p.83) Os próprios trabalhadores se fazem prisioneiros da ideologia jurídica que lhes domina, através da reprodução da mesma que eles empreendem. Esse processo de dominação se dá, enfim, sob a ação do direito, posto pelo Estado. O direito, ao regular as relações entre os agentes da produção (proprietários dos meios de produção e produtores diretos), impõe a previsibilidade às relações posteriores entre os próprios agentes, possibilitando a repetição continuada das mesmas, e com isso a reprodução do modo de produção capitalista, calcado na exploração do trabalho humano. (SAES, 1998, p.36). O Estado burguês, portanto, é o aparelho jurídico-político derivado das relações de produção, e que tem por finalidade preservar essas mesmas relações, ao criar a ideologia que mascara a exploração na sociedade capitalista, legitimando-as. Essa legitimação ocorre, sobretudo, através do direito, aparato jurídico que torna todos os homens sujeitos de direito, necessidade básica para a reprodução das relações de produção no capitalismo. 2 O LUGAR DO PODER JUDICIÁRIO NO ESTADO BURGUÊS O Estado burguês tem por especificidade a dupla natureza de sua estrutura jurídicopolítica. Esta estrutura se decompõe em duas partes, quais sejam o direito e o burocratismo. (SAES, 1998, p.34).

7 7 Além do aspecto jurídico, já estudado anteriormente neste trabalho, o Estado constituise do aspecto político: o burocratismo. O burocratismo é a estrutura política do Estado, um sistema particular, tipicamente burguês de organização de suas tarefas, e se manifesta através de duas normas fundamentais: (I) A não-monopolização das tarefas do Estado pela classe exploradora, o que permite o acesso a tais tarefas aos membros da classe explorada. (II) Hierarquização das tarefas do Estado segundo o critério formalizado da competência, o que leva à ao caráter despótico do aparelho estatal. (SAES, 1998, p.40) Obedecendo-se a essas normas, é possível ao Estado burguês mascarar sua influência sob o véu da democracia e da cidadania, através da representação popular. Ademais, proporciona a divisão do trabalho no seio do próprio Estado. A constituição do Estado como ente impessoal e abstrato, e a permissão do acesso ao aparelho estatal a membros de todas as classes sociais, conferem-lhe um caráter de justiça a se expressar pela ideologia da cidadania e da democracia. Contudo, há uma condição mediante a qual é franqueada aos indivíduos a entrada no aparelho do Estado. Para se ter acesso ao Estado é necessário aos indivíduos se despojarem de suas características de representantes de classes e se revestirem da forma universal e jurídica de cidadãos. Dessa forma, é possível a manutenção do estado de coisas favorável à reprodução do capitalismo, pois como o Estado se mostra um aparato público, a política, portanto, não deverá ser arena de discussões de interesses particulares de classe, mas apenas de interesses gerais dos cidadãos. Assim, a própria estrutura estatal é limitadora das ações dotadas de potencial transformador. Como a política é realizada apenas no Estado, e no mesmo não há característicos de classe, os trabalhadores, agora cidadãos, não podem lutar por seus interesses, pelo menos não dentro dos limites impostos pelo Estado, através do seu aparato político. O órgão estatal que representa, ao mesmo tempo, a estrutura jurídica (direito) e a estrutura política (burocratismo) do Estado é o Poder Judiciário. Essa instituição jurídica estatal, que corresponde a juízes e tribunais, também é política, na medida em que se apresenta como uma organização material e humana do poder do Estado. Isso porque o direito burguês não se reduz à lei, ele abarca também o processo de aplicação da lei, ou seja, a concretização do seu caráter impositivo, processo que se dá com a ação do Poder Judiciário. (SAES, 1998, p.38).

