SUSTENTABILIDADE DA FORMA URBANA Aplicação do Modelo de Salat Caso de Estudo: Odivelas

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1 SUSTENTABILIDADE DA FORMA URBANA Aplicação do Modelo de Salat Caso de Estudo: Odivelas Carla Patrícia Oliveira Andrade Pereira Dissertação para a obtenção do Grau de Mestre em ARQUITETURA Orientador: Professor Doutor António Salvador de Matos Ricardo da Costa JURI Presidente: Professor Doutor Manuel de Arriaga Brito Correia Guedes Orientador: Professor Doutor António Salvador de Matos Ricardo da Costa Vogal: Professor Doutor Manuel Guilherme Caras Altas Duarte Pinheiro Dezembro

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3 3

4 4

5 AGRADECIMENTOS Ao Professor António Ricardo da Costa pela orientação, pelas oportunidades e pela disponibilidade. À Camara Municipal de Odivelas pelo apoio e disponibilidade, em especial ao Arq. David Gil e ao Vereador Carlos Bodião. Aos meus pais, por estarem sempre ao meu lado e pelo apoio, tornando possível a conclusão desta etapa. Ao meu irmão pela confiança e incentivo. Aos meus tios e primos pelo apoio incondicional. Ao meu padrinho e madrinha pelo apoio e confiança. Aos amigos, pelo incentivo, compreensão, sorrisos, conversas e brincadeiras, em especial ao Nelo, ao Hugo, ao Ricardo e ao Samuel. Ao Telmo, ao Diogo, à Maria e à Ana por serem a melhor equipa de sempre. À Inês que desde sempre e para sempre, como uma irmã. MUITO OBRIGADO A TODOS 5 I

6 6 II

7 RESUMO O processo histórico-evolutivo do desenvolvimento das grandes cidades europeias encontra-se ligado aos princípios capitalistas da revolução industrial. Este rápido desenvolvimento da indústria, que levou a um aumento da produção e do consumo melhorando o nível de vida da população, provocou profundas alterações no meio ambiente, devido à exploração irracional dos recursos naturais e ao processo de ocupação dos ambientes urbanos, devido à necessidade de mão-de-obra para as industrias. O aumento da população e a falta de visão no desenvolvimento das cidades tem enfatizado a pressão colocada nas mudanças efetuadas no ambiente construído pondo em risco a diversidade das formas existentes. A morfologia, enquanto disciplina, encontra-se particularmente bem posicionada para a abordagem desta questão, notando-se a necessidade da preservação do ambiente no seu contexto urbano. Assim, a morfologia urbana é responsável pelo conhecimento do ambiente construído e a sua relação com a envolvente, podendo tornar este conhecimento mais acessível de forma a diminuir a tensão existente entre o núcleo histórico e a construção nova. Para tal, é necessário ter em conta a componente temporal do núcleo urbano para que os valores da identidade e da memória, característicos dos núcleos históricos, não se percam. Com base no estudo das metodologias desenvolvidas, pelos autores que estabeleceram as bases teóricas da análise morfológica: Conzen, Caniggia, Whitehand, Kropf, Osmond e Salat, pretende criar-se uma metodologia de análise da cidade consolidada, tanto no espaço construído como no espaço não construído. Esta metodologia será aplicada à cidade. Posteriormente, os princípios da cidade ecológica desenvolvidos por Serge Salat são analisados, juntamente com a regulamentação existente referente aos planos da cidade, o que permitirá a criação de orientações relativas à sustentabilidade da área urbana, conservação da área consolidada e à construção de novos edifícios, de modo a integrar as preocupações ecológicas e da arquitetura atual, procurando a revitalização da imagem urbana, não comprometendo decisões futuras, nem rompendo com o passado. A gestão do ambiente urbano representa um desafio complexo para as sociedades contemporâneas, não só atendendo a preocupações ecológicas, mas também garantindo a satisfação das necessidades da população, propiciando o desenvolvimento das áreas urbanas. Palavras-chave: Morfologia Urbana; Salat; Avaliação de Sustentabilidade; Desenvolvimento Sustentável III 7

8 ABSTRACT The historical and evolutionary process of the development of major European cities is connected to the capitalist principles of the industrial revolution. The industry s fast development, which led to an increase in production and consumption improving the standard of living of the population, caused profound changes in the environment due to the irrational exploitation of natural resources and the occupation process of urban environments, cause by the need of hand labor in industries. The increase in population ally to the lack of vision in the development of cities has emphasized the pressure on the changes made in built environment endangering the forms diversity. As discipline, the morphology is in a good position to address this issue. Due to the need for the preservation of buildings in its urban context. The urban morphology is responsible for the knowledge of the built environment and its relationship with its surroundings that can make it more accessible in order to reduce the tension between the historic core and new construction. For this, it is necessary to take into account the temporal component of the urban core to ensure the preservation of the identity and memory values, a characteristic of the historic core. Based on the methodologies developed studied by the authors who established the theoretical basis of morphological analysis: Conzen, Caniggia, Whitehand, Kropf, Osmond and Salat. The author create a methodology of analysis of the consolidated city, both in space built and unbuilt. Which was applied to the city. Subsequently, the ecological city presented by Serge Salat is analyzed along with existing regulations regarding the city's plans. This will allow the creation of guidelines for the sustainability of the urban area, conservation of the consolidated area and the construction of new buildings, to integrate environmental concerns and the current architecture. Aiming to the revitalization of urban image, without either compromising future decisions and breaking with the past. The management of the urban environment is a complex challenge for contemporary societies, not only attending to environmental concerns but also ensuring the population needs satisfaction, leading to the development of urban areas. Keywords: Urban Morphology; Salat; Sustainability Assessment; Sustainable development 8 IV

9 ÍNDICE Agradecimentos Resumo Abstract I III IV Índice Índice de figuras Índice de Tabelas Siglas e Abreviaturas V VII XI XIII Introdução 1 1. Motivações 2 2. Objetivos 4 3. Estrutura e Metodologia Utilizada 5 4. Estado da Arte 6 PARTE I 1. Análise da forma urbana A Forma Urbana Escola Inglesa Análise Morfológica de M. R. G. Conzen Karl Kropf Análise Morfológica de Krarl Kropf Paul Osmond Análise Morfológica de Paul Osmond Escola Italiana Análise Morfológica de Saverio Muratori Análise Morfológica Gianfranco Caniggia Escola Francesa Serge Salat A forma do Núcleo Sustentável Avaliação da Forma Urbana 46 PARTE II 2. Proposta de um Método de Avaliação 53 V 9

10 2.1 Metodologia Caso de Estudo Fase 1: Seleção de um caso de estudo Fase 2: Estudo do desenvolvimento histórico Odivelas Caracterização Histórico-Patrimonial Odivelas Caracterização Urbana Fase 3: Aplicação do modelo hierárquico Fase 4:Caracterização de USU s Caracterização da classe Sedes - Aplicação da Matriz de Salat Classificação dos Resultados Referentes à Classe Sedes Caracterização da Classe Textus Aplicação da Matriz de Salat Classificação dos Resultados Referentes à Classe Textux 78 PARTE III 4. Conclusões 83 Bibliografia 93 Anexos 94 VI 10

11 ÍNDICE DE FIGURAS 1 Análise da forma urbana Figura 1.1 Adaptação de esquema de Anne Moudon sobre diferentes níveis de resolução da estrutura urbana Fonte: Moudon, A. V., (1964) Figura 1.2 Planta de distribuição funcional dos solos da cidade de Alnwick Fonte: Conzen, M. R. G., Figura 1.3 Linhas de rua e, consequentemente, são visíveis os sistemas de ruas e os quarteirões Fonte: Kropf, K., 1993, Volume II 15 Figura 1.4 Limitação dos lotes no interior dos quarteirões Fonte: Kropf, K., 1993, Volume II 15 Figura 1.5 Tipologia de edifícios implantados nos lotes Fonte: Kropf, K., 1993, Volume II 15 Figura 1.6 Representação hierárquica em planta, das regiões morfológicas de Alnwick Fonte: Conzen, M. R. G., Figura 1.7 Representação das unidades tipo-morfológicas de Alnwick Fonte: Conzen, M. R. G., Figura 1.8 Ilustração de Teasdale s Yard mostrando o Burgage Cycle e a variedade de formas de ocupação do lote Fonte: Conzen, M. R. G., Figura 1.9 Fringe Belts de Berlim Fonte: Whitehand, J. W. R., Figura 1.10 Fringe Belts de Alnwick Fonte: Conzen, M. R. G., Figura 1.11 Quatro níveis da hierarquia da forma construída de Kropf: Aedes, Fines, Sertum e Textus Fonte: Osmond, P., Figura 1.12 Área de estudo (Whitehand 1990) Os exemplos mostram as fronteiras correspondentes a formas identificáveis, neste caso: lotes e séries de lotes Fonte: Kropf, K., 1993, Volume II 24 Figura 1.13 Padrões do espaço urbano a diferentes níveis de resolução dentro de uma unidade de plano/ USU Fonte: Osmond, P, VII 11

12 Figura 1.14 Comparação de um padrão de rua/ bloco hipotético Fonte: Osmond, P., Figura 1.15 Decomposição da USU Fonte: Osmond, P., Figura 1.16 Esquema síntese da hierarquia de Caniggia Fonte: Crespo, R., Figura 1.17 Materiais de parede em construção vernacular inglês (após Brunskill 1971) Fonte: Kropf, K., 1993, Volume II 37 Figura 1.18 Estrutura de materiais em arranjo interno de edifícios segundo Caniggia Fonte: Kropf, K., 1993, Volume II 38 Figura 1.19 O tipo base e variantes sincrônicas de posição em relação ao declive. Diagrama de Caniggia 1984 Fonte: Kropf, K., 1993, Volume II 39 Figura 1.20 Diagrama de Caniggia 1984 mostrando variações das células elementares distinguidas de acordo com funções específicas Fonte: Kropf, K., 1993, Volume II 39 Figura 1.21 Estrutura de um lote segundo Caniggia 1974 Fonte: Kropf, K., 1993, Volume II 40 Figura 1.22 Delimitação de uma série de lotes segundo Caniggia Fonte: Crespo, R., Figura 1.23 Relação entre quarteirão, série de lotes e tecido de enchimento Fonte: Osmond, P., Figura 1.24 Delimitação de um quarteirão segundo Caniggia 1979 Fonte: Kropf, K., 1993, Volume II 41 Figura 1.25 Diagrama de evolução de um tecido urbano Fonte: Kropf, K., 1993, Volume II 42 2 Proposta de um Método de Avaliação VIII 12

13 3 Caso de Estudo Figura 3.1 Extrato da carta chorographica dos terrenos em volta de Lisboa. O trajeto da estrada real vindo de Lisboa, passando pelo Sr. Roubado, Odivelas e Caneças Fonte: Almeida, Durão, Figura 3.2 Desenho de Reconstituição do território da região de Odivelas Fonte: Almeida, Durão, Figura 3.3 Delimitação da área de estudo Fonte: Autora, adaptado de Google Maps 63 Figura 3.4 Delimitação de USU s Fonte: Autora, adaptado de Google Maps 64 Figura 3.5 Delimitação de USU s Fonte: Autora, adaptado de Google Maps IX

14 X 14

15 ÍNDICE DE TABELAS 1. Análise da forma urbana Tabela 1.1 Hierarquia de Kropf Fonte: Autora. Adaptado de Osmond Tabela 1.2 Comparação entre modelos de Kropf, Cozen e Caniggia Fonte: Crespo, R., Tabela 1.3 Hierarquia dos espaços abertos proposta por Osmond Fonte: Autora. Adaptado de Osmond Tabela 1.4 Classes estruturais de vegetação urbana que suportam a delimitação das USU Fonte: Autora. Adaptado de Osmond Tabela 1.5 Comparação entre hierarquia de Kropf e de Salat Fonte: Autora. 47 Tabela 1.6 Matriz de análise de Sustentabilidade de Salat Fonte: Autora. Adaptado de Salat Proposta de um Método de Avaliação 3. Caso de Estudo Tabela 3.1 Matriz de Salat Parâmetros Selecionados Fonte: Autora. 68 Tabela 3.2 Aplicação da Matriz de Salat Fonte: Autora. 69 Tabela 3.3 Aplicação da Matriz de Salat aos dados da classe Sedes Fonte: Autora. 70 Tabela 3.4 Tabela de Valores de Índices Urbanísticos Fonte: Adaptado de Lobo Tabela 3.5 Avaliação da aplicação da Matriz de Salat aos dados da classe Sedes Fonte: Autora. 75 Tabela 3.6 Aplicação da Matriz de Salat aos dados da classe Textus Fonte: Autora. 76 Tabela 3.7 Aplicação da Matriz de Salat aos dados da classe Textus Fonte: Autora XI

16 XII 16

17 SIGLAS E ABREVIATURAS ISUF International Seminar of Urban Form UMRG Urban Morphology Research Group UTM Unidades Tipo-Morfológicas CISPUT Centro Internacional pelo Estudo do Processo Urbano e Territorialização ASBEC Conselho Australiano Sustentável do Ambiente Construído UNSW University of New South Wales USU Urban Structural Unit CRIL Circular Rodoviária Interna de Lisboa XIII 1

18 XIV 2

19 Introdução 1

20 1. Motivações A cidade constitui-se como a forma escolhida pelo Homem, para viver em sociedade satisfazendo as suas necessidades. É, assim, o produto mais complexo e variado da herança histórica humana, respondendo às necessidades de cada época e conjuntura histórica. No entanto, a vida humana e as áreas urbanas têm sido ameaçadas pelo aumento das incertezas da resposta do meio ambiente ao impacto das atividades do Homem. A sustentabilidade urbana é um debate que surge da necessidade de entendermos o conjunto de problemas da qualidade de vida urbana, tais como: alterações climáticas, esgotamento de energias fósseis e minerais, desmatamento desenfreado, violência, desigualdade social, transportem público escasso, entre outros. São inúmeras as questões levantadas nesse contexto, assim como a pluralidade com que o termo é empregado na literatura e documentos, pois, além da discussão urbana inserida na dimensão ambiental, o conceito incorpora as dimensões econômica, social, cultural e política. [Sampaio 2009:1] Esta dissertação pretende estabelecer a relação entre os discursos dos diferentes autores e propor orientações a aplicar nas políticas de planeamento urbano atuais, criando mecanismos e metodologias que permitam intervenções na cidade de modo a que esta não perca as suas características históricas e, ao mesmo tempo, promovam o seu desenvolvimento sustentável. Uma correta análise morfológica das cidades apenas se torna possível através do relacionamento da teoria com a História da cidade de modo a entender-se a delimitação dos centros históricos e das unidades de planeamento e gestão, percebendo como a cidade se adaptou às necessidades de cada época. Apenas depois deste entendimento se torna possível a criação de modelos de intervenção que forneçam orientações tanto nas ações de conservação como na construção de novos edifícios em áreas edificadas na cidade, numa época em que as preocupações de sustentabilidade são crescentes. O desenvolvimento sustentável constitui uma prioridade do séc. XX e implica que os membros de uma comunidade, os cidadãos, adquiram conhecimentos que contribuam para melhorar as suas perceções em relação aos problemas ambientais, sociais e económicos [...] [Ferreira 2005]. 2

21 As características de um núcleo são específicas de cada contexto, no qual a energia e a vitalidade conduzem à inovação, podendo ser desafiadas e focadas em direções específicas. A tradição e a inovação não são entidades absolutas, a tradição de hoje foi a inovação de ontem e uma não pode existir sem a outra. Deste modo, a qualidade do ambiente construído, com especial enfoque nos espaços públicos é a principal preocupação. Tanto a tradição como a inovação devem servir um ou mais propósitos da sociedade atual e encaixar no seu leque de atividades e interesses. Assim, a cidade deve ser encarada como um organismo vivo, em constante mutação, cuja adaptabilidade garante a sustentabilidade, aumentando a sua autonomia e criando um organismo vivo em vez de uma cidade máquina. Assim, o novo desenvolvimento deve partilhar as características que definem o núcleo onde se localiza, bem como garantir a sustentabilidade do mesmo. Para tal, pretende elaborar-se um método quantitativo de avaliação. Para que os agentes envolvidos no processo de planeamento, considerem as características que promovem e garantem o desenvolvimento sustentável e a diminuição da pegada ecológica, não comprometendo as necessidades futuras de uma sociedade sustentável. 3

22 2.Objetivos Esta dissertação visa desenvolver estudos conducentes à sintetização dos princípios e conceitos relativos à morfologia urbana, operacionáveis nas ações de conservação e urbanização da cidade, aplicando-os à definição de uma metodologia de avaliação da sustentabilidade da forma urbana. Tendo como objeto de estudo a cidade, a morfologia urbana estuda as formas e liga-as aos fenómenos que lhes deram origem. Assim, para uma análise morfológica, é necessário ter em conta a articulação do caracter histórico e geográfico de um aglomerado. A discrepância entre as definições conceptuais encontrada nos estudos efetuados pelos diversos autores gera a necessidade de clarificação dos métodos utilizados na análise da forma urbana. O objetivo geral deste documento consiste na construção de uma metodologia de intervenção e conservação dos tecidos urbanos avaliando a sua sustentabilidade, através da análise da sua morfologia. Deste modo, definem-se como objetivos específicos: A compreensão dos conceitos e metodologias desenvolvidos por Conzen, Caniggia, Whitehand, Kropf, Osmond e Salat; Definição de uma metodologia de avaliação da forma urbana que permita uma articulação entre o planeamento e a sustentabilidade urbana, fornecendo linhas de orientação para a intervenção ou construção em núcleos consolidados da cidade, diminuindo a pegada ecológica e não perdendo o seu carácter; Verificar a viabilidade da aplicação da metodologia proposta num caso de estudo; Determinar parâmetros de orientação para ações de intervenção e conservação em áreas urbanas consolidadas. As características de cada núcleo distinguem-no dos demais, e tanto as preocupações de salubridade, sustentabilidade ambiental, acessibilidade, como a redução dos níveis de poluição ambiental incluem os diversos níveis do design, desde a localização dos edifícios, a sua orientação e a escolha dos materiais utilizados. 4

23 3 Estrutura e Metodologia De modo a atingir os objetivos anteriormente elencados, a investigação apresentada divide-se em três partes: Na primeira parte deste trabalho pretende estabelecer-se uma base teórica na qual se explicitam os conceitos e metodologias desenvolvidos pelos autores anteriormente mencionados, de forma a fundamentar uma proposta de análise morfológica e de avaliação da sustentabilidade da forma urbana. Para tal, pretende utilizar-se como fonte documental as publicações da revista inglesa Urban Morphology, que publica os resultados das pesquisas mais relevantes na área da morfologia urbana, bem como as publicações da responsabilidade de autores como Conzen, Whitehand, Caniggia, Kropf, Osmond e Serge Salat. Na segunda parte propõe-se uma metodologia de avaliação da sustentabilidade da forma urbana, com base na análise morfológica e nas teorias apresentadas pelos autores estudados na primeira parte do documento. Pretende, ainda, verificar-se a viabilidade da proposta apresentada com recurso a um caso de estudo. Para tal, efetuar-se-á uma análise morfológica com recurso a cartografia histórica e atual, ortofotomapas, fotografias e visitas ao local, e, seguidamente, examinar-se-ão as implicações da proposta. Na terceira parte, apresentam-se, as conclusões retiradas do cruzamento da informação apresentada na primeira e segunda partes da dissertação, de forma a clarificar o modelo de avaliação criado, para que o mesmo possa ser utilizado, pelos agentes responsáveis, no processo de planeamento. 5

