ANÁLISE FREQUENCIAL DA PLUVIOSIDADE NAS MACRO-REGIÕES DO ESTADO DO CEARÁ: a questão dos anos terminados em quatro
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1 ANÁLISE FREQUENCIAL DA PLUVIOSIDADE NAS MACRO-REGIÕES DO ESTADO DO CEARÁ: a questão dos anos terminados em quatro Alina Moraes 1 ; Carlos Roberto Moura Leal Junior 1 ; Cláudio Damasceno de Souza 1 ; Ernani Cleiton Cavalcante Filho 1 ; Vanessa Ueta 1 ; Fernando Fernandes de Lima 2 ; Andréa Pereira Cysne 3 ; Ticiana M. de Carvalho Studart 4 &José Nilson B. Campos 4. RESUMO Dentre as crendices populares mais fortes no Estado do Ceará está a de que os anos terminados em quatro são generosos em termos de pluviosidade. Buscando uma comprovação científica deste dito popular, o presente trabalho analisa a precipitação pluviométrica de sete macroregiões climáticas do Estado do Ceará, com base nos dados de medições dos postos da SUDENE Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste. O método estatístico utilizado, baseado na técnica dos quantis, classifica os anos em muito seco, seco, normal, chuvoso ou muito chuvoso. A análise estatística, feita após a divisão em categorias, mostrou realmente uma predominância dos anos terminados em quatro nas classes chuvosos ou muito chuvosos. Contudo, os anos terminados em cinco e sete, quando submetidos aos mesmos testes estatísticos, apresentaram comportamentos semelhantes aos anos de final quatro, sem, no entanto, fazerem parte do imaginário coletivo como ano de boa pluviosidade. Vem a questão: por que os anos quatro estão no imaginário e os anos cinco e sete não? ABSTRACT Among the strongest popular believes in Ceará State, there is the one which says that the years finished with the number four have good levels of rainfall. Trying to prove this popular believe in a scientific way, this paper analyses the rainfall of seven climatically homogeneous areas of Ceará State, based on measurement data from SUDENE Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste. The statistical method used, based on the quantile technique, classifies the years in very dry, dry, normal, rainy or very rainy. The statistical analysis, made after this classification, showed a predominance of years finished with four as rainy or very rainy. However, the years finished with five and sever, when seen through the same statistical tests, have a similar behavior, without being part of the popular believes as rainy years. Then it brings us the question: why are the years finished with four are known as rainy and the ones finished with five and seven are not? Palavras Chave - crença popular, anos chuvosos, chuvas do Nordeste. 1 Mestrandos em Recursos Hídricos na Universidade Federal do Ceará e bolsistas do CNPq. s: alina_moraes@yahoo.com.br; clealjr@hotmail.com;claudioufc@yahoo.com.br; ernanicivil@yahoo.com.br;. fernandopcf@yahoo.com.br; vanessa_ueta@yahoo.com.br 2 Mestrando em Recursos Hídricos da Universidade Federal do Ceará e Perito Criminal Federal - Departamento de Polícia Federal.fernando.ffl@dpf.gov.br 3 Engenheira Civil, andreacysne1@yahoo.com.br 4 Professores do Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental Universidade Federal do Ceará. Campus do Pici, Centro de Tecnologia, Bl. 713, Fortaleza, Ceará, Brasil, CEP , Fone: (85) , Fax: (85) s: ticiana@ufc.br e nilson@ufc.br
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3 1 INTRODUÇÃO No Sertão cearense, assim como em todo o Nordeste, existe uma grande expectativa acerca da qualidade do próximo inverno, termo que adquire na região uma acepção totalmente distinta de estação do ano. O desejo de decifrar o domínio obscuro do futuro, transpondo assim as fronteiras da incerteza da ocorrência de chuvas, é tamanho que cada sertanejo tem dentro de si um pouco de oráculo e de adivinho. Observações empíricas dão origem a crenças, algumas explicadas pela ciência, outras sem qualquer fundamentação lógica, mas que quando repassadas de geração a geração, ano após ano, assumem ares de verdade. Uma das crenças populares mais fortes no cenário cearense é a de que os anos terminados em quatro são mais chuvosos que os demais. É fato que dois dos anos extremamente chuvosos, nos quais praticamente todos os grandes reservatórios verteram e os pequenos arrombaram, aconteceram em anos terminados em quatro 1924 e Mas, e os demais anos quatro, também corroboram esta teoria? Desse modo, o presente trabalho desenvolverá um estudo estatístico com dados pluviométricos do Estado do Ceará para analisar a fundamentação da crença. 2 METODOLOGIA Neste estudo foi utilizada a divisão proposta pela Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos FUNCEME, que divide o Estado do Ceará em oito macro-regiões pluviometricamente homogêneas (Figura 1). Destas, três foram agrupadas em uma só: Litoral Norte, Litoral de Fortaleza e Litoral do Pecém, considerando-as como região Litorânea.