8 8 Portanto, o Poder Judiciário é a ferramenta do Estado burguês que expressa claramente o seu duplo aspecto jurídico-político, e representa um papel fundamental em toda a estrutura estatal, inclusive na formulação da ideologia que se lhe resulta, mantendo as condições ideais para a reprodução do modo de produção capitalista. 3 O CASO BRASILEIRO: JULGADOS DO TST (1998/2008) Em correspondência ao modelo normativo adequado às condições de reprodução das relações de produção capitalistas, mostra-se o direito positivo brasileiro. A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 (CRFB/88), como norma superior do direito pátrio, estabelece as regras gerais a serem aplicadas dentro do território nacional. Ademais, a CRFB/88, como qualquer outra Constituição, tem por finalidade garantir o cumprimento dos contratos assumidos no espaço físico sobre o qual exerce seu império, no caso, o Brasil. No direito positivo, as normas jurídicas apenas são coerentes e se constituem em um ordenamento jurídico, se normas jurídicas hierarquicamente superiores lhes conferirem validade. Dessa forma, no Brasil, as normas do ordenamento jurídico brasileiro somente se mostrarão válidas se se harmonizarem com as determinações das normas constitucionais. (MASCARO, 2011, p.113). A Constituição brasileira, portanto, além de designar sobre os vários temas do direito local, cria também as especificações de como deve se organizar o Estado brasileiro, o que se dá em conformidade com o modelo burguês de Estado. Dentro da estrutura estatal brasileira, encontra-se, logicamente, o Poder Judiciário, como representação do aspecto jurídico-político do Estado. (SAES, 1998, p.43). O Poder Judiciário é organizado de acordo com os termos dos artigos 92 a 126 da CRFB/88, os quais estabelecem como se dará sua constituição e atividade. Como o objetivo do presente relatório é averiguar a influência do Estado burguês na sociedade brasileira através da veiculação do discurso dos direitos humanos fundamentais nos acórdãos trabalhistas, haja vista que tais sentenças se referem em específico à contradição capital/trabalho inerente ao modo de produção capitalista, ater-nos-emos às decisões proferidas pelo órgão judicial de maior hierarquia dentre aqueles que tratam das lides

9 9 trabalhistas: o Tribunal Superior do Trabalho (TST), que tem sua jurisdição definida pelo artigo 111 da CRFB/88. No período de 1998 a 2008, o referido órgão da Justiça do Trabalho brasileira processou e julgou acórdãos que utilizaram a ideologia dos direitos humanos fundamentais em seus argumentos, direitos estes que podem ser divididos em: direitos fundamentais do trabalhador; direitos civis fundamentais; direitos sociais fundamentais; direitos fundamentais; dignidade humana. Os direitos fundamentais do trabalhador são citados em 738 acórdãos (38%); os direitos civis fundamentais são referidos em 734 sentenças (37%); os direitos sociais fundamentais são usados em 273 (14%), os direitos fundamentais em 122 (6%) e a dignidade humana em 101(5%) das decisões judiciais do TST. (FERREIRA, 2011, p.105). Todos estes direitos expressam, na realidade, pressupostos para a circulação mercantil, consistindo, por esse motivo, em uma ideologia burguesa produzida e veiculada pelo Estado, através de suas instituições, tal qual o TST e seus referidos acórdãos. No que respeita à vantagem granjeada nas decisões do Tribunal Superior do Trabalho, tem-se que os empregadores (burgueses, representantes do capital) são vitoriosos em maior número de processos contra os empregados (trabalhadores, representantes do trabalho). Enfim, 49,4% dos acórdãos (totalizando 973 acórdãos) foram favoráveis ao capital, ao passo que 46,7% (919 acórdãos) deram vitória ao trabalho. (FERREIRA, 2011, p.107). Considerando as ideologias das diferentes categorias de direitos humanos fundamentais, observa-se que em algumas delas o trabalho se mostra vitorioso, enquanto que em outras a vantagem é do capital. No que concerne aos acórdãos que tratam da ideologia dos direitos fundamentais do trabalhador, o capital obtém vitória em 53% dos casos. Quanto aos direitos sociais fundamentais, a vitória do capital se dá em 77% das demandas. (FERREIRA, 2011, p.109). No que tange aos direitos civis fundamentais, a vitória é do trabalho, e ocorre em 58% dos casos. Já nos direitos fundamentais e na dignidade humana como ideologia, a vitória do trabalho ocorre em 58% e 49% das sentenças, respectivamente. (FERREIRA, 2011, p.109). Nos acórdãos nos quais a vitória foi do trabalho, observa-se que os direitos almejados nas lides referem-se majoritariamente a garantias processuais (ação: 44% e ampla defesa: 42%). O capital foi o recorrente em 73% desses acórdãos, o que leva ao questionamento se a utilização de tais recursos processuais nas ações trabalhistas não possuiu simplesmente a intenção de embargar o célere curso do processo, o que significaria uma eliminação de