24 4 Estado da Arte O estudo da morfologia urbana iniciou-se no final do séc. XIX, mas apenas se tornou conhecido mais tarde através do trabalho desenvolvido pelo criador da escola de pensamento Anglo-Germânica M.R.G. Conzen. O geografo desenvolve uma abordagem que fica conhecida como Escola Inglesa ou Tradição Conzeniana. Já na década de 50, do século passado em Itália, Saverio Muratori começa a desenvolver uma metodologia de análise da forma urbana baseada na tipologia, tendo como base o processo tipológico dos tipos de construção como produto de um processo de aprendizagem. Esta abordagem foi desenvolvida por Caniggia. Mais recentemente os estudos de K. Kropf e P. Osmond destacamse. M.R.G. Conzen Estabeleceu uma hierarquia entre os três elementos constituintes da paisagem urbana: uso do solo, tecido construído e planta de cidade. Assim, admitiu que as relações espaciais entre os elementos se determinam da seguinte forma: o primeiro contem o segundo e, o segundo contem o terceiro. Demonstrou, ainda, a estratificação histórica da paisagem urbana, através de estudos efetuados em cidades britânicas. [Whitehand 2009]. G. Caniggia Estuda as tipologias e os tipos, analisando os elementos urbanos com características comuns. Analisa ainda, o processo de formação da cidade de forma a compreender o ambiente construído, para tal, recorre à separação concetual entre espaço e tempo, e correlação espacial (copresence) e correlação temporal (derivação). A sua linha de pensamento visa a especificação de uma metodologia que permita a interpretação das cidades e dos seus elementos estruturais. K. Kropf Estabeleceu uma base teórica consistente e fundamentada para a subdivisão da forma urbana. Para tal, analisou as abordagens desenvolvidas por Conzen e Caniggia definindo uma taxonomia que define os diferentes níveis das Urban Structural Units (USU). Estas consistem em áreas relativamente homogéneas quanto ao seu tipo, densidade e disposição da área construída e não construída, delineando diferentes configurações dentro do ambiente construído [Osmond 2010]. 6

25 P. Osmond Partindo do sistema desenvolvido por Kropf, Osmond propõe uma definição mais rigorosa para USU, de forma a testar a sua dependência enquanto modelo de avaliação da forma urbana e para aumentar a sua utilidade geral no desenho urbano [Osmond 2008]. S. Salat Investiga a questão da forma a dar às cidades para que estas sejam sustentáveis, estudando as cidades orientais e ocidentais através de desenhos, plantas e fotografias. Fornece uma dimensão científica mensurável das noções essenciais de urbanismo sustentável, explorando a qualidade dos tecidos urbanos. É enfatizada a importância da integração social e diversidade cultural, estruturada com o ecossistema. A morfologia urbana é encarada como uma alavanca fundamental para as cidades se adaptarem, aumentando a sua eficiência e reduzindo o consumo de energia. Desenvolve-se, assim, um método de desenho urbano fundamentado em qualidades percetíveis para o projeto de espaços abertos, ruas e sequências visuais, formando as bases para a cidade enquanto local de memória. Para o desenvolvimento deste documento foi necessário recorrer a leituras que se mostraram indispensáveis para a estruturação e organização das ideias bem como na forma como estas são apresentadas. Relativamente à primeira parte destacam-se as monografias publicadas pelos autores, bem como os artigos da revista inglesa Urban Morphology. Na segunda parte, referente ao caso de estudo, destaca-se a obra de Rogério Vieira de Almeida e Vítor Durão [2012] Análise Urbana Odivelas, de aldeia a centro histórico da cidade, bem como os estudos já efetuados para a elaboração do PDM de Odivelas. 7

26 8 PARTE I

27 Para descrever ou analisar a forma física de uma cidade ou mesmo de um edifício, pressupõe-se já a existência de um instrumento de leitura que hierarquize a importância dos diferentes elementos da forma. Assim, os fios de eletricidade de uma rua não têm a mesma importância na descrição do espaço físico dessa rua como a altura dos edifícios, etc. Portanto, a leitura, mesmo querendo-se objetiva, passa já por uma operação da cultura que seleciona os elementos, os hierarquiza e lhes atribui valores. [Lamas 2000:37] 1. Análise da Forma Urbana 9

28 1.1 A Forma Urbana De acordo com M. P. Conzen a morfologia urbana é o estudo da forma construída das cidades, procura explicar o seu layout e a composição espacial das estruturas urbanas assim como dos espaços não construídos, o seu caracter material e o seu significado simbólico à luz das forças que criaram, expandiram, diversificaram e transformaram a cidade [M. P. Conzen 2013:2]. A morfologia urbana estuda a evolução da cidade desde o inicio da sua formação até à atualidade identificando e dissecando cada elemento [ ] Os morfologistas analisam os resultados tangíveis das forças sociais e económicas: estudam os resultados das ideias e intensões aplicadas e como estas moldam as cidades. Edifícios, jardins, ruas, parques e monumentos estão entre os principais elementos de análise morfológica, contudo são elementos em constante mutação, possuindo uma estreita e dinâmica inter-relação. [Moudon, 1997:3] Neste contexto, surgem três escolas de pensamento de morfologia urbana num contexto interdisciplinar. ESCOLA INGLESA ANÁLISE HISTÓRICO-GEOGRAFICA A escola inglesa ficou conhecida como Tradição Conzeniana devido ao importante contributo de M. R. G. Conzen no estudo da forma urbana, esta baseia-se mais em conceitos do que em teorias. Com o objetivo de desenvolver uma teoria de construção de cidade, esta abordagem históricogeográfica analisa a conceção das cidades. O desenvolvimento das cidades é analisado com base em conceitos como período morfológico e região morfológica. Conzen descreve o seu trabalho em três fases: planta da cidade, tecido construído e uso do solo. ESCOLA ITALIANA ANÁLISE TIPO-MORFOLÓGICA Ao contrário da escola inglesa que parte do tecido urbano e posteriormente procede à análise dos elementos morfológicos, a escola italiana seleciona um elemento morfológico e analisa o seu desenvolvimento ao longo do tempo. Esta linha de pensamento foi desenvolvida por Saverio Muratori [ ] e distingue-se pela atenção dada ao estudo das tipologias. A análise baseia-se na ideia de que as 10

29 novas tipologias de construção assentam na adaptação de tipologias de construção anteriores. ESCOLA FRANCESA A escola francesa surge como uma reação ao movimento moderno e à sua rejeição da história. Apesar de ter sido oficializada apenas na década de 60, do século XX, com a fundação da escola de arquitetura de Versalhes e a dissolução das Belas artes (Beaux-Arts), por Philippe Panerai e Jean Castex, teve origem em reflexões anteriores sobre a cidade apoiadas pelo sociólogo Henry Lefebvre [ ]. A escola Francesa encontra-se entre as escolas inglesa e italiana analisando questões de design e de processo de construção de cidade. O seu objetivo é consolidar uma nova disciplina através do desenvolvimento de pesquisas descritivas multidisciplinares do espaço construído, e da identificação e crítica de modelos teóricos e práticos de desenho urbano. Através das publicações e conferências do International Seminar of Urban Form (ISUF) onde se debatem e comparam teorias métodos e práticas, estas três escolas de pensamento têm vindo a destacar o papel da morfologia urbana enquanto campo de estudo a nível internacional. 11

30 1.2 Escola Inglesa A escola inglesa, ou tradição conzeniana, teve as suas origens no trabalho desenvolvido por Otto Schluter no qual se distingue paisagem cultural (Kulturlandschaft), paisagem natural (Naturlandschaft) e paisagem primitiva (Urlandschaft), e se introduz o conceito de ciência da paisagem (Landschaftkunde), tornando a paisagem o elemento central da geografia [Whitehand 2007:2]. Além da sua própria abordagem, Schluter teve influência através das dissertações que orientou na universidade onde lecionava. A mais marcante foi a desenvolvida por Geisler, sobre o interior de Danzing publicada em M. R. G. Conzen, fundador da escola inglesa de morfologia urbana, iniciou os seus estudos no Instituto de Geografia da Universidade de Berlim em 1926 [Slater 1990c:26]. O seu trabalho, enquanto geografo, foi influenciado por Geisler, isto é evidente na sua tese apresentada em Berlim em 1932 onde dividiu por cores o tipo de edifícios em onze cidades alemãs a Oeste e Norte de Berlim [Slater 1990c:28]. Conzen desenvolveu o conceito de paisagem cultural (Kulturlandschaft), estudando como a sociedade tem modificado o seu habitat de forma a responder às suas necessidades e situações históricas. Em 1933, Conzen emigrou para Grã-Bretanha e tornouse um ponto de referência na análise morfológica Alemã e Inglesa. Tal como Shluter, Conzen considerava que para a compreensão da paisagem era necessária a análise dos planos urbanos, a tipologia do edificado e o estudo do parcelamento e uso do solo, assim como é necessária uma análise histórica e evolutiva do espaço urbano [Whitehand 2009]. Assim, a análise de Conzen distingue as diferentes tipologias por cores, a delimitação das regiões morfológicas fornece uma análise do desenvolvimento histórico dos núcleos fornecendo pistas para o planeamento do desenvolvimento futuro. J. W. R. Whitehand, o principal seguidor de Conzen, fundou o grupo de pesquisa de morfologia urbana da universidade de Birmingham (UMRG) juntamente com autores como Kropf, Larkham, Slater e Samuels seguindo esta forma de pensamento colocando-o em prática na avaliação e gestão de paisagens urbanas [Oliveira e Pinho 2007]. Recentemente, o estudo da morfologia urbana desenvolve-se em diversos campos, entre os quais o histórico. O interesse neste campo não é limitado a académicos com preocupações históricas. Grande parte dos estudos são desenvolvidos por geógrafos e outros interessados, os 12

31 responsáveis pelo planeamento e gestão da paisagem urbana dão grande importância às formas criadas pelas gerações anteriores. Além disso, a sua atenção não se foca apenas na forma concebida, já que os morfologistas analisam também a sociedade e o processo que leva à criação da forma [Whitehand, Larkham 1992:2] Análise Morfológica de M. R. G. Conzen A análise morfológica derivada da Tradição Conzeniana estuda a evolução histórica dos núcleos urbanos, abordando a sua forma como uma sequência de acontecimentos sociais e económicos que deixam as suas marcas na forma construída das cidades. Conzen desenvolveu uma abordagem histórica e evolutiva baseada em conceitos como região morfológica, período morfológico, burgage cycle e fringe-belt, que estudaremos mais à frente. Conzen reconheceu, ainda, a divisão tripartida da paisagem urbana: planta de cidade, tecido construído e uso do solo, [Whitehand 2001:104]. Esta divisão foi corroborada por vários geógrafos e urbanistas, entre eles Anne Moudon [Moudon 1994:295]. Esta divisão permite uma metodologia de análise da forma urbana a diferentes níveis de resolução dependendo da escala de aproximação que se pretende. Mas, a cidade apenas pode ser entendida historicamente se os elementos que a compõem sofrerem alterações. Deste modo após uma identificação dos elementos constituintes da paisagem seria possível a aplicação dos conceitos e desta forma analisar a cidade. Figura 1.1 Adaptação de esquema de Anne Moudon sobre diferentes níveis de resolução da estrutura urbana. Fonte: Moudon, A.V., TOWNSCAPE PAISAGEM URBANA O conceito de townscape aproxima-se ao conceito português de paisagem urbana. É definido através da fisionomia da cidade, englobando a sua configuração física e o arranjo de recursos efetuado pelo homem. Assim, de forma a aprofundar a análise é necessário entender a natureza desses recursos individualmente e a sua relação nos arranjos efetuados. Conzen defende que a paisagem urbana é composta por três componentes: planta de cidade, tecido construído e uso do solo, e que o conjunto formado por estes três componentes fornece uma base para a investigação sistemática da morfologia urbana [Conzen 1960]. 13

32 USO DO SOLO LAND UTILIZATION Para Conzen, este aspeto refere-se à distribuição espacial dos usos funcionais dos solos e dos edifícios dos núcleos urbanos. Os elementos descritos denominam-se unidades de uso de solo e são limitadas pelos lotes. O uso do solo encontra-se dentro dos limites da unidade [Kropf 1993:44]. Para a análise deste aspeto é necessário o estudo das unidades do uso de solo, das funções ou grupos de funções que cada unidade possui e das relações espaciais entre as unidades através de um sistema de coordenadas. Figura 1.2 Planta de distribuição funcional dos solos da cidade de Alnwick (1964). Fonte: M. R. G. Conzen TECIDO CONSTRUÍDO BUILDING FABRIC Este aspeto refere-se à composição tridimensional das formas físicas na cidade. [Conzen 1960] Conzen distingue tipos de edifícios com base em cinco critérios: posição relativamente a uma rua, intensidade de uso do solo, tipo de uso, período de origem e forma interna e externa. Assumindo a definição convencional de construção. [Kropf 1993:48]. Para Conzen, o fator temporal e a sua posição relativa à rua e na malha são identificativos do objeto. Conzen considera que os cinco fatores devem ser considerados individualmente mas, como componentes da mesma forma urbana. PLANTA DE CIDADE TOWNPLAN Conzen define planta de cidade como a representação do núcleo urbano onde também são observáveis as características artificiais do mesmo. A planta de cidade é composta por: terreno, sistema de ruas, unidades homogéneas de lotes e unidades de implantação, [Conzen 1960] que possuem características individuais que devem ser tidas em conta tal como a relação espacial entre eles. TERRENO SITE Caracteriza a localização da cidade e os seus recursos naturais. SISTEMA DE RUAS STREET SYSTEM O sistema de ruas consiste no conjunto de blocos de rua, estes são circunjacentes e intercomunicantes. Conzen define ainda a rua como um espaço numa superfície construída, delimitado por linhas de rua e reservado ao trafego de superfície [Conzen 1969:130]. As linhas de rua podem, assim, ser entendidas como as linhas de contorno dos quarteirões fazendo a separação entre o quarteirão e a rua. 14

33 UNIDADES HOMOGÉNEAS DE LOTES PLOT PATTERN Uma unidade homogénea de lotes consiste num conjunto de lotes contínuo, numa área construída. Este complexo é constituído por blocos de rua e séries de lotes [Conzen 1960]. Conzen define, ainda, lote como ( ) uma parcela de terra definida por fronteiras [Conzen 1969:130], constituinte das unidades homogéneas de lotes, é uma unidade tipo de uso de solo, sendo o seu limite uma soma de partes que se relacionam entre si e se lerem como uma entidade única. Anteriormente definiu-se a linha de rua como a linha de contorno de um quarteirão, deste modo conclui-se que a linha de rua deve ser vista como uma entidade separada, e a sua definição deve ser adicionada à definição de unidades de lotes, blocos de ruas e quarteirões [Kropf 1993:56]. Figura 1.3 Linhas de rua e, consequentemente são visíveis os sistemas de ruas e os quarteirões. Fonte: Kropf 1993, volume II. Figura 1.4 Limitação dos lotes no interior dos quarteirões. Fonte: Kropf 1993, volume II. UNIDADES DE IMPLANTAÇÃO BUILDING PATTERN Building patern consiste no arranjo de edifícios, ou seja, consiste na área ocupada por cada edifício no lote, os edifícios são limitados por paredes que definem a forma do mesmo [Kropf 1993:56]. Figura 1.5 Tipologia de edifícios implantados nos lotes. Fonte: Kropf 1993, volume II. 15

34 REGIÃO MORFOLÓGICA MORPHOLOGICAL REGION Área de forma homogénea ao nível das tipologias de planta, de construção e de uso de solo mas, acima de tudo a nível gráfico [Conzen 1960:5]. As regiões morfológicas são áreas que possuem unidade na sua forma, dimensão e proporção de lotes, proporção cheios/vazios, materiais de construção, etc. Ao mesmo tempo estas áreas distinguem-se das circunvizinhas, embora os limites entre regiões variem em intensidade [Whitehand 2001:106]. Estas regiões morfológicas são identificadas a partir do levantamento histórico da cidade e organizam-se hierarquicamente conforme a dimensão e complexidade da cidade. O centro histórico, com ou sem fringebelt, forma uma divisão no plano de ordem superior composta por divisões de ordem menor [Conzen 1969]. Figura 1.6 Representação hierárquica em planta das Regiões Morfológicas de Alnwick. Fonte: M. R. G. Conzen As regiões morfológicas são conhecidas em Portugal como Unidades Tipo-Morfológicas (UTM) e a sua delimitação em trabalhos de conservação tem vindo a tornar-se fundamental pois o mapeamento das mesmas fornece uma apresentação visual da historicidade da cidade. Apesar destas manchas não serem estáticas, dado que se alteram ao longo do tempo, elas se justificam devido a diferentes influencias socioeconómicas, e diferentes periodos de construção [Conzen 1960:07]. 16

35 Figura 1.7 Representação das unidades tipomorfológicas de Alnwick. Fonte: M. R. G. Conzen PERIODO MORFOLÓGICO MORPHOLOGICAL PERIOD Qualquer período da história de uma área que cria formas materiais distintas na sua paisagem cultural para atender às necessidades socioeconómicas particulares da sua sociedade. Estas formas sobrevivem em grau variáveis como característica residual [Conzen 1960]. Um período morfológico é então, um período histórico que criou formas distintas das criadas noutras épocas devido às tecnologias e materiais utilizados nas construções. Whithand e Larkham defendem que a paisagem urbana incorpora a sua historicidade, sendo esta a sua característica mais proeminente. BURGAGE CYCLE O desenvolvimento cíclico de uma série de lotes medievais como resposta às novas exigências socioeconómicas. Este ciclo abrange desde o período de formação do lote, na idade média, até ao seu término contemporâneo. O seu desenvolvimento passa pela construção de novos edifícios no lote e pela sua demolição passando por fases de clímax mensuráveis em termos de área construída. O clímax é seguido por um período de pousio na fase final [Conzen 1960]. O Burgage Cycle é um ciclo que se desenvolve no Burgage, sendo este um lote medieval definido por burgueses na idade média. Este ciclo é de progressivo preenchimento por edifícios no lote e encontra-se associado a alterações funcionais. Analisando a imagem observamos um aumento da densidade de construção entre 1774 e 1921, através do parcelamento do lote e em 1956 o lote encontra-se em pousio. Figura 1.8 Ilustração de Teasdale s yard mostrando a o Burgage Cycle e a variedade de formas de ocupação do lote. Fonte: M.R.G. Conzen

36 Slater desenvolveu um estudo deste tema a partir das suas medições parcelares [Whitehand 2001:105]. FRINGEBELT Trata-se de uma zona originária num avanço muito lento do limite da cidade é composto por uma mistura característica de usos de solo, inicialmente procurando uma localização periférica [Conzen 1960]. O conceito de fringebelt foi introduzido em 1936 por Herbert Louis, mentor de Conzen, este caracterizou as fringebelts da cidade de Berlim, como podemos ver na figura, mas foi Conzen que desenvolveu este conceito mais aprofundadamente nos seus estudos de Alnwick e Newcastel upon Tyne [Whitehand 2001:105]. Estas zonas caracterizam-se por lotes de formas e dimensões irregulares sendo que as suas fronteiras seguem, geralmente, os limites das propriedades rurais. Figura 1.9 Fringe Belts de Berlim. Fonte: Whitehand As fringebelts formam-se a partir de impulsos que refletem o ambiente socioeconómico regional e nacional, assim nos períodos de crise os limites da paisagem urbana são marcados por edifícios institucionais possuindo usos muito distintos como parques ou serviços públicos. Inicialmente, considerava-se que estas zonas estavam associadas às linhas de fixação decorrentes das zonas da antiga fortificação, contudo tornou-se percetível que estas zonas introduzem uma importante descontinuidade na expansão da cidade, sendo uma barreira que marca a tradicional franja estacionária de uma antiga cidade [Barke 1990:281]. O intercalar de fringebelts com as sucessivas zonas de expansão residencial torna as fronteiras indeterminadas dissolvendo a sua expressão de historicidade, já que as construções se encontram muito dispersas e existe pouca indicação sobre o período de construção dos seus elementos [Conzen 2004:52]. A importância destas áreas é reconhecida individualmente pelos seus edifícios, embora não se considere parte integrante do desenvolvimento histórico da cidade [Whitehand, Moudon 2003:819]. 18