4 Figura 1 Macroregiões homogêneas Fonte:
5 Em cada região, foram selecionados 10 postos pluviométricos de séries mais extensas, com exceção da região Sertão Central Inhamuns, que teve apenas nove postos. A localização e as principais informações dos postos utilizados encontram-se na Tabela 1. Tabela 1 - Localização e características dos postos em estudo Serie Municípios Postos Região Latitude Longitude Altitude Acaraú Acaraú Litorânea Aquiraz Aquiraz Litorânea Camocim Camocim Litorânea Cascavel Cascavel Litorânea Caucaia Caucaia Litorânea Fortaleza Fortaleza Litorânea Granja Granja Litorânea Itapipoca Itapipoca Litorânea Paracuru Paracuru Litorânea São Gonçalo São Gonçalo do Amarante do Amarante Litorânea Aracati Aracati Jaguaribana Ema(Açude) Ema(Açude) Jaguaribana Icó Icó Jaguaribana Jaguaruana Jaguaruana Jaguaribana Limoeiro Limoeiro Jaguaribana Morada Nova Morada Nova Jaguaribana Nova Floresta Nova Floresta (Açude) (Açude) Jaguaribana Pedra Branca Pedra Branca (Boqueirão) (Boqueirão) Jaguaribana Pereiro Pereiro Jaguaribana São João do São João do Jaguaribe Jaguaribe Jaguaribana Acopiara Acopiara Central Araripe Araripe Central Arneiroz Arneiroz Central Crateús Crateús Central Itatira Itatira Central Pedra Branca Pedra Branca Central Quixeramobim Quixeramobim Central Santa Quitéria Santa Quitéria Central Tauá Tauá Central Cariré Cariré Ibiapaba Guaraciaba do Guaraciaba do Norte Norte Ibiapaba Ibiapina Ibiapina Ibiapaba Ipu Bonito Ibiapaba Ipueiras Ipueiras Ibiapaba Reriutaba Reriutaba Ibiapaba
6 Tabela 1 - Localização e características dos postos em estudo (cont.) Serie Municípios Postos Região Latitude Longitude Altitude São Benedito São Benedito Ibiapaba Tianguá Tianguá Ibiapaba Ubajara Ubajara Ibiapaba Viçosa do Viçosa do Ceará Ceará Ibiapaba Barro Barro Cariri Brejo Santo Brejo Santo Cariri Cariús Cariús Cariri Cedro varsea alegre Cariri Crato Crato Cariri Farias Brito Farias Brito Cariri Missão Velha Missão Velha Cariri Santana do Santana do Cariri Cariri Cariri Várzea Alegre Várzea Alegre Cariri Umari Umari Cariri Procurou-se selecionar postos espacialmente bem distribuídos, visando evitar aglomerações dos mesmos, o que fatalmente levaria a resultados incorretos. Contudo, houve regiões onde não foi possível satisfazer a estes critérios. Na análise dos postos foram estabelecidas as categorias muito seco, seco, normal, chuvoso ou muito chuvoso, utilizando-se a técnica dos Quantis descrita em Alves et. al. (2000) e Xavier (2001). Foram utilizados os seguintes limites: muito seco - P(X) Q 15 seco - Q 15 p(x) Q 35 normal - Q 35 p(x) Q 65 chuvoso - Q 65 p(x) Q 85 muito chuvoso - p(x) Q 85 Os quantis, para cada posto pluviométrico, foram calculados com os dados disponibilizados neste trabalho (Tabela 1), não necessariamente coincidindo com os dos trabalhos citados. 3 RESULTADOS Calculados estes quantis, foram estudadas as ocorrências de anos chuvosos e muito chuvosos nos anos terminados em zero, um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete, oito e nove, em cada Macroregião Homogênea.