10 10 despesas constantes do processo de produção, proporcionando o aumento da apropriação da mais-valia. (FERREIRA, 2011, p.109). Percebe-se que o trabalho venceu os processos que versavam sobre as matérias referentes aos direitos individuais, como os direitos civis, a dignidade humana e os direitos fundamentais. Por sua vez, o capital foi vitorioso naqueles que continham como discurso os direitos sociais, de natureza coletiva, como os direitos fundamentais do trabalhador e os direitos sociais fundamentais. (FERREIRA, 2011, p.109). Enfim, pode-se notar na análise dos dados colhidos no sítio eletrônico do TST que, não obstante o panorama geral do resultado dos embates no campo judicial acerca dos direitos fundamentais indicar pouca diferença entre os vitoriosos (49,4% X 46,7%), com uma vantagem quantitativa ligeira em favor do capital, em um exame mais acurado é patente a largo triunfo do capital no aspecto qualitativo, pois os direitos fundamentais transmitidos nos acórdãos nos quais a vitória é do trabalho referem-se a direitos individuais, por sua vez pressupostos da circulação mercantil, o que significa que em tais casos a tomada dos trabalhadores de seus direitos representa a conquista das condições necessárias aos mesmos para que se relacionem na produção econômica, e para que essas relações se reproduzam, no processo capitalista. CONSIDERAÇÕES FINAIS O Estado burguês representa um papel fundamental na reprodução das relações de produção características do modo de produção capitalista. Por sua vez, o referido modo de produção caracteriza-se pela divisão social do trabalho e pela propriedade privada dos meios de produção, o que, a seu turno propicia a circulação mercantil. A circulação mercantil atende ao sumo objetivo do capitalismo, que é a acumulação do capital através do lucro auferido pelo proprietário dos meios de produção. O lucro advém da mais-valia, que é o excesso do trabalho realizado pelo produtor ou sobre trabalho do mesmo, explorado pelo proprietário na relação entre ambos os agentes da produção, ou relação de produção. As relações de produção somente são reproduzidas, pois há uma ideologia permeando a sociedade e os indivíduos que a compõe, ideologia esta produzida pelo Estado burguês, sobretudo através do direito, que trata a todos os indivíduos, independentemente da classe a que pertençam, como sujeitos de direito, atribuindo-lhes, por isso mesmo, a liberdade e a igualdade formais, o que os dota de capacidade de dispor de suas propriedades no mercado.