37 Figura 1.10 Fringe belts de Alnwick. Fonte: M.R.G. Conzen

38 1.2.2 Karl Kropf O geografo Karl Kropf estudou na Oxford Polytechnic, onde terminou o seu mestrado em design urbano, em 1986, e concluiu o doutoramento na Universidade de Birmingham em 1993, no qual se baseou na análise morfológica urbana como uma forma de estabelecer uma base consistente para a definição e subdivisão da forma construída e a sua aplicação no planeamento e na arquitetura. Assim, após uma análise dos trabalhos desenvolvidos por Conzen e por Caniggia, Kropf inicia o seu estudo com a premissa de que a base fundamental para a definição da forma construída é a posição relativa, a relação da parte com a parte e da parte com o todo; as características base da definição da forma são o tipo, o número e o arranjo das partes. A sua pesquisa conclui que para uma descrição completa do ambiente construído é necessária uma observação do contexto humano, do ambiente natural envolvente e o contexto da sua construção, incluindo a produção, manutenção e transformação do uso dos edifícios. [Osmond 2008:57]. Atualmente, Karl Kropf leciona na Oxford Brookes University, é diretor do estúdio de design urbano REAL e pertence ao Urban Morphology Research Group (UMRG) estabelecendo interação entre as suas teorias e a prática de planeamento Análise Morfológica de Karl Kropf Karl Kropf investigou as bases da teoria da análise morfológica de forma a encontrar uma base de referência para a definição e subdivisão da forma construída e examinar a possibilidade e aplicação das teorias propostas na aplicação das teorias propostas na prática do planeamento urbano, do design urbano e da arquitetura. A teoria desenvolvida por Kropf é, então, baseada nos trabalhos desenvolvidos por Conzen e por Caniggia. Assim, é elaborada uma análise do trabalho de ambos os autores e feita uma comparação enfatizando as similaridades das subdivisões da forma urbana. As semelhanças fornecem uma base síntese para chegar a uma nova subdivisão mais consistente e coerente. Para tal, Kropf começa por distinguir classe de relação e de propriedade. Uma entidade pertencente a uma determinada classe possui características semelhantes a outras entidades da mesma classe. Estas características são, então, 20

39 identificadas através de relações e propriedades. As relações envolvem duas ou mais entidades que são comparadas pelo observador. As propriedades são características medidas através de comparações com outras entidades [Kropf 1993:213]. Kropf faz, ainda, a distinção entre espaço, tempo e energia. Estes são tidos como conceitos básicos co dependentes utilizados para descrever e compreender o mundo. Assim, o espaço refere-se a relações espaciais, o tempo refere-se a relações temporais e a energia a relações energéticas. Dado que a análise morfológica se foca no estudo da forma, Kropf enfatiza as relações espaciais tendo as restantes, apenas como referencia. ESTRUTURA HIERARQUICA A subdivisão das áreas urbanas assenta no conceito de complexidade, sendo este caracterizado por um grau que se determina a partir das relações da parte com o todo. Assim, a complexidade assume a distinção de dois tipos de relação: a da parte com o todo e a das partes com outras partes.[ ] A forma é entendida como um arranjo de objetos considerados um todo. Isto envolve a distinção dos objetos como partes [Kropf 1993:225]. Deste modo, emerge uma hierarquia onde se denota que um determinado nível é ocupado por objetos e estes são formados por partes do nível inferior. Partindo desta síntese, Kropf define três conceitos: NÍVEL DE ESPECIFICIDADE (adaptado de Caniggia) Representa o grau de detalhe usado na definição de um objeto, dentro da mesma escala. Um menor nível de especificidade é o próprio objeto (ex: edifício), e o nível mais elevado é o objeto especifico que o constitui num único elemento (ex: Opera de Sidney) [Osmond 2008:59]. Assim, diferentes tipos específicos podem ser distinguidos a diferentes níveis de especificidade dependendo do nível de resolução da análise. NÍVEL DE RESOLUÇÃO Nível de resolução é a vista analítica em qualquer representação da forma urbana. Os diferentes níveis de resolução correspondem aos diferentes níveis da hierarquia e 21

40 são designados pelo nome genérico correspondente [Kropf 1993:242], facilitando a comparação entre as características de cada classe. CONTORNO O contorno de uma forma é a combinação das suas dimensões externas ( ) Estas dimensões, só por si, não definem a forma. O contorno da forma é constituído pelas dimensões da mesma, e pelas relações entre elas, isto é, as suas proporções [Kropf 1993:243]. Baseado nestes conceitos, Kropf elaborou uma hierarquia da forma urbana constituída por nove níveis. Kropf utilizou a nomenclatura em latim por esta ser uma língua morta e não sofrer alterações e para excluir ambiguidades terminológicas nas quais um elemento poderia pertencer a dois níveis distintos. Na figura encontram-se ilustrados esquematicamente os elementos pertencentes a cada nível. Nível Âmbito Exemplos e comentários Materia Materiais de construção Tijolo, betão, etc. Statio Parede de alvenaria, parede de Elementos Estruturais estrutura de madeira, fundações, cobertura Kropf inclui elementos como Divisões dos edifícios vãos de escadas, poços de Tectum elevador e chaminés tal como divisões convencionais Moradia unifamiliar, edifício de Aedes Edifícios habitação, igreja, teatro, centro comercial, edifício de escritórios Fines Lotes Pode não incluir nenhum, um ou um arranjo de edifícios Sertum Inclui seções de rua, interseções Série de Lotes / e praças e quarteirões de Quarteirões / Ruas diversas formas Textus Tecido Urbano / Unidades de Plano Combinações de séries de lotes/ quarteirões/ ruas com formas semelhantes Kropf sugere o núcleo, a fringe Combinações de Sedes belt baseado em pesquisas Unidades de Plano válidas Complures Combinações de Sedes Não fornece exemplos Tabela 1.1 Hierarquia de Kropf. Fonte: Autora, adaptação de Osmond,

41 Partindo desta hierarquia é notório que as formas se distinguem pelo seu nível de complexidade e pelo número de relações da parte com o todo, tendo como base os materiais [Kropf 1993:228]. Figura 1.11 Quatro níveis da hierarquia da forma construída de Kropf: aedes, fines, sertum e textus. Fonte: Osmond, A textus: a1 unidade de plano; a2 rua/praça B sertum: b1 quarteirão; b2 segmento de rua; b3 interseção/praça C fines: c1 lote cum função de quarteirão; c2 série de lotes D aedes Esta hierarquia identifica os diferentes elementos constituintes da forma urbana. Para que a hierarquia seja consistente, Kropf, estabeleceu duas convenções: o termo parte deve referir-se estritamente aos objetos mais complexos que compõem o arranjo [Kropf 1993:228], ou seja, pertencentes ao nível imediatamente inferior da hierarquia. E o termo arranjo visto como um todo, incluindo os objetos, é visto como uma forma do nível a cima de complexidade, relativamente às partes. [Kropf 1993:229]. Nível de resolução Definição Conzen Caniggia Materia Materiais de Construção - Materiais Statio Elementos Estruturais - Estruturas Tectum Divisões dos Edifícios - Células Aedes Edifícios Unidades de Implantação Edifícios Fines Lotes Plot - Sertum Série de lotes / Quarteirão / Rua Unidades Homogéneas de Lotes Unidades Morfológicas Série de Lotes Textus Tecido Urbano / Unidades de Planta Tecido Sedes Combinações de Unidades de Plano Regiões Morfológicas Organismo Complures Combinações de Sedes - - Tabela 1.2 Comparação entre modelos de Kropf, Conzen e Caniggia. Fonte: Crespo,

42 Na tabela é elaborada uma comparação dos termos utilizados por Conzen, Caniggia e Kropf de forma a tornar as divisões mais claras. MÉTODO DE APLICAÇÃO As classes hierárquicas definidas por Kropf correspondem a conjuntos de características comuns que podemos encontrar na generalidade das áreas urbanas. Assim, surge a necessidade de identificar as diferenças entre os tipos genéricos definidos nas classes e os tipos específicos das áreas urbanas. Com o intuito de promover um procedimento analítico repetível e que permita uma análise comparativa, os tipos específicos devem ser distinguidos e descritos de acordo com os procedimentos estabelecidos [Kropf 1993:240]. ÁREA DE ESTUDO Deve limitar-se uma área de estudo cuja forma poderá ser relativamente arbitrária ou com uma forma motivada pela forma do elemento em análise. A definição da área de estudo permite uma análise comparativa entre as áreas e a identificação de elementos que podem ser considerados típicos da área de estudo [Kropf 1993:240]. Tabela 1.12 Área de estudo (Whitehand 1990) os exemplos a cima mostram as fronteiras correspondentes a formas identificáveis, neste caso lotes e séries de lotes. Fonte: Kropf 2003, volume II. 24

43 RAIO DE AÇÃO Tendo em conta os nove níveis da hierarquia é necessário estabelecer um raio de ação. A divisão dos tipos genéricos a partir da qual os tipos específicos são identificados deve ser tida como raio de ação [Kropf 1993:240]. ANÁLISE CRONOLÓGICA COMPARATIVA Após definir a área de estudo e o raio de ação é então necessário proceder à análise do estudo físico da área. Para isso é feita uma análise da evolução da forma da cidade ao longo do tempo, o que fornece uma sequência evolutiva da mesma. Esta sequência não define as partes da cidade, mas fornece um conjunto de limites que torna a estrutura das formas individuais e de toda a cidade compreensível. A análise cronológica comparativa, permite a identificação de mudanças internas da forma individual [Kropf 1993:241]. 25

44 1.2.3 Paul Osmond Paul Osmond é o seguidor de Kropf. Nas suas pesquisas centrou estudos no desenvolvimento sustentável, tanto teóricos como práticos. Assim, com base no modelo de Kropf, Osmond elaborou uma definição mais precisa da urban structural unit (USU), de forma a integrar, na hierarquia de Kropf, uma nova hierarquia referente aos espaços abertos/exterior. As pesquisas de Osmond abrangem a sustentabilidade do ambiente construído, serviços de metabolismo dos ecossistemas urbanos, climatologia urbana e arquitetura. Atualmente, Paul Osmond, desenvolve um quadro de indicadores de sustentabilidade urbana para o Conselho Australiano Sustentável do Ambiente Construído (ASBEC) e desenvolve formações de eficiência energética para gerentes, juntamente com a University of New Soulth Wales (UNSW) Análise Morfológica de Paul Osmond A partir da hierarquia de Kropf, Osmond elabora pesquisas no campo da morfologia urbana de forma a obter uma definição mais rigorosa de urban structural unit (USU), de forma a facilitar a subdivisão e descrição da forma urbana. A sua pesquisa resulta num quadro metodológico capaz de justificar as diretrizes fornecidas ao planeamento urbano. Assim, para preencher a lacuna de conhecimento existente sobre as relações de metabolismo urbano e ambiente construído, Osmond desenvolve uma estrutura metodológica prática, que através da investigação das relações entre estes dois domínios, possa ajudar na avaliação, design e desenvolvimento de núcleos urbanos sustentáveis [Osmond 2008:iii]. Dado que sustentabilidade urbana é o objetivo deste documento, torna-se necessário começar pela definição dos termos Espaço Urbano e Desenvolvimento Sustentável [Osmond 2008:11]. ESPAÇO URBANO Osmond [2008] diz que: Uma área é definida como urbana se incorporar a seguinte combinação de características: 26

45 1. População mínima de 4000 habitantes dentro das fronteiras limitadas 2. Uma densidade populacional de 500 habitantes por km 2 3. Pelo menos 25 hectares contínuos de terreno construído, definido como local adjacente e coberto por: estruturas permanentes, corredores de transporte construídos de um ou ambos os lados, ou que liguem locais a menos de 50 metros de distância, e associada a superfícies pavimentadas. [Osmond 2008:14] DESENVOLVIMENTO SUSTENTAVEL Segundo Osmond [2008], o desenvolvimento sustentável deve combinar: 1. O meio através do qual os seres humanos conscientes se esforçam para a sustentabilidade, a coevolução dos sistemas humanos e ambientes que permitam a adaptação à mudança por tempo indeterminado; 2. O desenvolvimento qualitativo e não no crescimento quantitativo que está sujeito a limites termodinâmicos finitos; 3. A conservação e aumento dos recursos naturais que não podem ser substituídos; 4. A equidade social na melhoria da qualidade de vida com equilíbrio inter-geracional quanto ao atendimento das necessidades futuras 5. O reconhecimento, o desenvolvimento e a diversidade cultural (tal como acontece na biodiversidade) como questão central no processo de adaptação sustentável [Osmond 2008:20]. UNIDADE ESTRUTURAL URBANA (USU) Tendo em conta a existência de relações causais entre a estrutura física de uma área urbana e as suas características: funções ecológicas e sociais, surge o conceito de USU. Uma USU é definida como uma área relativamente homogénea no que diz respeito ao tipo, densidade e arranjo da forma urbana e do espaço aberto, que delineia distintas configurações do ambiente construído [Osmond 2008:76]. Esta homogeneidade permite a comparação entre USUs através de uma ampla gama de métodos analíticos quantitativos. A USU é morfologicamente equivalente aos elementos da classe textus da hierarquia de Kropf, embora, Osmond, além de considerar a forma construída, considere também o espaço 27

46 aberto, não construído e as infraestruturas das áreas urbanas [Osmond 2008:78-79]. HIERARQUIA DOS ESPAÇOS ABERTOS Apesar de Kropf fazer uma clara distinção entre a forma construída e a forma não construída, não fornece qualquer orientação no que respeita a espaços não construídos. Este facto levanta a questão de um jardim ou um parque poderem ser considerados parte de um lote ou uma unidade de plano respetivamente. No entanto, dado que o espaço não construído é composto por partes distinguíveis pelas suas características de zonas não construídas, o método de Kropf é aplicável, construindo-se assim, a hierarquia dos espaços abertos. Osmond [2008] propõe uma hierarquia dos espaços abertos que contem a forma construída, partilhando elementos com a hierarquia de Kropf. Esta é também independente, o que significa que pode ser aplicada desde a escala do USU até à escala do tecido urbano [Osmond 2008:80]. A tabela seguinte mostra as classes da hierarquia proposta por Osmond, bem como os elementos pertencentes a cada classe: Nível Âmbito Exemplos e Comentários 4 Materiais de Construção Betão, Tijolo, Madeira Espécies Vegetais Angosphera Constata, Wahlenbergia Stricta 3 Elementos Construídos Menores Banco de Rua, Candeeiro de Rua, Caixote de Lixo Estrutura Vegetal Arvore, Arbusto, Relva Superfície Pavimentada Rua, Caminho, Estacionamento 2 Superfície não Pavimentada Parque, Jardim, Lote Vago Corpos de Água Piscina, Canal 1 Espaço Urbano Aberto Matriz Global Aberta Tabela 1.3 Hierarquia dos espaços abertos proposta por Osmond. Fonte: Adaptado de Osmond, A hierarquia é distinta e complementar à hierarquia estabelecida por Kropf, e a metodologia de Kropf é aplicável [Osmond 2008:80] assim, o nível de especificidade e o nível de resolução continuam a ser uteis ferramentas para a caracterização e descrição dos espaços abertos. 28

47 Osmond propõe ainda uma hierarquia referente à estrutura verde para que a distinção entre diferentes USU seja possível. Figura 1.13 Padrões do espaço urbano a diferentes níveis de resolução dentro de uma unidade de plano / USU. Fonte: Osmond,2008. Esquerda: contorno da forma urbana. Centro: diferenciação entre superfície pavimentada e não pavimentada. Direita: nível de resolução de arvore, distinguindo diferentes arranjos de vegetação. Tipo Estrutural Descrição Exemplos Floresta Matagal Relvado Pantanal Terra Nua Plantas lenhosa com mais de dois metros de altura crescendo entre forma construída, ou em áreas vegetadas cercadas por forma construída Plantas lenhosas com menos de dois metros de altura crescendo entre forma construída, ou em áreas vegetadas cercadas por forma construída Áreas relvadas crescendo na matriz do espaço aberto Vegetação emersa e / ou submersa em paisagens urbanas sujeitas a inundação periódica ou permanente Locais sem vegetação, recentemente desmatados ou degradados regularmente cercado por forma construída Árvores de rua, Arvores em parques e jardins residenciais Cercas, Canteiros, Arbustos Relvados, Campos de desporto, Vegetação de beira de estrada Zonas húmidas naturais remanescentes, áreas húmidas cultivadas Pedreiras, Obras de construção, Aterros, Estradas desfeitas Tabela 1.4 Classes estruturais de vegetação urbana que suportam a delimitação das USU. Fonte: Adaptado de Osmond, Na tabela encontram-se descritas as propriedades funcionais das USU, fornecendo um método de identificação e diferenciação da forma urbana destinado ao apoio de métodos analíticos e desenvolvimento de orientações. 29

48 FRAGMENTO URBANO Um fragmento urbano pode ser caracterizado pela sua arquitetura, morfologia, ou coerência sociológica (a área apresenta um conjunto interno de características que são claramente distintas daqueles fora da área): por exemplo, uma grelha de ruas (um velho padrão romano) pode definir um fragmento urbano. Um fragmento urbano também pode ser definido limites de paisagem (rio, montanha, lugar, parede, autoestrada, etc.) Um fragmento urbano não é necessariamente contínuo: um conjunto específico de pontos de referência na cidade, uma determinada paisagem urbana coerente, linha do horizonte, em perspetiva, etc., também pode ser considerado como um fragmento urbano, como a sua coerência e características pode ser desejável conservar. Como tal, o critério para a identificação de um fragmento urbano deve ser: Uma existência amplamente reconhecida (mesmo a nível local), independente de qualquer plano proposto, programa ou projeto. [Ruelle 2003:4] Deste modo, compreende-se que a chave para a compreensão do conceito de fragmento urbano desenvolvido por Kholer [2003] é o reconhecimento da importância das infraestruturas. Para tal, Kholer [2003] divide o ambiente construído em três classes procedendo à posterior subdivisão como podemos ver na figura. SINTAXE ESPACIAL ESPAÇO CONVEXO E LINHAS AXIAIS A descrição da rua como parte de uma rede é considerada complementar à descrição da forma do elemento e oferece o acesso a métodos complementares de explicação e interpretação. Este método denomina-se sintaxe espacial que permite explicar o espaço funcionalmente [Osmond 2010:14]. Assim, a sintaxe espacial divide o espaço em duas classes não hierárquicas: Espaços convexos e linhas axiais. O mapa de espaços convexos decompõe o espaço aberto num conjunto de espaços convexos, o mapa axial corresponde ao conjunto de caminhos possíveis através de um ambiente. Da aplicação dos programas de análise da sintaxe espacial resultam três tipos de gráficos: 1. Gráfico de Conectividade: mede quantos nós estão ligados a cada nó fornecendo o número de interceções de cada rua 30 Figura 1.14 comparação de um padrão de rua / bloco hipotético. Fonte: Osmond, (A) - decomposto em seções, interseções e praças (B) - com o mapa convexo (C) - e o mapa axial (D) - e a mesma configuração O contraste entre B e D reflete a diferença fundamental entre a análise morfológica baseada na subdivisão hierárquica de forma e sintaxe espacial, que descrevem as propriedades topológicas de um espaço configurado.