7 3.1 Litoral A Região Litorânea foi representada por dez postos: Acaraú, Aquiraz, Camocim, Cascavel, Caucaia, Fortaleza, Granja, Itapipoca, Paracuru e São Gonçalo do Amarante. Estes postos representam três regiões homogêneas, conforme classificação da FUNCEME - Litoral Norte (Acaraú, Camocim e Granja), Litoral do Pecém (Itapipoca, Paracuru e São Gonçalo do Amarante) e Litoral de Fortaleza (Aquiraz, Cascavel, Caucaia e Fortaleza). As tabelas 2 a 4 apresentam as freqüências de anos chuvosos e muito chuvosos, agrupados por seu último algarismo (anos terminados em zero, um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete, oito e nove) nas regiões Litoral Norte, Litoral de Pecém e Litoral de Fortaleza. Tabela 2 Freqüência de anos chuvosos/muito chuvosos dos postos da Região Litoral Norte Ano (Terminação) Acaraú Camocim Granja Total Tabela 3 Freqüência de anos chuvosos/muito chuvosos dos postos da região Litoral do Pecém Ano (Terminação) Itapipoca São Gonçalo Paracuru Total
8 Tabela 4 Freqüência de anos chuvosos/muito chuvosos dos postos da região Litoral de Fortaleza Ano (Terminação) Caucaia Cascavel Fortaleza Aquiraz Total A Tabela 5 e a Figura 2 apresentam os resultados das freqüências de anos chuvosos e muito chuvosos na região Litorânea, resumo das sub-regiões mostradas nas tabelas 2 a 4.. Tabela 5 Freqüências total e relativa de anos chuvosos e muito chuvosos, agrupados pela terminação de cada ano na Região Litorânea Ano (Terminação) Freqüência Absoluta Freqüência Relativa (%) , , , , , , , , , ,43 Total ,00
9 Distribuição de Frequência - Litoral 25,00% 20,00% Frequência Relativa (%) 15,00% 10,00% 5,00% 0,00% Ano (Terminação) Figura 2 Freqüências relativas de anos chuvosos ou muito chuvosos, agrupados pela terminação de cada ano Região Litorânea 3.2 Região Jaguaribana A região Jaguaribana foi representada por 10 postos: Aracati, Ema (Açude), Icó, Jaguaruana, Limoeiro, Morada Nova, Nova Floresta (Açude), Pedra Branca (Boqueirão), Pereiro e São João do Jaguaribe. A Tabela 6 e a Figura 3 apresentam a freqüência dos anos considerados chuvosos ou muito chuvosos, agrupados por seu último algarismo (anos terminados em zero, um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete, oito e nove).
10 Tabela 6 Freqüência de anos chuvosos/muito chuvosos dos postos da região Jaguaribana. Ano (terminação) Pedra branca (ac) Nova floresta (ac) Ema (ac) Aracati Ico Jaguaruana Limoeiro Morada nova São João do Jaguaribe Pereiro Total % Distribuição de Frequência - Região Jaguaribana 20% Frequência Relativa (%) 15% 10% 5% 0% Ano (Terminação) Figura 3 Freqüências relativas de anos chuvosos ou muito chuvosos, agrupados pela terminação de cada ano Região Jaguaribana
11 3.3 Região Central e Inhamuns A região Central e dos Inhamuns foi representada por nove postos: Acopiara, Araripe, Arneiroz, Crateús, Itatira, Pedra Branca, Quixeramobim, Santa Quitéria e Tauá. A Tabela 7 e Figura 4 apresentam as freqüências dos anos considerados chuvosos ou muito chuvosos, agrupados por seu último algarismo (anos terminados em zero, um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete, oito e nove). Tabela 7 Freqüência de anos chuvosos/muito chuvosos dos postos da região do Sertão Central e dos Inhamuns Ano (Terminação) Crateús Tauá Arneiroz Araripe Pedra Branca Quixeramobim Acopiara Santa Quitéria Itatira Total
12 Distribuição de Frequência - Sertão Central e dos Inhamuns 20,00% 18,00% 16,00% 14,00% Frequência Relativa (%) 12,00% 10,00% 8,00% 6,00% 4,00% 2,00% 0,00% Ano (Terminação) Figura 4 Freqüências relativas de anos chuvosos ou muito chuvosos, agrupados pela terminação de cada ano Região do Sertão Central e Inhamuns 3.4 Ibiapaba A região da Ibiapaba foi representada por 10 postos: Guaraciaba do Norte, Ibiapina, Ipu, Ipueiras, Reriutaba, São Benedito, Tianguá, Ubajara, Viçosa do Ceará, Guaraciaba do Norte e Cariré. A Tabela 8 e Figura 5 apresentam a freqüência de anos considerados chuvosos ou muito chuvosos, agrupados por seu último algarismo (anos terminados em zero, um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete, oito e nove). Tabela 8 Freqüência de anos chuvosos/muito chuvosos dos postos da região da Ibiapaba Ano (Terminação) Tianguá Ibiapina Ipu Ipueiras Viçosa do Ceará Cariré Reriutaba Guaraciaba do Norte São Benedito Ubajara Total