11 11 A propriedade dos meios de produção é privada aos capitalistas e os produtores diretos possuem como propriedade apenas a força de trabalho, logo esta deve ser vendida no mercado como mercadoria, a qual é adquirida e utilizada pelo proprietário, através do contrato de compra e venda da força de trabalho. A ideologia jurídica propugnada pelo Estado burguês permite haja a previsibilidade das relações subsequentes, o que garante a reprodução de tais relações. O Estado burguês também se mostra importante como mantenedor do estado de coisas favorável ao desenvolvimento do capitalismo, pois através de sua estrutura jurídico-política, estabelece os limites de ação dos indivíduos, tornando-os cidadãos, livres dos aspectos de classe, haja vista que o Estado se mostra como um ente abstrato e impessoal a velar pelos interesses gerais da coletividade, Assim, os interesses de classe não se discutem na arena política, o que limita a ação dos representantes das classes, que se dissolvem no conceito de cidadãos. Dessa forma, a exploração e a dominação de uma classe por outra se mascara sob o véu da ideologia burguesa, que se manifesta pelo Estado e sua ferramenta do direito, quando este universaliza a noção de cidadão e sujeito de direito. O Poder Judiciário é a instituição peculiar que encerra em si próprio os aspectos jurídico e político do Estado burguês, pois representa ao mesmo tempo o direito em sua aplicação e o aparelho material e humano de organização do Estado, o burocratismo. Esta instituição se encontra presente também no direito brasileiro, que obedece ao modelo normativo capitalista, e exerce importante função na manutenção e reprodução do capitalismo dentro do território brasileiro, pois colabora para a difusão da ideologia burguesa da universalização do sujeito de direito, que constitui a base das condições propiciadoras da reprodução das relações capitalistas de produção. No Brasil, a parte do Poder Judiciário que lida mais especificamente com a contradição capital/trabalho inerente ao modo de produção capitalista é a Justiça do Trabalho, que tem como órgão máximo o Tribunal Superior do Trabalho TST. Analisando-se as decisões do TST, no que concerne aos direitos humanos fundamentais (como expressão da ideologia burguesa), no período e 1998 a 2008, é possível perceber a eficiência da dominação da classe detentora do capital sobre a classe trabalhadora através do direito e da ideologia que se lhe dimana. No panorama geral, tem-se a vitória do capital por uma estreita margem, não obstante partindo-se para uma análise mais acurada compreende-se que a vantagem dos capitalistas, no

12 12 que respeita ao atendimento de seus interesses, conducentes com as condições para a expansão capitalista, é bem mais larga e vitoriosa. Do acima exposto, depreende-se que o Estado burguês, mediante, sobretudo, a ferramenta do direito, propugna a ideologia que permeia a consciência social, a qual permite e legitima as formas de exploração típicas do sistema capitalista de produção, através da produção de mais-valia e de sua apropriação pelo capitalista, o proprietário dos meios de produção, em prejuízo do trabalhador, o proprietário da força de trabalho. Tal estado de coisas se faz presente, como em todo o espaço por onde o capitalismo estende sua influência, no Brasil, e segue os mesmos ditames normativos garantidores da reprodução capitalista, a se refletir no direito brasileiro. Este, por sua vez, é aplicado através do Poder Judiciário, a instância que consolida a influência e importância da ideologia burguesa, por meio das decisões proferidas pelos seus órgãos constituintes e dos discursos que as mesmas veiculam. No caso específico do presente trabalho, percebe-se a dimensão dos fatos acima relatados nas ações da Justiça do Trabalho brasileira, principalmente as referentes ao TST Tribunal Superior do Trabalho, instituição na qual as lides trabalhistas são resolvidas e julgadas, quando não com ganho de causa ao capital, pelo menos com vitória velada do mesmo, haja vista que mesmo quando o trabalho sai vitorioso das lutas judiciais, de fato o capital acaba levando vantagem, pois tal circunstância garante os pressupostos para o desenvolvimento do capitalismo, que vão de encontro com as aspirações burguesas. REFERÊNCIAS BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, 05 de out. de Brasília: CN, CORREAS, O. Crítica da ideologia jurídica: ensaio sócio-semiológico. Porto Alegre: SAFE, FERREIRA, É. Crítica da ideologia jurídica dos direitos humanos fundamentais nos acórdãos do TST (1988/2008). UFU: Uberlândia, (Dissertação de Mestrado em Direito Público Programa de Pós-Graduação em Direito da UFU). MASCARO, A. L. B. Filosofia do direito. São Paulo: Atlas, Introdução ao estudo do direito. São Paulo: Quartier Latin, 2007.

13 13 NAVES, M. B. Marxismo e direito: um estudo sobre Pachukanis. UNICAMP: Campinas, (Tese de Doutorado em Filosofia Programa de Doutorado do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas - UNICAMP. PACHUKANIS, E. B. A teoria geral do direito e o marxismo. São Paulo: Acadêmica, SAES, Décio. Estado e democracia: ensaios teóricos. 2.ed. Campinas: IFCH/UNICAMP, TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO. Disponível em: < Acesso em 07 jan

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