49 2. Gráfico de Integração: mede o grau a que um determinado nó está ligado ao sistema (Integração global) 3. Gráfico de Inteligibilidade: mede a correlação entre a conectividade e o valor da integração de cada nó A desagregação das USU em mapas convexos e axiais é um meio de acesso amplamente utilizado na análise da sintaxe espacial [Osmond 2010:15]. CARACTERISTICAS GEOFISICAS Osmond [2010] considera que as características geofísicas são gradientes e que especificidades como a topografia, clima e hidrologia devem ser tidos em conta no estabelecimento e desenvolvimento urbano. Embora a comparação com USUs delimitadas com base na homogeneidade morfológica seja digna de nota, o grau de homogeneidade varia conforme a escala da investigação. Assim, apesar de reconhecer o papel da geologia, topografia, solos e clima na forma urbana, os critérios geofísicos não são normalmente decisivos para a identificação de USUs na escala a que estas são identificáveis. Noutras palavras, as propriedades geofísicas de uma USU raramente são distinguíveis localmente e as fronteiras claras a ponto de serem um fator importante na distinção de USUs. Uma exceção relevante, é o relevo onde o declive e o aspeto podem variar na microescala [Osmond 2010:15-6]. CLASSIFICAÇÃO DA FORMA URBANA Segundo Osmond [2010], um quadro de classificação da forma urbana deve ser consistente, coerente e transportável de modo a apoiar a análise morfológica. Assim, antes de explicar o quadro proposto pelo autor, é necessário retornar aos conceitos de nível de especificidade e nível de resolução definidos por Kropf [1993]. A diferenciação de USUs deve ser baseada em cinco critérios: 1. A extensão e a organização do espaço aberto e suas subdivisões em superfícies pavimentadas e não pavimentadas e, quando aplicável, corpos de água; 2. O tipo, o número, a organização e as relações entre partes dos quarteirões, ruas, cruzamentos e praças; 3. Estrutura vegetal; 4. Limite tridimensional do edifício 5. Sempre que necessário, a topografia 31

50 Estes critérios fornecem, assim, um quadro coerente baseado na relativa homogeneidade das USUs. A figura mostra a proposta de descrição do espaço e forma urbana elaborada por Osmond. Nela a USU é identificada e desagregada de acordo com os parâmetros definidos, estabelecendo um quadro de referência que engloba diversas escalas. Figura 1.15 Decomposição da USU. Fonte: Osmond, Linhas continuas Relações da parte para o todo distintas com hierarquia Tracejado Relações entre hierarquias separadas É percetível que a hierarquia apresentada segue o modelo apresentado por Kropf [1993], mas nela encontram-se incluídas infraestruturas como o abastecimento de água, eletricidade e transportes, etc. não se limitando às mesmas. As tabelas apresentadas no Anexo I explicam as relações existentes entre as classes da hierarquia, estabelecendo relações entre as USUs e suas propriedades e características. 32

51 1.3 Escola Italiana A Escola Italiana seleciona os elementos individualmente, e analisa as transformações sofridas, a sua relação com a envolvente, o período e contexto histórico da sua construção. Assim, os arquitetos italianos analisam a tipologia das construções, encarando o processo tipológico como meio de aprendizagem e adaptação de tipologias construtivas anteriores de modo a servirem as necessidades atuais da população e destacando o facto de o tipo ser indicativo de um grupo de edifícios com características comuns [Caniggia, Maffei 2001:50], Aristóteles escreveu: se analisarmos o processo de construção de uma casa, vemos que o construtor tem a forma da casa em mente: ele sabe o que as casas são. Até certo ponto, as casas são originárias das casas: de algo intangível (o conceito) gera-se algo que inclui a matéria [Cataldi 2003:24]. A tipo-morfologia analisa o tipo juntamente com o tecido urbano. Esta análise revela a estrutura física e espacial das cidades a diferentes escalas [Pinho, Oliveira 2009:104]. Recorre-se a estudos comparativos, para fornecer uma base para o estudo da relação entre os elementos e o tecido urbano. Atualmente o núcleo da escola italiana é formado pelo Centro Internacional pelo Estudo do Processo Urbano e Territorialização (CISPUT), fundado em 1981 na cidade de Florença. Este centro tem como principal objetivo a promoção e desenvolvimento da investigação tipo-morfológica no estudo das cidades e os seus processos de transformação [Pinho, Oliveira 2007:03], visando proporcionar ocasiões para arquitetos e historiadores fazerem comparações e verificarem o ponto de vista de ambas as disciplinas Análise Morfológica de Saverio Muratori O arquiteto italiano Saverio Muratori [ ] foi o fundador da Escola Italiana de morfologia urbana e tipologia do edificado na década de 50. O seu percurso académico iniciou-se numa fase de reforma das universidades italianas. Esta reforma realizada por Gentile [ ] caracteriza-se por uma tentativa de restabelecimento do conhecimento das ciências humanas [Cataldi 2003:21]. Muratori considerou que para ordenar o crescimento existiam limitações do urbanismo funcionalista e instrumentos conceptuais e operativos insuficientes no movimento 33

52 moderno. Assim, procurou novas soluções que passavam pela compreensão histórica como fórmula para a recuperação do sentido de continuidade da arquitetura [Cataldi 2003:03]. Após terminada a sua formação, Muratori lecionou nas universidades de Veneza [ ] e de Roma [ ], período no qual realizou projetos de edifícios de habitação e públicos, isto permitiu-lhe a exploração de soluções para as problemáticas levantadas no período moderno. O arquiteto marcou a análise urbana italiana, tendo sido pioneiro da tendência tipo-morfológica na arquitetura italiana [Moudon 1994:258]. Esta abordagem foca-se no estudo da forma urbana para fins prescritivos, de modo a desenvolver uma teoria de desenho de cidade com base na cidade construída. A sua intensão era construir um quadro teórico de referência para explicar a criação da forma urbana e a sua transformação ao longo dos anos. Esta análise permite compreender fatores sociais e características relacionadas com a estrutura urbana, visando compreender os valores inerentes às fases de formação da cidade e as implicações de projetos para edifícios existentes em centros históricos urbanos, onde o tecido pré existente é compacto Análise Morfológica de Gianfranco Caniggia A abordagem morfológica desenvolvida pelo historiador italiano Gianfranco Caniggia consiste no desenvolvimento direto do trabalho desenvolvido por Muratori. Após a morte de Muratori, Caniggia desenvolveu o seu trabalho procurando a simplificação das suas teorias, enfatizando a importância dos aspetos funcionais e promovendo a sua difusão [Cataldi et al. 2002:07]. Deste modo, Caniggia desenvolveu uma linha de pensamento sobre o planeamento urbano, especificando uma metodologia que permitiu a interpretação das cidades e dos seus elementos. Assim, Caniggia foca-se na tipologia e no estudo do tipo, ou seja, nos grupos de elementos urbanos com características comuns. Caniggia e Muratori consideram os edifícios como extensões da espécie humana, sendo organismos que integram um todo [Caniggia e Maffei 2001:21]. Caniggia distinguiu ainda, consciência espontânea de consciência crítica. A consciência espontânea consiste num entendimento do espaço por qualquer pessoa, permitindo uma noção imediata da conceção 34

53 de um objeto, enquanto a consciência crítica pressupõe uma maior reflexão na sua elaboração. A primeira manifesta-se na edilizia de base habitação e espaço e a segunda na edilizia especial monumentos e outros edifícios de exceção. [Pozo 1997]. Deste modo, Caniggia define tipo como um produto da consciência espontânea. O seu estudo baseia-se na análise dos elementos morfológicos através da investigação, das transformações, da relação com a envolvente e com o contexto histórico da sua construção [Valdiva 1993]. Caniggia foi responsável por diversas publicações que pretendem fornecer os princípios fundamentais para a construção da cidade entre as quais, em conjunto com Maffei, Composizione architettonica e tipologia edilizia: 1 littura dell edilizia di base [1979] e Composizione architettonica e tipologia edilizia: 2 progretto nell edilizia di base [1984]. Na sua análise, Caniggia faz a distinção entre relações espaciais, Copresence, e temporais, derivação, baseando-se na diferenciação entre espaço e tempo, e na relação entre os dois na perceção humana do objeto, de forma a compreender a história do ambiente construído. Neste documento analisaremos apenas a copresence já que nos focamos na forma construída. Correlação Espacial Copresence Caniggia denota que os objetos se relacionam entre eles numa relação que determina uma estrutura num modo de participação interativa entre duas ou mais entidades [Caniggia 1979:60], estas relações são do tipo: da parte para a parte e da parte para o todo. A análise da copresence consiste, assim, no estudo das partes e das suas inter-relações. Compreendemos que o todo é composto por partes, as partes são constituídas por mais partes e assim sucessivamente, para uma melhor compreensão das relações espaciais estas classificam-se numa hierarquia de quatro níveis: elementos, estrutura de elementos, sistema de estruturas e organismos. Deste modo, a copresence é concretizada de duas formas: entre objetos da mesma escala e entre objetos de escalas diferentes [Caniggia 1979:60-1], estudando a relação dos objetos com outros de escala imediatamente superior e imediatamente inferior [Kropf 1993:79]. Estes quatro níveis hierárquicos são aplicados ao estudo de edifícios: Os elementos são os tijolos, telhas, etc.; a estrutura é a associação de elementos formando paredes, tetos, etc.; os 35

54 sistemas de estruturas são agregados de estruturas relativamente autónomos, quartos, escadas; e estes combinam-se para formar o organismo, ou seja, o edifício [Caniggia 1979:73]. E ao examinar áreas urbanas: [para a cidade] o termo de menor escala assumido é o edifício, sendo este o elemento. O tecido é a estrutura, a região o sistema de estruturas e a cidade como um todo é o organismo [Caniggia 1979:74]. Na figura 11 apresentamos um esquema simplificado dos conceitos a cima mencionados. Figura 1.16 Esquema síntese da hierarquia de Caniggia Fonte: Crespo A copresence divide-se e em 7 classes de forma a podermos identificar a natureza das suas subdivisões e as suas características, que são: materiais, estrutura, células, edifícios, tecido e organismos urbanos, sendo necessário compreendelas individualmente e na combinação das mesmas formando objetos de maior complexidade [Kropf 1993:83-4]. MATERIAIS A definição geral de classes da copresence diz que todos os objetos possuem uma relação do todo com a parte, sendo a parte o objeto de classe imediatamente inferior. Esta definição não se aplica à classe dos materiais por esta ser a classe hierárquica mais elementar. [Kropf 1993:84]. A classe dos materiais divide-se em duas subclasses específicas de acordo com a sua natureza e com as características do material: 36

55 - MATERIAIS NATURAIS E ARTIFICIAIS Esta distinção baseia-se na proveniência dos materiais e no grau de complexidade do seu fabrico. Quanto menos o número de fases de produção de um material, mais natural; quanto maior, mais artificial. Apesar de muito útil na caracterização do objeto, esta característica não é suficientemente específica para uma caracterização total. - MATERIAIS ELASTICOS E PLASTICOS Esta distinção assenta na estrutura interna dos materiais e nas suas características físicas. Todos os materiais possuem um grau de elasticidade e de plasticidade consoante a sua estrutura interna, que é determinado através da aplicação de cargas no material. Tal como no caso anterior, estas características revelam-se uteis na caracterização dos materiais, mas não os definem totalmente. Figura 1.17 Materiais de parede em construção vernacular Inglês (após Brunskill 1971). Fonte: Kropf 1993 Vol. II ESTRUTURA Caniggia define estrutura como uma associação de vários elementos [Caniggia 1979:73]. A estrutura encontra-se, assim, no segundo nível hierárquico da copresence e a sua definição assenta em quatro características fundamentais: 1. Partes constituintes da entidade a definir 2. Organização das partes constituintes da entidade 3. Posição relativa no espaço da entidade em relação a outras entidades 4. Uso a que a entidade se destina Caniggia relaciona estas características com a sua forma e com a atividade humana através de três conceitos: intensão, propósito e uso e considera que estes caracterizam a forma do objeto [Kropf 1993:89]. Tal como na classe dos materiais, Caniggia distingue entre estrutura elástica e estrutura plástica de acordo com as 37

56 características físicas dos materiais utilizados. Assim, uma estrutura constituída por materiais elásticos é mais leve, esbelta e rígida enquanto uma estrutura constituída por materiais plásticos é mais pesada, compacta e orgânica. Da mesma forma, apesar de não fornecer um nível suficientemente detalhado na definição da classe geral das estruturas, esta característica ajuda na definição das diferentes formas [Kropf 1993:91-2]. Figura 1.18 Estrutura de Materiais em arranjo interno de edifícios segundo Caniggia. Fonte: Kropf 1993 Vol. II CÉLULAS As células encontram-se no terceiro nível da hierarquia de Caniggia, elas são descritas como agregações de estruturas reconhecidas como relativamente autónomas: quartos, escadas, etc. [Caniggia 1979:74]. na subdivisão da classe geral, Caniggia refere-se a termos convencionais como quartos e escadas, e também às suas próprias denominações: tipo base e célula elementar [Kropf 1993:92]. 38 TIPO BASE O tipo base é definido a partir das suas componentes: um espaço de 5 ou 6 m 2, confinado entre chão, quatro

57 paredes, sendo que uma possui uma porta para acesso e iluminação, e um telhado. Afirma também que para uma definição precisa é necessário recorrer a ilustrações. [Caniggia 1984:135] Figura 1.19 O tipo base e variantes sincrônicas de posição em relação ao declive. Diagrama de Caniggia Fonte: Kropf 1993 Vol. II. CELULA ELEMENTAR A célula elementar é o mesmo espaço [que o tipo base] que entrou num sistema de formação derivativo [ex: mais de um espaço] [Caniggia 1979:98]. Assim, apesar da célula elementar se definir da mesma forma que o tipo base, as células elementares assumem um papel próprio como se pode ver na figura. Figura 1.20 Diagrama de Caniggia de 1984 mostrando variações de células elementares distinguidos de acordo com funções específicas. (a) Organismo; (b) organismo de células ao mesmo nível; (c) tipo cave; (d) piso superior; (e) nível intermédio. Fonte: Kropf 1993 Vol. II. 39

58 EDIFICIOS Caniggia define os edifícios como: Agregação de estruturas reconhecidas como relativamente autónomas: quartos, escadas, etc que se agrupam formando um organismo de sistemas, designado como edifício [Caniggia 1979:73]. Dentro desta classe, que ocupa o quarto nível hierárquico de classes, é feita a distinção entre tipo base e tipo principal. TIPO BASE Este tipo já foi definido na classe das células e é identificado na classe dos edifícios. Apesar dos edifícios serem agregações de células, e de a combinação de um elemento isolado não ser matematicamente possível, este tipo de edifícios é considerado pois ele existe na cidade real [Kropf 1993:98]. TIPO PRINCIPAL Esta tipologia refere-se a edifícios construídos que servem de modelo de inspiração para projetos de novos edifícios e para a alteração de outros. TECIDO Caniggia define tecido como associação de vários elementos [Caniggia 1979:74], onde o edifício corresponde ao elemento em questão. Assim, para a sua caracterização, a classe dos tecidos é subdividida em entidades: ÁREA PERTINENTE Corresponde à área não construída dos lotes. LOTE Área do lote composta pela área construída e a área pertinente. Figura 1.21 Estrutura de um lote segundo Caniggia, Fonte: Kropf 1993 Vol. II. 40

59 SÉRIE DE LOTES Conjunto de edifícios ao longo de uma rua que lhes dá acesso [Caniggia 1979:130]. Figura 1.22 Delimitação de uma série de lotes segundo Caniggia. Fonte: Crespo RUA É a estrutura que permite o acesso a um edifício [Caniggia 1979:128]. Caracteriza-se pela sua posição relativamente aos outros elementos. Para uma melhor identificação, Caniggia define ainda NÓ, um cruzamento de ruas, e POLO, o término de uma rua. Figura 1.23 Relação entre quarteirão, série de lotes e tecido de enchimento. Fonte: Osmond, QUARTEIRÃO É o resultado da combinação de quatro séries de lotes que o formam [Kropf 1993:110]. Figura 1.24 Delimitação de um quarteirão segundo Caniggia Fonte: Kropf,

60 TECIDO DE ENCHIMENTO: Corresponde ao ponto de partida para a evolução de um núcleo urbano. É descrito como um arranjo de lotes com uma evolução posterior. Figura 1.25 Diagrama da evolução de um tecido urbano. Fonte: Kropf, ORGANISMO URBANO Caniggia enfatiza que a cidade enquanto um todo é um organismo de sistemas onde o quarteirão assume o papel de sistema [Kropf 1993:112]. Assim, Caniggia subdivide o organismo urbano em três subclasses para uma melhor caracterização: FIXAÇÃO Complexo de edifícios residenciais, diretamente relacionados com infraestruturas de produção [Caniggia 1979:166]. NUCLEO PROTO-URBANO Complexo de edifícios residenciais, bem como infraestruturas produtivas do sector secundário e terciário com uma área de influência que inclui a sua área e a das fixações vizinhas [Caniggia 1979:166]. NUCLEO URBANO Complexo de maior área de influência que abrange vários núcleos proto urbanos e suas fixações [Caniggia: 1979:166]. 42

61 1.4 Escola Francesa Serge Salat Serge Salat é arquiteto, formado pela École Polytechnique, possui um PhD em economia e outro em história da arte. Atualmente, é o diretor e fundador do Laboratório de Morfologia Urbana. Na sua atividade como arquiteto é diretor de grandes projetos de infraestrutura, como aeroportos internacionais e estações de TGV. Como diretor do Laboratório de Morfologia urbana em Paris, elabora estudos sobre formas sustentáveis e metabolismo de cidades, universidades, escolas de engenharia. No campo da energia, carbono e eficiência económica analisa as formas urbanas tendo como objetivo o planeamento urbano. Serge Salat é o autor de dois importantes livros sobre morfologia urbana, bem como de numerosas publicações. Para Salat, a paisagem urbana é um organismo vivo, em constante mutação, sendo esta a única forma de garantir a sustentabilidade da mesma. Assim, o desenho da paisagem urbana deve: Possuir uma consciência da participação do homem no processo de formação e ciclo de vida. Compreender os sistemas naturais que interagem com as atividades humanas. Compreender a forma como os processos não lineares trabalham e se desenvolvem. [Salat 2011:399] Com base nestas três premissas, Salat enuncia oito princípios que devem ser considerados no planeamento de um núcleo sustentável: PRINCÍPIO 1 DENSIDADE E USO-MISTO Um núcleo sustentável deve possuir uma densidade de construção elevada e usos mistos nos quarteirões de forma a promover as deslocações de bicicleta e pedonal ou de transportes públicos, permitindo a satisfação das necessidades da população em viagens curtas [Salat 2011:399]. PRINCÍPIO 2 REDE PEDONAL E CICLOVIAS Dentro dos núcleos, deve ser promovida a circulação pedonal ou através de ciclovias que se ligam a estações de 43