13 Distribuição de Frequência - Ibiapaba 25% Frequência Relativa (%) 20% 15% 10% 5% 0% Ano (Terminação) Figura 5 Freqüências relativas de anos chuvosos ou muito chuvosos, agrupados pela terminação de cada ano Região da Ibiapaba 3.5 Cariri A região do Cariri foi representada por 10 postos: Barro, Brejo Santo, Cariús, Cedro, Crato, Farias Brito, Missão Velha, Santana do Cariri, Várzea Alegre e Umari. A Tabela 9 e a Figura 6 apresentam a freqüência de anos considerados chuvosos ou muito chuvosos, agrupados por seu último algarismo. Tabela 9 Freqüência de anos chuvosos/muito chuvosos dos postos da região do Cariri Ano (Terminação) Brejo Santo Crato Missão Velha Barro Santana do Cariri Umari Várzea Alegre Cariús Farias Brito Cedro Total Fonte:
14 Distribuição de Frequência - Cariri Frequência Relativa (%) 18% 16% 14% 12% 10% 8% 6% 4% 2% 0% Ano (Terminação) Figura 6 Freqüências relativas de anos chuvosos ou muito chuvosos, agrupados pela terminação de cada ano Região do Cariri Observa-se nas tabelas 2 a 9 e nas figuras 2 a 6 que os anos com terminação quatro apresentam freqüência mais elevada que os demais anos. Entretanto, para as amostras estudadas, o mesmo comportamento anômalo se repete nos anos com terminação cinco e sete. A razão mais provável deste comportamento anômalo é o pequeno tamanho da amostra de anos chuvosos e muito chuvosos na série estudada ou seja a amostra consiste de cerca de vinte e cinco anos classificados nestas duas categorias. Sendo assim, seria esperado que, em média, cada terminação estivesse presente em 2,5 anos. Como a amostra é pequena, a existência de 3 ou 4 episódios, no lugar de 2,5, aumenta, e muito, a freqüência relativa. 4 CONCLUSÃO Ao analisar-se a amostra com 49 postos pluviométricos distribuídos espacialmente no estado do Ceará, à procura de anos chuvosos e muito chuvosos terminados em quatro, observou-se que, nesta amostra, composta por cerca 25 anos classificados nesta categoria, os anos quatro apresentam as maiores freqüências. Para surpresa geral, os anos terminados em cinco e sete apresentaram, para esta mesma amostra comportamento semelhante. E a pergunta passou a ser outra: por que os anos quatro fazem parte do imaginário coletivo e os anos finalizados em cinco e sete não? Ao analisar-se o fenômeno, seja através de entrevistas com populares, seja através da estatística, observou-se que o mito em torno dos anos quatro se deve unicamente a ocorrência de dois anos
15 extraordinariamente chuvosos e aliados ainda ao fato de que, no Século XX, não ter ocorrido nenhuma grande seca nos anos com esta terminação. Estes dois anos ficaram gravados na memória dos mais velhos, sendo a crença dos anos quatro fortalecida pelas grandes chuvas ocorridas em Esse ano, embora não tenha feito parte da amostra analisada, já que as séries pluviométricas da SUDENE só se estendem, no máximo, até 1985, ficou conhecido pela população como um ano extremamente chuvoso, embora na verdade não o seja pela classificação em quantis, uma vez que as precipitações anuais ficaram em torno da média, sendo apenas o mês de janeiro, um mês de precipitações excepcionais. Os anos terminados em cinco, embora englobem um ano de grande pluviosidade não ficaram gravados na memória coletiva como anos chuvosos. Uma provável causa seria o ano de 1915, no qual ocorreu uma grande seca, retratada no primeiro e mais popular romance de Rachel de Queiroz O Quinze. Como um ano cinco seria associado a ano chuvoso com uma mácula desta monta? Os anos sete, por sua vez, embora não incluam anos de grandes secas, não registram qualquer ano de grande cheia, sendo, portanto esquecidos pela população. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem ao Conselho Nacional de Pesquisa CNPq, pelo apoio a pesquisa, e aos demais alunos da disciplina Hidrologia do curso de Mestrado em Recursos Hídricos da Universidade Federal, que ajudaram na realização do artigo. BIBLIOGRAFIA ALVES, J. M. B. ; XAVIER, T. M. B. S. ; FERREIRA, A. G. ; MELLO, N. G. (2000). Verificação de progonósticos sazonais de precipitação no Estado do Ceará utilizando a técnica dos Quantis. Revista Brasileira de Meteorologia, São Paulo - SP, v. 15, n. 2, p SUDENE Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste. Inventário Pluviométrico do Nordeste - Ceará. Recife, XAVIER, T. M. B. S. "Tempo de chuva : estudos climáticos e de previsão para o Ceara e Nordeste setentrional. (2001) 1 a Edição. Fortaleza: ABC Editora.
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