62 grande fluxo de trafego, para limitar o uso do transporte privado. A diminuição do número de veículos nas ruas aumenta a viabilidade do comércio local [Salat 2011:400]. PRINCÍPIO 3 DENSIDADE DE LIGAÇÕES CURTAS O núcleo deve ser constituído por pequenos blocos urbanos rodeados por uma densa rede de ruas de forma a promover a fluidez e a facilidade de acesso [Salat 2011:400]. PRINCÍPIO 4 ESPAÇO PÚBLICO Um núcleo sustentável deve ser estruturado em torno de espaços públicos onde a interação social é promovida. As ruas, os parques e os restantes espaços abertos devem conter locais destinados ao entretenimento e atividades de lazer. O espaço público deve ser heterogéneo, possuindo ligações semipúblicos/semiprivados ao espaço privado [Salat 2011:400]. PRINCÍPIO 5 NÚCLEOS AUTO-SUFICIENTES Um núcleo sustentável deve ser autossuficiente, como tal, deve reciclar os seus resíduos localmente e gerar a maior parte da energia necessária para o seu bom funcionamento. Cada quarteirão deve incluir sistemas geradores de energia, reutilização de águas e resíduos [Salat 2011:401]. PRINCÍPIO 6 COMUNIDADE HETEROGÉNEA Um núcleo sustentável deve oferecer uma escolha suficiente para encorajar o desenvolvimento de uma comunidade heterogénea. Assim, deve incorporar um leque de tipos de habitação e serviços que permita a vivência em comunidade de pessoas com diferentes níveis de vida [Salat 2011:401]. PRINCÍPIO 7 CONDIÇÕES EXISTENTES NO LOCAL Um núcleo sustentável respeita a história do local e as suas características naturais de topografia, integrando os elementos existentes nos planos. Deste modo, a integração das características históricas e naturais nos novos desenvolvimentos é essencial [Salat 2011:401]. 44

63 PRINCÍPIO 8 - RELAÇÃO DAS PESSOAS COM O ESPAÇO Cada cultura possui uma relação particular com o espaço que se traduz na sua organização social e familiar, tal como na sua história. A relação das pessoas com o espaço deve ser preservada através de transformações lentas e progressivas da forma urbana [Salat 2011:401] A Forma do Núcleo Sustentável Baseado nos oito princípios enunciados anteriormente Serge Salat estabelece cinco pontos para a elaboração do desenho de um núcleo sustentável. O núcleo sustentável é um modelo de planeamento urbano que se deve estruturar em torno de um centro definido com a sua própria lógica interna. Assim: 1. O núcleo possui um centro e fronteiras [Salat 2011:402] de forma a contribuir para a identidade social da comunidade. O centro deve ser um espaço público, uma praça ou um espaço verde. A fronteira pode ser uma floresta ou uma infraestrutura artificial. 2. As dimensões ótimas de um núcleo são de 400m do centro até à fronteira [Salat 2011:402] Esta distância corresponde a cerca de 5 minutos a pé, colocando os moradores a uma distância de 5 minutos a pé das suas necessidades diárias. A estação de transportes a 5 minutos de casa desencoraja o uso do transporte particular. 3. O núcleo oferece uma mistura de habitação, comercio, escritórios, escolas, locais de trabalho e atividades de lazer [Salat 2011:402] A mistura de atividades diminui a necessidade de percorrer grandes distâncias. 4. O núcleo possui os edifícios e circulações distribuídas ao longo de uma fina grelha de ruas intercomunicantes [Salat 2011:402] A organização dos edifícios e das circulações ao longo de uma fina grelha de ruas oferece múltiplos trajetos para chegar ao mesmo destino, para distribuir o trafego. 5. Dá-se prioridade ao espaço público e à colocação apropriada das estruturas institucionais [Salat 2011:402] Os espaços públicos e os edifícios são os elementos que fornecem a identidade ao núcleo. 45

64 1.4.2 Avaliação da Forma Urbana A morfologia urbana pode contribuir para a redução da pegada ecológica das cidades, já que a forma urbana é um parâmetro primário para enfrentar os desafios do futuro. Assim, torna-se necessário focar os aspetos morfológicos de forma a obter uma correta análise da paisagem urbana [Salat 2011:483]. AVALIAÇÃO - CONSTRUÇÃO E ESCOLHA DE INDICADORES De forma a escolher os indicadores indicados para analisar aspetos da cidade, é necessário decidir o tema mais pertinente: Uso da terra Mobilidade A gestão da água Biodiversidade Energia Equidade Economia Bem-estar e cultura Resíduos e materiais Estes temas respondem a questões da Forma urbana, Económicas da Sociedade e do ambiente, garantindo o desenvolvimento sustentável da forma urbana. Os indicadores selecionados para a avaliação da forma urbana, estabelecem os objetivos pretendidos para a cidade, de modo a possibilitar uma medição quantitativa e qualitativa dos indicadores. Assim, a análise faz a sua classificação com base nos seguintes indicadores: intensidade, diversidade, proximidade, complexidade, forma, conectividade e distribuição, definindo a natureza do indicador e fornecendo informações sobre o uso que cada um pode ter. Deste modo torna-se possível uma comparação entre os resultados obtidos em diversas cidades [Salat 2011:484]. Este sistema de indicadores pretende refletir a estrutura, o metabolismo e os fenómenos formadores do tecido urbano, e tem como objetivo preservar a complexidade intrínseca da cidade que contribui para a sua riqueza. [Salat 2011:485]. 46

65 HIERARQUIA DA FORMA URBANA A hierarquia estabelecida por Serge Salat, tem como objetivo a especificação da área na qual os indicadores podem ser aplicados de acordo com o seu significado [Salat 2011:487]. A escala utilizada nos estudos de Salat encontra-se explicada na tabela. É feita uma correspondência com a hierarquia de Kropf de forma compreender as classes estabelecidas por Salat: Nível hierarquia de Kropf Âmbito Nível hierarquia de Salat Materia Materiais de construção - Statio Elementos Estruturais - Tectum Divisões dos edifícios - Aedes Edifícios Edifício Fines Lotes - Sertum Série de Lotes / Quarteirões / Ruas Quarteirão Textus Tecido Urbano / Unidades de Plano Série de quarteirões Sedes Combinações de Unidades de Plano Núcleo Urbano Complures Combinações de Sedes Cidade Tabela 1.5 Comparação entre a hierarquia de Kropf e de Salat. Fonte: Autora. MATRIZ DE ANALISE Na tabela 1.6 a matriz proposta por Salat. Na primeira coluna, encontram-se os temas referentes ao desenvolvimento sustentável, na segunda, a classe dos indicadores e a sua correspondência a ações de forma urbana, na terceira, o tipo de indicador, na quarta, o nome do indicador, na quinta a escala a que se aplica e na sexta e última, a fórmula que permite o seu cálculo: 47

66 TEMAS Uso do Solo CLASSE DOS INDICADORES Forma Urbana TIPO DE INDICADOR Intensidade Diversidade NOME DO INDICADOR Densidade Populacional Índice de Construção Densidade Habitacional Densidade de Emprego Coeficiente de Ocupação do Solo Intensidade de Subdivisões Diversidade de Dimensões das Subdivisões Diversidade de Uso do Solo ESCALA Sedes / Textus Sedes / Textus Sedes / Textus Sedes / Textus Sedes / Textus Sedes / Textus Sedes / Textus Sedes / Textus FORMULA População Supreficie de Terreno (ha) Área de construção (ha) Supreficie de Terreno (ha) Nº Fogos Supreficie de Terreno (ha) Nº Empregadores Supreficie de Terreno (ha) Área de Implantação dos Edificios (ha) Supreficie de Terreno (ha) Nº de lotes Supreficie de Terreno (ha) 1 Cat [ 1 S S S ]2 1 Cat [ 1 S S ]2 Diversidade de Uso das Subdivisões Sedes / Textus 1 Cat [ 1 S S ]2 Mobilidade Forma Urbana Intensidade Conectividade Proximidade Diversidade Superfície Ocupada por Ciclovias e Passeios Superfície Ocupada pela Rede de Estradas Proporção de Via Dedicada a Transporte Público Conectividade da Rede de Ciclovias e Passeios Conectividade da Rede de Estradas Complexidade da Rede de Ciclovias e Passeios Sedes / Textus Sedes Sedes Sedes / Textus Área de via (ciclovia e pedestre) (ha) 100 Supreficie de Terreno (ha) Área de via (ha) Supreficie de Terreno (ha) 100 Área de via dedicada a Transporte Público (ha) Supreficie Total de Via (ha) 100 Nº de Interseções (ha) Supreficie de Terreno (ha) Sedes Nº de Interseções(ha) Supreficie de Terreno (ha) Sedes µ= L- N + 1 (L: Nº de Ligações; N: Nº de Nós) Complexidade da Rede de Estradas µ= L- N + 1 Distância Média entre Interseções (Rede de Ciclovias e Passeios Distância Média entre Interseções (Rede de Estradas) Proporção de População a mais de 300m de Transportes Públicos Número de Transportes Públicos Diferentes em 300m Sedes / Textus Sedes Sedes Sedes Valor Médio da Distância entre Duas Intersecções na Área Selecionada População a mais de 300m 100 Total de população Complexidade Fractalidade da Rede de Estradas Sedes 1 Cat [ 1 n.x A ]2 48

67 TEMAS CLASSE DOS INDICADORES TIPO DE INDICADOR NOME DO INDICADOR ESCALA FORMULA Intensidade Hídrica Sedes % de Cursos Hídricos Preservados ou Restaurados Impermeabilidade do Solo Sedes Área impermeavél (ha) Supreficie de Terreno (ha) Água Ambiente Intensidade Intensidade do Tratamento da Água Sedes Volume de Água Tratada (m3) Volume de Água Consumida (m3) Eficiência do Uso da Água Sedes Volume de Água Necessária (m3) Volume de Água Consumida (m3) Acessibilidade a Água Potável Sedes % de População com Acesso a Água Potável Biodiversidade Equidade Ambiente / Forma Urbana Socioeconómico Intensidade Conectividade Distribuição Intensidade Diversidade Proporção de Superfícies Agrícolas Proporção de Tecido Verde Conectividade do Edificado Distribuição de Espaços Verdes Proporção de Empregos e Fogos Proporção de Serviços Sociais Diversidade Etária Diversidade Cultural Sedes Sedes Sedes Sedes Sedes/ Textus Sedes/ Textus Sedes/ Textus Sedes/ Textus Área agricola (ha) Supreficie de Terreno (ha) 100 Área de verde (ha) Supreficie de Terreno (ha) 100 Áreas verdes Ligadas (ha) 100 Área Verde Total (ha) Nº de Empregadores Nº de Fogos Numero de Serviços Sociais Nº de Fogos 1 Cat [ 1 P P ]2 1 Cat [ 1 P P ]2 Intensidade Produtividade de Recursos Intensidade de Atividades Educativas Sedes Materiais Consumidos (Kg) GDP Numero Estabelecimentos de Ensino Nº Entidades Economia Forma Urbana/ Socioeconómico Socioeconómico Diversidade Proximidade Distribuição Complexidade Potencial de Emprego Diversidade de Emprego Diversidade de Usos Proximidade de Lojas de Conveniência Distribuição de Funcionalidade Complexidade do Tecido de Atividade Sedes Sedes Sedes Sedes Sedes 1 Cat Numero Empregos População Empregada 1 Cat [ 1 Nº empregos Nº empregos ]2 [ 1 Nº entidades legais Nº entidades legais ]2 % de População Residente a menos de X de uma Loja de Conveniência 49

68 TEMAS Resíduos Bem-Estar e Cultura Energia e Bioclima CLASSE DOS INDICADORES Ambiente Social Urbano Social Ambiente Forma Urbana TIPO DE INDICADOR Intensidade Intensidade Proximidade Intensidade Forma NOME DO INDICADOR Proporção de Materiais Reciclados na Construção de Novos Edifícios Produtividade do Metabolismo Urbano Intensidade de GHG emitidos por Residente Intensidade de Emissões produtoras de Riqueza Poluição Sonora Intensidade de Atividades Culturais Proximidade de Centros de Lazer Intensidade Energética por Residente Intensidade Energética Proporção de Produção Local Rácio de Energia Renovável Utilizada Rácio de Energia Reutilizada Compactação Volumétrica ESCALA Sedes Sedes Sedes Sedes Sedes Sedes/ Textus Sedes/ Textus Sedes/ Textus Sedes/ Textus Sedes Sedes FORMULA Materiais Reciclados (m3) Materiais Utilizados (m3) Produção de Residuos (Kg) Materiais Importados (Kg) Emissões de GHG (Kg CO2 eq) População Emissões de GHG (Kg CO2 eq) GDP % de População Exposta a Ruídos a Cima dos 70 Decibéis entre as 8am e as 8pm Nº de Actividades Culturais por Ano População % de População Residente a menos de X de um Centro de Lazer Consumo de Energia (KW. h) População Consumo de Energia (KW. h) Área de Construção Energia Produzida (KW. h) Consumo de Energia (KW. h) 100 Energia Renovavel Consumida (KW. h) Consumo de Energia (KW. h) 100 Energia Residual Reutilizada (KW. h) Consumo de Energia (KW. h) 100 C = Si Vi 1 Dimensão ( Vi) 1/3 Si Forma C = ( Vi) 1/3 Rácio de Vi pass Volume Passivo Vi Energia Consumida em Aquecimento Consumo de Energia (KW. h) m 2 Tabela 1.6 Matriz de análise de sustentabilidade de Salat. Fonte: Autora, adaptação de Salat

69 51

70 52 PARTE II

71 A cidade constitui-se como a forma que os seres humanos escolheram para viver em sociedade e prover suas necessidades. As agressões ao meio ambiente causadas pela ocupação humana sugerem a necessidade de se buscar alternativas que minimizem estas ações e promovam a integração do ser humano com a natureza. [Andrade 2013:4] 2. Proposta de um Método de Avaliação 53

72 2. Metodologia A degradação ambiental gerada no ambiente urbano, causada pela ocupação humana sugere a necessidade de buscar alternativas viáveis que minimizem estas ações e promovam a harmonia entre o Homem e a natureza [Andrade 2013:4]. Assim, a sustentabilidade é ponto central nas discussões sobre o futuro das cidades. Este conceito não possui um caráter universal, variando de acordo com as realidades económicas, sociais e ambientais, com os seus valores e atitudes ligados às suas caraterísticas sociais [Ferreira 2005:1]. Tendo como ponto de partida a necessidade de desenvolvimento sustentável das cidades de modo a satisfazer as necessidades da população, sem comprometer as necessidades das gerações futuras, propõe-se a criação de um método de avaliação quantitativo da sustentabilidade da forma urbana. De acordo com as ideias divulgadas ao longo da primeira parte deste documento, este modelo pretende contribuir para o desenvolvimento sustentável dos núcleos urbanos face ao planeamento atual e a um nível científico na investigação da morfologia urbana. Com a aplicação deste modelo, pretende-se averiguar a sustentabilidade dos aglomerados urbanos existentes, de forma a promover o seu desenvolvimento. A análise morfológica contribui para a reflexão e investigação sobre os mecanismos de definição de parâmetros urbanísticos e arquitetónicos, com vista ao desenvolvimento sustentável, através da associação das abordagens desenvolvidas por Conzen, Caniggia, Kropf, Osmond e Salat. A segunda parte deste documento baseia-se na hierarquia de classificação urbana do modelo de Kropf [1993], e o método de avaliação de sustentabilidade da forma urbana desenvolvido por Salat [2011]. O método proposto integra cinco fases distintas: - Fase 1: Seleção de um caso de estudo Deste modo, para ser possível a aplicação de um modelo de avaliação da sustentabilidade da forma urbana, é necessário proceder-se à seleção de um caso de estudo. - Fase 2: Estudo do desenvolvimento histórico 54

73 Para compreender a forma da cidade, é necessário efetuar-se uma análise da sua evolução histórica. Assim, Através do estudo das diferentes fases de desenvolvimento do aglomerado, é possível uma melhor compreensão da sua forma e das suas características construtivas que, diferenciam as diferentes classes constituintes da hierarquia que irá ser aplicada na fase 3 deste estudo. - Fase 3: Aplicação de um modelo hierárquico A aplicação de um modelo hierárquico revela-se essencial para uma classificação dos elementos constituintes da paisagem urbana e para uma delimitação das fronteiras do lugar. Assim, será aplicado o modelo de Kropf. - Fase 4: Caracterização das classes identificadas Após a aplicação do modelo hierárquico de Kropf [1993] e da identificação das USU s da área em estudo é necessário proceder-se a uma caracterização quantitativa das mesmas. - Fase 5: Classificação A última fase do estudo é destinada a apresentação de uma classificação dos resultados obtidos de forma a aferir a sustentabilidade das unidades. Deste modo procede-se a uma classificação dos resultados. Os indicadores apresentados, devem resultar da forma construída, contudo a sua definição é útil para fins analíticos e regulamentares. A utilização destes parâmetros permite a qualificação da ocupação e uso do solo sem prejuízo de outros indicadores [Costa 1995:240]. 55

74 As inter-relações entre atividades e entre atividades e recursos, são caracterizadas na perspetiva de funcionamento do mercado, em especial do imobiliário, dos mercados de produção e da formação e emprego. A compreensão destes sistemas conduz à avaliação dos meios que mobilizam e dos excedentes e carências que o seu funcionamento envolve. Do confronto da caracterização das atividades e suas dinâmicas evolutivas, com as conclusões e recomendações no contexto espacial, resulta a identificação dos desajustamentos ou carências atuais e futuras. [Costa 1995:20] 3. Caso de Estudo 56

75 3.1 Fase 1: Seleção de um caso de estudo A sustentabilidade de um núcleo urbano tem implicações que abrangem fatores como a sua localização, a orientação do edificado e os materiais utilizados [Kropf 2001:3]. O caso de estudo selecionado corresponde à área da freguesia de Odivelas. A seleção desta área prende-se com o fato de ao longo do processo histórico-evolutivo de Odivelas, o homem ter provocado profundas alterações ambientais com o intuito de satisfazer as suas necessidades e buscar uma melhoria da qualidade de vida. Este processo intensificou-se a partir de 1950, sujeitando o antigo núcleo a um conjunto de urbanizações rápidas sem grande planeamento, o que criou espaços públicos desqualificados. Nas últimas décadas, têm sido feitos esforços de requalificação dos mesmos, promovendo a sua sustentabilidade e desenvolvimento. Surge, assim, a necessidade de monitorização dos resultados obtidos, avaliando a sustentabilidade do núcleo, de forma a perceber quais as áreas que necessitam mais atenção da parte dos agentes responsáveis pelo planeamento urbano. Após esta seleção, é possível aplicar-se a matriz de análise que fornecerá linhas orientadoras para o planeamento, de modo a promover a qualidade do ambiente construído e, ao mesmo tempo, manter as características construtivas do núcleo ao qual se destina. 57

76 3.2 Fase 2: Estudo do desenvolvimento histórico FREGUESIA DE ODIVELAS Achados arqueológicos demonstram ocupação humana das terras que hoje são Odivelas desde o período paleolítico. Esta ocupação deveu-se às características geográficas e físicas impares do local. Deste modo, criou-se um trajeto de ligação entre o vale e a meia-encosta, onde se formou a aldeia de Odivelas. A rua Direita, símbolo do próprio trajeto, foi e é o eixo estruturante da rede viária local. Junto a este trajeto, na Quinta do Vale das Flores, onde tinha um Paço Real, mandou El-Rei D. Dinis criar o mosteiro de São Dinis de Odivelas, tendo a primeira fase sido realizada entre 1295 e 1305 [Almeida, Durão 2012:92]. O terramoto de 1755 provocou muita destruição tanto na aldeia como no mosteiro. Com os inquéritos realizados pelos párocos da época torna-se possível fazer uma reconstrução volumétrica da aldeia. Esta reconstrução mostra que o atual centro histórico de Odivelas é idêntico ao que existia antes do terramoto, mas com um carater mais agrícola, à altura, com animais de carga, terrenos cultivados e quintas. Com a revolução liberal no início do séc. XIX e a consequente extinção das ordens religiosas, o Hospício do Reguengo e o mosteiro foram encerrados em 1834 e 1886 respetivamente. Assim, estes acontecimentos terão influenciado negativamente a evolução da aldeia que perdeu a sua principal fonte de rendimento [Almeida, Durão 2012:92]. Já no séc. XX o mosteiro sofreu diversas obras de adaptação e ampliação dos edifícios de forma a acolher o Instituto de Odivelas. Para tal, foi demolido o antigo Paço de D. Dinis e a torre da madre Paula. Foram também realizadas diversas intervenções urbanas que culminaram com uma significativa alteração do antigo couto. A segunda metade do séc. XX é marcada pela expansão urbana para os arredores de Lisboa. As principais vias que saem de Lisboa em direção a Odivelas, foram pavimentadas, e alargadas as redes de transportes públicos até aos limites da cidade. O acesso pela Calçada de Carriche foi determinante para a expansão urbana para Loures e Odivelas. Assim, Odivelas mantem a antiga aldeia e substitui o carater rural gerado pelas quintas, por um ambiente urbano, descaracterizado e desqualificado [Almeida, Durão 2012:92]. 58

77 Nas últimas duas décadas têm sido construídos equipamentos públicos e feitos esforços de requalificação do espaço. Os esforços para reordenar o território têm gradualmente modificado a qualidade do espaço urbano e do edificado, apesar das dificuldades físicas do território, da descontinuidade das primeiras urbanizações e dos interstícios daí resultantes, como a desqualificação de alguns dos seus espaços urbanos [Almeida, Durão 2012:97] Odivelas: Caracterização histórico-patrimonial Os principais núcleos urbanos, antigos, do município de Odivelas são os de Odivelas, Povoa de Sto. Adrião e Caneças. Depois, existem sinais de assentamento socioeconómico, ocorrido principalmente no séc. XIX, associados a eixos de acessibilidade, especialmente os casos de Olival Basto e Pontinha [Almeida, Durão 2012:80]. O trajeto que liga o vale do Sr. Roubado e Caneças, juntamente com a ribeira foram os elementos que determinaram a fixação das povoações. O núcleo da Povoa de Sto. Adrião, implantado no trajeto da estrada real que ligava ao Oeste, passando por Loures, Mafra e Torres Vedras, sucumbiu ao impulso de urbanização dos anos 60 adulterando fatalmente o seu caracter histórico. Figura 3.1 Extrato da Carta Chorographica dos terrenos em volta de Lisboa. O trajeto da estrada real vindo de Lisboa, passando pelo Sr. Roubado, Odivelas e Caneças. Fonte: Almeida, Durão

78 Quanto a Caneças, que possuía uma localização mais remota e cuja razão de existência se prendeu com os seus recursos hídricos, manteve o seu caracter rural pois a dinâmica económica e costumes de cariz rural se encontram mais enraizados. Quanto a Odivelas, cujo desenvolvimento se encontra estreitamente ligado ao reinado de D. Dinis, que ali fixou uma residência secundária e, posteriormente, o mosteiro de S. Dinis e ainda, na era pré-moderna, o Instituto de Odivelas. Dominado pela instituição militar, apesar da pressão urbanizadora que sofreu, manteve a sua integridade, talvez pela sua compacidade e consistência, não sendo certamente alheio o fato de nele estar alojado o mosteiro de S. Dinis e o Instituto de Odivelas [Almeida, Durão 2012:81]. Dado que no início do séc. XX apenas os monumentos eram considerados como património, foram derrubados os edifícios que se localizavam junto a castelos, igrejas e mosteiros, de forma a enfatizar a importância das estruturas urbanas. Isto alterou o significado espacial das cidades, como se observa junto ao mosteiro de Odivelas com a abertura do Largo D. Dinis Odivelas: Caracterização urbana Odivelas apresenta um crescimento em mancha de óleo a partir do centro do município. As características que influenciaram a forma e a formação da cidade são de diversas naturezas: antrópicas, políticas, culturais, geográficas e físicas. As características físicas e geográficas são: A água doce, as ribeiras e as nascentes, determinantes à fixação das populações, pela necessidade do seu consumo diário [Almeida, Durão 2012:8] O relevo acidentado com poucos planaltos (Ver Anexo II) Os ventos que possibilitam o funcionamento de moinhos de vento [Almeida, Durão 2012:8] A exposição solar das encostas orientadas a Sul/Poente, o que garante uma boa e saudável insolação para a vivência humana e para a agricultura, para além dos efeitos paisagísticos que produz e pelos contrastes que proporciona [Almeida, Durão 2012:8] (Ver Anexo II) 60

79 A qualidade do solo para a agricultura [Almeida, Durão 2012:8] As características antrópicas e politico-culturais são: Os trajetos matriz, um vindo de Lisboa, acompanha a ribeira e passa por Loures e outro que passa por Caneças, Montemor e Loures [Almeida, Durão 2012:9] Proximidade de Lisboa que proporcionou que a expansão urbana da capital abrangesse Odivelas [Almeida, Durão 2012:9] A fundação do mosteiro [Almeida, Durão 2012:9] As propriedades: quintas agrícolas e/ou de veraneio e casais agrícolas [Almeida, Durão 2012:9] Figura 3.2 Desenho de Reconstituição do território da região de Odivelas. Fonte: Almeida, Durão Nos últimos 60 anos, Odivelas sofreu transformações que alteraram o seu carater de vila/freguesia de economia local, em contexto agrícola e monástico, com uma cultura rural relacionada com o sitio, a uma vila de subúrbio absolutamente dependente de Lisboa, nas atividades económicas, sociais e culturais, com grande expressão de trabalhadores na industria, com uma cultura muito relacionada com os meios socioprofissionais, para uma cidade que é uma centralidade regional, com vida diária, sendo cada vez menos subúrbio de Lisboa, em plena afirmação no sistema metropolitano, com uma população ocupada em diversos setores de atividade e, uma cultura diversificada de gentes de diferentes contextos onde trabalham, se relacionam e vivem, como acontece numa 61

80 metrópole policêntrica, como já é a região de Lisboa [Almeida, Durão 2012:99]. A rede viária que teve origem no trajeto matriz, sofreu melhorias como a pavimentação das vias que saem de Lisboa. A rede de transportes públicos foi alargada, o que foi decisivo para o desenvolvimento de Odivelas. A CRIL e as vias rápidas que cercam Odivelas têm um grande impacto na relação com as localidades vizinhas. A CRIL cria ruturas urbanas irresolúveis ao fragmentar o território impedindo permeabilidades e, nos pontos de contacto, gera espaços urbanos desqualificados devido aos interstícios criados, como é em muitos locais um grande problema ambiental, nomeadamente pelo ruido e pelo impacto paisagístico negativo que produz [Almeida, Durão 2012:98]. 62

81 3.3 Fase 3: Aplicação de um modelo hierárquico O modelo hierárquico utilizado será o modelo desenvolvido por Kropf [1993], utilizando este modelo serão identificadas as unidades correspondentes às classes textus e sedes. Assim, após uma descrição e definição da área em estudo, procede-se à identificação das classes hierárquicas. Considerase a freguesia de Odivelas como pertencente à classe sedes por esta possuir autonomia funcional e por constituir uma unidade territorial de referência para efeitos de gestão municipal. Figura 3.3 Delimitação da área em Estudo Fonte: Autora, adaptado de Google Maps. Com base na análise do local e da sua planta, procede-se à identificação das USU s constituintes e que definem a classe textus. Estas são definidas segundo a sua 63

82 homogeneidade/heterogeneidade, a relação entre cheio e vazio, dimensão dos lotes, períodos de construção, materiais utilizados e tipologias construtivas (ver ANEXOS IV a XI), como podemos ver na figura. Figura 3.4 Delimitação de USU s. Fonte: Autora, adaptado de Google Maps. 64

83 3.4 Fase 4: Caracterização das Classes Identificadas Aplicação da Matriz de Salat Como referido anteriormente, a matriz de Salat considera diversos indicadores divididos por temas: USO DO SOLO Terra e o espaço são recursos preciosos cada vez mais raros em muitas cidades. O principal desafio é encontrar uma configuração que não desperdiça espaço e respeita a natureza do terreno inicial, seus pontos fortes e suas fraquezas. O objetivo é fazer uma boa distribuição e, assim, evitar a necessidade de corrigir os problemas com soluções tecnológicas em que a reflexão anterior seria suficiente. [Salat 2011:486] MOBILIDADE Mobilidade indica o quão fácil é para ir de casa para uma atividade ou outra. As cidades mais sustentáveis oferecem aos seus moradores muitas opções de viagem para os seus residentes muitas opções de viagem para os seus deslocamentos diários que consomem recursos não-renováveis. [Salat 2011:486] GESTÃO DE ÁGUA Gestão da água refere-se à forma como a cidade gere o ciclo de abastecimento de água e de modo a minimizar a poluição, o desperdício, o uso de energias não renováveis e dos produtos químicos necessários para o tratamento da água. [Salat 2011:486]. BIODIVERSIDADE Biodiversidade é possível na cidade utilizando uma rede de funções ecológicas e locais que suportam a vida vegetal e animal. Uma vez que tais locais são frágeis, devem ser protegidos e até mesmo recriados, adaptando a quantidade, qualidade, localização e conectividade para preservar as espécies locais e da diversidade de espécies. [Salat 2011:486] EQUIDADE Equidade refere-se a uma distribuição justa dos recursos e matérias-primas, habitação e serviços, em termos de quantidade, qualidade e localização para atender às necessidades de todos os moradores. [Salat 2011:486] 65

84 ECONOMIA Isto abrange todas as interações entre os recursos, pessoas, empregos e lojas necessárias para sustentar uma economia local forte. Cidades sustentáveis têm de possuir um grande número e variedade de residentes, juntamente com oportunidades de trabalho que atendam às necessidades da população. [Salat 2011:486] RESIDUOS E MATERIAIS Este sector designa a massa física e valor potencial dos recursos, materiais e subprodutos utilizados para a construção de edifícios e infraestruturas. O objetivo é reduzir a demanda por novos recursos e limitar as estruturas de consumo de energia e materiais, aumentando a reciclagem e reutilização dos mesmos. [Salat 2011:486] CULTURA E BEM-ESTAR Cultura e bem-estar são considerados em termos de instalações e locais cuja finalidade é atender às necessidades sociais, recreativas e culturais da população. Parques de desporto, atividades educacionais, culturais ou cívicas devem estar disponíveis em quantidades apropriadas, tipos e locais. [Salat 2011:486] ENERGIA E BIOCLIMA Refere-se à procura, produção e distribuição de energia para máquinas elétricas, construção e veículos. É importante reduzir o consumo de energia através da redução da procura e limitar a perda e o desperdício. Assim, é necessário aumentar as possibilidades de resposta à procura usando tanto as energias renováveis ou provenientes de fontes que menos poluentes. [Salat 2011:486] 66

85 Esta dissertação não analisará questões económicas, sociais e ambientais. Assim serão excluídos os temas referentes a: Economia por estudar as relações entre os recursos, a população e as atividades económicas que se desenvolvem na cidade. Recurso e Materiais por analisar a relação entre os recursos utilizados e os recursos reciclados/reutilizados. Cultura e Bem-Estar por analisar os espaços e as instalações de lazer, verificando a forma como servem a população. Energia e Bioclima por estudar a forma e a quantidade de energia produzida e consumida. Serão analisados os seguintes temas, por se encontrarem ligados ao planeamento urbano e ao processo de formação da cidade e por estarem relacionados com a forma e com a configuração dos núcleos urbanos: Uso da Terra que estuda a configuração dos núcleos urbanos e dos edifícios, verificando o equilíbrio entre o espaço e a natureza do terreno. Mobilidade que analisa os movimentos pendulares da população. Gestão da Água que estuda a forma como as necessidades da população explora os recursos hídricos existentes. Biodiversidade que analisa os espaços e suas funções ecológicas na área. Na tabela apresentam-se os indicadores selecionados: 67

86 TEMA CONCEITO TIPO DE INDICADOR Uso do solo Mobilidade Forma Urbana Forma Urbana Intensidade Diversidade Intensidade Conectividade Proximidade Diversidade Água Ambiente Intensidade Biodiver sidade Ambiente / Forma Urbana Intensidade NOME ESCALA FORMULA Densidade Populacional Densidade de Construção Densidade Habitacional Coeficiente de Ocupação do Solo Intensidade de Subdivisões Superfície Ocupada por Ciclovias e Passeios Superfície Ocupada pela Rede de Estradas Proporção de via Dedicada Exclusivamente a Transportes Públicos Conectividade entre Ciclovias e Passeios Conectividade da Rede de Estradas Distância média entre interseções (ciclovias e Passeios) Distância média entre interseções (rede de estradas) Proporção de População a mais de 300m de Transportes Públicos Número de Transportes Públicos Diferentes em 300m Impermeabilidade do Solo Proporção de Superfícies Agrícolas Proporção de Tecido Verde Sedes / Textus Sedes / Textus Sedes / Textus Sedes / Textus Sedes / Textus Sedes / Textus Complures / Sedes Sedes Sedes / Textus Sedes Sedes / Textus Sedes / Textus Complures / Sedes Sedes Sedes Complures / Sedes Sedes Nº de residentes Área de território (km2) Área de piso (km2) Área de território (km2) Nº habitações Área de território (km2) Área de terreno coberto (km2) Área de território (km2) Nº de lotes Área de território (km2) Área de via (ciclovia e pedestre) (km2) 100 Área de território (km2) Área de via (km2) Área de território (km2) 100 Área de via para transportes publicos (km2) 100 Área de estradas total (km2) Nº de interceções Área de de via (ciclovia e pedestre) (km2) Nº de interceções Área de via (km2) Nº interseções da rede cicloviaria e pedonal Área de via (ciclovia e pedestre) (km2) Nº de interseções da rede de estradas Área de via (km2) População a mais de 300m 100 Total de população Área impermeavél (km2) Área de território (km2) Área agricola (km2) Área de território (km2) 100 Área de verde (km2) Área de território (km2) 100 Tabela 3.1 Matriz de Salat Indicadores Selecionados Fonte: Salat USO DO SOLO INTENSIDADE DENSIDADE POPULACIONAL: É a medida expressa pelo quociente entre a população e a área de solo. Expressa-se em habitantes\ha. INDICE DE CONSTRUÇÃO: É a medida expressa pelo quociente entre a soma das áreas dos pisos dos edifícios e a área do núcleo. DENSIDADE HABITACIONAL: É a medida expressa pelo quociente entre o número de fogos e a área de terreno. Expressa-se em habitações\ha.

87 COEFICIENTE DE OCUPAÇÃO DO SOLO: É a medida expressa pela razão entre a área de terreno coberta e a área do núcleo. DIVERSIDADE INTENSIDADE DE SUBDIVISÕES: É a medida expressa pela razão entre o número de lotes e a área do núcleo. Expressa-se em lotes\ha. MOBILIDADE INTENSIDADE SUPERFICIE OCUPADA POR CICLOVIAS E PASSEIOS: É a percentagem de área de território ocupada por ciclovias e passeios. SUPERFICIE OCUPADA POR REDE VIÁRIA: É a percentagem de área de território ocupada pela rede de estradas. PROXIMIDADE PROPORÇÃO DE POPULAÇÃO A MAIS DE 300M DE TRANSPORTES PÚBLICOS: Percentagem de população residente a mais de 300m de uma paragem de transporte público. DIVERSIDADE NUMERO DE MODOS DE TRANSPORTE PÚBLICO ACESSIVEIS A MENOS DE 300M ÁGUA INTENSIDADE IMPERMEABILIDADE DO SOLO: É a medida expressada pela razão entre a área de terreno impermeável e a área total do território. BIODIVERSIDADE INTENSIDADE PROPORÇÃO DE SUPERFICIES AGRICOLAS: É a percentagem de área agrícola em relação à área total do território. PROPORÇÃO DE TECIDO VERDE: É a percentagem de tecido verde em relação à área total do território. Deste modo, cada indicador é considerado, clarificando as necessidades de cada USU, preenchendo a seguinte tabela: D Pop (Hab/ha) I F (fogos/ha) C Ocupação I Uso (lote/ha) A C/P (%) A via (%) P 300 (%) Nº TP Imp s A Ag (%) A v (%) D Pop Densidade Populacional I - Índice de Construção F Densidade Habitacional C ocupação Coeficiente de Ocupação do Solo I Uso Intensidade de Subdivisões A C/P Área Ocupada por Ciclovia e Passeio Tabela 3.2 Aplicação da Matriz de Salat. Fonte: Autora. A Via - Área Ocupada pela Rede Viária P 300 Proporção de População a mais de 300M de Transportes Públicos N tp Numero de Transportes Públicos Acessíveis a menos de 300M Imp S Impermeabilidade do Solo A Ag Proporção de Superfícies Agrícolas A V Proporção de Tecido Verde 69

88 A partir da classificação hierárquica apresentada, realiza-se uma caracterização quantitativa de forma a tornar possível a aplicação da matriz de Salat. Como é visível na tabela 1.6, uns indicadores apenas se aplicam à classe Sedes e outros à classe Textus. Deste modo, e de forma a clarificar as conclusões obtidas a partir dos resultados, a informação referente à área em estudo encontra-se organizada do seguinte modo: - Aplicação da Matriz de Salat aos dados referentes à classe Sedes. - Classificação dos resultados obtidos referentes à classe Sedes. - Aplicação da Matriz de Salat aos dados referentes à classe Textus. - Classificação dos resultados obtidos referentes à classe Textus Caracterização da Classe Sedes Aplicação da Matriz de Salat Segundo Salat [2011], Todos os indicadores podem ser aplicados à classe Sedes. A partir dos dados obtidos sobre a freguesia de Odivelas obtiveram-se os seguintes resultados: SEDES D Pop (Hab/ha) I F (fogos/ha) C Ocupação I Uso (lote/ha) A C/P (%) A via (%) P 300 (%) Nº TP Imp s A Ag (%) A v (%) Odivelas 122 0, ,2 7 15,8 19, ,56 7,4 20 D Pop Densidade Populacional I - Índice de Construção D Hab Densidade Habitacional C ocupação Coeficiente de Ocupação do Solo I Uso Intensidade de Subdivisões A C/P Área Ocupada por Ciclovia e Passeio Tabela 3.3 Aplicação da Matriz de Salat aos dados da classe Sedes. Fonte: Autora. A Via - Área Ocupada pela Rede Viária P 300 Proporção de População a mais de 300M de Transportes Públicos N tp Numero de Transportes Públicos Acessíveis a menos de 300M Imp S Impermeabilidade do Solo A Ag Proporção de Superfícies Agrícolas A V Proporção de Tecido Verde 70

89 3.4.2 Classificação dos Resultados Referentes à Classe Sedes DENSIDADE POPULACIONAL A densidade populacional de um núcleo deve ser suficientemente elevada para justificar a presença de transportes públicos na área [Salat 2011:421]. Paul Osmond [2008] considera que uma área urbana deve ter, no mínimo, a densidade de 5hab/ha [Osmond 2008:14], Salat [2011] considera na sua definição de eco distrito uma densidade muito elevada de 400hab/ha. Para a freguesia de Odivelas o valor obtido área a densidade populacional é de 122 sendo assim, suficientemente elevado para a presença de transportes públicos. Deste modo, servirá de base para o cálculo os valores dos restantes indicadores. Analisando os dados fornecidos por Lobo [1995] na tabela 3.3, verifica-se que a área em estudo é Urbana de Média/Alta Densidade. Níveis de Densidade D pop (Hab/ha) F (Fogos/ha) I H t (nº máx) A C (m 2 /hab) Em Meio Rustico <= 2,5 <= 1,0 <= 0,025 1 a 2 90 Para-Urbana de Baixa Densidade Para-Urbana de Alta Densidade Para-Urbana e Urbana de Muito Baixa Densidade Urbana de Baixa Densidade Urbana de Média/ Baixa Densidade Urbana de Média Densidade Urbana de Média/ Alta Densidade Urbana de Alta Densidade 2,5 a 5 1,0 a 1,7 5 a 10 1,7 a 3,5 0,025 a 0,06 10 a 20 3,5 a 7 0,045 a 0,2 20 a 40 7 a a a 27 3 a 4 0,18 a 0,52 80 a a 40 5 Dimensão Média dos Fogos Pequenas <= 100 m 2 Médias entre 100 e 200 m 2 Grandes entre 200 e 400 m 2 2 a 3 60 a 90 Entre 150 e 400 m 2 2 a 3 40 a 60 Entre 120 e 180 m 2 30 a 45 Até 120 m a a 53 0,5 a 0,65 5 a 6 30 a 45 Até 120 m a a 65 >= 0,6 6 a 8 <= 35 Até 120 m 2 Tabela 3.3 Tabela de Valores de Índices Urbanísticos. Fonte: Adaptado de Lobo Na tabela apresentam-se valores de referência que permitem analisar a prática corrente em Portugal. Os valores apresentados são referências que necessitam de adaptações caso a caso perante situações concretas. 71

90 ÍNDICE DE CONSTRUÇÃO Segundo Salat [2011], a densidade de construção de um núcleo sustentável deve ser de 1.4. [Salat 2011:420]. Sendo que esta densidade corresponde a todo o edificado: 67% destinado a habitação, 13,5% destinado a comércio e serviços, 10% destinado a escritórios, 2% instalações destinadas à saúde e, 7,5% destinado a estabelecimentos de ensino [Salat 2011:420]. O valor obtido para este indicador é de 0,95, o que é bastante inferior ao valor sugerido por Salat. Já na tabela 3.3 verifica-se que o valor indicado se encontra entre 0,5 e 0,65. Considera-se, assim, que o valor obtido é aceitável, dada a densidade da área urbana. DENSIDADE HABITACIONAL Dada a densidade populacional de 122 hab/ha, a densidade habitacional indicada, considerando como Salat [2011] que em cada alojamento convivem 3 habitantes, é de 40 Fogos/ha. Segundo os dados recolhidos no Censos 2011 a dimensão média da família na freguesia de Odivelas e de 2,4. Assim, são necessários 51 fogos/ha para alojar todas as famílias. A tabela 3.3 indica que numa área urbana de média/alta densidade, devem existir entre 40 e 53 fogos/ha. Assim, verifica-se que existe um excedente de fogos construídos. COEFICIENTE DE OCUPAÇÃO DO SOLO Numa tentativa de limitar a altura dos edifícios, diminuindo a densidade e criando um tecido urbano contínuo, Salat [2011] considera que os edifícios de habitação e comércio devem possuir 4 pisos de altura, os edifícios destinados à saúde e a estabelecimentos de ensino devem ocupar edifícios com 6 pisos de altura e os destinados a serviços devem possuir 8 pisos de altura. Assim, o coeficiente de ocupação do solo deve ser 0.229, dos quais destinados a habitação e comercio, destinados a escritórios e 0.04 destinados a edifícios destinados à saúde e a estabelecimentos de ensino. O coeficiente de ocupação do solo obtido através dos valores existentes na freguesia de Odivelas é de 0,2. Este valor aproxima-se do valor sugerido por Salat [2011]. Desta forma conclui-se que por os edifícios existentes na área da freguesia de Odivelas possuírem mais pisos do que os sugeridos por Salat [2011], a malha construída é mais dispersa. 72

91 INTENSIDADE DE SUBDIVISÕES As subdivisões são elementos históricos que definem a propriedade privada [ ] A forma e as dimensões de um núcleo são diretamente influenciadas pelas subdivisões existentes [cit. in Salat 2011:500], pois uma grelha constituída por lotes de pequenas dimensões é um obstáculo à construção de edifícios de grandes dimensões, sendo usualmente, cada pequeno lote entregue a um arquiteto para um projeto, e uma grelha constituída por lotes de grandes dimensões não é propícia à construção de pequenos projetos pois torna-se difícil encontrar consensualidade nas subdivisões necessárias. O resultado deste indicador para a freguesia de Odivelas é de 7 lotes/ha. Assim, cada lote possui em média 1428 m 2. ÁREA OCUPADA POR CICLOVIA E PASSEIO A circulação pedestre e em ciclovia devem ser preferidas em detrimento da circulação rodoviária. Assim, as ciclovias e os passeios devem estar ligados a estações de transportes públicos, limitando o uso automóvel [Salat 2011:400]. Na Freguesia de Odivelas 15,8% corresponde à área destinada à circulação pedestre e em ciclovia sendo assim inferior à área destinada a trânsito rodoviário. ÁREA OCUPADA PELA REDE VIÁRIA Segundo Salat [2011]: A rede viária deverá ocupar 15% da área total, que é a proporção padrão das cidades europeias onde circulam diversos meios de transporte [Salat 2011:421]. A área destinada à rede viária é de 19,5%, o que é bastante superior à média europeia, sendo portanto um valor elevado. PROPORÇÃO DE POPULAÇÃO A MAIS DE 300M DE TRANSPORTES PÚBLICOS Salat [2011] considera que não deve haver população residente nem trabalhadora a mais de 300m de um meio de 73

92 transporte público para que o mesmo seja incentivado em detrimento do transporte privado. Na área em estudo, não existe população residente nem trabalhadora a mais de 300m de um meio de transporte público. NUMERO DE TRANSPORTES PUPLICOS ACESSIVEIS A MENOS DE 300M O número de transportes públicos disponíveis a menos de 300 m deve ser o maior possível e efetuando ligações rápidas e diretas, para que o utilizador o prefira em vez do transporte privado. Existem 3 meios de transportes públicos disponíveis a menos de 300 m, encontrando-se um quarto meio em projeto, o metro ligeiro de superfície. IMPERMEABILIDADE DO SOLO Salat [2011] considera que 60% da área do núcleo deve ser destinada a edifícios construídos e que 15% da mesma área deve ser destinada a estradas e caminhos [Salat 2011:421]. Assim, o valor deste indicador deve ser de 0,75. O valor obtido para este indicador é de 0,56, bastante inferior ao sugerido por Salat [2011], podendo-se observar que bastantes áreas da freguesia são terrenos baldios. PROPORÇÃO DE SUPERFICIES AGRICOLAS A presença de áreas agrícolas em áreas urbanas, favorece a coesão social de certas camadas da população, como idosos ou habitantes de baixos recursos financeiros, criando fontes de rendimento complementares que asseguram a sua segurança alimentar. Este indicador não possui um valor sugerido como ideal. O resultado verificado na área em estudo é de 7,4%. PROPORÇÃO DE SUPERFICIES VERDES Para Salat [2011], o espaço urbano deve conter espaços verdes adaptados à escala do local, ocupando 15% da sua área [Salat 2011:421]. 74

93 A proporção de superfícies verdes existente na freguesia de Odivelas é de 20%. Na tabela encontram-se as classificações dos resultados obtidos: SEDES D Pop (Hab/ha) D Hab (Fogos/ha) I C Ocupação I Uso (lote/ha) A C/P (%) A via (%) P 300 (%) Nº TP Imp s A Ag (%) A v (%) Odivelas ,95 0,2 7 15,8 19, ,56 7,4 20 D Pop Densidade Populacional I - Índice de Construção D Hab Densidade Habitacional C ocupação Coeficiente de Ocupação do Solo I Uso Intensidade de Subdivisões A C/P Área Ocupada por Ciclovia e Passeio - Insuficiente A Via - Área Ocupada pela Rede Viária P 300 Proporção de População a mais de 300M de Transportes Públicos N tp Numero de Transportes Públicos Acessíveis a menos de 300M Imp S Impermeabilidade do Solo A Ag Proporção de Superfícies Agrícolas A V Proporção de Tecido Verde - Aceitável - Bom Tabela 3.4 Avaliação da aplicação da Matriz de Salat aos dados da classe Sedes. Fonte: Autora. 75

94 3.4.3 Caracterização da USU s da classe Textus Aplicação da Matriz de Salat Procede-se agora à apresentação dos dados referentes à classe Textus, ou seja às USU s identificadas: Aplica-se, agora, a matriz de Salat: Figura 3.5 Delimitação de USU s. Fonte: Autora, adaptado de Google Maps. USU s D Pop F I I C Uso A C/P (Hab/ha) (Fogos/ha) Ocupação (lote/ha) (%) USU , , ,9 USU , , ,8 USU , , ,7 USU , , USU , , USU , , USU , , USU , , ,8 USU , , ,3 USU , , ,6 USU , , ,3 USU , , ,3 USU , , USU , , USU , , ,8 USU , , ,9 USU , , ,4 USU , , ,6 USU , USU , , ,7 76

95 Continuação USU s D Pop F I I C Uso A C/P (Hab/ha) (Fogos/ha) Ocupação (lote/ha) (%) USU , , ,4 USU , , ,9 USU , , ,7 USU , , ,9 USU , , ,2 USU , , ,3 USU , , USU , , ,7 USU ,8 99 0, USU , , ,9 USU , , ,3 USU , , ,7 USU , ,2 USU , , USU , , ,3 USU , , ,2 USU , , USU , , ,9 USU , , USU , , USU , , USU , , USU , , ,3 USU , , USU , ,2 4 2,9 USU , , ,4 USU , , ,3 USU , , ,1 USU , , ,2 USU , , USU , , ,3 USU , , ,6 USU , , ,1 USU , , ,6 USU , , ,9 USU , , ,5 USU , , ,6 USU , , ,6 USU , , ,1 USU , , ,6 USU , , ,6 USU , , ,9 USU ,2 25 3,3 USU , , ,3 USU , ,1 USU , , ,1 USU , ,

96 Continuação USU s D Pop F I I C Uso A C/P (Hab/ha) (Fogos/ha) Ocupação (lote/ha) (%) USU , , ,8 USU , , ,6 USU , , ,1 USU , , ,8 USU , , ,3 USU , , ,3 USU ,5 80 0, ,8 USU , , USU , , ,9 USU , , ,8 USU , , ,9 USU , , ,8 USU , , ,2 USU , , ,4 USU , , USU , , ,8 USU , , ,3 USU , , ,1 USU , , ,7 USU , , USU , , USU , , ,9 D Pop Densidade Populacional I - Índice de Construção F Densidade Habitacional C ocupação Coeficiente de Ocupação do Solo I Uso Intensidade de Subdivisões A C/P Área Ocupada por Ciclovia e Passeio Tabela 3.13 Aplicação da Matriz de Salat aos dados da classe Textus. Fonte: Autora Classificação da Classe Textus Utilizando as mesmas permissas utilizadas para a classificação dos resultados referentes à classe sedes, efetua-se agora a classificação dos resultados obtidos para as diferentes USU s pertencentes à classe textus. DENSIDADE POPULACIONAL Dado que em todas as USU s a densidade populacional excede os 5 hab/ha, que definem a área urbana, classificar-seão os restantes indicadores com base nos valores apresentados em cada USU. 78

97 DENSIDADE HABITACIONAL Para cada USU o cálculo será efetuado com base na dimensão média da família na freguesia de Odivelas de 2,4. Na classificação efetuada considerou-se: - Número de fogos inferior ao necessário ou com mais de 40 fogos excedentes - Número de fogos excedente entre 10 e 40 unidade - Número de fogos necessário ou até 10 unidades excedentes INDICE DE CONSTRUÇÃO A densidade de construção considerada por Salat [2011] é de 1,4. Uma densidade de construção superior indica área construída em excesso e um valor inferior indica área de construção em falta. Com este dado e os valores da tabela 2.6, considerou-se: - Densidade de construção superior em 2 ao indicado - Densidade de Construção inferior em 1 ao indicado - Restantes valores COEFICIENTE DE OCUPAÇÃO O coeficiente de ocupação considerado por Salat [2011] é de 0,229. Um coeficiente de construção superior indica a existência de edifícios com menos pisos e uma malha urbana mais densa e continua. Um valor interior indica a existência de edifícios com mais pisos e uma malha mais dispersa. Assim: - Coeficiente de ocupação inferior a 0,1 - Coeficiente de ocupação superior a 0,3 - Coeficiente de ocupação com valor entre 0,1 e 0,3 ÁREA OCUPADA POR CILOVIA E PASSEIO A área destinada à circulação pedestre e em ciclovia é pequena. Deste modo conclui-se que em todas as USU s é dada maior importância à circulação rodoviária do que à circulação pedonal. 79

98 USU s D Pop F I I C Uso A C/P (Hab/ha) (Fogos/ha) Ocupação (lote/ha) (%) USU , , ,9 USU , , ,8 USU , , ,7 USU , , USU , , USU , , USU , , USU , , ,8 USU , , ,3 USU , , ,6 USU , , ,3 USU , , ,3 USU , , USU , , USU , , ,8 USU , , ,9 USU , , ,4 USU , , ,6 USU , USU , , ,7 USU , , ,4 USU , , ,9 USU , , ,7 USU , , ,9 USU , , ,2 USU , , ,3 USU , , USU , , ,7 USU ,8 99 0, USU , , ,9 USU , , ,3 USU , , ,7 USU , ,2 USU , , USU , , ,3 USU , , ,2 USU , , USU , , ,9 USU , , USU , , USU , , USU , , USU , , ,3 USU , , USU , ,2 4 2,9 USU , , ,4 USU , , ,3 USU , , ,1 80

99 Continuação USU s D Pop F I I C Uso A C/P (Hab/ha) (Fogos/ha) Ocupação (lote/ha) (%) USU , , ,2 USU , , USU , , ,3 USU , , ,6 USU , , ,1 USU , , ,6 USU , , ,9 USU , , ,5 USU , , ,6 USU , , ,6 USU , , ,1 USU , , ,6 USU , , ,6 USU , , ,9 USU , ,2 25 3,3 USU , , ,3 USU , ,1 USU , , ,1 USU , , USU , , ,8 USU , , ,6 USU , , ,1 USU , , ,8 USU , , ,3 USU , , ,3 USU ,5 80 0, ,8 USU , , USU , , ,9 USU , , ,8 USU , , ,9 USU , , ,8 USU , , ,2 USU , , ,4 USU , , USU , , ,8 USU , , ,3 USU , , ,1 USU , , ,7 USU , , USU , , USU , , ,9 D Pop Densidade Populacional I - Índice de Construção F Densidade Habitacional C ocupação Coeficiente de Ocupação do Solo I Uso Intensidade de Subdivisões A C/P Área Ocupada por Ciclovia e Passeio - Insuficiente - Aceitável - Bom Tabela 3.16 Avaliação da aplicação da Matriz de Salat aos dados da classe Textus. Fonte: Autora. 81

100 82 PARTE III

101 Análise do suporte territorial concelhio, das unidades de uso do solo, dos invariantes físicos e das estruturas construídas e seus limiares, das orientações a seguir nas transformações que se vão operando no território e caracterização e avaliação dos impactos dessas transformações concluindo-se com uma proposta correspondente de medidas urgentes e cautelares [Costa 1995:19] 4. Conclusões 83

102 4. Conclusões Antes de proceder ao ordenamento do território, há que compreender a organização das suas unidades de uso, a sua génese, a sua dinâmica de transformação e as suas fragilidades, através da análise morfológica. Apenas posteriormente, face aos desajustamentos encontrados no contexto socioeconómico é possível definir políticas alternativas possíveis e compatíveis com o quadro de objetivos que permitem superar aqueles desajustamentos e aproveitar plenamente as potencialidades do território [Lobo 1995:20]. Assim, este documento procurou explorar um processo de avaliação da sustentabilidade do ambiente urbano, baseado na análise morfológica do território, e integrando-o no processo de planeamento. De forma a estabelecer uma relação entre os pontos acima referenciados, foi necessário elaborar um estudo teórico aprofundado, focando as metodologias que estabeleceram as bases teóricas da análise morfológica, e a aplicação do conhecimento adquirido sobre um caso de estudo. Primeiramente, foi elaborado um estudo sobre as abordagens teóricas da análise morfológica. Para tal, selecionaram-se os principais autores teóricos da área em análise e agruparam-se os seus objetivos, conceitos e procedimentos metodológicos. Através deste procedimento, foi possível responder a um dos objetivos da dissertação: compreensão das metodologias desenvolvidas no âmbito da abordagem morfológica das áreas urbanas, da relação entre a evolução histórica e as fases de crescimento do núcleo e da relação da avaliação da forma da cidade consolidada com o processo de planeamento. Ao analisar as abordagens desenvolvidas pelos diferentes autores, lida-se com definições conceptuais diferentes, que dificultam a compreensão da síntese teórica realizada. Assim, torna-se imprescindível a clarificação dos métodos de delimitação das unidades urbanas utilizadas na prática da análise morfológica. Seguidamente, procedeu-se à aplicação do conhecimento adquirido e do processo de avaliação selecionado. Este processo permitiu a verificação da viabilidade do método proposto através da sua aplicação ao caso de estudo e a determinação de parâmetros de sustentabilidade capazes de orientar a intervenção e/ou urbanização de áreas, com vista ao seu desenvolvimento sustentável. 84

103 Gonçalves [2011] salienta que para que os contributos sejam favoráveis ao desenvolvimento urbano, estes precisam de estar presentes tanto no âmbito das políticas como no das práticas urbanísticas. Assim, este método de avaliação permite verificar os indicadores de sustentabilidade que necessitam mais atenção da parte dos agentes responsáveis pelo planeamento urbano. O método aplicado revelou-se bastante intuitivo e eficaz, apesar de apresentar limitações: por ser um método quantitativo, não possui preocupações qualitativas essenciais para um desenvolvimento sustentável. Esta prática reducionista de aplicação dos planos, com base no simples controlo a partir dos índices urbanísticos [Lobo 1995:223] apresenta certos inconvenientes. A gestão deve, por isso, ter sempre um apoio de qualidade profissional com suficiente discernimento e usando estes índices como referências globais e com função supletiva [Costa 1995:223]. Assim, a sua utilização isolada não garante um controlo adequado das intervenções efetuadas. Devem ainda ser utilizados outros parâmetros urbanísticos que não se encontram contemplados no modelo desenvolvido por Salat, como a altura máxima dos edifícios, que além da vertente estética põe em causa aspetos de gestão [ ] [Lobo 1995:231] de forma a: - Garantir a harmonia formal dos conjuntos - Impedir sobreocupação e sobrecarga - Defender conjuntos urbanos existentes tendo em vista o prédio na sua singularidade, conjuntos arquitetónicos, unidades urbanas e silhuetas - Proteger o enquadramento de monumentos e paisagens e salvaguardar ângulos de vista interessantes [Lobo 1995:231,2] Este aspeto deve ser colmatado com uma análise qualitativa do espaço urbano. A apresentação de dados quantitativos sobre a sustentabilidade urbana, permite a sua compreensão por parte dos agentes responsáveis pelo ordenamento do território. A observação dos dados obtidos na análise da freguesia de Odivelas revela as áreas às quais é necessário dar mais atenção para que o desenvolvimento da freguesia se proceda de forma sustentável. Deste modo, nesta dissertação, articulam-se os discursos dos diferentes autores de morfologia urbana, procurando integrar uma análise quantitativa de 85

104 sustentabilidade urbana nas políticas e práticas correntes da gestão urbanística. O desenvolvimento sustentável deve ser entendido como um conjunto de aspetos ambientais, sociais e económicos comuns a todas as comunidades urbanas, mas dadas as diferenças culturais que apresentam, o desenvolvimento sustentável possui, também, aspetos que são específicos a cada comunidade [Ferreira 2005:6]. Este estudo pode vir a ser continuado e aprofundado pela articulação da avaliação quantitativa, aqui apresentada, com uma avaliação qualitativa, passando os contratempos referidos, a não por em causa o cumprimento dos objetivos da dissertação. 86

105 87

106 88 BIBLIOGRAFIA

107 BIBLIOGRAFIA Almeida, Rogério Vieira de; Durão, Vitor (2012), Análise Urbana Odivelas de Aldeia a Centro Histórico da Cidade, CIAAM Centro de Investigação e Arquitetura em Áreas Metropolitanas, Lisboa Andrade, Francisco Alcicley Vasconcelos (2013), (In)Sustentabilidade Urbana e Impactos Socioambientais: Uma Abordagem Acerca da Ocupação Humana Desordenada no Espaço Público, Universidade do Estado do Amazonas, Contribuciones a las Ciencias Sociales Barke, Michael (1990), Morphogenesis, Fringe belts and urban size: an exploratory essay in Slater, T.R. (ed.) The Built Form of Western Cities, London: Leicester University Press, pp Caniggia, Gianfranco; Maffei, Gian Luigi (1979) Composizione Architettonica e Tipologia Edilizia: 1. Lettura dell Edilizia di Base, Venice: Marsilio Editori Caniggia, Gianfranco; Maffei, Gian Luigi (1984) Composizione Architettonica e Tipologia Edilizia: 2. Progetto Nell Edilizia di Base, Venice: Marsilio Editori Caniggia, Gianfranco; Maffei, Gian Luigi (2001), Architectural Composition and Building Typology: Interpreting Basic Building, Florence: Aliniea Editrice Cataldi, Giancarlo; Maffei, Gian Luigi; Vaccaro, P. (2002), Saverio Muratori and the Italian School of Planning Typology, Urban Morphology, 6, pp Cataldi, Giancarlo (2003), From Muratori to Caniggia: The Origins and Development of the Italian School of Design Typology, Urban Morphology,7, pp Conzen, M. R. G. (1960) Alnwick, Northumberland: A Study in Town-Plan Analysis (London: Institute of British Geographers, 2 nd edition, 1969), Glossary of Technical Terms, pp Conzen, M. R. G. (1969) Alnwick, Northumberland: A Study in Town Plan Analysis 2 nd ed., London: Institute of British Geographers Conzen, M. R. G.; Conzen, M. P.(2004), Thinking About the Urban Form: Papers on Urban Morphology, , Peter Lang ed., ISBN Crespo, Ana Raquel Rosa (2013) Um Método de Análise Urbana Para a Cidade Histórica A Colina do Castelo e Alfama, Tese de Mestrado, Instituto Superior Técnico Ferreira, M. M., (2005). Desenvolvimento Urbano Sustentável: o Papel dos Cidadãos. Um Estudo de Caso in Actas do X Colóquio Ibérico de Geografia, Évora, CD-ROM. Estudo Prévio Plano Diretor Municipal de Odivelas (2003), Câmara Municipal de Odivelas Gauthier, Pierre (2013) 'Twentieth International Seminar on Urban Form, Birsbane, Australia July 2013', Urban Morphology 89

108 Kropf, Karl (1993) The Definition of Built form in Urban Morphology, Volume I e II, Doctoral Thesis, Department of Geography, University of Birmingham Kropf, Karl (2001) Stratford-on-Avon District Design Guide, Stratford-on-Avon District Council, Stratford-on-Avon District Council Lamas, José M. Ressano Garcia (2000), Morfologia Urbana e Desenho de Cidade, Fundação Caloust Gulbenkian Junta Nacional de Investigação Cientifica e Tecnológica, ISBN: X. Laranjeira, Andreia (2011) Abordagem Morfológica no Estudo de Aglomerados Urbanos Caso de Estudo: Montemor-o-Novo Tese de Mestrado, Instituto Superior Técnico Lobo, Manuel da Costa; Pardal, Sidónio; Correia, Paulo V. D.; Lobo, Margarida Sousa, (1995) Normas Urbanísticas Princípios e conceitos fundamentais,direção Geral do Ordenamento do Território e Desenvolvimento Urbano 1995, ISBN: Moudon, Anne Vernez (1994) Getting to Know the built landscape: Typomorphology, larice, Michael and Macdonald, Elizabeth (ed. 2010), The urban design reader, London: Routlefge Moudon, Anne Vernez (1997) 'Urban Morphology as an emerging interdisciplinary field', Urban Morphology, 1, pp Osmond, Paul (2008) An Enquiry into New Methodologies For Evaluating Sustainable Urban Form, Doctorial Thesis, University of New South Wales Osmond, Paul (2010), The Urban Structural Unit: Towards a Descriptive Framework to Support Urban Analysis and Planning, Urban Morphology, 14, pp Pinho, Paulo; Oliveira, victor, (2007), Cartographic Analysis in Urban Morphology, Environment and Planning B: Planning and Design Pinho, Paulo; Oliveira, Victor (2009), Different Approaches in the Study of Urban Form, Journal of Urbanism, Vol. 2, nº 2, pp Pozo, Alfonso del (ed.) (1997), Análisis Urbano. Textos: Gianfranco Caniggia, Carlo Aymonino, Massimo Scolari, Universidad de Sevilla, Sevilla Ruelle, C., Teller, J., Sutherland, M., Langstaff, L., Bender, T. e Cornélis, B. (2003), task 3.6 First stand-alone prototype of the Environmental Assessment Guidelines, Sustainable development of Urban historical Areas through an active Integration within Towns (SUIT). European Union Program Energy, Environment and Sustainable Development, Laboratoire d Études Méthodologiques Architecturales, University of Liége, Belgium Salat, Serge; Labbé, Françoise; Nowacki, Caroline (2011) Cities and Forms on Sustainable Urbanism ; Urban Morphology Laboratory Hermann; Éditeurs des Sciences et des Arts; ISBN: Sampaio, Danusa Teodoro (2009) Sustentabilidade Urbana: Conceitos e Controvérsias, V Encontro Nacional e III Encontro Latino-Americano sobre Edificações e Comunidades Sustentáveis 90

109 Samuels, Ivor; Kropf, Karl (1992) Plan d Occupations des sols for Asniers-sur-Oise, draft in English, Slater, T. R. (1990c) Starting Again: Recollections of an Urban Morphologist, in Slater, T. R. (ed.), The Built Form of Western Cities, London: Leicester University Press, pp Valdivia, J. L. (1993), Una Teoria Arquitetonica de la Ciudad Estudios Tipológicos de Gianfranco Caniggia, Revista de edificación, 16, pp Whitehand, Jeremy W. R.; Larkham, P. J (ed) (1992), Urban Landscapes: International Perspectives, London, Routledge. Whitehand, J. W. R. (2001); British Urban Morphology: The Conzenian Tradition Urban Morphology, 5, pp Whitehand, Jeremy W. R. (2007), Conzenian Urban Morphology and Urban Landscapes, 6 th International Space Syntax Symposium, Istanbul. Whitehand, Jeremt W. R. (2009), The Structure of Urban Landscapes: Strengthening Research and Practice, Urban Morphology, 11, pp

110 92

111 ENDEREÇOS CONSULTADOS NA Whitehand, J. (1999); A Century of Urban Morphology? Editorial comment Vol. 3.1, URL: consultado dia Whitehand, J. (2000); From Explanation to Prescription Editorial comment Vol. 4.1, URL: consultado dia Whitehand, J. (2002); An Italian Focus and Beyond Editorial comment Vol. 6.2, URL: consultado dia Whitehand, J. (2003); From Como to Alnwick: in Pursuit of Caniggia and Conzen Editorial comment Vol. 7.2, URL: dia Whitehand, J. (2010); Continuity and Discontinuity in the Urban Landscape. A Geographer s View, URL: - consultado dia 14/05/

112 94 ANEXOS

113 95

114 96 ANEXO I HIERARQUIA DE OSMOND

115 97

116 ANEXO II CARTA FISIOGRÁFICA CARTA DE DECLIVES E CARTA DE EXPOSIÇÃO SOLAR Figura 1 Extrato da Carta Militar de com a indicação de Quintas e Casais junto ao assentamento de Odivelas, Fonte: Almeida, Durão

117 Figura 2 Extrato da Carta Militar de com a indicação de Quintas e Casais junto ao assentamento de Odivelas, Fonte: Almeida, Durão

118 Figura 3 Extrato da Carta Militar de com a indicação de Quintas e Casais junto ao assentamento de Odivelas, Fonte: Almeida, Durão

119 ANEXO III LEVANTAMENTO DO DESENVOLVIMENTO URBANO DE ODIVELAS Odivelas começou por ser um lugar ocupado por uma população dispersa que, a partir da fundação do Mosteiro de S. Dinis, passou a contar com um elemento atractor de população e levou à formação de uma aldeia que se manteve até meados do séc. XX, quando se dá a expansão urbana de Lisboa para os subúrbios. Esta expansão transformou a envolvente da aldeia transformando as quintas de veraneio e agrícolas em urbanizações residenciais. Estas novas urbanizações provocaram uma diminuição na qualidade do ambiente. Assim, a antiga aldeia de Odivelas ficou cercada por uma nova cidade, sendo atualmente o centro histórico de Odivelas. Através da análise de achados arqueológicos conclui-se que o território de Odivelas foi ocupado por homens desde o paleolítico, sendo o principal registo no cimo da serra da Amoreira, onde os trabalhos de campo permitiram identificar cinco épocas de ocupação: paleolítico, neolítico, calcolítico, idade do bronze e do ferro [Almeida, Durão 2012]. No entanto, o desenvolvimento e formação da aldeia encontra-se estritamente ligado ao reinado de D. Dinis. O sistema trajeto matriz/ ribeira mostra-se decisivo à consolidação da população numa primeira fase, no entanto a construção do Mosteiro de S. Dinis criou um importante polo de atração de população necessária para as atividades agrícolas e de apoio ao mosteiro. É, assim, percetível que os trajetos criaram a infraestrutura de comunicação que possibilitou o interesse por Odivelas e que o mosteiro foi o elemento que fez sedimentar a população na sua proximidade dando origem às edificações junto ao trajeto principal [Almeida, Durão 2012]. A propriedade do solo era repartida em quintas agrícolas e casais, sendo que as primeiras quintas eram propriedades de grandes dimensões separadas por elementos naturais e caminhos. O local onde se desenvolveu a aldeia encontrava-se envolvido por diversas quintas e casais, habitados pelos saloios desde o séc. VIII, que com a constituição dos loteamentos no final do séc. XX foram extintas. Até à constituição destes loteamentos Odivelas era a horta de Lisboa, pois daqui saiam os produtos agrícolas que abasteciam a cidade. Figura 1 Extrato da Carta Militar de com a indicação de Quintas e Casais junto ao assentamento de Odivelas, Fonte: Almeida, Durão

120 A ALDEIA DE ODIVELAS O terramoto de 1755 que atingiu o território nacional provocou muita destruição. Foi então feito um levantamento descritivo, através de questionários, realizado aos párocos das diferentes freguesias, que mais tarde foram compilados nas memórias paroquiais. Estes arquivos indicam que todas as construções da aldeia sofreram ruina, no mosteiro a catástrofe provocou a queda da nave provocando a morte de muitas pessoas. Através do levantamento efetuado, conclui-se que o tecido urbano da aldeia era muito idêntico ao atual centro histórico de Odivelas [Almeida, Durão 2012]. Figura 2 Reconstituição do tecido urbano entre A localização dos moinhos, na proximidade da igreja conjuntural, Fonte: Almeida, Durão 2012 OS LEVANTAMENTOS URBANOS E ARQUITETÓNICOS DE FINAIS DO SÉC. XIX Este período carateriza-se pelo processo de encerramento definitivo do mosteiro de S. Dinis de Odivelas em 1886 com a morte da última abadessa. Este processo teve início em 1834 com a revolução liberal que extinguiu as ordens religiosas e diminuiu progressivamente o número de religiosas a viver no convento, isto terá contribuído negativamente para a economia local e para a degradação dos edifícios e das quintas que viviam de uma nobreza muito relacionada com o mosteiro. Figura 3 Desenho do mosteiro de Odivelas de 1859, Fonte: Almeida, Durão 2012 Figura 4 Levantamento do mosteiro com projeto de alterações realizado em 1883, visado por Paiva Couceiro, Fonte: Almeida, Durão

121 TRANSFORMAÇÕES URBANAS DA PRIMEIRA METADE DO SÉC. XX Em 1899 os proprietários da Quinta da Memória solicitaram à Camara Municipal de Loures a substituição do ramal de rede a partir da nascente do Casal Ventoso até à entrada da quinta, junto ao Largo da Memória, pois a canalização encontrava-se em maus estado e o seu funcionamento não era regular. A proposta de alteração regularizava a canalização e passava-a para o caminho público. Junto ao mosteiro, apenas um edifício sofreu alterações no séc. XIX. aos novos usos foram necessárias obras e demolições. A principal demolição foi a do Paço Real. A aldeia consolida o seu tecido, apenas alargando caminhos e iniciando construções nas suas proximidades. O instituto de Odivelas foi, então, fundado em 1900 e, para que se adaptasse Figura 5 Extrato da planta Figura apresentada 6 Extrato para do a desenho nova para demolição de canalização de águas para edifícios substituir e a existente construção entre do novo edifício o Casal Ventoso e a correspondente Quinta da Memória, a pastelaria Fonte: Faruc, Fonte: Almeida, Almeida, Durão 2012 Durão 2012 A ALDEIA TRANSFORMA-SE NO CENTRO HISTÓRICO DE ODIVELAS, FINAL DO SÉC. XX O final do séc. XX é caracterizado pela aceleração do surgimento de novos fenómenos urbanos e sociais que transformam a aldeia no centro histórico de Odivelas. No interior da aldeia foi criado o Largo D. Dinis que era mais amplo que o couto do mosteiro. Em 1961 este largo foi reordenado e lá foi criado um pequeno jardim, lateral, onde se encontra o coreto e a fonte. A estátua da Rainha Sta. Isabel foi colocada em local de destaque no largo, onde se encontra atualmente. Figura 7 Largo D. Dinis à esquerda com o couto do mosteiro em 1940 e à direita na atualidade, Fonte: Almeida, Durão 2012 A EXPANSÃO URBANA NA ENVOLVENTE DA ALDEIA Com o final da segunda guerra mundial, os processos industriais aceleraram, nomeadamente, em Lisboa e nos seus arredores. Esta evolução aumentou a necessidade de mão-de-obra na indústria e tornou-se necessária, a urgente construção de alojamento para a 103

122 população que imigrava para a cidade. É neste contexto que Odivelas se transforma, a ausência de planeamento na maioria dos locais gerou um urbanismo caótico que tem consumido muitas verbas para a sua requalificação. Assim, para a envolvente da aldeia foram realizados planos urbanísticos para ordenar a expansão [Almeida, Durão 2012]. QUINTA DO MENDES É um plano constituído por diversos edifícios que foi construído em 30 anos. Os primeiros edifícios pertenciam a um loteamento já referenciado na planta cadastral de Figura 8 Plano geral da Quinta do Mendes apresentado por Dr. Augusto Abreu Lopes, Fonte: Almeida, Durão 2012 QUINTA DA MEMÓRIA E PARTE DA QUINTA DO ESPIRITO SANTO Em 1963 é proposta a execução da Celula A da Quinta da Memória. Este plano propõe a demolição de partes da aldeia. Mantem-se o memorial e desimpede-se a sua envolvente de construções para dar espaço ao monumento. O projeto para o Bairro da Memória e para o Bairro Espirito Santo não foram construídos. 104

123 Figura 9 Plano geral que integra a Quinta da Memória, parte da Quinta do Espirito Santo e parte da aldeia junto ao mosteiro unidades de execução, Fonte: Almeida, Durão 2012 AS SOLUÇÕES URBANISTICAS DOS PLANOS Ambos os planos foram concebidos com linguagens urbanísticas da época, com pouca relação com o local. O plano da Quinta do Mendes tinha preocupações com os equipamentos cedendo uma vasta área para a escola e para o parque público, enquanto o plano da Quinta da Memória era proposto pouco equipamento. Em ambos os planos existe ausência de clareza do espaço urbano, o que criou interstícios e fragmentação da forma urbana, e assumindo o carater suburbano destas urbanizações completamente dependentes de Lisboa ao nível profissional. PROCESSO DE ENVOLVIMENTO DO CENTRO HISTÓRICO DE ODIVELAS DO SÉC. XX A construção do mosteiro e o assentamento do primeiro sistema de ruas/casas foram o primeiro momento do desenvolvimento de Odivelas. Depois de 1950 o núcleo estável e consolidado, que existia desde o séc. XVIII, foi sujeito a um conjunto de urbanizações rápidas a partir dos anos 50, sem fase de evolução ou crescimento. Isto, transformou a antiga aldeia num subúrbio proto urbano e satélite de Lisboa. Já em 1998, Odivelas passa a ser considerado um município através do Decreto-Lei nº84/98 que refere através do presente diploma é criado 105

124 o município de Odivelas, com sede na cidade de Odivelas que fica a pertencer ao distrito de Lisboa. Nascendo, assim da separação do conselho de Loures. Este novo concelho contem as freguesias de: Caneças, Póvoa de Sto. Adrião, Pontinha, Famões, Ramada, Olival Basto e Odivelas [Estudo prévio pdm Odivelas 2003]. Figura 10 O centro histórico de Odivelas na atualidade, Fonte: Almeida, Durão

125 ANEXO IV CARTA DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO DE LISBOA 107

126 ANEXO V CARTA DE CONDICIONANTES DE ODIVELAS 108

127 ANEXO VI IDENTIFICAÇÃO DOS PERIODOS DE CONSTRUÇÃO DA FREGUESIA DE ODIVELAS 109

128 ANEXO VII ESTRUTURA VIÁRIA DE ODIVELAS 110

129 ANEXO VIII PLANTA REFERENTE AO NUMERO DE PISOS DOS EDIFICIOS 111

130 ANEXO IX PLANTA REFERENTE À LOCALIZAÇÃO DOS EQUIPAMENTOS 112

131 ANEXO X CARTA DE CONDICIONANTES RAN 113

132 ANEXO XI CARTA DE CONDICIONANTES REN 114

133 ANEXO XII REDE DE TRANSPORTES PÚBLICOS 115

134 ANEXO XIII PLANTA DAS USU S 116

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